Ainda antes de ligarmos este projetor, ficámos bem impressionados pelo ‘look and feel’ da máquina. Este é um projetor robusto, com um design que faz lembrar um amplificador Hi-Fi. Tem um acabamento metálico em cinza e a dimensão relativamente compacta permite arrumar este projetor facilmente. Na prática, é, por exemplo, fácil colocar este projetor no lugar de um televisor. Até porque se trata de um projetor laser de distância ultracurta (UST – Ultra Short Throw), capaz criar uma com mais de 100 polegadas com o projetor a apenas 30 cm da parede. E como este é um aparelho com ‘tudo integrado’, incluindo altifalantes, funcionalidades smart TV (acesso a serviços de streaming, como o Netflix e Google TV), também podemos colocar o projetor no chão, junto a uma parede, para, por exemplo, organizar uma sessão de cinema em família ou uma ‘jogatana’ com os amigos numa ‘sala de cinema’ improvisada. Basta ter acesso a uma tomada elétrica. Neste aspeto, é de salientar que este é um projetor certificado para Xbox.
Este aparelho tem um look hi-fi, que facilita a integração num ambiente doméstico. Como é relativamente compacto, é fácil de arrumar em cima de um móvel. Até porque precisa de apenas alguns centímetros de distância para a parede para fazer um ecrã gigante
Qualidade de imagem
A configuração inicial tem automatismos para acertar a geometria do ecrã. Um dos passos é fazer uma foto com o smartphone, que depois o sistema usa para verificar a geometria. Mas este sistema não demonstrou ser preciso. Pelo que podemos precisar de alguns minutos para esta configuração.
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A projeção, feita através de um chip DLP com três lasers, é emitida a partir do tipo do aparelho. O que significa que o PX3 Pro deve ser instalado numa posição baixa.
No que diz respeito às características qualitativas, destaque para contraste nativo de 3000:1, brilho máximo de 3000 ANSI lumens e suporte para uma vasta gama de formatos HDR, incluindo HDR10+, Dolby Vision e IMAX Enhanced. Características que vão muito além de palavras numa ficha técnica. Ficámos de ‘boca aberta’ quando começámos a reproduzir filmes de dificuldade elevada, como Dune, com muitas cenas escuras, de baixo contraste. Mesmo nestas situações, o PX3-Pro demonstrou uma excelente reprodução de cores, detalhes nítidos e negros profundos, superando as expectativas para um UST. Sinceramente, não sentimos que perdermos nada para um bom televisor e ganhámos aquele efeito positivo da projeção, que gera uma imagem mais fotográfica, menos ‘áspera’, e mais confortável – olhar para uma imagem projetada é sempre mais confortável que olhar diretamente para a fonte da luz. Contudo, a performance com conteúdos de baixa resolução, onde o projetor faz um upscaling, revelou alguma debilidades, com perda de detalhe em zonas escuras (‘black crush’).
O sistema operativo, o VIDAA da Hisense, é intuitivo. O que é reforçado por um comando de alta qualidade, com muitos atalhos, e com capacidade para carregar a bateria com a luz ambiente. Mas não oferece a mesma variedade de aplicações que encontramos em plataformas como o Android TV ou o webOS. TAmbém não gostámos da falta de informação sobre a política de privacidade de dados da VIDAA. Num mundo cada vez mais conectado, a privacidade é uma preocupação crescente, e a Hisense devia ser mais transparente neste aspeto.
Prós – Qualidade de imagem, sobretudo com conteúdos HDR – Desempenho fluido em jogos – Design premium e compacto – Conectividade
Contras – Sistema de som integrado apenas q.b. – Qualidade de imagem em SDR – Configuração inicial com falhas
Jogos em grande
O PX3-Pro é uma excelente opção para jogar. Além das características qualitativas já mencionadas, tem uma taxa de reação muito rápida. Neste aspeto, o suporte para ALLM (Auto Low Latency Mode) garante uma experiência de jogo fluida. A conectividade de última geração também ajuda. As portas HDMI 2.1 permitem jogar em 4K/120Hz e 1080p/240Hz. E não falta Wi-Fi 6 e porta de rede.
O som, claro, é uma parte importante da experiência. Um projetor desta qualidade merece estar ligado a um bom sistema de som surround dedicado. Até porque o som integrado está longe do nível da imagem: os altifalantes Harman Kardon de 50 watts geram um som ‘plano’, com pouca imersão e distorção em volumes elevados.
Há muita conectividade. Incluindo porta de rede, portas HDMI de alta velocidade e USB. Graças ao Wi-Fi integrado e ao sistema operativo Smart TV, é possível usar este projetor de modo isolado, sem qualquer fonte externa
Veredito
Ficámos rendidos à qualidade e dimensão da imagem criada pelo Hisense PX3-Pro, especialmente em conteúdos HDR. Apesar das limitações do sistema de som integrado e na reprodução de conteúdos SDR (baixa resolução), esta máquina é uma excelente escolha para cinéfilos e jogadores que procuram uma solução compacta e de alto desempenho. E que têm orçamento para chegar ao preço pedido.
Tome Nota HP Envy 16-H1002NP – €2149
Configuração Bom Imagem Excenlente Conectividade Muito bom Ruído Muito bom
Características Diagonal de 80” a 150” (12 a 46 cm da parede) ○ resolução 4K, 120 Hz ○ contraste 1:3000 ○ Brilho 3000 lúmenes ○ Chipset DMD 0,47” ○ fonte de luz: 3x laser (Trichroma), DLP (1 cm), mais de 25 mil horas de tempo de vida ○ HDMI 2.0, 2x HDMI 2.1, Ethernet, Bluetooth 5.3, Wi-Fi 6e, USB 3.0, USB 2.0 ○ consumo: 180 watts (0,5 watts em stand-by) ○ 12x55x 30 cm, 9 kg
As transferências nas plataformas de pagamento como o MB Way têm já, pela lei, comissões isentas quando não excedam 30 euros por operação, 150 euros por mês ou 25 transferências realizadas nesse período. Se as operações excederem estes limites, os operadores podem cobrar comissões mas, com a publicação da legislação na semana passada, em Diário da República, estas ficam limitadas.
A partir desta segunda-feira, as comissões têm um teto máximo de 0,2% do valor da transferência para operações associadas a cartão de débito ou transferências imediatas.
Em agosto, a associação de defesa do consumidor Deco alertou para o risco de aumento de comissões no serviço MB Way na sequência do novo regime de pagamentos e disse que enviou uma carta ao Governo a pedir intervenção urgente e proporcionalidade nas comissões. A 2 de outubro, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, limites às comissões bancárias nessas transferências imediatas dizendo que o objetivo é “proteger os consumidores e clientes bancários”.
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O Banco Inter Unido era, através do First National City Bank, o segundo maior investidor americano em Angola, o que nos conferia peso. A Cabinda Gulf representava 75% do investimento norte-americano e, entre 1970 e 1974, 40% das exportações do território. O seu contributo fiscal representava 13% do orçamento do Estado de Angola, o equivalente a 60% das despesas militares. Refere-se isto pois parece necessário deixar, sem prejuízo de outros que dele divirjam, um testemunho sobre a avaliação da posição dos EUA em relação a Angola.
Em 1971 tinha-se realizado o Acordo de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores, que veio amaciar as relações luso-americanas, muito tensas durante a administração Kennedy. Em Dezembro de 1971, chegaram à ilha Richard Nixon, Marcello Caetano e George Pompidou, Presidente da França, este num Concorde – todos com comitivas de alto calibre. Isto serviu para celebrar diversos entendimentos históricos, nomeadamente na frente monetária mundial.
Nesta ocasião, Portugal chegou a um significativo acordo com os EUA. De facto, no período da Administração Kennedy o uso do aeroporto das Lages pelos americanos ficara muito limitado, como retaliação face à animosidade daquele Presidente para com Portugal. Depois deste acordo os portugueses iriam reabrir o aeroporto das Lages ao uso corrente da Força Aérea dos EUA contra a cedência de armamento às Forças Armadas portuguesas. Por seu lado, Marcello Caetano comprometeu-se a parar a ponte aérea de S. Tomé no apoio à efémera República do Biafra, numa guerra que já estava concluída.
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Líderes políticos Mobutu e Ronald Reagan; João van Zeller, que foi chefe dos serviços de imprensa, radiodifusão e televisão de Angola; e Jonas Savimbi (de cima para baixo, da esquerda para a direita, no sentido dos ponteiros do relógio)
Em Agosto de 1974, Gerald Ford sucedera a Nixon, após o escândalo Watergate. Na sequência da Revolução de 25 de Abril, a análise da administração Ford em relação à situação em Angola era que a frente militar estava completamente dominada pelas Forças Armadas Portuguesas e que, em relação a Angola, os riscos eram diminutos.
E em Angola não havia empresário, profissional liberal, agente associativo empresarial, investidor estrangeiro ou político local que, até ao 11 de Março, suspeitasse do regime totalitarista que, no período Vasco Gonçalves, se iria procurar instalar em Portugal, com as sequelas que se lhe seguiram na liquidação final da economia e sociedade angolanas, causando mais de dois milhões de vítimas, entre mortos, estropiados e fugitivos. Hoje aparecem como difíceis de entender os briefings a que ia no Consulado dos EUA com o meu colega americano na administração do Banco e que, até Março de 1975, apenas mostravam preocupações correntes, jamais causa de um verdadeiro alarme. As informações recolhidas a partir dali foram redundantes, pois a batalha já estava perdida para o Banco Inter Unido. É sempre útil relembrar que até Julho de 1974 a Revolução dos Cravos não chegara a Angola, permitindo que um optimismo agora fácil de qualificar como “sem nexo” se prolongasse até Março do ano seguinte. Muitas decisões políticas dos operacionais do MFA eram tomadas num caldo de cultivo onde a União Soviética semeava e colhia a seu bel-prazer, refrescando os militares portugueses comunistas com lições do seu catecismo da destruição total para a construção de um novo Estado maravilha.
Os MFAs marxistas e seus colegas extremistas, que duvido tenham chegado a perceber razoavelmente e a conseguir apreender as complexidades das doutrinas de Marx, Lenine, Trotsky, Stalin e Mao Tse Tung, iriam conseguir apadrinhar e designar como exclusivo herdeiro de Angola o MPLA, que encaixava nestes modelos e também tentava decorar tudo com gosto, apesar de muito fragmentado e quase em desaparecimento.Esta linha poderia parecer agasalhada pelo conselheiro para a Segurança norte-americano, Henry Kissinger. Mas não.
É difícil perceber como as posições americanas se desenvolveram em relação à posição da Revolução de Abril quanto a Angola, pois aparentavam um verdadeiro alheamento do que lá se estava a passar.
Seria desenhar um novo Tratado de Tordesilhas, neste caso entre os EUA e a URSS, em que aquela zona de África ficaria sob a esfera de influência soviética desde que a América do Sul, com excepção de Cuba, ficasse sob a exclusiva influência norte-americana? Esta leitura não tem grandes apoiantes, e hoje não a subscrevo. A Pax Americana que foi conseguida em toda a América do Sul, durante cerca de um decénio, a partir de 1975, teve causas alheias à bem-sucedida influência conseguida pela União Soviética em África.
É difícil falar de Pax Soviética em Angola, pois, para além do saque feito aos angolanos, tanto aos que ficaram como aos que foram empurrados borda fora, a nova República, por eles benzida e financiada sem limite, viria a sofrer uma guerra civil que deixou mortos centenas de milhares de civis entre 1975 e 2002.
007 ao amanhecer: Kinshasa, Holden Roberto e Mobuto
Estava eu em Kinshasa com Holden Roberto e o Presidente Mobutu quando Melo Antunes visitou Angola e me telefonou para casa, pretendendo uma conversa. Não aconteceu e nunca o conheci. Dizem, até hoje, que era um homem inteligente e desejoso de encontrar soluções pacíficas para Angola. Se o tentou fazer, disto não deixou grande rasto. O facto é que, após aquela visita, manteve-se, frenético, o desmantelamento da sociedade e da economia angolanas, na linha até então seguida por Rosa Coutinho, Pezarat Correia e, depois, por Vasco Vieira de Almeida, este com discurso bem mais aveludado, mas equívoco.
Por aqueles dias, os bancos e a sua associação, tal como as seguradoras angolanas, acharam por bem que Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi fossem sondados quanto ao futuro do sector financeiro e segurador estabelecido em Angola, procurando perceber por onde eles se queriam mover. Fui o escolhido para esta tarefa, talvez porque fosse o mais novo, “carne para canhão”. Agostinho Neto nunca se mostrou disponível. Mas o encontro com Savimbi em Londres realizar-se-ia, pouco tempo depois do ocorrido com Holden, em Kinshasa.Os contactos com a FNLA e Holden Roberto foram estabelecidos pelo Sebastião Ferreira Pinto, homem com relações nas frentes angolanas, salvo com o MPLA. Estava ligado ao sector das pescas, com o físico do espia anglo-saxónico, esguio, de largo bigode, olhares insondáveis, silêncios impenetráveis. Ficara decidido que fosse ele a avançar comigo. Tratou do avião que nos levaria a Kinshasa, tudo aparentemente bem organizado para nos reunirmos com o Presidente da FNLA e com Mobutu Sese Seko, chefe de Estado da República do Zaire, aliado do primeiro.
Os anos duros Agostinho Neto com Fidel Castro (à esquerda); o governo de transição (em cima, à esquerda) e duas imagens publicitárias da Secil e do Banco Inter Unido (à direita)
Para evitar suspeitas com a disponibilização de aeronaves já estacionadas em Luanda, o bimotor Cessna que utilizámos acabou por vir do AeroClub de Moçâmedes. Recolheu-nos ao romper da madrugada, num remoto recanto do aeroporto da capital, onde pernoitara. Acedemos à aeronave através de uma abertura na protecção de rede que circundava o perímetro das pistas.
O piloto anunciou o plano de navegação à torre de controlo, indicando que íamos rumo à Fazenda Boavista, no Norte de Angola, de onde regressaríamos dois dias depois. Era um embuste.
As autoridades não podiam conhecer o nosso verdadeiro destino final. As vozes da rádio do controlo aéreo de Kinshasa ouviam-se em Luanda, pelo que era necessário um estratagema adicional, além do plano de voo falso. Tais comunicações iriam forçosamente referir a matrícula do nosso avião quando estivéssemos a pedir autorização para lá aterrar. Por isso aterrámos na Boavista, para que Luanda nos perdesse o rasto.
Ocultámos o verdadeiro número e letras de registo da aeronave, substituindo-o por uma identificação inventada, mas em fonts cuidadosamente replicados dos originais e desenhados em cartão resistente, que foi preso, por fortes fitas adesivas, na superfície da carlinga e das asas. Passou assim a ser um avião com outro bilhete de identidade. Completada a operação, o piloto, com a rádio em silêncio, levantou voo de novo, seguindo para o nosso verdadeiro destino.
Na aproximação ao aeroporto internacional de Kinshasa, e na rotina costumeira, fomos interpelados pela torre de controlo, que não reconhecia, nos seus canhenhos, a matrícula que tínhamos inventado. Esta hipótese não fora pensada.
A licença para aterrar foi sucessivamente negada, não podendo o nosso avião dar explicações devido à escuta em Luanda. Sobrevoámos Kinshasa durante mais de uma hora, sem ter o impasse resolvido, o que levou o piloto, já com o combustível no fim, a aterrar sem autorização.
O avião foi cercado por numerosos gendarmes que, com as metralhadoras assestadas, nos deram ordem para desembarcar através de um megafone, avisando que qualquer gesto suspeito poderia ser fatal. Com as armas encostadas aos rins, conduziram-nos, sem cerimónias e numa tremenda algaraviada, para uma miserável enxovia do aeroporto, muito suja, cheiros acres, ratos e osgas por lá a passear. O piloto e Ferreira Pinto discutiram a situação de forma desabrida. Acontecera que se tinham esquecido de que não era ali que éramos esperados, mas sim no aeroporto militar da capital. Era este que tinha sido acordado com as autoridades zairenses, nomeadamente o uso da matrícula falsa.
Memórias Um avião fretado para festejar o Carnaval, em fevereiro de 1974, no Lobito (em cima); João van Zeller com Hermano Margarido(à direita).As outras duas imagens revelam os apelos à paz, tanto na publicidade como na imprensa
A caminho da cela já clamávamos a palavra-passe que ficara combinado usar no caso de surgir algum equívoco à chegada. A palavra era Motorola, pois os senhores portadores dos Motorola (marca de aparelhos intercomunicadores móveis muito populares nos anos 70) pertenciam aos serviços secretos e de protecção pessoal do Presidente Mobutu. Tardaram meia hora a aparecer na cadeia onde nos tinham encerrado, para nos identificarem. Esclarecido com o Gabinete da Presidência que éramos visitas esperadas, e VIP, fomos transportados em luxuosa limousine para uma área de Kinshasa fortemente guardada, onde se situava o Palácio Presidencial, o Palácio de Mármore. Dominava um extenso parque bem ajardinado, árvores frondosas e alguns edifícios de estupenda qualidade arquitectónica, devidamente enquadrados na paisagem, entre diversos arruamentos bem pavimentados.Num destes edifícios situavam-se os alojamentos destinados aos visitantes oficiais. Raparigas envergando elegantes e coloridos panos africanos receberam-nos calorosamente, conduzindo cada um de nós ao seu apartamento, tendo-nos, depois, sido servido almoço regado a champanhe, numa imponente sala de jantar.
Naquela mesma tarde fomos recebidos por Holden Roberto, homem elegante, quase sempre usando óculos escuros, cuja fluência em português deixava a desejar, sendo o francês a sua língua de preferência. Os quatro assessores de que estava rodeado pareciam mal preparados, e dois deles nem português falavam.Eu levava o meu caso bem estudado, que apresentei, em francês e português, numa análise linear da economia angolana e dos planos de adaptação dos bancos e seguradoras a uma Angola independente e democrática, sublinhando a necessidade de uma transição pacífica para a independência, condição para que a economia não fosse excessivamente abalada. Procurei explicar com clareza ser essencial procurar a estabilidade cambial, um regime fiscal eficaz, taxas de juro estáveis e um sistema de pagamentos que garantisse uma circulação monetária fluida, interna e externa.As respostas às nossas perguntas revelavam, por parte dos nossos interlocutores, alguma ignorância sobre os pontos abordados. Procurei, numa linguagem para leigos, seguir a agenda que fora acordada na reunião magna que tivéramos na sede do Inter Unido com os líderes dos bancos e companhias de seguros.
No dia seguinte, fomos solenemente recebidos pelo Presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, que estava acompanhado por Holden Roberto. Aquele país, ao tempo, tinha um regime ditatorial e uma economia alimentada pelos riquíssimos recursos minerais, agrícolas, pecuários e florestais (segunda maior floresta tropical do mundo).Mobutu, que emergira a liderar a República do Zaire em 1965, no estertor da colónia belga, controlava os poderes legislativo, executivo e judicial. A submissão de Holden Roberto a Mobutu transpareceu claramente na reunião, que durou cerca de 40 minutos. Mobutu apoiava declaradamente a FNLA e, em palavras muito generalistas, secundou o aliado, assegurando que o futuro do capital português, americano e de outras origens estrangeiras investido em Angola seria claramente apoiado pela República do Zaire. Conversa de político, que me deixou céptico.
Progressão para o desastre
Tinha fontes que permitiam manter os meus accionistas informados sobre a realidade do dia a dia possível de ser conhecida. Eram, na revista Notícia, o director e jornalista João Fernandes, e no jornal diário A Província de Angola o chefe de redacção Jaime Figueiredo. E, a partir de Julho de 1974, coincidindo com a chegada de Rosa Coutinho a Angola, eles deixavam-me saber coisas importantes.Por exemplo, diziam-me que o racismo que começara a emergir de forma expressiva estaria a ser provocado pelas forças de extrema-esquerda, infiltradas nas Forças Armadas e no MPLA, e mesmo por civis, todos vindos de Lisboa. O objectivo seria exacerbar o antagonismo entre raças no seio dos angolanos, fosse entre negros e mulatos, fosse destes face aos brancos ou vice-versa. Não tenho qualquer prova disto. Mas parecia plausível que tivessem razão, pois os graves incidentes que começaram a ocorrer não se enquadravam num ambiente revolucionário muito embrionário e sem visibilidade, nem correspondiam ao comportamento social corrente entre angolanos.
A bandidagem, entretanto engrossada pela libertação de milhares de presos de delito comum, também ajudou a incendiar as tensões sociais de cariz racista e as resultantes da simples criminalidade.
Ou seja, a sociedade entrou progressivamente numa convulsão que se foi agravando, sobretudo quando os enfrentamentos armados entre o MPLA, a FNLA e a UNITA começaram a aquecer.A partir de 11 de Março de 1975, a nacionalização do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, o encarceramento de alguns dos seus dirigentes e a nova gestão de Lisboa alteraram naturalmente as relações do Inter Unido com aquele seu accionista. A nova liderança de Lisboa começou a enviar insistentes solicitações para que eu, como CEO do seu banco participado, comparecesse em Lisboa.As mensagens por mim enviadas de Luanda para a Rua do Comércio em Lisboa usavam de um argumento formal irreplicável. Clarificavam que a Administração do Inter Unido apenas respondia em Assembleia Geral a todas as questões que lhe fossem colocadas pelos accionistas. E sugeriam a Lisboa que apontasse datas ao Presidente da Mesa para, a pedido do BESCL e após prévia consulta com o First National City Bank, ele a convocar para Luanda, sede do Banco. Amenizava esta resposta formal chamando a atenção para a dificuldade que tinha numa ida a Lisboa, alegando inadiáveis compromissos e deslocações de todo o tipo. Subalternizei a delicada questão da suspensão da minha posição nos quadros superiores do BESCL dado que o que se passava em Angola era bem mais sério.
Em Julho, de Londres, para manter a chama a bruxulear, escrevi ao Banco Espírito Santo uma carta irrealista, expressando, por um lado, o enérgico protesto pela manutenção do congelamento das minhas contas e, por outro, e supressão dos poderes que me estavam atribuídos na área de competência de gestão que mantinha em Portugal. Tal carta, naturalmente, nunca obteve resposta.
Tensão a crescer
Com a omissão dos americanos e o encorajamento da ala comunista e extremista do MFA, os movimentos de libertação (UNITA, FNLA e MPLA) viviam à sombra do caos, procurando um lugar ao sol pelos meios mais aberrantes. À noite, as balas tracejantes cruzavam o céu, e o perigo de, na rua, sermos surpreendidos por algum tiro intencional ou perdido, ou assaltados por bandidos soltos das cadeias, ou por guerrilheiros que por ali vagueavam de forma indisciplinada, aumentava exponencialmente.
As recepções a Agostinho Neto e a Jonas Savimbi em Luanda foram apoteóticas. Entretanto ficara muito debilitada a Facção Leste do MPLA liderada pelo aparentemente moderado e pró-ocidental Daniel Chipenda. Sucedeu-se depois, em catadupa, uma série de acontecimentos que acabaram por cumprir o desiderato de alguns MFAs que estavam em Angola, isto é, o aniquilamento de uma sociedade e de uma economia, o que, de facto, foi conseguido com grande eficácia.
(…)
O Inter Unido, ao contrário do Banco português seu accionista, não tinha sido nacionalizado. Por isso, os meus colegas oriundos da Europa, como eu, continuavam a receber os salários locais, com regularidade.
Os MFAs marxistas e seus colegas extremistas, que duvido que tenham chegado a apreender as doutrinas de Marx, Lenine, Trotsky, Stalin e Mao Tse Tung, iriam conseguir designar como exclusivo herdeiro de Angola o MPLA
A partir de Março de 1975 emergiram os sintomas de estertor do Banco e a difícil sobrevivência dos seus colaboradores a tal colapso. Entretanto, na sequência do meu encontro com Holden Roberto em Kinshasa, o António Espírito Santo aprazara outro, agora em Londres, com Jonas Savimbi para esse mesmo mês de Março, em que eu o acompanharia.
Na sequência dos Acordos de Alvor assinados no Algarve em Janeiro de 1975, constitui-se um Governo Provisório com gente do MFA e dos três Partidos angolanos, que iria consolidar Angola nas mãos de apenas um, o MPLA. No elenco deste Governo não conhecia nenhum dos ministros designados pelos três Partidos angolanos, identificando apenas dois dos nomes do MFA, o de Vasco Vieira de Almeida, civil, que ficou com a pasta da Economia, e o de Correia Jesuíno, um militar, à frente da Comunicação Social.
A reacção positiva de António Espírito Santo quanto à pasta da Economia deixou-me surpreendido. Iludido e mal informado, dizia-me “é um dos nossos”. Ficou com esta opinião abalada quando escutou o que eu conhecia quanto ao advogado, à sua proximidade ao PCP e ao papel de sua mulher nas ligações ao MPLA desde outros tempos de Angola. Pertenciam ambos à mais genuína esquerda “caviar”, expressão então desconhecida mas que se tornou corrente muitos anos depois.
Fica-se sempre atordoado com a higienização cuidadosa dos grandes fracassos, de que é um exemplo uma peça do jornal Público em 2001, “Conversa com vista para Vasco Vieira de Almeida”, uma boa entrevista conduzida por Maria João Seixas em que o advogado confessa ter sido um “fanático marxista”.
A linguagem com que aborda todo este período de Angola é inteligente e hábil. É natural que, cinquenta anos depois, ao reler estas coisas, a memória e a alma mexam muito mal. Nesta conversa conta as mirabolantes e reais dificuldades da sua governação, mas acaba por deixar diluídas as suas responsabilidades na construção dos métodos usados e do modelo político de “terra queimada”.
A verdade é que fez parte de um Governo Transitório angolano e de uma equipa sem liderança efectiva que tudo fez para pôr fim ao regime colonial em Angola, a qualquer preço. É verdade, sem dúvida, que a experiência deve ter sido difícil. Mas Vieira de Almeida poderia ter ido buscar a raiz do fracasso à arquitectura do projecto de descolonização de Angola, co-desenhado por alguns membros marxistas-leninistas do Movimento das Forças Armadas, no qual faz sentido ter estado incluído.De facto, ao referir o “esboço das linhas de orientação a adoptar para evitar o colapso económico e permitir o desenvolvimento futuro do país”, deveria talvez ter exprimido a sua responsabilidade no colapso de Angola desde o dia 26 de Abril de 1974.
Assinale-se que, ainda em Portugal, solidarizou-se desde aquele dia com o MFA e com a Junta de Salvação Nacional, com quem colaborou activamente, sobretudo na definição das políticas na área económica de Portugal e, por maioria de razão, de Angola. Num período confuso, estou certo de que os que conheciam e tinham beneficiado das bondades da economia de mercado no formato capitalista teriam pensado à partida que este seria um futuro possível e, se calhar, necessário.
Numa estupenda entrevista feita por Maria João Avillez (reproduzida no seu livro Do Fundo da Revolução, 1994, editado pelo jornal Público), aquele que na altura foi Ministro da Economia de Angola, e no que respeita a esta, dá também respostas que são sagazes, cuidadosas e, em algumas passagens, equívocas ou imprecisas. Mas há outras em que é claríssimo. Por exemplo, afirmou à jornalista que na altura não era certamente liberal, estando muito próximo das ideias da esquerda, e que, tendo estudado os revolucionários do século XIX, como Marx, ainda em 1994 (ano da entrevista) sentia essa influência. Disse ainda que, naquelas funções governativas, tinha a convicção de ter feito o que correspondia ao que pensava. Esse pensamento manifestou-se de forma categórica no apoio unidireccional ao MPLA, que culminou num despacho em que decretou o confisco dos bancos angolanos em Agosto de 1975.
Episódio com Vasco Vieira de Almeida
A pessoa chave do Governo de Transição angolano era, a meu ver, Vasco Vieira de Almeida. Elaborou um extenso programa económico para Angola, em que, sector a sector, identificou os agentes económicos existentes e descreveu o papel que era esperado de cada um, transcrevendo muito do que constava do último Plano de Fomento do Governo português. O Programa acabou por não sair do papel, pois a situação descontrolou-se sob a responsabilidade dele e dos outros membros desse Governo, ocasionando uma fuga de gente de Angola com proporções bíblicas.
Vivi com Vasco Vieira de Almeida um episódio pós-Acordos do Alvor que me deveria ter ajudado a desvendar melhor o futuro. No Governo de Transição, que englobou o MFA, o MPLA, a UNITA e a FNLA, esta ficou com a pasta da Agricultura. O ministro era Mateus Neto. Creio que se intitulava engenheiro, um homem simpático mas com pouca experiência nas complexas matérias da sua responsabilidade, nomeadamente em sectores onde estavam a surgir problemas fracturantes, como sucedia nas açucareiras Cassequel e Companhia de Açúcar de Angola, que era ao que eu ia. Havia que preparar um diploma legal para desbloquear algumas destas questões, tendo o ministro pedido a minha presença no Palácio do Governo para falarmos de aspectos importantes para aquelas empresas, grandes clientes do Inter Unido. Num acanhado gabinete, e com a porta aberta, a conversa foi morosa e difícil, mas estava a correr bem. Inesperadamente, surge Vieira de Almeida (ministro com a pasta da Economia pelo MFA), que, suponho, se apercebia de que o texto legal de que estávamos a falar poderia ter deixado o MFA e o MPLA menos confortáveis. Tirou-lhe o texto de cima da mesa dizendo: “Homem, deixe isso comigo, que eu faço o trabalho”, o que Mateus Neto aceitou sem grande hesitação. Os resultados, nessa instância concreta, não foram famosos para as açucareiras. (…)
Em Londres, com Jonas Savimbi
Em Abril acompanhei o António Espírito Santo a Londres. Na capital britânica ainda nevavam leves flocos, que nada incomodaram Jonas Savimbi, com quem nos fomos encontrar, cuja visita à capital britânica tinha sido ajudada a organizar por pessoas próximas do presidente do Banco Inter Unido.
Durante dois dias, a partir do então magnífico Hotel Cumberland, em Marble Arch, houve reuniões no Foreign Office e, silenciosamente organizados por Walter Solomon, dono do pequeno mas influente Banco Rea Brothers, encontros com autoridades monetárias e quatro dos principais bancos britânicos. A personalidade magnética de Savimbi impressionou os interlocutores londrinos que nos receberam com grande afabilidade, interesse e a tradicional cortesia.
Diziam-me que o racismo que começara a emergir de forma expressiva estaria a ser provocado pelas forças de extrema-esquerda, infiltradas nas Forças Armadas e no MPLA, e mesmo por civis, todos vindos de Lisboa
O líder não se cansou de incutir confiança nos interlocutores, com um discurso muito claro e convincente quanto ao futuro dos investidores estrangeiros, do empresariado angolano, da regulação no modelo capitalista dos sectores financeiro, segurador, industrial, agro-industrial, mineiro e agrícola.
O António Espírito Santo e eu estivemos discretamente presentes nas várias ocasiões e almoços, excepto na reunião que ele teve na sede da Benguela Railways, que era um assunto pesado para ambas as partes, dados os ataques que a UNITA vinha fazendo aos Caminhos de Ferro de Benguela.
Foi a única oportunidade que tive de conhecer com proximidade um dos maiores líderes da história africana, que o MPLA viria a matar, 27 anos mais tarde. De pele mais escura do que o comum dos angolanos negros, os olhos brilhavam de inteligência, lâmpadas cintilantes, sobretudo à noite, em que as suas feições se confundiam com a escuridão.
No entanto, durante aqueles dias acompanhou-me sempre uma estranha sensação de desconforto face à forma como abordava os interesses dos brancos, no que eu desconfiava poderem ser assomos de racismo negro.O António Espírito Santo, que se entusiasmara com este potencial aliado e defensor dos seus interesses, impacientava-se com essas minhas desconfianças. Hoje penso que errei no meu juízo. Outros acham que não.Tal como eu, o António já tinha as contas congeladas em Portugal e não tinha dinheiro no estrangeiro, tendo-se encontrado sem fundos suficientes para, no momento do check-out no Hotel Cumberland (naquele tempo luxuoso, hoje um hotel mediano), liquidar a conta, a dele, a de Jonas Savimbi, a de um assessor e a minha.
Em tal aperto, fui com ele percorrer as ourivesarias de Oxford Street que estivessem dispostas a adquirir uma cigarreira de ouro maciço que lhe tinha sido oferecida pelo padrinho (e “tio”) António de Almeida, personagem que sempre acreditei ser irmão “oficioso” de Manuel Espírito Santo, que arrecadara importante fortuna ao longo da vida e era casado com uma prima direita de minha Mãe, Olga Andresen, também abastada. Não foi difícil despachar aquela preciosidade para, com o produto da venda, regressarmos ao hotel e pagarmos o devido.
Com 20 anos de carreira de RH em multinacionais tomei, há sensivelmente um ano, a decisão de mudar de rumo. Não é uma decisão fácil. E quando trabalhamos a vida toda num contexto que nos é familiar e com o qual nos identificamos, o processo de decisão torna-se ainda mais complicado. Foi nessa altura que me deparei com um conceito que desconhecia até então: Gig Economy.
Sabe o que é a Gig Economy? Se não, sugiro que continue a ler porque este movimento está a mudar o mercado de trabalho e a forma de consumo quer em Portugal quer a nível global.
A Gig Economy rompe com o modelo de contratação tradicional entre empresas e colaboradores. As pessoas neste modelo são contratadas por empresas ou clientes finais através de “gigs”, de trabalhos temporários ou projetos específicos. Conseguimos encontrar vários conceitos familiares que se enquadram na Gig Economy. Desde os já tradicionais freelancers até às apps como as da Uber, do Airbnb entre outros. Este último tem impulsionado em grande escala o crescimento da Gig Economy nos últimos anos.
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Em 2019 a Gig Economy já representava entre 1 a 3% da força de trabalho mundial. Estima-se que desde então tenha crescido 17% e os maiores adeptos desta tendência são os zoomers e os millenials.
Mas afinal quais são as vantagens de uma Gig Economy?
Comecemos com o mais óbvio, a flexibilidade. Pode trabalhar onde e quando quiser. A autonomia é claramente superior à dos empregos tradicionais. A entrada no mercado de trabalho é imediata e mesmo que continue a optar por ter um modelo de trabalho tradicional nada impede de complementar o seu rendimento via Gig Economy.
A tecnologia tem tido um papel preponderante neste movimento, mas também tem gerado debates sobre regulamentação e direitos dos trabalhadores. Ainda estamos no início desse percurso….
Vejo cada vez mais profissionais cansados do mundo corporativo e de tudo o que isso acarreta. Vejo vontade mas ainda pouca coragem para mudar de vida. Apesar de tudo, existe uma instabilidade neste modelo que o torna menos desejado.
A forma como vejo o futuro é clara. Acredito que este movimento vai continuar a crescer e a levar cada vez mais profissionais, aos poucos, a abandonarem as organizações. Estes profissionais vão continuar a trabalhar na sua área de especialidade mas de forma autónoma, com capacidade para escolherem e gerirem os seus próprios projetos. À medida que esta comunidade cresce assim vão crescer os casos de sucesso. Isso vai inspirar outros profissionais e dar-lhes a confiança necessária para dar esse passo.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
“Não sou doceira. Talvez por isso vos apresente apenas receitas pouco elaboradas e com ingredientes que todos temos em casa. Mas há sobremesas que fazem o meu dia e esta é uma delas. Estas peras servidas na própria calda, que vos digo, sumptuosas, preenchem (para mim) todos os requisitos de um bom doce. É perfeita para dias mais frios, mas podem preparar em qualquer dia que estejam a precisar de consolo.” Graciela Macedo
• 4 peras-rocha, descascadas (deixar o pedúnculo e cortar a base)
• 300 g de água
• 1 cálice grande de vinho do Porto
• 250 g de açúcar amarelo
• 50 g de mel
• 3 paus de canela
• 2 estrelas de anis
• ½ vagem de baunilha (opcional)
• Zimbro q.b. (opcional)
Preparação
1. Descascar as peras, mantendo o pedúnculo no topo, e cortar a base para se conseguirem aguentar de pé.
2. Numa panela, cozer as peras numa mistura de água, vinho do Porto, açúcar, mel, canela e anis. Adicionalmente, poderão acrescentar vagem de baunilha e zimbro.
3. Reduzir o molho onde as peras cozeram durante cerca de 10 minutos, até obter uma consistência de xarope.
4. Servir as peras mornas com a calda filtrada e ainda quente.
Acabado de chegar às livrarias, Colheita de Memórias (Casa das Letras, 208 págs., €21,90) é o primeiro livro de Graciela Macedo, designer, docente na licenciatura de Gastronomia e Artes Culinárias em Viana do Castelo e ex-concorrente do MasterChef Portugal 2022. O livro inclui 50 receitas que atravessam as memórias e histórias das vivências da autora nascida no Minho, na aldeia de Ponte e Fragoso.
Depois de um fim de semana centrado no partido, Luís Montenegro quis terminar o Congresso do PSD, que decorreu em Braga, com uma última mensagem política, esta sim, para todo o País. Para o efeito, elencou sete áreas da governação às quais chamou “novas decisões”. Temas importantes que apresentam soluções para problemas da saúde ou da educação, passando pela segurança e pela crise da habitação que o País tem vivido ao longo dos últimos anos. Definiu como prioridades a maior abrangência dos sistemas de videovigilância e o reforço das polícias de proximidade, admitiu fazer teste para novos contratos de associação com privados e setor social no ensino pré-escolar. Falou ainda na alteração das políticas de medicamentos e na criação de dois centros de instalação temporária em Lisboa e no Porto para acolher casos de imigração ilegal ou irregular. Anunciou ainda um “grande projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa”.
Temas suficientes para gerar um bom debate na sociedade sobre as soluções que o primeiro-ministro definiu para tentar resolver alguns dos maiores problemas que o País vive.
Contudo, a grande mensagem que acabou por chegar aos portugueses e gerar o maior debate nos media foi a alteração do programa da disciplina de cidadania. E tudo devido ao aplausos mais fortes que recebeu da plateia quando abordou este assunto.
Olá, bom-dia Sejam bem-vindos a mais uma Arquivo VISÃO, a newsletter através da qual recordamos os melhores artigos publicados na VISÃO desde 1993. Neste domingo, dos confins do baú da memória, recuperamos um artigo com mais de 20 anos. Assinado pela jornalista Catarina Fonseca, chama-se Os anos portugueses da mãe de Harry Potter ( leia aqui) e, como se deduz do título, remete para o tempo em que J.K. Rowling viveu em Portugal. O artigo saiu, há 24 anos, na nossa edição de 28 de setembro de 2000. Nesse ano, nos EUA, George W. Bush derrotava Al Gore nas urnas e, meses depois, a 11 de setembro de 2001, tudo mudaria no país e no mundo, com o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque. No Reino Unido, eram os anos de Tony Blair em Downing Street e uma escritora, escrevia-se então nos jornais, tornava-se tão conhecida como Rainha Isabel II.