“Tem sido apontado por vários estudos que as pessoas assintomáticas terão menos vírus, logo menos capacidade de o transmitir”, disse, durante a conferência de imprensa diária, a Diretora-Geral da Saúde. Graça Freitas reagiu assim à afirmação da responsável da Organização Mundial da Saúde, Maria Van Kerkhove, que ontem desvalorizou o peso das pessoas assintomáticas na propagação da epidemia de Covid-19.
Apesar de ter sido considerado um erro de comunicação por vários peritos internacionais e também pelo pneumologista Filipe Froes, Graça Freitas admite que, caso seja confirmada a raridade da transmissão pelos infetados com baixa carga viral, esta será “uma boa notícia.” E que. inclusivamente, poderá contribuir para aliviar as medidas de confinamento e até mesmo levar a uma redução da quantidade de testes de rastreio efetuados.
Para já, não estão previstas mudanças de estratégia decorrentes desta nova perceção, uma vez que, como sublinhou a especialista em saúde pública, “são precisos mais estudos que o confirmem.”
Como notou Filipe Froes à VISÃO, teria sido importante a responsável da OMS distinguir as pessoas que já passaram pela doença, estão assintomáticas, porém continuam a apresentar um teste com resultado positivo por ainda manterem restos de vírus em circulação, das pessoas pré-sintomáticas, ou seja, que ainda virão a manifestar febre, ou tosse, ou outro sintoma, daquelas que manifestam sintomas ligeiros e, por isso, desvalorizados. “Podem não transmitir tanto quanto se temia, mas transmitem”, afirma.