Quem recebe, na volta do correio, uma mala da Mifuko fica a saber como se chama a artesã que a teceu, com sisal e plástico reciclado. O nome vem na etiqueta, onde se lê também que a marca fundada em 2009 tem um pé na terra vermelha do Quénia rural e outro nas ruas de Helsínquia, misturando o artesanato queniano com o design contemporâneo finlandês. Mas tão ou mais importante é saber que se está a contribuir para o orçamento das mulheres que trabalham em pequenas oficinas nos arredores das cidades de Nairobi e Mombaça.
Foi por falta de lojas especializadas na comercialização de produtos que têm impacto social, ambiental e cultural, com qualidade e bom design, que surgiu a DOME, uma montra online que lhes quer dar visibilidade. A ideia já era tema de conversa entre Rita Melo e Nuno Mesquita, da Blindesign, empresa que faz consultoria na área dos projetos sociais e cujo cartão de visita é o Mezze, o restaurante no Mercado de Arroios, em Lisboa, que deu alento e sustento a um grupo de refugiados sírios. À dupla, juntaram-se Rita Cortes, designer de produto, e Diana Lourenço, especializada em comércio eletrónico.
O lançamento da DOME faz-se com dez marcas dos quatro cantos do mundo, que vão dos acessórios, decoração e objetos utilitários aos brinquedos. “Algumas já conhecíamos, outras chegámos a elas através de pesquisas online e de visitas a feiras internacionais”, afirma Rita Melo. No site conta-se a história de cada uma das marcas e, para ajudar a perceber o impacto na comunidade, no ambiente ou na preservação de ofícios tradicionais, a equipa definiu uma série de subcategorias, que tomam a forma de selos e acompanham cada produto.
Ao clicar em Emancipação das Mulheres, surgem as ditas malas da Mifuko ou as taças decorativas da WomenCraft, feitas com casca de bananeira e tecido africano por uma comunidade de artesãs no triângulo Tanzânia-Ruanda-Burundi. Tricotados à mão, também por mulheres, são os bonecos em forma de animais da Pebble, que dão sustento a famílias do Bangladesh. Já a Soko faz bandeira da reutilização de materiais locais, utilizando folha de latão polida e chifre para dar forma a pulseiras, brincos e anéis.
As Ritas, o Nuno e a Diana acreditam que, através da forma como consumimos, podemos contribuir para um mundo melhor: “Quando compramos uma coisa, olhamos para a beleza da peça e para o preço. Na DOME gostávamos que as pessoas olhassem também para o seu impacto enquanto consumidor.”
À venda na DOME, estão malas, mochilas, bijuteria, decoração para a casa e brinquedos. O objetivo é diversificar a oferta, bem como aumentar o número de marcas portuguesas, para já limitada a duas (Teresa Gameiro e Orikomi). E, no entretanto, fazer chegar estas peças a lojas físicas.