Há um concelho em Portugal que aumentou as exportações de bens em quase 200%, nos últimos cinco anos. Em Vagos, a aposta em parques industriais e a proximidade de importantes eixos rodoviários traduziram-se na multiplicação das vendas ao exterior, o que deu um valioso cartão de visita à autarquia para captar novos investimentos. Este é um dos exemplos de como o poder local tem ferramentas para ajudar a fomentar a presença internacional das empresas – mas está longe de ser o único. Os especialistas ouvidos pela EXAME são unânimes a apontar que os municípios têm potencial para desempenhar uma função importante no reforço das exportações nacionais, apesar de nem sempre esse caminho ser fácil.

“Pela maior proximidade aos territórios, as autarquias têm naturalmente um papel relevante no estímulo ao crescimento e no desenvolvimento socioeconómico da sua área de atuação”, afirma Luís Miguel Ribeiro. O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) nota que “há algum tempo que as autarquias têm tido uma colaboração mais estreita com as entidades representativas das empresas – como é precisamente o caso da AEP –, em matéria de promoção nos mercados internacionais”. A análise da EXAME com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que há concelhos que alcançaram um crescimento acima de 100% das exportações de bens, nos últimos cinco anos, um ritmo bem superior ao de 29,5% verificado no País como um todo. Nos cálculos, foram incluídos apenas municípios que tenham exportado um mínimo de €100 milhões no ano passado.

Além de Vagos, também Ferreira do Alentejo, Valença e Póvoa de Varzim viram as empresas instaladas nos seus territórios mais do que duplicar as vendas nos mercados externos, entre 2019 e 2023. A EXAME foi à procura do que permitiram estas taxas de crescimento. No caso do concelho do distrito de Aveiro, o presidente da câmara detalhou a estratégia seguida e que contribuiu para que as exportações de bens aumentassem de €173,3 milhões, em 2019, para €509,9 milhões em cinco anos: “O desenvolvimento industrial como forma de fazer crescer o concelho de Vagos e a criação de condições para a captação desse investimento, quer interno quer externo, foram, desde o início, em 2013, uma prioridade estratégica, em que assentou tudo o resto”, revela Paulo Sousa.

Para alcançar este crescimento, a autarquia apostou em “parques empresariais devidamente infraestruturados, que permitem o acolhimento de novas empresas ou a ampliação e o melhoramento das existentes”. O presidente da câmara de Vagos salienta o exemplo do Parque Empresarial de Soza, que tem uma ligação privilegiada à A17. A autoestrada do Litoral-Centro é “uma via de comunicação estruturante”, refere o autarca. E a câmara tem tentado aproveitar as potencialidades dadas por esse eixo rodoviário. “Temos já em projeto a ligação da Zona Industrial de Vagos também à A17, numa interface que envolve igualmente a A25 e um acesso mais rápido ao porto de Aveiro. Isto é importantíssimo para o tecido empresarial, nomeadamente para o que se destina ao setor da exportação, e irá permitir uma maior competitividade logística, tornando Vagos mais atrativo para os empresários que queiram por cá sediar-se.”

A maior exportadora do concelho é, segundo informações fornecidas pela Informa D&B à EXAME, a Plafesa Portugal, uma unidade da Network Steel Resources, que se dedica à produção de aço de carbono. Entre as empresas vaguenses que mais vendem lá fora estão ainda a Grestel – Produtos Cerâmicos e a fabricante de bicicletas Unibike.

A alavanca das infraestruturas

Um exemplo semelhante pode ser visto em Valença, onde o investimento em parques empresariais e a ligação a importantes infraestruturas de transporte também se revelaram estratégicos. As exportações de bens do concelho minhoto cresceram de €107,7 milhões para €224,9 milhões, nos últimos cinco anos. “O Parque Empresarial de Valença é, hoje, uma referência no acolhimento industrial na região transfronteiriça Norte de Portugal-Galiza, podendo estabelecer contacto com um mercado aliciante de cerca de sete milhões de consumidores. Esta localização privilegiada é acompanhada, em termos de acessibilidades, pela proximidade ao nó da autoestrada A3 – a 500 metros do Parque –, que liga os principais centros urbanos do Norte de Portugal à Galiza”, indica fonte oficial da autarquia, liderada por José Manuel Carpinteira.

A proximidade a Vigo, que fica a pouco mais de 30 quilómetros, tem sido um motor importante para as exportações. A cidade galega alberga a maior fábrica da Stellantins fora de França, o que tem permitido a Valença aumentar as vendas de componentes automóveis para o exterior. Assim, não é de estranhar que as duas maiores exportadoras do município – a Lear Corporation e a MA Automotive Portugal Project – sejam desse setor. A estratégia valenciana é para continuar, com uma fonte oficial do município a revelar que “a expansão do parque empresarial é uma das prioridades e uma área com investimentos significativos nos próximos tempos”. Em simultâneo, Valença tem atuado na área fiscal, para fixar pessoas e empresas, com a câmara a garantir que “continuará a ser um dos concelhos fiscalmente mais atrativos de Portugal”.

A EXAME contactou também as autarquias de Ferreira do Alentejo e da Póvoa de Varzim, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. Ainda assim, a análise aos dados do INE deixa pistas sobre o que motivou o crescimento das vendas ao exterior. No caso de Ferreira do Alentejo, foi a fileira do olival a ajudar a regar as exportações, com as gorduras e os óleos a representarem quase 90% das vendas de €140 milhões para fora do País. Sem grande surpresa, as empresas que mais contribuem para o comércio internacional do concelho são desse setor: a Aggraria Lagar, a Casa Alta – Sociedade Transformadora de Bagaços e a Bestolive.

Póvoa de Varzim também conseguiu duplicar as exportações, nos últimos cinco anos, passando de €99,8 milhões para €200,9 milhões. Uma parte significativa deste aumento deveu-se às indústrias alimentar e de conservas, responsáveis por quase 80% do comércio internacional gerado a partir deste concelho pertencente ao distrito do Porto. A maior exportadora poveira é a Fábrica de Conservas A Poveira, mas o concelho tem também empresas com uma boa presença internacional noutros setores, como a TradEstela – da área de corretagem de transportes marítimos – e a Ecosteel, unidade de fabrico de caixilharias, controlada pelo Grupo Vanguard.

Top 10 com quota de 35%

Os exemplos de Vagos, Ferreira do Alentejo, Valença e Póvoa de Varzim até podem ser um caso de estudo pela forma como conseguiram acelerar as exportações. Mas, apesar desses e de outros casos de concelhos mais pequenos com histórias de sucesso no mercado internacional, o facto é que em Portugal as vendas para o exterior estão bastante concentradas. “Com base nos resultados apurados, em 2023, os dez municípios mais exportadores (3,2% do total) representaram 35,7% das exportações totais”, refere a AICEP, numa análise enviada à EXAME.

Lisboa encabeça a lista, com um volume de €8 319 milhões, mais de 10% do total do País. Os dados da Informa D&B mostram que a EDP, a Petrogal, a TAP, a Galp – Gás Natural e a Teleperformance Portugal compõem o pódio das lisboetas com maior volume de vendas para o exterior. Nos últimos cinco anos, o valor das exportações das empresas do concelho aumentou em €1 569 milhões, um crescimento relativo de 23%. Ainda que tenha sido o maior incremento em volume, Lisboa ficou aquém do crescimento de 29,5% do País no mesmo período.

Os outros dois lugares do pódio dos mais exportadores são ocupados por Palmela e Famalicão. Embora a economia destes dois concelhos assente no setor automóvel, a evolução ao longo dos últimos cinco anos tem sido distinta. No município do distrito de Setúbal, as vendas para o exterior caíram mais de 20%, uma descida de €1 042 milhões para €3 747 milhões. No entanto, importa referir que, no ano passado, a Volkswagen Autoeuropa – a grande exportadora do concelho e uma das maiores do País – teve a produção parada durante várias semanas, devido aos problemas provocados por um fornecedor da Eslovénia afetado pelas cheias. Já em Famalicão, o motor nunca foi abaixo, bem pelo contrário. As exportações cresceram a um ritmo mais rápido do que o do País, com uma subida de 36% para um recorde de €2 757 milhões no ano passado. Foram mais €727 milhões do que em 2019, o que permitiu ao concelho manter o título de campeão das exportações no Norte de Portugal. As empresas que mais contribuem para esse estatuto são a Continental Mabor, a Coindu – Componentes para a Indústria Automóvel e a TMG – Tecidos Plastificados e Outros Revestimentos para a Indústria Automóvel. 

No top 5 dos concelhos mais exportadores estão Oeiras e Setúbal, com valores em torno dos €1 920 milhões. Maia, Braga, Vila Nova de Gaia, Sintra e Guimarães fecham a lista dos dez municípios que registam um maior volume de vendas de bens para o estrangeiro.

Uma questão de políticas e de escala

Nos últimos anos, houve mais autarquias a redobrar esforços para promoverem a presença internacional das empresas dos seus concelhos. Luís Miguel Ribeiro nota que tem existido uma “colaboração muito próxima” entre a AEP e os municípios, “cujas parcerias estabelecidas têm permitido potenciar a promoção e a melhor divulgação dos projetos junto das empresas localizadas nos respetivos territórios”. O responsável da associação empresarial destaca “o trabalho próximo que tem tido com diversas autarquias, nomeadamente com as câmaras de Famalicão, de Santo Tirso, de Matosinhos, de Penafiel e de Viseu, e que tem sido uma excelente mais-valia, em prol do reforço do processo de internacionalização das empresas portuguesas”.

Essas iniciativas têm-se refletido nos números das exportações em alguns concelhos. E há argumentos para que se reforce o papel das autarquias como alavanca para a presença nos mercados externos. “As políticas nacionais são definidas tendo em conta objetivos nacionais, mas são cegas face às especificidades regionais ou locais”, considera Isabel Mota. A professora de Economia na Universidade do Porto detalha que, “dada a existência de especificidades regionais e características específicas dos setores e empresas, poderá existir vantagem na definição de políticas locais. A descentralização de políticas de promoção de exportações pode assim ser mais eficiente, ao aproximar as políticas das especificidades locais em termos de região, setores de atividades e características das empresas”.

No entanto, um caminho mais local na definição de políticas para a promoção do mercado internacional não está isento de riscos. “A sua efetivação necessita de recursos humanos, financeiros e técnicos, que podem não existir ou ser exíguos ao nível municipal”, realça Isabel Mota. A falta de escala na maioria dos municípios portugueses pode complicar a tarefa no que respeita a instrumentos para fomentar as exportações. Apesar dos casos de sucesso, cerca de 28% dos concelhos portugueses têm vendas para o exterior abaixo de €5 milhões, segundo cálculos da EXAME, baseados nos dados do INE. Quase 14% não chegam a €1 milhão e há nove que nem um cêntimo exportaram.

Poderá ser desejável, em algumas regiões, aumentar a escala de oferta de serviços de apoio à exportação, criando-se, por exemplo, serviços partilhados entre municípios que ofereçam serviços especializados de apoio legal, linguístico e de aconselhamento a empresas de uma rede de municípios

isabel mota, professora de economia na universidade do porto

A boa notícia é que existem estratégias que podem ser utilizadas para melhorar os números nos concelhos com maiores dificuldades no comércio internacional. Isabel Mota aponta algumas soluções: “Poderá ser desejável, em algumas regiões, aumentar a escala de oferta de serviços de apoio à exportação, criando-se, por exemplo, serviços partilhados entre municípios que ofereçam serviços especializados de apoio legal, linguístico e de aconselhamento a empresas de uma rede de municípios.” A economista salienta também que a dimensão das empresas portuguesas constitui um entrave à internacionalização. “Nesse sentido, os municípios podem também atuar como interfaces em consórcios de exportação, cujo objetivo será concentrar a oferta atomizada e dessa forma aumentar o potencial de penetração e a operação em mercados internacionais”, sugere.

Já Luís Miguel Ribeiro defende que, entre as políticas seguidas pelos municípios, devem constar, “além da estreita colaboração com as associações empresariais, a promoção de áreas de localização empresarial, em condições mais favoráveis, que permitam atrair e fixar empresas, ou ainda a isenção ou a redução de medidas de caráter fiscal para a captação de investimento, nacional e estrangeiro”. O presidente da AEP realça também a importância da “realização de investimento público em infraestruturas, bem como a promoção da ligação entre o tecido empresarial e o Ensino Superior, com o envolvimento das associações empresariais”, e sublinha a importância de se eliminar a burocracia, que diz implicar “perdas de produtividade e de oportunidades de investimento”.

Muitos concelhos – mesmo alguns de menor dimensão – deram provas, nos últimos anos, de que é possível aumentar as exportações, promovendo-se políticas para potenciar localizações geográficas privilegiadas, acessos a importantes infraestruturas de transportes ou a proximidade a grandes zonas industriais. Esse trabalho teve de ser desenvolvido em parceria com as empresas da região, associações empresariais e com o governo central. A estratégia aparenta, porém, estar a dar frutos, já que quase um terço dos municípios aumentou mais de 50% as exportações, nos últimos cinco anos.

No futuro, o papel desempenhado pelos municípios poderá ser reforçado. “Com a descentralização das competências, é esperado que o impacto das políticas municipais aumente significativamente”, prevê Luís Miguel Ribeiro, que relembra o “papel fulcral” que estes terão para ajudar o País a atingir a meta da intensidade exportadora de, pelo menos, 60% do PIB.

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Nas últimas semanas, foi alimentada por alguns a percepção de uma divergência de postura e de actuação entre o BCE, mais aberto à redução dos juros de referência e, por outro lado, o Fed, mais cauteloso e a sugerir a manutenção das taxas directoras por mais tempo. Mas será esta divergência assim tão acentuada?

Como esperado, o BCE cortou, em Junho, os juros de referência em 25 bps, levando a taxa da facilidade de depósito para 3.75%. A decisão foi justificada com a necessidade de aliviar a restritividade monetária. Com a inflação a descer, a manutenção dos juros nominais implica o aumento indesejado dos juros reais. Por exemplo, tomando como referência a Euribor a 12 meses e a inflação homóloga, os juros reais subiram, no ano até Maio, de -2.1% para 1.1%. Mas o BCE adoptou um tom mais cauteloso em relação ao outlook, abstendo-se de qualquer forward guidance e afirmando a natureza data dependent de novas decisões sobre os juros. Com as novas projecções a apontarem para um crescimento do PIB e uma inflação ligeiramente mais altos na Zona Euro em 2024 e 2025, e com o crescimento dos preços nos serviços a mostrar-se persistente, o tom do BCE foi mesmo visto pelos mercados como um pouco mais hawkish. Já depois da reunião, Lagarde e outros responsáveis do BCE contrariaram a ideia de uma “trajectória linear” de descida dos juros. A evolução dos salários (ainda em alta) e da produtividade (ainda em queda) será determinante na decisão de novos cortes. O mercado ainda admitia 2 cortes adicionais de 25 bps em 2024, em Setembro e Dezembro. Mas os riscos estarão enviesados no sentido de apenas mais uma descida no final do ano.

Por seu lado, também na reunião de Junho, o Fed manteve os juros de referência inalterados (em 5.25%-5.5%). Além disso, as projecções dos membros do comité de política monetária passaram a apontar para apenas 1 corte da target rate dos fed funds em 2024, abaixo dos três cortes anteriormente projectados. O Fed reconhece “progressos moderados” na desaceleração dos preços, mas vê a necessidade de esperar por mais dados que aumentem a confiança de que a inflação está, de facto, a convergir para a meta. Quatro membros do comité não esperam, aliás, qualquer descida este ano. A mediana das projecções para a fed funds rate subiu, face a Março, de 4.6% para 5.1% em 2024, de 3.9% para 4.1% em 2025 e de 2.6% para 2.8% na estimativa de longo prazo, suportando a ideia de juros mais elevados por mais tempo.

Em suma, a postura dos dois bancos centrais não parece assim tão divergente. Tanto o BCE como o Fed mantêm um easing bias, isto é, uma sinalização de que os próximos movimentos serão de descida dos juros. Ambos mantêm uma postura cautelosa, referindo a necessidade de mais informação que confirme a trajectória de descida da inflação. E, do lado do BCE, ainda que não assumida explicitamente, parece haver uma preocupação de não perder de vista as decisões do Fed (descidas repetidas dos juros na Zona Euro, com o Fed a manter os juros, alimentariam uma depreciação do euro que, por si só, favoreceria pressões inflacionistas indesejáveis).

Neste sentido, a postura de ambos os bancos centrais parece consistente com a ideia de que, mesmo descendo face aos níveis actuais, os juros deverão permanecer (mais) elevados por mais tempo. Para além de aspectos conjunturais (como a persistência da inflação nos serviços, dada a subida dos salários e a resiliência dos consumidores neste sector), pressões em alta sobre a inflação e os juros deverão ser exercidas, também, por factores estruturais, que incluem as transições energética e digital, a “de-globalização” e o investimento em capacidade produtiva de base regional e local, e as necessidades crescentes de despesa em Defesa.    

Por agora, ficam os nomes em inglês, por não existir ainda uma tradução apropriada: oboniobite e scandio-fluoro-eckermannite. Estes são os dois novos minerais raros descobertos na maior mina do género do mundo, na região de Bayan Obo, na Mongólia Interior. Uma equipa do Instituto de Geologia e Geofísica da CAS, da Baotou Steel Union Company, do Instituto de Investigação de Terras Raras Baotou e da Universidade do Sul Central da China encontrou estes minérios, numa descoberta já validada pela Associação Mineralógica Internacional.

De acordo com Li Xianhua, académico da CAS, estes minérios têm elementos que podem ser bastante úteis em avanços no setor energético, da tecnologia de informação, aerospacial, da defesa e militar. A descoberta está a ser tratada como crucial para o desenvolvimento económico e social da China. O Interesting Engineering explica que os materiais da família do nióbio (como é o oboniobite) são úteis enquanto supercondutores e os do escândio (como é o scandio-fluoro-eckermannite) são importantes para as ligas de alumínio-escândio e células de combustível sólido.

Esta descoberta eleva para 20 o número de novos minérios encontrados na mina de Bayan Obo desde 1959. A oboniobite apresenta um tom amarelo acastanhado e tem uma estrutura como um prato, com tamanhos entre os 20 e os 100 micrometros. O segundo minério, o scandio-fluoro-eckermannite, tem um tom azul ou amarelo pálidos, ostenta uma estrutura em coluna e mede até 350 micrometros.

O novo sistema de recolha de água a partir do ar desenhado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, é capaz de suprir as necessidades básicas diárias de água de muitas pessoas, mesmo em regiões áridas. A solução é composta por várias barbatanas verticais de cobre colocadas a dois milímetros umas das outras, integradas em espuma de cobre e depois revestidas com um material que absorve água.

Segundo a equipa, uma hora depois de as barbatanas se saturarem com água, são aquecidas as folhas de cobre para libertá-la. Mesmo em regiões com humidade do ar de apenas 30%, o que é considerado árido, este sistema consegue produzir até 5,7 litros de água por cada quilo de material absorvente usado, o que seria suficiente para suprimir as necessidades básicas diárias de água de várias pessoas, noticia o New Atlas.

Imagem representativa do novo coletor de água do MIT

A grande vantagem deste novo sistema é que consegue recolher volumes significativos de água, mesmo em regiões secas e áridas. Outro ponto positivo é que o sistema opera 24 horas por dia, recolhendo e libertando água a qualquer momento, não tendo de se esperar por longos ciclos entre estes dois momentos. Pela negativa, a base do sistema tem de ser aquecida a 184 graus centígrados, o que representa um elevado consumo energético, mas a equipa explica que o dispositivo pode ir buscar energia desperdiçada de outras fontes, como edifícios ou veículos.

Leia mais sobre esta solução no estudo publicado no ACS Energy Letters.

Com o universo do streaming a fervilhar – depois da guerra do preço, as plataformas digladiam-se agora pelos conteúdos –, a Netflix conta com um trunfo diferenciador: incluído na adesão ao serviço estão cerca de 50 jogos exclusivos para dispositivos móveis. Sem anúncios e sem compras na aplicação. Uma proposta tentadora, portanto.

Para começar a usufruir dela há que, obviamente, ser subscritor da Netflix, sendo que qualquer plano permite ter acesso aos Jogos (seja o básico de €7,99/mês, o padrão de €11,99 ou o premium de €15,99). Depois, ao usar a app do Netflix num dispositivo móvel com sistema operativo Android ou iOS vai encontrar um atalho para os Jogos na zona inferior da interface do ecrã principal. Ao clicar aí terá acesso à zona de gaming e às dezenas de títulos disponíveis. Ao escolher o que lhe interessa jogar será remetido para a loja de aplicações oficial da Google e da Apple para fazer a instalação (já com a garantia de que é um subscritor e, portanto, autorizado a fazer o download). Em alternativa, pode procurar diretamente o jogo na Play Store ou App Store.

Os equipamentos têm de possuir, no mínimo, Android 8.0 ou iOS/iPadOS 15. Contudo, prepare-se para um pequeno dissabor se tiver um smartphone ou tablet pouco poderoso ou mais antigo, já que alguns jogos possuem requisitos adicionais. Por exemplo, não conseguimos instalar nenhum dos três Grand Theft Auto num ‘velhinho’ Huawei P30 Pro ou num modesto SPC Discovery. Aliás, o terminal de entrada de gama nem permitiu descarregar o 12 Minutos.

De resto, os mesmos perfis usados para ver Netflix são igualmente utilizados para os Jogos. Ou seja, a progressão em cada jogo é guardada sob o perfil associado. E alguns títulos fazem os ‘saves’ na cloud, o que significa que podem ser continuados em outro dispositivo, desde que se recorra à mesma conta e perfil. Por outro lado, se apagar um perfil, os dados de progresso dos jogos associados serão perdidos. E os Jogos Netflix não estão disponíveis nos perfis Crianças.

Três exemplos de diferentes estirpes

Há cerca de cinco dezenas de jogos à disposição do utilizador e encontram-se divididos por diferentes categorias para facilitar a pesquisa: RPG, histórias interativas, plataformas, roguelite, tabuleiro, aventura, quebra-cabeças, simulação, fantasia e por aí fora. Quisemos meter a ‘mão na massa’ e, como o badalado Hades só está disponível para equipamentos iOS, optámos por nos dedicar mais a fundo a três títulos: um que conhecemos muito bem de PC; outro testado pela Exame Informática para Xbox, mas por outro jornalista; e um relacionado com uma série reputada da Netflix.

Assim, começámos por atacar o Football Manager 2024. Como seria expectável, não é possível explorar tantos detalhes como na versão de PC – este é um título que, no fundo, parece uma mescla entre uma base de dados e uma folha de cálculo –, mas há outros modos de jogo específicos a que nos podemos dedicar e que se revelaram divertidos, como tentar fazer uma época inteira sem derrotas ou treinar uma equipa onde as principais estrelas se encontram lesionadas. Ainda assim, ficámos com a sensação de que funciona melhor em tablet do que em smartphone, pois a interface ganha com o espaço de ecrã adicional.

Passámos para 12 Minutos e não nos custa admitir que se tornou viciante num ápice. A exploração do espaço em que a narrativa decorre ajusta-se bem a um ecrã tátil e o loop inerente a este thriller deixou-nos constantemente com vontade de tentar novas ações nos escassos minutos de jogo que temos à disposição. Pode até ser jogado offline.

Por fim, instalámos Gambito de Dama. Os títulos de xadrez, por natureza, funcionam particularmente bem em dispositivos móveis e este não é exceção. Aqui há o aliciante de termos Beth Harmon, a icónica personagem interpretada por Anya Taylor-Joy, como interlocutora que faz alusões a eventos decorridos na série. Permite ver o tabuleiro tanto em 2D como em 3D e oferece boas introduções aos conceitos de xadrez para quem é iniciante neste universo. Tem uma forte componente de gamificação, ou seja, não se foca apenas nas partidas, mas também em desafios específicos para se irem desbloqueando itens. Falta-lhe, porém, ter Português como língua disponível.

Em jeito de conclusão, apetece-nos dizer que os Jogos podem ser um fator diferenciador a favor da Netflix. E também podem não ser. Explicamos: se for um fã incondicional de gaming para dispositivos móveis, então não temos pejo em afirmar que a subscrição se justifica, porque há bons e variados títulos à disposição – e imunes a anúncios; se for apenas um gamer ocasional, então deverão ser os conteúdos e o preço a ter mais peso na decisão de em que plataforma de streaming vai apostar – e aí a concorrência, apesar de não oferecer jogos no pacote, é forte.

Títulos em destaque

Football Manager 2024 | O suprassumo da gestão de um clube de futebol. Menos detalhe, claro, do que na versão PC, mas alguns modos de jogo mais divertidos e casuais.

Grand Theft Auto: Vice City | O esplendor dos anos 80 num ambiente onde o betão tropical e o néon se mesclam. Para completar a trilogia, estão igualmente disponíveis GTA III e GTA: San Andreas.

Sonic Mania Plus | Nostalgia dos anos 90 no ar com o rei das plataformas. Sonic, Tails e Knuckles correm, saltam e recolhem anéis dourados.

12 Minutos | O surpreendente título criado pelos português Luís António coloca o jogador num loop arrepiante. Um thriller interativo que conta com as vozes de James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe.

Gambito de Dama: O Jogo de Xadrez | A série da Netflix trouxe o xadrez de novo para o mainstream e aqui podemos entrar no mundo de Beth Harmon para jogar partidas, competir contra amigos e ter aulas.

Stranger Things 3: O Jogo | Uma cidade pixelizada de Hawkins e 12 personagens da série à disposição. É possível entrar no Mundo Invertido sozinho ou acompanhado por um amigo.

Exploding Kittens | Um jogo de cartas… bombástico. O objetivo é evitar (ou desarmar) felinos ferozes.

Asphalt Xtreme | Uma das mais populares séries de corrida para dispositivos móveis. Nesta versão aposta-se na vertente do todo-o-terreno, pelo que tanto se exploram desfiladeiros como dunas.

La Casa de Papel: Você Decide | Inspirado na famosa série espanhola, neste título narrativo fazemos parte da equipa do Professor.

Tomb Raider Reloaded | Lara Croft e as suas icónicas pistolas duplas continuam à procura de relíquias antigas um pouco por todo o globo.

Too Hot To Handle 2 | Um jogo interativo baseado no reality show com o mesmo nome. Engates ou amor verdadeiro? Escolhas, dramas…

Lego Legacy: Heroes Unboxed | Captain Redbeard, Princess Storm e Hot Dog Man encabeçam uma equipa de minifiguras para explorar, combater inimigos e construir conjuntos.

Farming Simulator 23 | Uma proposta relaxante para quem anseia gerir uma quinta rústica virtual. Da criação de gado ao cultivo, há muito para fazer florescer.

Transformers – Forged to Fight | Estratégia e combate com os icónicos robôs liderados por Optimus Prime e Bumblebee.

Tome Nota
Jogos Netflix – a partir de €7,99 por mês

Plataforma: Android e iOS para subscritores de Netflix

Nota: 4

O foguetão Ariane 6 deve ser lançado amanhã, colocando termo a mais de um ano sem lançamentos próprios da Agência Espacial Europeia (ESA). Antes deste, o Ariane 5 esteve ao serviço ao longo de 117 missões, mas acabou por ser retirado em julho do ano passado. O Ariane 6 deve ser lançado por volta das 19h em Portugal Continental.

A ESA operou o Ariane 5 entre 1996 e 2023 e previa retomar imediatamente as missões com o Ariane 6, mas vários atrasos no desenvolvimento deste novo foguetão levaram ao adiamento destes planos. Durante o último ano, a Agência teve de recorrer a serviços de terceiros, como a SpaceX, para poder continuar as suas missões de exploração espacial, lembra o Engadget.

O diretor geral da ESA conta que “o Ariane 6 marca uma nova era de viagens espaciais autónomas e versáteis (…) que irá restabelecer o acesso independente da Europa ao espaço”.

O evento de transmissão, a partir da Guiana Francesa, vai ter transmissão em direto na ESA Web TV.

A pelota basca joga-se com uma raquete, bola revestida a couro e uma parede. Nos anos 20 do século passado, este era o desporto de eleição em Espanha e no México – foi, aliás, nestes dois países que se rodou Las Pelotaris 1926, a série de oito episódios que se estreia no SkyShowtime, inspirada nas primeiras jogadoras da modalidade.

Numa sociedade dominada pelos homens, eram eles que jogavam, mas as três jovens protagonistas, Chelo (Zuria Vega), Idoia (Claudia Salas) e Itzi (María de Nati), vão desafiar as convenções e os limites que a sociedade lhes impunha para atingirem o sucesso e tornarem-se as primeiras a triunfar na pelota basca, com contrato profissional e a ganhar muito dinheiro. Não sem antes sofrerem as consequências de querer jogar, por exemplo, sendo casadas ou estando menstruadas.

A condição feminina é aqui o ponto central da narrativa, é ela que dá fôlego à ação e aos diálogos, enquanto vamos descobrindo estas mulheres independentes e à frente do seu tempo, que têm de lidar com questões ainda hoje muito presentes no desporto, como a equidade salarial ou os equipamentos.

Ao longo dos episódios, cada uma destas mulheres vai encarar os seus medos, testar os limites, enfrentando os agentes, maridos e a sociedade, até ganhar o seu lugar no fronton, recinto onde se joga a modalidade.

Criada por Marc Cistaré (autor de Los Hombres de Paco, El Barco ou Vis a Vis), Las Pelotaris 1926 tem todos os ingredientes de uma boa história e fala de amor, ambição, poder e liberdade a vários níveis, incluindo sexual. Izti quer viver a sua paixão por uma mulher, Idoia enfrentará empresários pouco escrupulosos e Chelo o marido violento, e, assim, vão rompendo estereótipos, confrontando o espectador com imagens, por vezes, dramáticas, muito semelhantes ao que ainda hoje se assiste na sociedade.

Se há lição a tirar desta série é a de que ainda há muito caminho a fazer para as mulheres, seja no desporto ou fora dele.

Las Pelotaris 1926 > Skyshowtime > 8 episódios