Uma história pode contar-se de várias maneiras. Esta, de António Jorge Gonçalves, já foi peça de teatro e transformou-se entretanto num livro. Eu Quero a Minha Cabeça, editado pela Pato Lógico, relata-nos a aventura de Céu, uma menina que dizia sempre que “não” e que um dia, a andar de baloiço, ficou sem cabeça, tendo que ir em busca dela montanha fora. Não é a primeira vez que isto acontece – não a Céu, mas a António Jorge Gonçalves. Já Barriga da Baleia tinha nascido como espetáculo para os mais novos e, mais tarde, foi adotada pela Pato Lógico. O ilustrador garante que não ficará por aqui. A ideia, diz, é criar uma coleção de peças e livros, como objetos complementares. “Os livros oferecem a possibilidade de revisitação da história e isso é fundamental, sobretudo na primeira infância”, defende o autor, que imagina estas histórias para contar à filha. Eu Quero a Minha Cabeça estreou em dezembro de 2014 no Teatro Municipal Maria Matos, em Lisboa, com o título A Montanha, interpretado pela atriz Ana Brandão e com desenhos ao vivo por António Jorge Gonçalves. Em livro, ganha uma vida nova, com tons quentes de laranja, vermelho e roxo, e outras cores como apontamento, e quase sempre com Céu desenhada a preto, como uma silhueta. Do palco para o papel ganham-se leituras e imagens e até um final diferente para a história. “Essa passagem é uma descoberta interessante. É fazer ao contrário do habitual, mas os livros continuam a ser o meu ambiente mais natural. O texto foi reduzido ao máximo, são os desenhos que transportam a criança para algum lugar. É ir ao osso da história”, descreve António Jorge Gonçalves, que aqui fala do “não” que fecha possibilidades mas também do “não” construtivo que nos define. Nunca uma menina sem cabeça nos pareceu uma história tão perfeita para crianças pequenas.
Eu Quero a Minha Cabeça > De António Jorge Gonçalves > Pato Lógico > 40 págs. > €13,90