A empatia nas organizações não é tão simples quanto pode parecer à primeira vista. E não deve funcionar apenas de cima para baixo, mas também no sentido inverso, segundo Margarita Álvarez. A diretora do Human Age Institute España by Manpower Group referiu, num dos painéis da III Conferência Girl Talk, que “muitas vezes falamos que a empatia é colocarmo-nos no lugar do outro e pensamos que isso é possível”. No entanto, sublinhou, isso “não é possível”. E deu um exemplo: “Trabalho com prisões e não posso colocar-me nos sapatos do que vivem e do que viveram as pessoas. O que posso é escutar, tentar entender, respeitar e apoiar”. 

Na gestão de talento, a empatia pode ser essencial. “Se conhecer melhor, posso apoiar”, considerou Margarita Álvarez. E isso começa em coisas tão simples como ver os funcionários como pessoas e não como empregados. Margarita Álvarez deu o exemplo de uma grande tecnológica espanhola que, durante a pandemia, num inquérito sobre o clima organizacional percebeu que os funcionários não estavam satisfeitos. Isto apesar de ter fornecido aos trabalhadores durante o confinamento computadores, ecrãs mais confortáveis para a vista e almofadas ergonómicas para as cadeiras.  

No entanto, nos inquéritos, os trabalhadores responderam: “Enviaram-me tudo para que trabalhasse mais, mas ninguém me chamou para perguntar ‘como estão os teus pais, os teus filhos, como estás?’. Isto seria preocupares-te com a pessoa e não com o empregado. Seria empatizar com o ser humano, mas isso custa porque muitas vezes o dia-dia vai roubando esta parte mais humana de aproximação e de sentir”, disse a especialista.

Outro exemplo foi o de um grande banco. “uma das coisas que tivemos de fazer nos protocolos das reuniões comerciais de segunda-feira foi colocar por escrito que as reuniões começam com um ‘olá, como estás?’. E que se deixa um espaço para que a pessoa responda”. A conclusão não é que os gestores dessas organizações sejam más pessoas, mas sim que se “entra em dinâmicas em que não se dá conta da importância de perceber como está cada membro da minha equipa”.

Caminho da empatia não é só de cima para baixo

A discussão sobre empatia nas organizações costuma centrar-se no que os líderes podem fazer para a colocar em prática. Mas essa não é a única via. “Quando falamos de empatia, transparência e confiança pensamos sempre de cima para baixo, mas há um elemento que também é muito importante nas equipas que é o reconhecimento. E quando trabalhamos nisso nas equipas, muitos dizem: ‘O meu chefe não me reconhece’. E pergunto: ‘E tu? Quando foi a última vez que disse ao seu chefe que esteve bem?’ Nunca o dizemos, porque damos sempre por garantido que isto funciona de cima para baixo”. E acrescentou: “O posto de líder é muito solitário. É difícil e complicado. Essas pessoas também sofrem, separam-se, discutem…”

Margarita Álvarez defendeu que “um líder é aquele que te leva onde tu nunca chegarias sozinho, mas também tive de aprender pelo caminho que essa pessoa que me está a apoiar, que me está a empurrar, de vez em quando necessita algo de mim. Necessita que a escute, que a ouça. E essa parte é esquecida algumas vezes”. 

A III Conferência Girl Talk teve o patrocínio do Santander Portugal e o apoio da Van Zellers & Co.

“O calendário [da privatização da TAP] não está definido, mas deixe-me dizer-lhe senhora deputada: o processo está aberto, foi aberto pelo anterior Governo e este Governo não o fechou”, afirmou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, na Assembleia da República, no debate sobre política setorial.

O governante respondia a questões da deputada da Iniciativa Liberal Mariana Leitão, sobre a calendarização do processo de privatização da TAP, realçando os 3.200 milhões de euros de ajuda de Estado que a companhia aérea recebeu quando entrou em dificuldades devido à pandemia de covid-19.

Miguel Pinto Luz disse que o processo se encontra numa fase de recato, sublinhando que “não é publicamente” que se trata da questão, lembrando a sua participação na privatização anterior levada a cabo pelo Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

O ministro lembrou ainda que, entre as verbas destinadas à CP, Metro do Porto, entre outros, “são mais de 10.000 milhões de euros”. “Eu sei, a TAP é mais uma paixão, mas olhe que há outras paixões mais caras”, vincou.

O Estado detém a totalidade do capital da companhia aérea de bandeira portuguesa, depois de ter aumentado a sua participação quando a TAP entrou em dificuldades devido ao impacto da pandemia de covid-19.

O processo de reprivatização arrancou em setembro passado, quando o anterior Governo socialista aprovou as condições da venda, mas ficou em suspenso após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, e a convocação de eleições antecipadas para 10 de março, que deu a vitória à Aliança Democrática (PSD/CDS-PP e PPM).

No Programa de Governo, entregue na Assembleia da República, o executivo de Luís Montenegro comprometeu-se a “lançar o processo de privatização do capital social da TAP”, sem avançar mais detalhes.

Os três grandes grupos de aviação europeus – Air France-KLM, o grupo hispano-britânico IAG e a alemã Lufthansa – manifestaram interesse na privatização.

MPE // JNM

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“Neste momento já conseguimos confirmar que o pessoal auxiliar e administrativo na maioria dos hospitais está a cumprir serviços mínimos apenas”, afirmou o coordenador da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, acrescentando que, “nas repartições de finanças, há notícias de encerramentos também um pouco por todo o país”.

“Em Lisboa já confirmámos o encerramento da repartição 7 e 8”, detalhou.

Ainda sem dados relativamente ao funcionamento dos tribunais, o dirigente sindical precisou também que “o atendimento na sede da Segurança Social, em Lisboa, está encerrado e o mesmo se passa em Torres Vedras e Alhandra”.

“Na Área Metropolitana de Lisboa há muitas delegações da Segurança Social encerradas”, referiu.

De acordo com Sebastião Santana, os dados relativos à adesão à greve “ainda estão a chegar a conta-gotas”, mas, até ao momento, “o sinal é bastante positivo”.

Ao início da manhã, o coordenador da Frente Comum tinha já reportado à Lusa que a greve dos trabalhadores da administração pública, que teve início hoje às 07:00, levou ao encerramento de várias escolas de norte a sul do país.

Sebastião Santana disse esperar uma grande adesão ao protesto também na saúde e nos serviços centrais, nomeadamente tribunais, Segurança Social e repartições de finanças.

“Sabemos também que já há uma grande mobilização de trabalhadores que estão a deslocar-se para Lisboa para a jornada de luta para a concentração de hoje à tarde no Ministério das Finanças, em Lisboa”, disse, acrescentando que são esperados milhares de pessoas.

A concentração tem início previsto às 14:30, na Praça da Figueira, deslocando-se depois os participantes até ao ministério.

Os motivos para fazer greve e protestar aumentaram, segundo Sebastião Santana, com a chegada do novo Governo e o conteúdo do seu programa.

“No dia em que soubemos que a tutela da administração pública ia ficar no Ministério das Finanças entregámos o nosso caderno reivindicativo e até agora não tivemos qualquer resposta”, afirmou anteriormente à Lusa o dirigente sindical, referindo que uma das prioridades deste caderno é um aumento intercalar dos salários em pelo menos 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, “porque os trabalhadores não podem ficar sem qualquer aumento até 2025”.

Sebastião Santana precisou ainda que se, no final de outubro, aquando da aprovação da proposta do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) havia razões para os trabalhadores fazerem greve, estas razões são agora ainda maiores porque “os problemas só se agudizaram”.

A par dos aumentos salariais, em que inclui a subida, durante o ano de 2024, para os 1.000 do salário mínimo no Estado, a Frente Comum reivindica ainda mudanças nas carreiras e no sistema de avaliação de desempenho, bem como de medidas de reforço dos serviços públicos.

Para Sebastião Santana, “nos serviços públicos o que se perspetiva é de abertura de portas ao setor privado” em setores como a saúde e a Segurança Social, ou seja, um “desfigurar absoluto da administração pública” que os trabalhadores não podem aceitar.

PD (DD/LT) // CSJ

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A Netflix revelou a intenção de se tornar uma empresa especializada também em publicidade digital, ao constituir equipas internas focadas nestes desenvolvimentos. A revelação foi feita durante uma apresentação pública, na qual a Netflix revelou que o plano de assinatura mais barato (sete dólares por mês, nos EUA; não está disponível em Portugal), que obrigado à visualização de anúncios, tem atualmente 40 milhões de utilizadores e que este plano é responsável por 40% dos novos clientes da plataforma.

Até aqui, a Netflix tinha uma parceria com a Microsoft para a publicidade e as vendas, mas agora parece ter decidido prosseguir a solo. A responsável de anúncios Amy Reinhard conta que esta estratégia “vai permitir-nos alimentar os anúncios com o mesmo nível de excelência que tornou a Netflix líder da tecnologia de streaming atualmente”, cita o Engadget.

Além do desenvolvimento interno e de a parceria com a Microsoft ser para manter, a Netflix vai estabelecer também novos acordos com a The Trade Desk e com a Display & Video 360 da Google.

Foi aos 30 anos que Paulo Ribeiro, agora com 53, começou a ter hipertensão arterial, doença crónica que contribui para a principal causa de morte em todo o mundo: as doenças cardio e cerebrovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

“Tinha visão dupla, sentia-me muito agitado e muito irritado com a família”, conta o funcionário público. Consultou vários especialistas e tomou vários tipos de medicamentos, que eram substituídos por outros a cada 15 dias ou mês, mas nenhum deles teve o efeito pretendido.

“Era um gasto significativo de medicamentos que depois iam para o lixo, porque de facto não eram suficientes para eu estar bem”, diz Paulo Ribeiro. Pelo contrário, testou medicação que estava a ter um impacto negativo na sua saúde. “O pâncreas estava a ser afetado com pelo menos dois medicamentos. Sentia um stress praticamente constante causado pela hipertensão na minha vida, já que os sintomas colocavam-me numa situação insustentável e afetavam a minha qualidade de vida, no trabalho, em casa… andava sempre muito nervoso e a hipótese de estar bem era praticamente nula”, conta.

A vida de Paulo mudou quando o seu cardiologista lhe falou acerca de uma técnica, a desnervação renal, “um procedimento minimamente invasivo que consiste em “destruir” nervos que envolvem as artérias renais”, explica à VISÃO Vitória Cunha, membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) e especialista em Medicina Interna.

“É realizada através de um cateter inserido na veia femoral, que aplica radiofrequência, ou mais recentemente ultrassons, nas artérias renais de forma a reduzir os efeitos do sistema nervoso simpático no nosso organismo, que é um dos vários mecanismos envolvidos na hipertensão”, acrescenta a médica.

Para Paulo, este procedimento foi super eficaz, levando a uma redução da maioria da medicação que tomava para tentar controlar a doença. “Tomava 12 medicamentos e comecei a tomar três, um para a hipertensão, um para o coração e outro para os batimentos cardíacos”, diz. “O tratamento melhorou a minha vida em 99%”, acrescenta ainda.

A desnervação renal começou a ser aplicada de uma forma mais rudimentar nos anos 50, mas foi desenvolvida mais tarde e as publicações-piloto acerca da técnica aconteceram entre 2009 e 2010. “Houve um grande número de doentes submetidos a desnervação nos anos seguintes, mas entretanto saíram mais resultados que deixavam algumas dúvidas sobre a eficácia da técnica, pelo que esta foi abandonada durante vários anos”, diz Vitória Cunha, acrescentando que a prática só foi retomada mais recentemente, “depois de estudos mais sólidos com mais eficácia e segurança comprovadas”.

Em Portugal, esta técnica é realizada apenas em centros especializados, com cardiologistas treinados na técnica, explica a especialista. “Não pode, nem deve, ser realizada em qualquer pessoa com hipertensão arterial: está reservada para a pequena percentagem de pessoas com hipertensão verdadeiramente resistente”, defende a médica.

A doença pode afetar todas as artérias e causar problemas como insuficiência renal, alterações da visão, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica (das artérias dos membros inferiores), disfunção erétil e demência. “Estas doenças estão associadas não só a uma elevada taxa de mortalidade, mas também de morbilidade, ou seja, de incapacidade e possível dependência de terceiros para manter uma qualidade de vida razoável”, afirma a especialista.

Vitória Cunha alerta para o facto de que, embora contribua “para o controlo da hipertensão e, em vários casos”, reduza “a quantidade de medicação necessária para manter valores adequados”, esta técnica “não cura a doença e não é eficaz em todos os indivíduos, daí a necessidade de selecionar adequadamente quem a pode realizar”.

E apesar de não ser comparticipada pelo Estado, a grande maioria da medicação para a hipertensão é e a sua toma regular, acrescenta a especialista, “consegue promover o controlo da doença numa grande percentagem de pessoas, reduzindo a probabilidade de doença cardio e cerebrovascular”.

Apesar de a hipertensão ter algum componente genético, os principais fatores de risco são modificáveis: o excesso de consumo de sal, o excesso de consumo de gorduras (saturadas e trans) e reduzido consumo de frutas e legumes, o sedentarismo, o excesso de peso, o excesso de consumo de bebidas alcoólicas e o tabaco. O sal pode ser reduzido e substituído, por exemplo, por ervas aromáticas, limão e alho, que podem dar sabor à comida sem contribuir de forma nefasta para a saúde. As gorduras saturadas e trans podem ser substituídas por gorduras insaturadas e mais “saudáveis”(por exemplo, o azeite) e devem ser evitados alimentos processados e pré-cozinhados. Já o exercício físico não precisa de ser um ginásio intenso ou uma maratona. Uma caminhada regular de 20 minutos algumas vezes na semana pode ser um excelente começo. Também já se concluiu que a poluição sonora, a poluição ambiental, o stress e a ansiedade e uma má qualidade do sono são outros contributos importantes para a hipertensão e devem ser evitados.

Um novo estudo científico realizado pela Universidade Imperial de Londres e pelo Instituto de Investigação da Demência do Reino Unido revelou mais detalhes sobre a atividade do cérebro humano durante o sono. A nova investigação comparou a atividade cerebral que ocorre durante limpeza de toxinas do organismo em ratinhos acordados, a dormir e sedados e descobriu que o cérebro foi eficaz menos eficaz nessa tarefa enquanto dormiam. Uma conclusão que vai contra o que os cientistas acreditavam ser verdade. Estudos anteriores partiam-se do princípio que o cérebro utiliza o tempo de descanso para proceder eliminação de resíduos do organismo – processo conhecido enquanto sistema glinfático.

As conclusões da nova investigação científica, publicadas na revista Nature Neuroscience, indicam agora que o estado de atividade cerebral poderá até funcionar melhor no processo de eliminação de toxinas do que durante o sono. “O campo (científico) tem estado tão concentrado na ideia da desobstrução como uma das principais razões pelas quais dormimos, e é claro que ficámos muito surpreendidos ao observar o oposto nos nossos resultados”, referiu Nick Franks, um dos autores envolvidos no estudo.

Franks e a sua equipa recorreram a uma amostra de ratinhos de laboratório para observar a sua atividade cerebral nos três estados. Desse modo, foi injetado no cérebro dos animais um corante florescente e analisada a capacidade dos mesmos em limpar as toxinas do organismo. Segundo os dados apurados, os ratos adormecidos mostraram ser 30% menos eficientes na eliminação do corante do que os roedores que permaneceram acordados durante a experiência. Já na amostra anestesiada, a taxa de eliminação foi reduzida em 50%.

Ademais, foi ainda possível observar que o tamanho das moléculas tem influência na rapidez com que as toxinas são eliminadas bem como descobrir que alguns compostos toxicos são suprimidos através de diferentes sistemas. “Até à data, não sabemos o que é que estes estados têm que torna mais lenta a remoção de moléculas do cérebro. O próximo passo da nossa investigação será tentar perceber porque é que isto acontece”, acrescentou Franks. A equipa de cientistas espera agora retirar as mesmas conclusões em testes em humanos.

“Existem muitas teorias sobre o motivo pelo qual dormimos e, embora tenhamos demonstrado que a eliminação de toxinas pode não ser uma razão fundamental, não se pode contestar que o sono é importante. O outro lado do nosso estudo é que mostrámos que a limpeza do cérebro é altamente eficiente durante o estado de vigília. Em geral, estar acordado, ativo e fazer exercício pode limpar o cérebro de toxinas de forma mais eficiente”, explicou Bill Wisden, também autor da investigação. 

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A diversidade traz oportunidades e desafios. E, apesar dos progressos observados nas últimas décadas, ainda há muito caminho por trilhar, sendo necessário rebentar as nossas bolhas. Esta foi uma das grandes conclusões do painel “Desafios de um mundo mais diverso” da III conferência Girl Talk. O debate reuniu Ana Santos Pinto, diretora executiva do IPRI-Nova, Isabel Guerreiro, administradora executiva do Santander Portugal e Mónica Soares, consultora de negócios, branding e estratégia.

A forma como as empresas refletem o que é a sociedade foi um dos principais temas em cima da mesa. Isabel Guerreiro considerou que se tem assistido a um aumento da inclusão, mas ressalvou que há mais por fazer. A administradora do Santander, formada em Engenharia Informática, recordou que quando entrou “no pavilhão do Técnico não havia casa de banho para mulheres”. Depois disso, foi uma das minorias no banco, já que era uma engenheira entre juristas e economistas. “Melhorou imenso, mas continuo a acreditar que é fundamental que continue a fazer parte da agenda das organizações, porque representam a sociedade. Vivemos em bolhas. E, portanto, tem que fazer parte da agenda das organizações, mesmo que seja forçado em algumas vezes”, referiu.

Isabel Guerreiro observou que de facto as organizações ainda não são representativas da sociedade.” E não é apenas uma questão de género ou de etnia”, indicou. “Quando comecei a trabalhar achava que o tema das quotas não era suficientemente meritocrata. Hoje mudei bastante de opinião. Creio que se não impusermos quotas vai demorar muito mais tempo a reduzir-se o gap. Tem sido muito importante impor a diversidade em todos os sentidos. Tem de fazer parte da agenda e de forma mais intensa”. 

Já Ana Santos Pinto demonstrou que, muitas vezes, é cada um de nós que impede uma maior diversidade. “Nós simplesmente estamos fechados na nossa bolha. E a experiência de vida e a forma como vamos estabelecendo as nossas relações sociais e culturais faz-nos, consciente ou inconscientemente, esconder essa diversidade porque nesta lógica de massas eu quero ser igual à maioria”, afirmou. A antiga secretária de Estado da Defesa salientou ainda que “o medo da diferença está diretamente relacionado com o medo do desconhecido e a primeira questão é assumirmos que existe uma diferença e a segunda procurar conhecê-la”.

A diretora executiva do IPRI-Nova defendeu, assim, que a “diversidade resulta da nossa opção individual. Queremos ou não ouvir? Queremos manter-nos na nossa posição de conforto ou queremos criar um espaço seguro para que todos possam dizer o que pensam sem a noção do que vão pensar de mim. A resposta não é difícil. Primeiro tenho de querer rebentar com a minha bolha e isso é rebentar com a minha zona de conforto”.

No seu percurso profissional, Mónica Soares, teve de sair algumas vezes da sua zona de conforto. “Antes de ser empresária, estive numa multinacional líder de mercado nas marcas de luxo. Fiz parte da equipa que abriu a maior loja na Avenida da Liberdade e, em 2003, esta empresa não tinha uma única pessoa negra na sua equipa”, contou. “Aprendi nessa altura que a minha cor influenciava e influenciava muito. Gosto muito da cor que tenho, gosto do que sou e do que me construí enquanto ser humano e enquanto profissional. Esse é o meu desafio todos os dias. O segundo é não deixa que o tema em cima da mesa seja a cor. Tento trazer para cima da mesa outras discussões”. A empresária considerou que “o medo pelo diferente é colocado em cima mesa e essa lógica leva-nos a vários fatores, antes do fator cor há o de ser melhores, antes do ser mulher há o fator da geração, existem ‘n’ fatores”.

Reflexões sobre como, muitas vezes, basta superar o medo do desconhecido e mostrar disponibilidade para dialogar para conseguir organizações e uma sociedade mais diversas e inclusivas.