As investigações anteriores que examinavam pessoas com vidas muito duradouras focaram-se mais no impacto genético mas este novo estudo volta-se para o papel que a saúde mental e a personalidade de cada um desempenham na longevidade da vida humana.
Êste estudo, publicado na International Psychogeriatrics, contou com 29 participantes, entre os 90 e os 101 anos, e 51 filhos ou outros familiares desses mesmos participantes, entre os 51 e os 75 anos. Todos os intervenientes deste estudo vivem em aldeias rurais na zona de Cilento, uma região montanhosa do sul de Itália.
Para analisar os participantes, os cientistas usaram “escalas de avaliação da saúde física e mental, resiliência, otimismo, depressão e stress”, explica o estudo. Foram também feitas entrevistas aos indivíduos mais velhos para reunir informação sobre as histórias de vida de cada um deles. Migrações, eventos traumáticos e crenças foram alguns dos assuntos abordadados. O grupo dos familiares foi também entrevistado mas com o intuito de descrever os traços de personalidade dos familiares mais idosos.
Ao longo do estudo, os cientistas notaram a existência de traços psicológicos comuns no grupo de idosos dos 90 aos 101 anos que poderiam explicar a longevidade das suas vidas. A tendência para dominar, a teimosia e uma necessidade de controlar foram alguns dos traços comuns a estes indivíduos. Eles mostraram-se fiéis às suas convicções e pouco preocupados com o que os outros pensam. A investigação acrescenta que “a tendência para controlar o meio que os rodeia sugere um conflito notável que é equilibrado pela necessidade de se adaptar às mudanças”.
As entrevistas levaram também os investigadores a concluir que estes idosos apresentam uma considerável auto-confiança e uma elevada capacidade para tomar decisões.
Os cientistas das Universidades de Roma e da Califórnia concluíram que o grupo de intervenientes entre os 51 e os 75 anos tinha uma saúde física melhor em comparação com o grupo dos nonagenários e centenários. Mas, no que diz respeito à saude mental, o grupo mais idoso mostrou estar em melhor forma.
Atualmente, diz-se que a chave para uma vida longa é uma alimentação saudável combinada com muito exercício físico. Este grupo veio mostrar uma realidade diferente. O amor à família, uma forte ética de trabalho e fé religiosa foram outros dos fatores encontrados nestes idosos. Anna Scelzo, uma das autoras da investigação, diz que “o amor do grupo à sua terra é um tema comum e proporciona-lhes um propósito para as suas vidas. A maior parte deles [participantes] ainda trabalha nas suas casas e terras. Eles pensam ‘isto é a minha vida e não vou desistir dela!'”.
Os investigadores pretendem continuar a seguir estes participantes através de diversas avaliações com o objetivo de comparar associações biológicas com a saúde física e psicológica destes idosos.