Milhares de pessoas estão a sofrer com os incêndios florestais que devastam o sudeste da Austrália, país que fica na Oceania. Os fogos já destruíram milhares de casas e mataram, desde o seu início, em setembro, 26 pessoas. Quem também está a sofrer com estes gigantescos incêndios são os animais, nomeadamente, os coalas. Eles, que são um dos símbolos australianos e uma das espécies mais afetadas, estão no centro das atenções. Esta semana surgiram notícias que diziam que os coalas estariam “funcionalmente extintos”, mas parece que não é bem assim.
Para esclarecer as dúvidas, entrevistámos o nosso biólogo de serviço, Pedro Lobo Coelho:
O que significa uma espécie estar funcionalmente extinta?
Quer dizer que os poucos animais que ainda restam já não conseguem manter a espécie. Ou seja, mesmo havendo descendentes, não são suficientes para voltar aos números que a espécie precisa para sobreviver. Quando uma espécie chega a este ponto, está quase sempre condenada à extinção, a não ser que o Homem faça algo de extraordinário. Funcionalmente extintos estão, por exemplo, o tigre e o rinoceronte do sudeste asiático.
E é verdade que os coalas estão funcionalmente extintos?
Ainda não o podemos afirmar, porque muitos conseguiram ser salvos. Mas a situação é mesmo grave e este ritmo de incêndios e secas vai provocar, provavelmente, a extinção de algumas espécies. Hoje não serão os coalas, mas acredito que depois destes incêndios possamos vir a descobrir animais que não tiveram a mesma sorte. Felizmente, os australianos têm um grande sentido de conservação da biodiversidade e depois destes resgates milagrosos vamos ver, com certeza, ações de recuperação e reintrodução de espécies que vão inspirar o mundo!
Em comparação com os cangurus, por que é mais difícil para os coalas fugirem às chamas?
Estes fogos são muito grandes e o ano mais seco e mais quente da era moderna transformou-se agora num incêndio continental. Por isso, qualquer animal na zona dos incêndios está em grande perigo: coalas, cangurus, todos! Ainda assim, os cangurus vivem em paisagens abertas, tipo savana, e fogem ao perigo saltando (bem longe!).

Já os coalas vivem nas árvores e, para fugirem do perigo, trepam para sítios ainda mais altos. Só que, para complicar as coisas, muitas das suas árvores favoritas são os eucaliptos, e nós sabemos como ardem com facilidade. É como se fosse uma maré de azar para os coalas, por isso enche-nos de tristeza ver esta vítima quase indefesa. Os coalas não são considerados uma espécie em perigo de extinção mas, após este incêndios, terá que se voltar a pensar o seu estatuto de conservação. Só assim é que a ajuda que realmente precisam pode chegar aos coalas. Gostava que todos os leitores da Visão Júnior ficassem atentos: os coalas podem não ser os mais prejudicados mas são o símbolo de todos os animais australianos que sofrem com estes incêndios.
Como podes ajudar?
Tanto o Koala Hospital, em Port Macquarie, como a Australia Koala Foundation (organização sem fins lucrativos que se dedica à preservação de coalas) oferecem a pessoas de todo o mundo a hipótese de «adotar» animais resgatados nos incêndios. Se gostavas de ajudar, fala com os teus pais, informem-se e, juntos, decidam a melhor forma de o fazer.