As crianças que apresentam capacidades académicas elevadas têm o dobro da probabilidade de vir a fumar canábis e de beber álcool durante os seus anos de adolescência, do que as que têm menores capacidades. Assim concluiu um novo estudo, da University College London, que acrescenta ainda que esta associação permanece até ao início da idade adulta, contrariando a ideia de um uso apenas temporário das substâncias.
Durante um período de sete anos, os investigadores analisaram o sucesso académico e os comportamentos de 6059 participantes – primeiro, verificaram as capacidades escolares, aos 11 anos e depois compararam-nas com os comportamentos no início da adolescência, entre os 13 e os 17 anos, e no final da adolescência/início da idade adulta, dos 18 aos 20 anos.
Os resultados, publicados no BMJ Open journal, revelaram que as crianças mais inteligentes tinham maior probabilidade de fumar canábis no final da adolescência devido à curiosidade e ao esforço por serem aceites entre pessoas mais velhas.
Além disso, têm também maior probabilidade de beber álcool do que aqueles que não apresentaram, aos 11 anos, um bom desempenho escolar – eram duas vezes mais propensos a beber álcool regularmente, ocasionalmente e persistentemente.
No entanto, as crianças com maiores capacidades académicas apresentaram menor probabilidade de fumar tabaco de forma persistente no início da adolescência em comparação com as aquelas que tinham menores capacidades.
“Estes comportamentos de risco para a saúde são um grande problema em termos de saúde pública, uma vez que o uso de substâncias é um fator de risco para problemas de saúde imediatos e de longo prazo e provoca também resultados negativos em termos educacionais e de emprego”, referiu, ao The Telegraph, James Williams, um dos autores do estudo.
Os dados recolhidos permitiram concluir, também, que o consumo de canábis se agravava ou intensificava pelo início precoce da utilização. “Perceber os fatores de risco do uso de drogas por adolescentes pode dar novas informações a quem formula as políticas de saúde pública, de forma a criar intervenções para os grupos de alto risco”, acrescentou.