PLANEAR A VIAGEM
Não há voos directos para a Ilha de Moçambique. O que tem a fazer é o seguinte: voo Lisboa-Maputo (TAP), depois, voo Maputo-Nampula (LAM), ida-e-volta. Em Nampula alugue um carro e siga para a Ilha de Moçambique por estrada – são cerca de 175km. O acesso à Ilha faz-se por uma ponte com 3,5 km de comprimento.
QUANDO IR
A melhor altura para viajar é entre meados de Março e Outubro. A partir daí começa a estação das chuvas e a humidade torna-se difícil de suportar. O clima é subtropical e o sol é forte: chapéu, óculos de sol e protector solar são indispensáveis.
O QUE DEVE SABER
Documentos exigidos: passaporte com visto obrigatório e seguro de viagem.
Dinheiro: A moeda de Moçambique é o Metical e note que não há caixas Multibanco na Ilha. O único sítio onde pode trocar dinheiro é na agência local do Banco Comercial de Moçambique. De uma maneira geral, euros e dólares são bem aceites.
Saúde: Não há nenhuma vacina obrigatória, mas a profilaxia da malária é recomendável – sobretudo se for entre Outubro e Março. Leve repelente de insectos – muito importante! — uma bolsa de primeiros socorros e uma lanterna – podem acontecer falhas de energia.
Cuidados especiais: Não fotografe ninguém sem pedir permissão; quanto aos rolos fotográficos, leve-os todos daqui: na loja de um comerciante indiano encontrámos à venda rolos de marca com o prazo de validade a terminar em 1998. Portanto…
Vestuário: O indicado para os climas tropicais: roupa leve de cores claras. É boa ideia levar um cantil: abasteça-se de água no hotel e evite as torneiras públicas.
Língua: O que se fala é o português e os dialectos locais, macua sobretudo.
Telefones: Depois do prefixo internacional 00 marque 258 (Moçambique) 6 (Ilha de Moçambique). Há um posto de turismo no Palácio-Museu de S.Paulo com café e informação interessante (folhetos, guias, livros).
ANDAR POR LÁ
A ilha de Moçambique tem cerca de 3km de comprimento (não chega) para uma largura máxima de 600 metros. O meio de transporte é simples: andar a pé. Pode ver tudo o que interessa em ritmo de passeio. Fora da ilha, pode visitar Lumbo, Mossuril e as praias costeiras mais próximas – a praia das Chocas Mar é a mais conhecida – e as povoações de Cabeceira Grande e Cabeceira Pequena, ambas viradas para a baía de Mossuril. Era ali que os habitantes endinheirados da Ilha de Moçambique tinham as suas casas de férias. O melhor é pedir transporte no hotel Omuhipiti e negociar o preço com o condutor. O mesmo se diga se quiser visitar a vizinha llha de Goa (a 2km de distância): acerte o preço e a hora de regresso com um pescador local e faça a travessia num barco de madeira. Espera-o um belo areal deserto, polvilhado de conchas e corais e uma vista impactante se subir ao farol.
FAZER E VER
Os edifícios históricos estão concentrados na Cidade de Pedra, norte da ilha. Pode andar a pé e não tem desculpa para não ver tudo. Anote o que não pode perder: fortaleza de S. Sebastião e capela manuelina de N.S.ª do Baluarte; rua da Contra Costa, a marginal que acompanha a costa norte da ilha; Palácio-Museu e Capela de São Paulo e respectivo espólio; posto de Turismo (no Palácio-Museu); Museu de Marinha; largo do coreto e estátua de Vasco da Gama; Igreja da Misericórdia e museu de Arte Sacra; capela-fortim de Santo António; igreja de N.S.ª da Saúde (restaurada em 1996) e a pequena capela de S. Francisco Xavier; estátua de Luís de Camões (na rua da Contra Costa); rua dos Arcos; mercado municipal, Capitania-Geral, Escola de Artes e Ofícios, antigo Hospital, Tribunal e Câmara Municipal; Mesquita Grande (ou principal) e porto de pesca; templo Hindu; crematório baneane.
Quanto a actividades de lazer, tire da ideia banhar-se nas “praias” da Ilha de Moçambique. Estão muito sujas e a qualidade da água deixa muito a desejar, tendo em conta os hábitos da população local – “fecalismo” é o nome oficial do problema.
A Ilha de Goa (tem um farol emblemático construído em 1870) fica a 20/25 minutos de barco da Ilha de Moçambique e oferece uma praia convidativa, embora não muito grande.
Outras ilhas possíveis de visitar são a Ilha de Sena e a Ilha de São Lourenço, mas não têm grande motivo de interesse. Praia enorme, há uma no lado de lá, na costa – a praia de Chocas Mar, onde se encontra um dos poucos resorts desta região de Moçambique, o complexo Chocas-Mar (tem restaurante). Negoceie o transporte e passe um par de horas de papo para o ar num magnífico areal quase deserto. Para os fãs do mergulho, há uma boa notícia: o proprietário da Casa Caku, Caku Amaral Dias (caku@teledata.mz); tm: 00-258-82-454781; fax: 00-258-6-610027) é o concessionário de mergulho sub-aquático da ilha e organiza passeios de barco às ilhas vizinhas.
PARA DORMIR
O único hotel existente é o Hotel Omuhipiti (quatro estrelas, tel.: 00 258 66 101 02). Fica ao pé da fortaleza de São Sebastião, na extremidade norte da ilha. Os quartos são bons, sem serem propriamente luxuosos, e o restaurante é recomendável: come-se bem e não é caro. O director do hotel, sr. Freire, é português, e pode ajudá-lo com sugestões e conselhos – ele é um especialista da Ilha. Para outras hipóteses de alojamento recomenda-se uma ida à Associação dos Amigos da Ilha de Moçambique (AMOZ). Lá poderão indicar-lhe algumas casas de hóspedes com quartos e casa de banho. Anote as seguintes: Escondidinho (9 quartos c/banho); Casa Branca (3 quartos c/banho e pequeno almoço); Casa Oikos (3 quartos c/banho); Casa Caku (2 quartos casal, 2 quartos solteiro, 2 banhos, pequeno almoço, jardim).
PARA COMER
Há duas opções óbvias. O restaurante Relíquia, perto do Palácio-Museu de S. Paulo, e o restaurante do Hotel Omuhipiti. O Relíquia tem um decor interior interessante e um menu com pratos suficientemente exóticos – experimente a matapa com arroz de coco. A esplanada do Relíquia, com as mesas rústicas de madeira virada para o mar, é um sitio possível para apreciar o pôr do Sol. No restaurante do Omuhipiti come-se bem e uma refeição completa ronda os €10 por pessoa. Outras sugestões: restaurante Íris (Escondidinho), Café-Restaurante Âncora d’Ouro (perto do Museu de Arte Sacra) e bar Paladar (especialidades locais). A esplanada do náuticos (junto à fortaleza) é outro poiso aconselhado para beber uma cerveja ao fim da tarde e olhar o mar.
PARA COMPRAR
As melhores peças à venda têm a sua matéria-prima “produzida” pelo mar. Falamos das jóias feitas com a prata de moedas antigas provenientes de navios naufragados que as marés trazem para a ilha – abundantemente, pelo que vimos. Os artesãos locais conseguem fazer pequenas obras de arte com os despojos das naus da carreira das Índias. Há colares, pulseiras e cintos muito bonitos, sobretudo aqueles que são feitos com moedas intocadas. Pode comprar moedas portuguesas de prata e de bronze aos miúdos que as vendem na rua, mas tem de olhar bem para o que lhe tentam impingir… e regatear preços pois pode trazer no bolso uma mão cheia de moedas antigas pelas quais pagaria o quádruplo ou o quíntuplo em Portugal…. Também pode comprar colares e pulseiras feitos com conchas, corais e com as chamadas “missangas do mar” – missangas que alegadamente se encontravam a bordo de um navio árabe que passava ao largo da fortaleza e que os portugueses afundaram.
NA REDE
www.mozambique.mz/ A página oficial do governo da República de Moçambque, com ligações a todos os ministérios, incluindo o do Turismo
http://www.geocities.com/b_veronik/ilha/about.html Site muito completo sobre a ilha, com variadas ligações. Ideal para os amantes do mergulho
http://www.arq.de/english/mainindex.htm Sobre a exploração submarina na ilha de Moçambique. Tem vídeos interessantes
http://whc.unesco.org/sites/599.htm Página da Unesco relacionada com a ilha de Moçambique e o património mundial
http://www.lam.co.mz/ Site das Linhas Aéreas de Moçambique, com toda a informação sobre os voos no país
http://www.janelanaweb.com/viagens/mocambique.html Página pessoal de Alexandre Coutinho sobre a Ilha
http://www.mozambique.mz/outrasp.htm Directório complete de ligações sobre Moçambique, abrangendo a história, democracia, economia, clima e tudo o mais.
http://www.kanimambo.com/ Página, feita em Portugal, dedicada a “Moçambique e à sua gente boa”
LIVROS
Mapa de Estradas de Moçambique – Editado em 2002, disponível no Webboom.pt.
A Ilha de Próspero – Roteiro poético da ilha de Moçambique, por Rui Knopfli. No Webboom.
Ilha de Moçambique pela Voz dos Poetas – Livro de Nelson Saúte, editado em 1992. Disponível no Webboom.
Lonely Planet – Guia escrito por Mary Fitzpatrick, especialista em países africanos (é a autora, na mesma colecção, dos livros sobre a Tanzânia e a África do Sul). Duzentos páginas e 24 mapas.
Bradt Travel Guide – Guia da autoria de Philip Briggs e Ross Velton sobre todo o país. São 272 páginas e 39 mapas.
Publicado na edição n.º 1 da revista Rotas do Mundo, Abril de 2005