Novas evidências científicas sugerem que os jovens adultos não são tão impermeáveis ao novo coronavírus como se pensava inicialmente.
Em Portugal, 48% dos infetados têm menos de 50 anos, estando 790 pessoas com menos de 30 anos infetadas. E ainda está por esclarecer até que ponto a Covid-19 foi responsável pela morte de um rapaz de 14 anos no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, na última madrugada. A criança também sofria de uma psoríase grave e morreu ao fim de um dia de internamento.
Apesar de os dados mostrarem que os idosos e os doentes crónicos ou imunodeprimidos são os mais vulneráveis, também há casos, em vários países, de doentes gravemente doentes na faixa etária entre os 20 e os 40 anos. De acordo com os dados recolhidos em Itália e em França, o risco é particularmente elevado para aqueles com doenças que ainda não foram diagnosticadas.
Em Itália, o país Europeu mais atingido pela pandemia, quase um quarto dos 28 mil infetados tem entre 19 e 50 anos, segundo a página de estatísticas Statista.
Tendências semelhantes estão a ser observadas nos EUA, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). Entre os primeiros 2 500 casos diagnosticados, 705 correspondiam a doentes entre os 20 e os 44 anos. Desses, entre 15 a 20% tiveram de ser internados e 4% precisaram de cuidados intensivos.
Um dos muitos jovens infetados foi um professor de genética da Universidade do Utah que lançou um alerta no Twitter: “Sou jovem e não tenho fatores de risco, mas estou nos cuidados intensivos em estado grave”, escreveu Clement Chow a 15 de março. “Realmente, ainda não sabemos tudo sobre este vírus”, lamentou na rede social. Os seus sintomas foram febre baixa durante alguns dias, seguida de uma tosse forte e de dificuldades respiratórias.
Não há dúvidas de que risco de morte aumenta vertiginosamente com a idade. Segundo o CDC, num grupo de 144 pacientes com mais de 85 anos, 70% foram hospitalizados e 29% precisaram de cuidados intensivos. Um em cada quatro morreu.
No entanto, evidências emergentes não eliminam a possibilidade de bebés, crianças e jovens terem risco de complicações graves. Um estudo publicado na revista científica Pediatrics, que envolveu mais de duas mil crianças infetadas com o Sars-CoV-2 na China, concluiu que cerca de 11% dos casos nos bebés tinham sido graves ou críticos, diminuindo para 7% nas crianças e adolescentes. Percentagens mais baixas do que nas faixas etárias mais avançadas, mas que os cientistas não querem ignorar.