Um novo estudo publicado Jornal de Medicina Britânico sugere que mulheres que misturem a contraceção hormonal com analgésicos correm um maior risco de formação de coágulos sanguíneos. A investigação, que incluiu dados de mais de dois milhões de mulheres, afirma que a mistura de medicamentos é recorrente e particularmente perigosa.
“Os coágulos sanguíneos são perigosos porque podem alojar-se nos pulmões, causando problemas respiratórios e cardíacos. Os medicamentos contracetivos e os analgésicos como o ibuprofeno são essenciais para muitas mulheres” explica Channa Jayasena, médico e professor de endocrinologia da Imperial College de Londres, ao Independent, já que uns impedem a gravidez e os outros aliviam as dores menstruais.
Para a investigação foram analisados medicamentos com efeito analgésico como o ibuprofeno, o diclofenac e naproxeno, que são anti-inflamatórios não esteroides frequentemente utilizados no alívio de dores, febre e inflamações. Segundo o estudo, quando combinados com a toma de contracetivos hormonais – que contêm estrógeno e progesterona – estes medicamentos podem levar à criação de coágulos.
Como base da investigação foram utilizados os registos médicos de mulheres a residir na Dinamarca entre 1997 e 2017. Com a análise destes dados, os especialistas esperavam conseguir contabilizar o número de tromboembolismos venosos (coágulos no sangue) em mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos.
O estudo mostrou que, dentro do período estudado, quase 530 mil mulheres combinaram medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno em 60% das vezes) com contraceção hormonal. De acordo com estes dados, numa média de apenas dez anos, foram reportados 8710 coágulos que levaram à morte de 228 mulheres nos dias seguintes ao diagnóstico inicial.
O estudo concluiu que os medicamentos NSAID estão associados a quatro ocorrências de formação de coágulos por semana em cada cem mil mulheres sem contraceção hormonal. Do mesmo modo foram associados onze incidentes em mulheres que utilizam a pílula de médio risco bem como vinte e três com pílulas de alto risco.
“Não creio que este estudo, por si só, deva dissuadir as mulheres de tomarem a pílula, os analgésicos ou ambos, se necessário”, sublinha, no entanto, Jayasena, alertando que a ” mensagem mais importante deve ser a de que todas as mulheres devem reduzir o risco de coágulos sanguíneos, ao deixar de fumar e perdendo peso”.