A palavra apartheid significa “desenvolvimento separado” em africânder, uma das 11 línguas oficiais da África do Sul. Foi um sistema racista inventado pelos brancos que governavam o país, baseado apenas na cor de pele das pessoas! Durou 46 anos (de 1948 a 1994), e, durante esse período, os negros, mulatos e indianos não podiam usar os mesmos espaços e serviços que os brancos, das escolas aos autocarros, passando pelas casas de banho, praias ou jardins.
Estavam também proibidos de votar, de andar na rua depois das onze da noite e até de namorar e casar com brancos. Foi dez anos antes do fim do apartheid, em 1984, que nasceu Trevor Noah, comediante e apresentador do The Daily Show, um popular programa de TV americano. Ora, Trevor Noah é mestiço, fruto da relação entre a mãe negra, sul-africana, e o pai branco, suíço; por isso, era fruto de um crime. E é a exatamente isso que se refere o título do seu livro: “Sou um Crime”.
Esta foi a obra escolhida pelo João Praça (16 anos), do 11º C da Escola Básica e Secundária de Cabeceiras de Basto, que deseja pôr os colegas a falar sobre racismo e xenofobia durante a campanha de “Miúdos a Votos” . “O livro fez-me crescer como pessoa. Consegui perceber realmente como foi o apartheid; quase como se ali estivesse».
O trágico pode ser cómico
Foi por causa da iniciativa “Miúdos a Votos” que leu o livro, mas já conhecia Trevor Noah da televisão e dos especiais de comédia produzidos pela Netflix. “O que me chamou a atenção foi o título do livro, mas comecei a ler completamente às escuras. Achei que ia ser mais sério do que cómico, porque quando lemos o título Sou um Crime: Nascer e Crescer no Apartheid, pensamos que é algo trágico.
E se os assuntos são trágicos e interessantes, também é verdade que são contados de uma forma cómica, o que acho muito bom”, explicou à VISÃO Júnior. “Já não vivemos o mesmo tipo de racismo, mas acho que os meus colegas se vão interessar, porque é um tema ao mesmo tempo histórico e atual”. Por isso, faz campanha sozinho, criou cartazes e já os tem expostos na escola.
Mas não é o único a fazer campanha…
Laura Leite e Marta Magalhães, ambas com 10 anos, fazem campanha pelo livro “Diário de um Banana – Livro 1: Um Romance com Cartoons”. Este livro já é um clássico candidato a “livro mais fixe”, já que todos os anos está nomeado. Laura e Marta fazem campanha sozinhas, já criaram marcadores de livros que vão oferecer no recreio e planeiam também apresentar o livro a todas as turmas do 2º ciclo. E tu, que planos tens para convencer os teus colegas a votar no livro que acahs mais fixe?