Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade do Leste da Finlândia (University of Eastern Finland, UEF,) concluiu que o sedentarismo infantil pode aumentar o risco de doenças cardíacas mais tarde na vida, com os resultados a mostrarem uma associação apenas nas raparigas acompanhadas no estudo.
Para a realização da investigação, a equipa utilizou dados de um grande estudo mundial acerca de estilos de vida, o Children of the 90s, incluindo 766 crianças e analisando dados de pessoas com idades entre os 11 e os 24 anos. As crianças foram avaliadas utilizando monitores de atividade durante períodos de uma semana, em diferentes idades, ao longo estudo.
A análise dos dados permitiu chegar à conclusão de que, aos 11 anos, as crianças do estudo eram sedentárias cerca de seis horas por dia e, quatro anos depois, esse número aumentou para quase oito horas diárias. Já no final do período da investigação, esse tempo de inatividade física aumentava para as 9 horas, de acordo com os investigadores.
Este tempo a mais de sedentarismo foi associado ao aumento da massa do ventrículo esquerdo nas raparigas acompanhadas no estudo, situação denominada por Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE), sendo que a existência de uma massa maior do ventrículo esquerdo é um forte prenunciador da ocorrência de eventos cardíacos na idade adulta, explicam os investigadores.
“Como é raro que as crianças tenham ataques cardíacos, a hipertrofia ventricular esquerda ou o aumento do tamanho do coração têm sido utilizados como sinais precoces de danos cardíacos”, explica, à CNN Andrew Agbaje, investigador principal do grupo de investigação Urfit-child, da Faculdade de Medicina da Universidade do Leste da Finlândia.
A nova investigação, apresentada no Congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Amesterdão, Países Baixos, mostrou relação entre o sedentarismo e a hipertrofia ventricular apenas em meninas, mas estudos futuros podem vir a demonstrar essa ligação em homens também, segundo os investigadores.
Serão necessárias, aliás, mais investigações que expliquem de que forma o sedentarismo pode provocar este problema, e se o provoca diretamente.