Ainda antes de ser registado o primeiro caso positivo do novo coronavírus em Portugal, as Forças Armadas cancelaram cerimónias, ações de formação, treinos e exercícios militares, suspenderam viagens e fizeram um aprovisionamento suplementar de Equipamentos de Proteção Individual. “Sabemos que é fundamental conhecer o inimigo para poder combatê-lo”, diz à VISÃO o porta-voz do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), comandante Pedro Serafim. Por isso, acrescenta, foi ainda criado, naquela altura, “um Gabinete de Conhecimento da Covid-19, no EMGFA, dedicado a recolher, analisar e disponibilizar a evidência científica relevante, para apoiar a tomada de decisão”. E, na sequência daqueles primeiros passos para enfrentar intramuros a pandemia, diz a mesma fonte, houve um “conjunto de medidas” que se tem “revelado bastante eficaz”.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, no entanto, regista-se um total de 78 militares atingidos pela Covid-19. Cinquenta e um “já recuperaram da doença e os restantes 27 – três do EMGFA, quatro da Marinha, 13 do Exército e sete da Força Aérea – apresentam bom prognóstico”, diz o comandante Pedro Serafim.
A Covid-19 atingiu militares dos três ramos – Marinha, Exército e Força Aérea
O EMGFA, informa o seu porta-voz, considera que o número de militares que contraíram a Covid-19 é, até agora, “pouco expressivo”, e que não causou “impacto na atividade operacional das Forças Armadas”. E atribui esse resultado à “resposta imediata” militar face à pandemia.
Em concreto, “foram implementados planos de contingência no EMGFA, na Marinha, no Exército e na Força Aérea”, explica o porta-voz. Entre outras ações, aqueles planos contemplaram a constituição de “células de crise, para a monitorização permanente da situação e o aconselhamento sobre medidas de proteção sanitária, incluindo para as forças nacionais destacadas em missões internacionais” – por exemplo, no Afeganistão, na República Centro-Africana, no Mali ou em São Tomé e Príncipe; o “aumento da capacidade de resposta do Hospital das Forças Armadas, com o reforço em pessoal de saúde, a montagem de um hospital de campanha, com mais 32 camas, a implementação de um sistema de colheitas rápidas para testes ao coronavírus, e novos procedimentos de separação de áreas de tratamento Covid-19 e não Covid-19”; e a criação de linhas telefónicas próprias, “para esclarecimento de dúvidas, triagem, apoio psicológico e aconselhamento pediátrico, permitindo aliviar a linha SNS24”.
Seria aqui fastidioso referir as “ações de apoio aos portugueses” elencadas pelo porta-voz do EMGFA. Basta dizer que vão do repatriamento de cidadãos nacionais em aviões militares à distribuição de refeições e de máscaras a sem-abrigo.