Há sete anos, comprámos bilhete para uma viagem com paragem em todas as estações e apeadeiros que conseguissem conjugar ramen e genialidade. Tem sido uma aventura e tanto acompanhar o caminho traçado pelos amigos António Carvalhão e João Azevedo, hoje ambos na casa dos quarenta, e maníacos – no melhor sentido do termo – deste prato japonês. Quando pensávamos que estávamos no fim do trajeto, pois já tínhamos provado de tudo, eis que voltamos a entrar numa nova estação para seguir em frente, sempre à frente.
O Ramen Station não é apenas um restaurante. Começou, aliás, por ser um laboratório de onde saem as preparações e as massas para os ramen que se servem nos dois Ajitama lisboetas, na Duque de Loulé e na Rua do Alecrim. Os diferentes caldos, as bases para os pratos que têm nos menus, fervilham em enormes panelas, num lume que não se apaga durante horas, alguns mesmo durante um dia.
Além desse espaço, que não é visível aos clientes, há “fast food” que se pede ao balcão e se recebe em cerca de 10 minutos num dos 24 lugares disponíveis em duas mesas corridas. “Quisemos aproximar o mais possível a experiência daquilo que se vive no Japão, democratizando o ramen”, explica António, agarrado a uma das pegas amarelas que ajudam a recriar o ambiente de uma carruagem de comboio japonesa. Felizmente não aproximaram de mais, pois, como contaram, há casos por lá em que se pede um ramen e nem se vê uma única pessoa – as máquinas tratam de tudo.
Do Ajitama para o Station, a oferta encolheu e o serviço também. Mas ganhou-se em eficiência e no preço, que se tornou mais acessível (há três hipóteses, amazing shio, incredible miso e sublime vegan, e nenhuma vai além de €11,90). Nas partidas, para roubar a nomenclatura de uma estação de comboios que se utiliza aqui, existem guiozas de frango ou de legumes e edamame (grãos de soja na sua vagem). Nas chegadas, podem pedir-se mochis de três sabores diferentes. Não sendo fabricados neste laboratório, como tudo o resto, do picante ao molho de soja, são mesmo bons.
A qualidade do que aqui se pede para a mesa, garantimos, ficou intacta – ou até melhorou, pois agora voltaram a fazer os noodles diariamente (tal como faziam nos primórdios do Ajitama) e com mais preciosismo (andaram seis meses a testar receitas), com diferentes espessuras e farinhas, em máquinas importadas do Japão. Esse espaço de laboração é envidraçado e virado para a carruagem em que se come.
À nossa volta, há publicidade feita na casa, com os slogans escritos em japonês (só o Google Lens nos pode salvar) e enormes fotografias criadas pela Inteligência Artificial para nos “meterem” dentro de uma carruagem apinhada de japoneses e tornar a experiência mais imersiva, enquanto se avança para a segunda paragem do Ramen Station, que fica no Campo Pequeno.
Ramen Station > Tv. Vintém das Escolas, 1A, Lisboa > seg-qui 12h-15h, 19h-22h, sex-dom 12h-15h30, 19h-22h30 > Campo Pequeno, 12, Lisboa > qui-sex e seg 12h-15h, 19h-23h, sáb-dom 12h-15h30