Uma em cada dez pessoas no mundo têm perturbações alimentares e esta é uma patologia mental que está entre as mais mortais. Mas sabe identificar todos os transtornos desta dimensão e os seus sintomas?
As perturbações alimentares correspondem a um conjunto de distúrbios que têm como denominador comum uma preocupação exagerada com o peso corporal, que gera comportamentos alimentares anómalos, com prejuízo para a saúde. Esta é uma doença do foro emocional e físico, pois envolve as emoções, atitudes e comportamentos excessivos em tudo o que se refere ao peso e à comida.
Existem diversas causas para que os distúrbios alimentares se desenvolvam, como os traços herdados, o temperamento ou a personalidade de cada pessoa. Com as redes sociais pode existir uma tendência para que se tente modificar o corpo, mas tal como outra qualquer doença, os distúrbios alimentares não são uma escolha e, por isso, devem ser identificados e tratados.
Existem várias formas de distúrbios alimentares que podem causar uma disfunção no corpo e os seus sintomas divergem.
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por uma distorção da imagem corporal, com um medo extremo de atingir a obesidade. Normalmente, esta patologia envolve uma restrição pesada do número de calorias ingeridas e a manifestação de sintomas como tristeza, baixa autoestima, autocrítica, isolamento social, irritabilidade, ansiedade e insónia. O doente tende a fingir que se alimenta e a adotar estratégias para fingir que come quando na presença de outras pessoas e /ou recusar refeições a nível social.
Já a bulimia nervosa, um distúrbio alimentar potencialmente grave, caracteriza-se pela ingestão às escondidas de grandes quantidades de comida, seguidas da indução do vómito. “Após os episódios de ingestão compulsiva, os pacientes tendem a sentir-se culpados e ansiosos por não terem sido capazes de controlar a sua impulsividade. A sensação de fome como é sentida de forma aversiva leva a que estes comportamentos compulsivos sejam vividos com extrema vergonha o que poderá gerar a sua ocultação”, explicam os especialistas da CUF. Esta patologia pode levar a complicações, como a desidratação, insuficiência renal, problemas cardíacos, irregularidades menstruais, deterioração dos dentes e gengivas, problemas digestivos, ansiedade, depressão e abuso de álcool e drogas.
Há ainda transtorno de compulsão alimentar, a patologia mais comum dos transtornos alimentares. Neste caso, o paciente come grandes quantidades de comida rapidamente e muitas vezes – como se houvesse uma perda de controlo, o principal sintoma – ao ponto de causar desconforto, não eliminando o excesso de calorias.
Apesar de os três mencionados anteriormente serem os mais comuns, existem outros que afetam a população mundial. Uma das perturbações alimentares menos compreendidas é a perturbação de ingestão alimentar evitante/restritiva (ARFID), não havendo ainda métodos para o seu tratamento, como explicam os especialistas na Revista Portuguesa de Psiquiatra. Este distúrbio é caracterizado por um evitar grupos de alimentos, muito diferente de evitar comer certos tipos de alimentos. Normalmente, as pessoas com ARFID têm uma pequena variedade de alimentos que se sentem à vontade para comer e ficam angustiadas quando se afastam dessa zona de conforto, associando a vómitos ou a engasgos. Esta patologia pode levar à perda de peso, crescimento deficiente ou problemas com o funcionamento psicológico e social.
Existem ainda outras perturbações que ainda não são reconhecidas como doenças, como a ortorexia – em que existe uma obsessão com alimentos “bons” e saudáveis a níveis extremos, não focando na quantidade e com o peso, o que pode levar à desnutrição.
Em certos casos, existem pessoas que estão a passar por um transtorno alimentar significativo, mas o comportamento pode não se caracterizar exatamente com os critérios diagnósticos nestas patologias, os OSFED – Outro transtorno alimentar especifico. Ainda assim, é importante estar atento.
Os especialistas afirmam que, independentemente da patologia, é necessário estar atento aos sintomas e aconselhar os pacientes a procurarem um profissional, para que se possa fazer um acompanhamento nesta que é uma doença que afeta a mente e o corpo.