As notícias que chegam de alguns países sobre pessoas curadas da Covid-19 que são reinfetadas dão sinal do que a comunidade cientifica já desconfiava: ser infetado com este novo vírus não é garantia de imunidade. É essa, aliás, a suspeita da equipa de investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que está a desenvolver a vacina contra a Covid-19 e que esta quinta-feira, 23 abril, começa a testá-la em voluntários saudáveis britânicos. “Os coronovirus são muito bons a não deixar uma memória imunitária forte atrás de si”, explicou a investigada Sarah Gilbert numa entrevista que deu à televisão BBC, onde adiantou também que, tendo em conta essa situação, é muito provavél que as vacinas contra a Covid-19 tenham de ser dadas periodicamente, não bastando uma única dose para o resto da vida.
Neste momento, e segundo a cientista, ainda não há, porém, uma resposta certa para a pergunta que todos fazem: ‘Pode-se ser reinfetado?” No entanto, diz, tendo em conta os outros coronavírus que se conhecem, tudo parece indicar que depois de ter a doença, a imunidade gerada pelos anticorpos não dura muito. O que significa que se pode ser infetado mais do que uma vez. Ou, por outras palavras: ter a doença não implica ficar imunizado. Pelo menos, de forma indefinida. Por isso, é também provável que a vacina que venha a ser descoberta tenha de ser dada anualmente, como sucede por exemplo com a da gripe – em que todos os anos é recomendada aos que integram os grupos de riscos.
Apesar de ainda não se saber se há alguma imunidade depois de se ter a doença, nem, no caso de existir, quanto tempo pode durar, os investigadores da Universidade de Oxford dizem que a vacina que estão a testar promete ter mais poder a dar imunidade. Isto porque o adenovirus com o qual estão a fazer a vacina parece permitir dar uma imunidade mais longa do que quando se contrai a doença naturalmente. É o que se verifica, por exemplo, com a vacina que desenvolveram para outro coronavirus – MERS (Middle East Respiratory Syndrome). As pessoas a quem foi dada revelaram ter imunidade ativa ainda um ano depois de a receberem.