Aprender a ler é um superpoder que começamos a aprender quando ainda mal sabemos andar. É uma capacidade mágica que pode ser altamente estimulada por todos aqueles que nos rodeiam e que já dominaram esse superpoder há anos e anos. Ouvir histórias é um enorme impulso para a leitura. Este novo livro de Isabel Peixeiro e Marta Nunes dá-nos a conhecer uma menina que tem um avô que é um extraordinário contador de histórias. Uma história contada com palavras bonitas e imagens encantadoras que não deixará ninguém indiferente. O mote perfeito para que toda a gente traga ao de cima o seu melhor contador ou contadora de histórias.
O Último Contador de Histórias
Isabel Peixeiro (texto) e Marta Nunes (ilustração)
Editora: Alfarroba
À conversa com Isabel Peixeiro
VISÃO Júnior – Quando nasceu esta história?
Isabel Peixeiro – Escrevi-a há algum tempo e há um ano enviei esta história à editora Alfarroba. Fomos tratando de tudo à distância: reunia com a editora e com a ilustradora e agora já está publicado.
De onde surgiu este gosto pelas histórias?
Tenho a sorte de ter nascido numa família de contadores de histórias. O meu avô não sabia ler nem escrever, mas era um ótimo contador de história e eu cresci a ouvi-lo a contar histórias. Contava muitas daquelas histórias tradicionais, antigas, que ele também ia alterando e contado à maneira dele. Umas até eram assustadoras e davam-me pesadelos à noite e tudo! Acho que sou, acima de tudo, uma leitora que tem vontade de contar muitas histórias.
O que inspirou a escrita deste conto?
Uma história que ele contava muito era o conto da calcinha vermelha. Uma história que ele começava mas que nunca chegava a contar o final. Deixava-me irritada porque não havia um fim. Isso estimulou muito a minha curiosidade e é algo que levei comigo para a vida adulta. Este é um livro de memórias, mas também de muita imaginação. A nossa imaginação está entrelaçada na memória. O tempo passa e muitas das coisas que achamos que esquecemos acabamos por recriá-las com a ajuda da nossa imaginação.
Como é que essa curiosidade pelo mundo se desenvolveu?
Eu sou bióloga. E foi algo que começou muito, muito cedo. Lembro-me de ter 4 ou 5 anos e de ir a uma loja levantar um presente de Natal que era oferecido pela empresa onde o meu pai trabalhava. Nessa loja havia um microscópio amarelo e eu dizia sempre «Eu quero um microscópio amarelo», e a minha mãe dizia que eu ainda era muito pequenina. Até que lá houve um ano em que mo deixaram trazer.