Depois de o Governo ter anunciado que a vacinação contra a Covid-19 pode começar já a ser feita em janeiro de 2021, a Pfizer internacional explicou à VISÃO, numa entrevista por escrito, algumas das questões que levantam mais dúvidas. Chamada BNT162b2, a vacina que o laboratório desenvolveu em parceria com a BioNtecb foi entretanto aprovada no Reino Unido, onde na próxima semana a população começa a ser imunizada. Esta vacina contra o SARS-Cov-2 usa uma tecnologia inovadora e os resultados dos ensaios revelaram, segundo os seus responsáveis, níveis de 95% de eficácia. Para Portugal estão previstas 4 milhões e 600 mil doses desta vacina.
As vacinas vão chegar a Portugal já em janeiro?
O nosso objetivo é enviar o primeiro carregamento logo que possível, eventualmente horas depois de recebermos autorização ou aprovação de qualquer agência reguladora. Só podemos fazê-lo depois da autorização e da aprovação ser concedida. Vamos fornecer cada país com doses de vacina num processo robusto, de acordo com o contrato que fizemos com cada um.
A dimensão da imunidade da vacina varia consoante algum perfil? Por exemplo, idade ou sexo?
A eficácia é consistente em todas as idades, sexos e etnias. A eficácia observada em adultos acima de 65 anos é superior a 94%.
“A mRNA permite combater possíveis mudanças do vírus”
Já há ideia se a vacina vai ter de ser tomada todos os anos?
Os participantes no estudo vão continuar a ser monitorizados, para avaliar a proteção e a segurança a longo prazo, num período de depois anos após a segunda dose. A Pfizer e a BioNtecb planeiam submeter à revisão pelos pares num jornal científico todos os dados sobre a eficácia e a segurança na terceira fase de ensaios, logo que os dados estejam completos e tenham sido analisados. Sabemos que é importante ter uma vacina com uma tecnologia que nos permita elaborar doses mais fortes caso seja necessário, e ao mesmo tempo combater possíveis mudanças do vírus. A boa noticia é que a tecnologia mRNA permite as duas coisas.
Quais são os efeitos secundários?
Os dados dos ensaios clínicos revelaram que, em geral, a vacina é bem tolerada em toda a população. Foram avaliados os seus resultados em mais de 43 mil pessoas, com a maior parte dos efeitos adversos a serem resolvidos pouco depois da vacinação . Os estudos revelaram que a BNT162b2 induz níveis elevados de resposta imunitária e que eventuais episódios de febre, fadiga ou arrepios são leves a moderados, e temporários, durando um a dois dias. Além disso, os adultos mais idosos tendem a reportar menos efeitos adversos e mais leves a seguir à vacinação.
As pessoas que já tiveram Covid-19 podem ser vacinadas?
“Os adultos mais idosos tendem a reportar menos efeitos adversos e mais leves, a seguir à vacinação “
A BNTI62b2 está, neste momento, a ser analisada pela Agência Europeia do Medicamento. E são as autoridades reguladoras as responsáveis por determinar a indicação de uso da vacina, logo que esteja aprovada.
Já há dados sobre o uso da vacina nas crianças?
A Pfizer reconhece que desenvolver uma potencial vacina para o SARS-CoV-2 de uso generalizado é muito importante no combate à pandemia, incluindo para uma potencial administração a adolescentes e crianças. Tal como fazemos com todas as outras vacinas que são inicialmente testadas com adultos, estamos a seguir um protocolo cuidadoso à medida que avançamos para grupos etários mais baixos. As agências reguladoras mundiais requerem uma avaliação da vacina em populações pediátricas e vão fornecer informação sobre as exigências dos testes clínicos. Ensaios com crianças com menos de 12 anos vão exigir um novo estudo e eventualmente uma mudança na fórmula e na dose. Estamos a trabalhar ativamente com os reguladores num potencial plano de estudos para aliviar o peso da doença em populações pediátricas.