Foi há 161 anos que Sebastião Ramirez criou em Vila Real de Santo António a primeira fábrica da sua nova empresa para a produção de conservas. Era o nascimento da Ramirez & Cª (Filhos), SA, a mais antiga conserveira do mundo ainda em atividade e uma das emblemáticas empresas do setor alimentar português. Para fazer face aos desafios modernos, está no processo de construção de uma nova fábrica em Matosinhos, onde processos de produção sustentáveis ganham destaque.
“É uma das nossas principais preocupações e algo de que muito nos orgulhamos”, confessa à Visão Manuel Ramirez, neto do fundador e atual CEO da empresa. A fábrica está a ser construída na localidade de Lavra, num investimento que ronda os €18 milhões de euros para 40 mil m2, e vai permitir “duplicar a produção”.
Entre as inovações que a nova estrutura apresenta, Manuel Ramirez destaca a instalação de compressores de ar com recuperação de energia, que depois é “canalizada para as câmaras de descongelação noutra ponta da fábrica”. Deste modo, consegue-se reaproveitar recursos elétricos, poupar na fatura energética e ajudar o ambiente. Para contribuir mais neste campo estão a ser também colocadas soluções de isolamento isotérmico em poliuretano.
Sem lâmpadas
“Toda a fábrica é amiga do ambiente e queremos que os nossos trabalhadores beneficiem e sejam parte desse trabalho”, explica o CEO. A energia fotovoltaica também foi alvo de atenção com a instalação de painéis solares. A luz do sol é mesmo um dos pontos mais focados por Manuel Ramirez, que revela como a fábrica está a ser construída de forma a que, durante o dia, se houver sol, nenhuma parte da estrutura precisa de lâmpadas elétricas. “É algo único”, atira.
O ADN sustentável da Ramirez também vai além das novas condições de produção e estende-se à preocupação com as condições do pescado que adquire. Por isso, a empresa foi a responsável por trazer para Portugal o eco-rótulo azul MSC, do Marine Stewardship Council, que confere à pesca de cerco da sardinha portuguesa um certificado de sustentabilidade ambiental.
O volume de vendas em 2013 foi cerca de 55 milhões de unidades e, para a futuro, a Ramirez quer continuar a produzir conservas reconhecidas em todo o mundo pela sua qualidade. Sempre sem esquecer novas formas de trabalhar ligadas à sustentabilidade.