No novo número da VISÃO História, já nas bancas e à venda na loja online, o leitor encontrará a resposta a estas e outras questões para perceber como era Portugal antes da Revolução dos Cravos, cujo 50º aniversário se comemora no próximo ano. Os mais velhos ainda terão memória desse tempo, mas os mais novos terão certamente dificuldade em imaginar o que era viver sem muitos dos direitos que hoje damos por adquiridos.
É que, nas útimas quase cinco décadas, o País mudou, e muito. No Portugal «do 24 de abril», com Marcelo Caetano no poder, qualquer pessoa continuava a poder ser presa, torturada e deportada apenas por ser contra o regime, tal como acontecera no tempo de Oliveira Salazar. Os jornais, livros, discos e filmes passavam obrigatoriamente pela Censura, chamada agora de exame prévio. Os partidos políticos eram proibidos. O sistema eleitoral era uma farsa. Os homens jovens eram obrigados a combater na Guerra Colonial em Angola, Moçambique e Guiné, em nome de um império que já não fazia sentido. Milhares de portugueses estavam emigrados. As mulheres precisavam da autorização dos maridos para viajarem. A doutrinação das crianças nos valores do Estado Novo começava logo nos manuais da escola com que aprendiam a ler e escrever.
Nesta edição da VISÃO História, esse País, já quase esquecido, é também lembrado na primeira pessoa: Pedro Lauret, antigo combatente e membro do Movimento das Forças Armadas, recorda o «inferno» vivido na guerra na Guiné em 1973, em que morreram 63 militares portugueses; José Pedro Soares, preso em 1971 e só libertado em 1974, descreve a barbárie sofrida às mãos da PIDE; Alberto Arons de Carvalho, fundador do PS, lembra o momento zero da criação daquele partido na clandestinidade; e Luís Almeida Martins, editor da VISÃO História, conta como os jornalistas iludiam a censura para cumprirem o dever de informar os seus leitores – mesmo que apenas nas entrelinhas.
Há dez anos, a VISÃO História fez uma viagem com alguns dos Capitães de Abril às principais casas onde se reuniram para conspirarem contra o regime, entre setembro de 1973 e abril de 1974. O documento – histórico, porque alguns dos protagonistas, como Otelo Saraiva de Carvalho, estão já desaparecidos -, tem a assinatura da Emília Caetano e é republicado, em parte, nesta edição.
Republicamos também um texto de análise e opinião de Diogo Freitas do Amaral (1941-2019) sobre a governação de Marcelo Caetano, uma colaboração inestimável para compreender o que foram os últimos anos da ditadura.
Para ajudar o leitor a saber mais sobre esses tempos anacrónicos – mas de que não nos devemos esquecer, até para evitar que se repitam – publicamos, ainda, um conjunto de infografias que ilustram como era e como se vivia, em Portugal e nas designadas províncias ultramarinas, durante a longa noite da ditadura.
É mais uma edição da VISÃO HISTÓRIA, a não perder, que pode comprar aqui, sem sair de casa, na loja Trust in News. Para assinar a VISÃO História, clique aqui.
SUMÁRIO DA EDIÇÃO
Mapas Portugal, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas
O PODER
A face do regime Como funcionava o aparelho político e administrativo do Estado Novo durante os 48 anos da ditadura. Com infografia Por Luís Almeida Martins
A governação de Marcelo Caetano Republicação de uma análise de Diogo Freitas do Amaral sobre os últimos anos do regime
As grandes fortunas Sete grupos económicos davam cartas na economia antes da Revolução. Com Infografia Por Clara Teixeira
A última sessão Como a euforia da Bolsa marcou o ano de 1973 até à chegada do choque petrolífero Por Clara Teixeira
O QUOTIDIANO
Casas sim, barracas não Só em Lisboa, viviam 90 mil pessoas em barracas em 1970. Mas o problema da habitação não era exclusivo das grandes cidades, nem o regime lhe era indiferente Por Cláudia Lobo
Um País de malas na mão Os emigrantes partiam por motivos económicos mas também para escapar à Guerra Colonial. Um dos destinos principais era a França Por João Pacheco
Infografia Como era Portugal em 1970, segundo os Censos
Educar pelos manuais do regime A doutrinação das crianças nos valores do Estado Novo começava nos livros onde aprendiam a ler e escrever Por Rosa Ruela
Testemunho O editor da VISÃO História conta como os jornalistas iludiam a Censura antes do 25 de Abril por Luís Almeida Martins
Vemos, ouvimos e lemos Os livros e discos que eram proibidos na era da afirmação da televisão Por João Pacheco
Sonhos de um dia de abril Era grande o apelo ao consumo, mas a inflação deitou por terra parte dos anseios da classe média Por Clara Teixeira
Testemunho A guerra da Guiné contada na primeira pessoa pelo oficial da Armada e participante no Movimento dos Capitães Por Pedro Lauret
A CONTESTAÇÃO
Cronologia Os revezes da ditadura
O estado da oposição A um ano do 25 de Abril, o PS posicionou-se como concorrente do PCP quando outras organizações mais pequenas já fervilhavam de atividade Por Filipe Luís
Testemunho Os 50 anos do PS recordados por um dos fundadores Por Alberto Arons de Carvalho
Testemunho José Pedro Soares, um dos últimos presos políticos a serem libertados, descreve a barbárie a que foi sujeito pela PIDE
O movimento dos capitães Há dez anos, a VISÃO História fez uma viagem com alguns dos Capitães de Abril aos locais onde conspiraram para derrubarem o regime. Republicação Por Emília Caetano
Era proibido Lista de proibições legais e morais em vigor antes da Revolução dos Cravos