Quer dar o primeiro passo para criar uma experiência sonora digna de cinema em casa? Neste teste de grupo pomos à prova três soundbars (e um sistema de som surround) que prometem ser a solução ideal para melhorar o som da TV e dar vida a filmes, séries, música e muito mais.


Sony Theatre Bar 8: ‘Pujança’ a menos

A Theatre Bar 8 faz parte da mais recente geração de barras e sistemas de som da Sony e serve como complemento aos novos televisores Bravia. Por fora, esta soundbar destaca-se por um design sóbrio – coberto maioritariamente por uma malha de tecido semelhante àquela que encontramos em colunas – sem elementos passíveis de causar distrações durante a visualização de conteúdo na TV.

O processo de instalação é simples e, depois de fazer todas as ligações necessárias, a configuração é feita a partir da aplicação BRAVIA Connect. Além de permitir um maior controlo em comparação com o pequeno comando que a acompanha, a aplicação dá aos utilizadores a possibilidade de fazerem uma otimização do som surround, adequando-o ao espaço onde a soundbar se encontra, o que consideramos um ponto muito positivo.

Esta soundbar conta com um total de 11 colunas físicas, incluindo uma coluna de duas vias com tweeters adicionais à frente, um woofer quádruplo, duas colunas laterais e duas colunas upfiring. A Sony afirma que, dado ao formato rectangular das colunas, é possível maximizar a área do diafragma (o que tem impacto na reprodução dos graves) assim como reduzir a distorção e assegurar uma maior nitidez das vozes.

Segundo a marca, as colunas físicas são combinadas com colunas virtuais para criar um campo de som surround mais amplo, graças à tecnologia 360 Spatial Sound Mapping. Através dela são criadas colunas virtuais à frente do utilizador, refletindo o som no tecto e paredes. Se optar por adicionar colunas traseiras adicionais (vendidas separadamente), o palco sonoro promete ser ainda mais expansivo, com até 11 colunas virtuais. 

Subwoofer precisa-se

Com um volume que é poderoso q.b., a Theatre Bar 8 é uma soundbar mais adequada para salas de dimensões pequenas/médias. O som é reproduzido sem distorções ou estridência, mantendo a nitidez durante os nossos testes com excertos de filmes e séries, bem como na reprodução de música, o que deixa, de imediato, uma muito boa impressão.

Sony Theater Bar 8:

Mas notamos que falta uma certa ‘pujança’. A falta de profundidade das frequências mais graves deixa a desejar. Ainda as conseguimos ouvir e até podemos ajustar o seu nível através da aplicação, mas não têm a força necessária para dar mais impacto à experiência sonora. É, portanto, uma barra que beneficiaria ao ser emparelhada com um subwoofer compatível (vendido em separado), embora esta seja uma opção que faz inflacionar o preço já elevado.

Focando as nossas atenções nos filmes e séries, o modo Campo Sonoro, ativado através da aplicação, é uma ajuda preciosa quando se trata de trazer amplitude ao som surround, tornando-o mais envolvente e colocando-nos no centro da ação. Outra inclusão que apreciamos é o modo Voz, que permite

dar mais destaque aos diálogos. No entanto, sentimos a falta de modos específicos, por exemplo, para cinema, jogos ou música. A inclusão de mais opções de personalização para os modos integrados na app seria também uma opção bem-vinda.

Tome nota

Sony Theatre Bar 8 – €999
sony.pt

Características Canais 5.0.2 ○ Potência total: 495 W ○ Dolby Atmos ○ DTS:X ○ Modos: Noturno, Voz, Campo Sonoro ○ 360 Spatial Sound Mapping ○ Wi-Fi, Bluetooth (5.2), HDMI, ligação ótica  ○ Spotify Connect, Apple AirPlay ○ 1100x64x113 mm ○ 4,7 kg

Desempenho: 4
Características: 4
Qualidade/preço: 3,5


Global: 3,8

Sony Theatre Quad: Imersão sonora

O Theatre Quad não tem o formato de uma soundbar, mas é um sistema de som que cumpre um propósito semelhante, o que o torna merecedor de uma inclusão no nosso teste. Este sistema, que também faz parte do novo alinhamento da Sony, é um modelo topo de gama e é composto por quatro colunas wireless, concebidas para encher com som uma sala de maiores dimensões.

O preço elevado traduz-se numa qualidade de construção a condizer, com colunas que podem ser usadas em pé nos suportes disponibilizados ou montadas numa parede. O design segue uma linha minimalista, com um visual marcado maioritariamente por tons mais neutros.

Por ser wireless, o sistema permite uma maior flexibilidade na colocação das colunas na sala. No entanto, é necessário assegurar que estão posicionadas na direção correta e que há um número certo de tomadas por perto. Embora não precisem de estar conectadas à TV, cada uma das colunas precisa de estar ligada à corrente, o que requer uma gestão adequada de cabos para evitar acidentes.

Com as colunas devidamente posicionadas e com a caixa receptora ligada à TV e à corrente, o processo de configuração é, a partir deste ponto, semelhante ao da Theatre Bar 8, necessitando da app BRAVIA Connect para poder avançar. O sistema Theatre Quad também permite fazer uma optimização do som surround através da app, o que valorizamos.

No centro da ação

Segundo a Sony, cada um dos elementos que compõem este sistema chega com uma coluna de três vias, incluindo colunas upfiring e woofers. No caso deste modelo, a tecnologia 360 Spatial Sound Mapping cria até 12 colunas virtuais e, logo ao realizarmos os primeiros testes, notámos uma maior imersão em comparação com a Theatre Bar 8, sentindo-nos envolvidos pelo som de maneira agradável, em particular, quando ativamos o modo Campo de Som.

Se a qualidade do som da soundbar da Sony já nos tinha agradado, ficámos ainda mais impressionados com a do Theatre Quad. A par da boa potência sonora, a nitidez é de destacar, sobretudo nas frequências agudas e médias.

Durante a reprodução de filmes e séries, os diálogos são claros, mesmo em cenas repletas de ação e em que há muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Além das vozes, os efeitos que ajudam a compor o pano de fundo sonoro não passam despercebidos.

Se o sistema já ‘brilha’ na reprodução de filmes e séries, no que diz respeito à música, a experiência também nos deixou agradavelmente surpreendidos. Outro aspecto positivo é a estabilidade da ligação, para uma experiência sem falhas ou desfasamento na reprodução de conteúdo.

Por outro lado, a profundidade dos graves continua a ser uma questão complicada, sobretudo quando consideramos que este sistema não chega com um subwoofer (vendido separadamente). Não é tão ‘grave’ como no caso da Theatre Bar 8, mas, em muitas ocasiões, tivemos de puxar por estas frequências através da app para sentir um maior impacto. Novamente, a falta de modos de reprodução específicos e de mais opções de personalização são áreas a melhorar.

Tome nota

Sony Theatre Quad – €2700
sony.pt

Características Canais 4.0.4 ○ Potência total: 504 W ○ Dolby Atmos ○ DTS:X ○ Modos: Noturno, Voz, Campo Sonoro ○ Wi-Fi, Bluetooth (5.2), HDMI ○ Spotify Connect, Apple AirPlay ○ 289X306X129mm ○ 2,6 kg / 289x279x73mm ○ 2,7 kg

Desempenho: 4,5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3,5


Global: 4,2

Hisense HS3100: Simples e eficiente

A Hisense HS3100 é a soundbar mais barata do grupo e, embora seja a mais modesta a nível de especificações, é um modelo competente e tem um subwoofer incluído, o que, à partida, o torna particularmente apelativo para utilizadores menos exigentes que procuram um sistema de som a um preço mais ‘amigável’ para a carteira.

Com linhas simples e sóbrias, não estamos perante um modelo premium, o que se nota na qualidade de construção. A soundbar conta ainda com um pequeno ecrã indicador cuja intensidade pode ser regulada para não causar distrações.

A simplicidade aplica-se também à instalação e configuração. Basta conectar a barra a uma fonte de energia e ao televisor. O subwoofer wireless é emparelhado automaticamente.

Ao contrário dos restantes modelos deste teste, não necessita de uma aplicação para usar a Hisense HS3100. Porém, esta opção que tem impacto na capacidade de personalização da experiência, incluindo na calibração do som, que é uma funcionalidade que não faz parte da lista.

Todo o controlo é feito a partir do comando: do ajuste do equalizador à regulação da intensidade da reprodução de graves e agudos, passando ainda pela configuração dos modos Bluetooth e Surround, além das funcionalidades típicas de ajuste do volume e da reprodução de conteúdo.

Modos para (quase) todos os gostos

O botão EQ permite navegar por seis modos: Filmes, Música, Notícias, Desporto, Videojogos e ainda um modo Noturno. Com excepção do último, que torna o som mais baixo para não incomodar outras pessoas que estejam em casa enquanto está a ver TV, os restantes ajustam automaticamente a reprodução de som ao tipo de conteúdo, para que possa desfrutar de uma melhor experiência.

A barra de som conta com 6 colunas, com a Hisense a prometer uma potência máxima de 480w. Não temos grandes queixas quanto à capacidade do volume, isto é, para uma sala de dimensões pequenas/médias.

Hisense HS3100

Para um equipamento de uma gama mais ‘económica’, a qualidade do som é surpreendentemente agradável, com foco nas frequências agudas e médias. A inclusão de um subwoofer traz um pouco mais de força às frequências graves, mas tivemos de recorrer com alguma frequência ao botão ‘Bass’ no comando para sentir um impacto vibrante.

Apreciamos também a nitidez na reprodução de vozes e para isto contribuem o altifalante central e a tecnologia de Melhoramento de Voz, que nos ajudou a não perder o ‘fio à meada’ nos excertos de filmes e séries a que assistimos. Embora não tenhamos verificado distorções na reprodução de som, deparámo-nos com um efeito estranho ao ativar o modo Surround: uma sonoridade metálica que torna a experiência pouco apelativa. Este efeito foi mais notório em filmes e séries, não tanto durante a reprodução de música, se bem que as frequências mais graves fossem reduzidas.

Tome nota

Hisense HS3100 – €199
hisense.pt

Características Canais 3.1 ○ Subwoofer 6.5” ○ 480 W ○ Freq.: 120 Hz – 20 kHz/ 40 Hz–120 Hz ○ Dolby Audio ○ Bluetooth (5.3), USB, HDMI, ligação ótica, entrada 3.5mm ○ 902×62.3x91mm ○ 1,6 kg / 161x303x304.5mm ○ 3,6 kg (subwoofer)

Desempenho: 4
Características: 3,5
Qualidade/preço: 4


Global: 3,8

Sennheiser AMBEO Soundbar Mini: Menos (nem sempre) é mais

Este modelo da Sennheiser é o irmão mais novo e mais compacto da família de soundbars AMBEO. Apesar das dimensões reduzidas, a marca promete o “som mais imersivo do mundo” num dispositivo tudo-em-um, apelando tanto a amantes da 7ª arte como a audiófilos que têm pouco espaço em casa. Mas será que é capaz de cumprir uma missão tão ambiciosa? Vamos por partes…

No interior de uma construção sólida e com design premium há espaço para seis colunas, com quatro drivers de alcance total de alta qualidade, e dois subwoofers de quatro polegadas. A esta configuração junta-se a tecnologia de virtualização AMBEO que, segundo a marca, permite recriar um sistema de cinema em casa com 7.1.4 canais.

De acordo com as instruções, a configuração a partir da app da Sennheiser até se previa simples, mas deparámo-nos com alguns ‘percalços’. Registámos várias falhas de ligação e, embora estivéssemos ligados a uma rede Wi-Fi estável, a app indicava com frequência que a barra se tinha desconectado. A app revelou-se um pouco instável, com crashes durante a utilização. As opções mais limitadas a nível de conectividade física são também um ponto menos positivo.

Apesar disso, a app da Sennheiser oferece mais opções de controlo personalizado em comparação com o comando que acompanha a barra. Há uma variedade de modos pré-configurados (Noite, Melhoria de Voz, Filmes, Música, Notícias, Desporto, Neutro e Adaptive). Com exceção dos modos Noite e Melhoria de Voz, todos têm um EQ que pode ser ajustado ao detalhe na app, que permite fazer uma calibração do som para o adequar ao espaço onde a barra se encontra.

Altos e baixos

Inicialmente sentimos alguma dificuldade em encontrar o ponto ideal de volume. Tendo em conta as suas características, esta é uma barra cujo desempenho sonoro não é brilhante em volumes mais baixos, com o som a parecer, por vezes, um pouco abafado. No entanto, em volumes a partir dos 45-50%, o som ganha mais expressão e clareza. Aqui, conseguimos apreciar a sua qualidade, assim como a nitidez com que as frequências agudas e médias são reproduzidas.

Na reprodução dos graves, que se tem revelado como o ‘calcanhar de Aquiles’ neste teste de grupo, sentimos uma falta de profundidade adequada para dar mais dimensão às cenas de filmes e séries, mas também à música.

O subwoofer AMBEO Sub (vendido separadamente) é uma forma de contornar, em parte, o problema. Em vários casos tivemos de puxar pelos graves na app – mesmo com o subwoofer – para sentir o impacto destas frequências em músicas ou nas cenas mais impactantes de filmes/séries. É possível conectar até quatro subwoofers a uma só barra. Mas o preço deste elemento é quase tão elevado quanto o da soundbar, neste caso a rondar os 749 euros.

Quanto à capacidade de imersão, ao ativar o efeito de virtualização, somos envolvidos de forma agradável pelo som. O efeito é convincente, sobretudo em conteúdo optimizado para tal, mas não é uma experiência que possamos descrever como a mais imersiva do mundo.

Tome nota

Sennheiser AMBEO Soundbar Mini – €799
sennheiser-hearing.com/pt

Características Canais 7.1.4 ○ Pot. total: 250 W ○ Freq.: 43Hz – 20 Khz ○ Dolby Audio, DTS:X, 360 Reality Audio ○ Chromecast, Apple AirPlay, Spotify Connect, Tidal Connect ○ Bluetooth (5.0), USB, HDMI ○ 700x100x65 mm ○ 3,3 kg

Desempenho: 3,5
Características: 4
Qualidade/preço: 3,5


Global: 3,7

Veja todas as pontuações das soundbars que testámos

De olho numa soundbar? O que deve ter em conta antes de comprar

Neste teste de grupo experimentámos modelos para quase todos os gostos e carteiras, mas se os sistemas que testámos não lhe encheram as medidas, deixamos um conjunto de dicas úteis que deve ter em conta antes de avançar para a compra de um novo equipamento.

Soundbars teste de grupo

Dimensões, dimensões, dimensões

É importante ter em conta as dimensões e características acústicas do espaço onde pretende instalar a soundbar. Espaços de maiores dimensões vão exigir, de modo geral, sistemas com um tamanho (e potência) a condizer e idealmente, acompanhados por um subwoofer para ajudar a trazer mais dimensão à experiência sonora, sobretudo se planeia ter mesmo uma experiência ao estilo de um cinema em casa.

Por outro lado, em espaços mais pequenos, um equipamento all-in-one compacto pode ser mais adequado. Além do espaço físico deve ter em conta as dimensões do seu televisor, encontrando um ponto de equilíbrio entre o tamanho do equipamento e o da soundbar. Para reduzir potenciais distrações visuais e adequar a experiência à capacidade dos sistemas, o ideal é que as dimensões da soundbar não ultrapassem as do televisor (e vice-versa).

Canais: preste atenção aos números

3.1, 5.0.2, 4.0.4: à primeira vista, os números que acompanham as soundbars podem parecer uma ‘métrica’ complicada, mas são, na verdade, uma forma relativamente simples de apresentar o número de canais sonoros que um sistema tem. O primeiro diz respeito ao número de colunas integradas na soundbar. O segundo é relativo ao número de subwoofers dedicados e o terceiro corresponde a colunas adicionais concebidas em específico para trazer mais imersão à experiência sonora.

Conectividade e funcionalidades extra

A opção HDMI ARC (ou Audio Return Channel) é incluída na vasta maioria das barras de som disponíveis no mercado. Através desta ligação, que suporta transferências de dados nos dois sentidos, vai precisar de apenas um cabo para a barra de som ao televisor, sendo possível controlar alguns elementos a partir do comando da TV.

Mas, se tem um televisor mais ‘antigo’, é importante que verifique se a barra tem opções de conectividade que sejam apropriadas, como uma ligação ótica. Verifique também se há entradas suficientes para assegurar uma boa ligação física a outros equipamentos, como consolas de videojogos. Opções como Wi-Fi e Bluetooth também são bem-vindas, permitindo tirar mais partido das capacidades da soundbar.

Mais funcionalidades implicam, muitas vezes, uma subida no preço, mas, em determinados casos, o investimento pode valer a pena. Por exemplo, o suporte a tecnologias de som surround é essencial se quer ter uma experiência digna de cinema em casa. Algumas barras têm suporte a assistentes inteligentes, o que pode ser uma mais valia se os usa com frequência. Por vezes também pode valer a pena comprar uma soundbar da mesma marca do televisor. Aqui não se trata de uma questão puramente estética, pois certos modelos têm opções exclusivas que só funcionam com televisores de marcas correspondentes.

As sociedades europeias estão em profunda transformação sociológica. A Europa envelheceu, aburguesou-se e alcançou qualidade de vida como nunca antes. Isso aconteceu em parte porque as famílias reduziram a sua prole ao passarem a poder utilizar meios de controlo de natalidade e, por consequência, baixando assim as despesas.

A outra face da moeda é que deixou de haver gente para ocupar todas as vagas no mercado de trabalho. E aí surgiram imigrantes, empurrados pela necessidade de sobrevivência e refugiados devido à fome, à guerra, à perseguição política e às alterações climáticas. Nos últimos 10 anos perderam a vida no Mediterrâneo quase 30 mil pessoas, em embarcações frágeis, fugidas da guerra, da fome e da miséria. De resto também somos um povo de emigrantes. Durante o século passado fomos primeiro para o Brasil e depois para Canadá, Estados, Unidos, África do Sul, Austrália e países europeus em geral.

Os que aqui chegaram vieram em busca de oportunidades de trabalho, especialmente em posições que os nativos recusavam, quer pela sua natureza quer pelos baixos salários. À medida que iam chegando mais estrangeiros ao país, a extrema-direita intolerante, racista e xenófoba foi encontrando um campo fértil para semear o discurso do ódio contra outras etnias e religiões.

Mas o tempo dos nacionalismos já passou à história, assim como antes dele tinha passado à história o tempo dos impérios. Hoje as sociedades são tendencialmente multiétnicas e multirreligiosas. Do ponto de vista científico, com o isolamento do ADN, sabe-se hoje que não há raças puras visto que todos os seres humanos estão profundamente ligados entre si em termos biológicos e provêm duma mesma origem. E esse facto deslegitima qualquer ideal de “raça superior” ou de “nós e eles” visto que todos fazemos parte de uma mesma e única raça ou família humana.

Mas é curioso que no séc. XVI Lisboa era chamada “tabuleiro de xadrez” devido à presença de tantos negros e provenientes do Império que ia desde o Brasil ao Extremo Oriente, passando por África. Brandir o papão do estrangeiro no discurso político só revela que, afinal, não evoluímos nada nesta matéria. Andámos para trás.

O nacionalismo tinha como bandeira uma identidade, um território, uma língua, um povo e uma religião. Nos tempos que correm esse conceito está ultrapassado pela dinâmica histórica. A identidade da população de qualquer país hoje é heterogénea. Se a língua é a nossa pátria, como afirmava Pessoa, vivemos num mundo de muitas línguas (veja-se a União Europeia) e onde a língua universal é o inglês. A utopia do (bom) povo é o mote para os populistas e extremistas políticos. E a religião já não define qualquer povo ou país, nem sequer o ateísmo.

As pulsões identitárias utilizam duas ferramentas essenciais: a ignorância, a mentira e o medo. A ignorância dos que vivem na sua bolha desconhecendo a realidade do mundo actual. A mentira como arma de controlo das massas, em especial através das redes sociais. O medo suscitado pela ignorância (nós tememos o que desconhecemos), pela mentira (que nos faz indignar contra realidades virtuais e notícias que afinal são falsas) e o medo do outro, do que é diferente de nós no que fala, come, veste ou cultua.

Mas como podemos combater o tema dos imigrantes, tão caro aos populistas? Debatendo publicamente as políticas de imigração e ajustando-as ao país, tendo em conta o lendário humanismo e hospitalidade dos portugueses, mas também a realidade das nossas cidades, vilas e aldeias, do nosso mercado de trabalho e das nossas populações. A pior coisa que se pode fazer é entregar o tema da imigração exclusivamente ao cuidado dos populistas e extremistas. Na Europa e em Portugal.

Aponto apenas dois simples exemplos. Há orientais a chegar ao país apenas para ter assistência médica nos partos e logo depois seguem caminho para outro destino, o chamado turismo da saúde. Há famílias portuguesas que têm a sua vida complicada porque não conseguem matricular os filhos pequenos numa escola perto de sua casa, pois os estrangeiros têm prioridade.

É óbvio que os populistas de extrema-direita se vão aproveitar desta inconsequência. Não podemos ser inocentes a lidar com esta gente. Por muito menos do que isto Hitler conseguiu o apoio generalizado da sociedade alemã na perseguição aos judeus, com base no ressentimento, na mentira e no medo, e abriu caminho para o Holocausto nazi, que constituiu o massacre de seis milhões de judeus e outras minorias.

Será que Hegel tinha razão ao dizer que a história nos ensina que não aprendemos nada com ela?

A 28 de agosto de 1994, os sarauís Baijea e Bachir, então com 24 e 22 anos, abriram uma nova porta para a Europa através de Fuerteventura, a maior ilha das Canárias, atravessando os 96 quilómetros que a separam do continente africano.

Fizeram-no num barco de pesca onde mais tarde foi encontrado um contentor com gasolina, uma bússola, linhas de pesca e um motor, que acabaram nos armazéns do Ayuntamiento de Antigua, uma das cidades mais antigas de Fuerteventura.

O barco tinha sido abandonado no pequeno cais de Las Salinas, uma aldeia que há trinta anos era ainda piscatória. A notícia chegou rapidamente à polícia local porque os pescadores queriam ir para a faina e encontraram aquele obstáculo.

Seria preciso uma grua para retirar o barco, mas antes disso já Baijea e Bachir tinham jantado com Juan Francisco de Vera e José Ángel Suárez, os dois agentes que os encontraram já na estrada.

“Quando os mandámos parar, disseram-nos que eram sarauís e que queriam asilo político, foi a única coisa que conseguimos perceber”, contou agora Juan Francisco ao jornal Diario de Fuerteventura.

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Ao mesmo tempo que gostamos de ter peças básicas no armário, aquilo que é garrido, fora da caixa, continua a fazer sentido. A moda também é isto, ter liberdade para arriscar e ser ousado, escolhendo padrões, cores vivas, desenhos geométricos ou mais abstratos.

As peças que selecionámos são para homem, mulher e unissexo. Entre as marcas portuguesas está a Mustique, que aposta nas camisas em tecidos indianos coloridos, estampados com blocos esculpidos de madeira. Já Miguel Marques da Costa encontra no Quénia o tecido leve de algodão com que são feitas as peças da C.R.T.D (lê-se Curated).

Tecidas em tear na Índia, e recorrendo a técnicas de estampagem manual, as camisas da Otherwise são feitas de algodão e outras fibras naturais, como o lótus e a banana. Falta referir a Futah, a Two Zero, a Sous, da madeirense Mariana Sousa que trabalha com bordadeiras e costureiras da sua ilha, e a La Paz, marca portuense de roupa masculina produzida com materiais de qualidade em fábricas no Norte do País. Desenhadas lá fora, a Brava Fabrics (Espanha), a OAS (Suécia) e a Birden (Brasil) também se vendem por cá.

Palavras-chave:

A incursão ucraniana em Kursk, que alastra todos os dias, foi um verdadeiro gambito de Zelensky, e do seu comando militar, no xadrez militar que disputa com a Putin. É uma jogada muito arriscada, que implica perder logo de início uma peça, normalmente um peão, com o objetivo de ganhar uma vantagem posicional subsequente. Por outras palavras, perde-se um ativo inicial para obter um potencial ganho futuro.

Que peça sacrificou Zelensky neste seu gambito político e militar? «Aceita» limitados avanços das tropas russas na zona de Pokrovsk, em Donetsk – estão a cerca de 10 quilómetros das zonas periféricas da cidade – para empenhar as suas poderosas forças e equipamentos militares no avanço em Kursk – estão a cerca de 40 quilómetros da capital regional (Kursk) – cortando todas as saídas das tropas russas na região com a destruição das pontes no rio Seym.

O próprio Zelenky já admitiu que o assalto a Kursk é o primeiro objetivo do plano de paz que vai discutir com Biden em Setembro, sendo que também o apresentará a Trump e Kamala. E que jogada inicial fez Kiev? O Gambito à Rainha: é o mais ousado, mas que oferece um jogo dinâmico e cheio de possibilidades estratégicas. Em última análise, o presidente ucraniano quer apressar o jogo – Biden sai a 20 de Janeiro de 2025 – para chegar o momento em que dirá a Putin : quero «isto tudo» da minha Ucrânia, por «aquilo tudo» da tua Rússia. Nunca um mestre de xadrez encarou um Gambito com leveza e insensatez.

A EXAME comemora o seu 35.º aniversário e, para assinalar este marco, lançou uma edição especial que está disponível nas bancas e em edição digital. Neste número, pode revisitar as últimas décadas através de 35 capas icónicas e também fazer um regresso ao marcante ano de 1989.

Além disso, o primeiro diretor da publicação, Álvaro Mendonça, relembra os episódios do nascimento da EXAME. Aliás, há 35 anos, a capa do número inaugural da revista foi reservada ao industrial Jorge de Mello. Três décadas e meia depois, a EXAME recriou essa capa com os descendentes do empresário.

O aniversário da revista líder de mercado no segmento de Economia e Negócios foi também uma oportunidade para conhecer melhor algumas empresas nascidas em 1989. Nesta edição pode ler como foram os primeiros 35 anos do Vila Vita Parc, da PHC, da Tensai Indústria e da Caxamar, e ainda descobrir como é que os seus líderes perspetivam as próximas décadas.

Este número conta anda com ricas análises sobre o legado e o futuro da economia portuguesa. O antigo ministro, Manuel Caldeira Cabral, preparou um ensaio sobre o perfil económico de Portugal nos últimos 35 anos.

Clara Raposo, Carlos Moreira da Silva, Armindo Monteiro, João Moreira Rato, Carlos Oliveira e Rosário Moreira aceitaram o desafio da EXAME para definirem quais deveriam ser as prioridades para transformar de forma positiva o País nos próximos 35 anos.

Destaque ainda para as recomendações de livros, vinhos e também a análise à nova dia do Hyundai Santa Fe. Tudo isto e muito mais para ler nesta edição de colecionador da EXAME. Boas leituras! E obrigada por continuar connosco ao longo de mais de três décadas. Que possamos continuar a celebrar juntos por mais 35 anos.

Nada parece correr bem à Boeing. A missão inaugural da cápsula Starliner, que levou os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams para a Estação Espacial, até parece ter corrido bem. Mas depois foi identificado um problema na cápsula da gigante norte-americana, que levou ao adiamento da missão de regresso, planeada para oito dias depois.

Desde então, a análise que a NASA tem vindo a fazer tornou cada vez mais improvável a utilização da cápsula Starliner para a viagem de regresso. O que foi agora confirmado. E também se confirmou que será a SpaceX a responsável por trazer Butch Wilmore e Suni Williams de volta à Terra.

Segundo o plano agora divulgado pela NASA, Butch Wilmore e Suni Williams apanharão ‘boleia’ numa missão já contratada, a Crew-9, agendada para fevereiro do próximo ano. Ou seja, os astronautas deverão passar oito meses na Estação Espacial Internacional, bem mais que os oito dias previstos inicialmente.