A grande escala do quadro de Miguel Ângelo Lupi que retrata o Marquês de Pombal, exposto no cimo do primeiro lance de escadas de acesso à exposição, há de fazer parar os visitantes. Mas é num pormenor que devemos focar a nossa atenção. Nas mãos, o secretário de Estado do Reino durante o reinado de D. José I tem os planos de reconstrução da cidade após o terramoto de 1755, que agora, e pela primeira vez, se mostram no renovado Museu de Lisboa – Palácio Pimenta.
Encontramo-los numa das 11 salas do primeiro andar da exposição de longa duração que reabriu ao público, depois de três anos encerrado para remodelações. Desde 2015 que o núcleo-sede do Museu de Lisboa, no Campo Grande, estava em obras.
A sala onde estão expostos em conjunto, pela primeira vez, os seis planos da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755
Trata-se de um momento importante na história recente do museu. “Com a reabertura do primeiro andar, abre-se na totalidade a nova exposição de longa duração. Sendo um museu sobre a cidade e para a cidade, era fundamental alterar e haver dinamismo”, destaca a diretora, Joana Sousa Monteiro. Da longuíssima história de Lisboa – mais de dois mil anos –, contam-se partes que se destacam por razões várias, com conteúdos atualizados e outros novos. Neste piso agora reaberto, a cronologia começa no século XVII e vai até ao século XX, momento em que se ergue a Expo’98, projeto transformador da cidade.
Newsletter
Novas narrativas sobre Lisboa
Logo na primeira sala, das 11 do percurso expositivo, mostra-se ao visitante uma das pinturas mais relevantes de toda a coleção. O quadro do pintor holandês Dirk Stoop, uma das mais importantes vistas do Terreiro do Paço, onde existia o Paço da Ribeira, conta-nos muito sobre a Lisboa desta época. “Temos o apogeu desta praça solene e da sua importância no mundo, a representação da chegada a Lisboa de D. Francisco de Mello e Torres, 1º Conde da Ponte e embaixador extraordinário de Portugal em Londres para a negociação do casamento entre D. Catarina de Bragança e Carlos II de Inglaterra, mas também a multiculturalidade da cidade já existente neste período”, continua Joana Sousa Monteiro.
É no século XVII, quando Lisboa fez parte do império espanhol dos Habsburgos, que se retoma o fio condutor da História. Entre maquetas, tapeçarias, cartazes, gravuras, pinturas, fotografias, mobiliário, cerâmica e azulejo, a nova narrativa conta com 300 peças, cerca de metade das quais se mostra pela primeira vez na exposição permanente do museu, um verdadeiro regalo. A cada olhar, aparece um novo detalhe, uma nova curiosidade e uma nova informação. Há gavetas nos expositores para se abrir e vídeos que pedem uma paragem.
Mais abrangente, cronológica e geograficamente, a exposição aborda pela primeira vez a evolução urbanística, com a construção de novos bairros para alojar a população que se fixava na cidade, infraestruturas como a ponte sobre o Tejo, o aeroporto ou as primeiras estações do metropolitano de Lisboa. Mas também nos mostra a evolução social e cultural da cidade, e temas como a escravatura ou a inquisição (apresentada numa pequena sala escura).
Algumas peças e momentos hão de avivar a memória aos visitantes, e os mais jovens vão surpreender-se com as descobertas. Há imagens da construção do bairro de Alvalade, a maqueta cor-de-rosa do projeto do arquiteto modernista Cristino da Silva para a praça do Areeiro, exposta integralmente pela primeira vez, e o modelo da estátua Soberania, obra do reconhecido escultor Leopoldo de Almeida para a Exposição do Mundo Português, em 1940. Faz-se referência ao incêndio do Chiado e às Festas de Lisboa e destaca-se o projeto de transformação da zona oriental da cidade com a realização da Expo’98, tema que encerra esta nova viagem sobre a História de Lisboa.
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta > Campo Grande, 245, Lisboa > T. 21 751 3200 > ter-dom 10h-18h (última entrada 17h30) > €3
Os chefes de cozinha Michele Marques e Óscar Geadas, dois dos participantes no novo festival gastronómico de Miranda do Douro. Fotos: DR
Carnes de raças autóctones preparadas por quatro chefes de cozinha são os atrativos do Meating, o novo festival gastronómico que acontece nestes sábado e domingo, 14 e 15, em Miranda do Douro. Cada um cozinhará uma carne:Óscar Geadas (G Pousada, Bragança) vai usar a raça suína bísara, Diogo Rocha (Mesa de Lemos, Viseu), a vaca mirandesa, Michele Marques (Casa do Gadanha, Estremoz), o cabrito serrano e, por fim, o filho da terra, Marcelo Dias (O Mirandês, Miranda do Douro) promete surpreender com a churra galega mirandesa. Para adoçar a boca, o pasteleiro Eurico Castro (Sweet Gourmet) há de servir um doce com castanha transmontana. Os repastos são saboreados ao som de música tradicional: Cabrita com os Galandum Galundaina, Surma com Trasga, Bandua com Músicas da Raya e Lavoisier com Çarandas. Ruínas do Paço Episcopal de Miranda > Miranda do Douro > 14-15 set, sáb-dom 14h-2h > grátis
Newsletter
2. É Um Encontro, na Amadora
O festival celebra a gastronomia de mais de 100 nacionalidades a viver na Amadora. Foto: DR
É no Parque Central da Amadora que acontece o festival É Um Encontro, organizado pela Associação Crescer, responsável por projetos como É Um Restaurante ou É Uma Esplanada. Durante três dias, desta sexta, 13, a domingo, 15, chefes de cozinha como Nuno Bergonse, André Cruz, David Jesus e Hugo Nascimento juntam-se à comunidade local para celebrar a gastronomia e as tradições das mais de 100 nacionalidades dos residentes no concelho da Amadora. Nos showcookings de fusão, tradição e mundo, vão ensinar-se receitas da Nigéria, da Síria ou de Cabo Verde. Já o Mercado Sabores no Mundo dá a provar pratos confecionados por habitantes de países tão diversos como o Paquistão ou a Colômbia. Aproveite-se ainda o Mercado Mina, com produtos tradicionais, e levem-se estes sabores para casa. Parque Central da Amadora, Amadora > 13-15 set, sex 16h-24h, sáb 12h-24h, dom 12h-22h > grátis
3. Fogo da Terra, em Alter do Chão
São nove os participantes no festival de fogo lento. Foto: DR
Filipe Ramalho conduz o Páteo Real, em Alter do Chão, Filipe Bilro é o responsável pelo Larau, em Estremoz, e Gonçalo Queiroz pelo Origens, em Évora. Em comum têm as raízes alentejanas e a utilização nos seus restaurantes do máximo possível de ingredientes autóctones e de produtos locais. À imagem das estrelas rock, os três são cabeça de cartaz do primeiro festival Fogo da Terra, que acontece neste sábado, 14, em Alter do Chão, numa celebração da comida alentejana e de fogo. Rogério Imaginário, um dos organizadores, João Ribeiro, Dinis Diogo, António Miguel, Dinis Parreira e Rúben Almeida completam a lista dos nove chefes participantes.
Com recurso apenas ao fire pit, em fogo lento e com o fumo também como ingrediente, hão de cozinhar pratos especialmente criados para o festival, inspirados no receituário alentejano e com produtos regionais. É a criatividade de cada um que vai ditar o que se come neste dia, num recinto ao ar livre no Jardim do Álamo. A identidade alentejana do Fogo da Terra estende-se à restante oferta: da sobremesa (Alfredo, o Gelado Alentejano) às bebidas, com vinhos e gin da região a marcarem presença e a darem corpo ao brinde. A música fica por conta do DJ Yannik Devylle. Jardim do Álamo, Alter do Chão > 14 set, sáb a partir 16h > grátis, prato €5, bebida €3,50
A voz do alentejano António Zambujo parece talhada para interpretar canções no ritmo dolente da bossa nova. Não surpreende, pois, que neste concerto especial, em duas noites, ele se dedique integralmente ao cancioneiro de Tom Jobim, acompanhado por músicos do Hot Club de Portugal (e com direção musical de Pedro Moreira). Só há um senão: os bilhetes já se esgotaram, agora só contando com desistências de última hora ou aguardando por novas datas… Tivoli BBVA, Lisboa > 23-24 set, seg-ter 21h > €20 a €40
2. Kim Wilde
Foto: DR
Vai haver muita nostalgia à solta nestes concertos, isso é certo. Aliás, o que está marcado para Braga integra-se na noite Summer End 2024, em registo assumidamente revivalista, que até inclui um tributo à música de Elton John. Afinal, foi no longínquo ano de 1981 que esta inglesa conquistou o mundo com o single Kids of America. Muitos outros hits se seguiram na carreira de Kim Wilde: Cambodia, Chequered Love, You Keep Me Hangin’ On… Aos 63 anos, em digressão pelo mundo (com final marcado para novembro de 2025!), está em boa forma para os revisitar todos. Sagres Campo Pequeno > 27 set, sex 21h30 > €40 a €70 > Fórum Braga > 28 set, sáb 21h > €25-€45 (concerto integrado no evento Summer End 2024)
3. Nick Cave & The Bad Seeds
Foto: Lucília Monteiro
O músico australiano já é um habitué dos palcos nacionais – e tem em Portugal uma fiel legião de fãs. A sua última apresentação por cá foi em 2022, no festival MEO Kalorama. Agora chega com um álbum novo na bagagem à maior sala de concertos do País. Wild God foi editado no penúltimo dia de agosto e marca o regresso às gravações com os Bad Seeds (o último álbum, Ghosteen, era de 2019), mantendo a presença de Warren Ellis como grande cúmplice, na composição e na produção das novas canções. Na primeira parte tocam os irlandeses The Murder Capital (que se estrearam em Portugal com um excelente concerto no festival Vodafone Paredes de Coura em 2022). MEO Arena, Lisboa > 27 out, dom 20h45 > €40 a €75
Newsletter
4. Fontaines D.C.
Foto: DR
Estes irlandeses passaram muito rapidamente de next big thing a candidatos a “maior banda do mundo” (o que até pode ser mais uma espécie de maldição do que motivo de entusiasmo…). O seu muito aguardado quarto álbum, Romance, saiu a 23 de agosto e, apesar de ter dividido opiniões, colocou-os num novo patamar de reconhecimento internacional. Este concerto em nome próprio, no Campo Pequeno, acontece escassos meses depois do apoteótico encerramento da edição deste ano do festival Vodafone Paredes de Coura. Na primeira parte atuam os ingleses Wunderhorse. Sagres Campo Pequeno, Lisboa > 1 nov, sex 20h30 > €25 a €36
Foto: Lucília Monteiro
5. Pedro Abrunhosa – Viagens 3.0
Cumpre-se em 2024 o trigésimo aniversário de um disco que ficou para a história da música popular portuguesa: Viagens, de Pedro Abrunhosa & os Bandemónio. De um dia para o outro, o seu autor tornou-se uma estrela nacional – misteriosa, com os olhos sempre escondidos atrás de uns obrigatórios óculos escuros. Este é, pois, um ano de celebrações que Abrunhosa assinala com um concerto especial no Porto e em Lisboa. Temas que hoje são clássicos, como Não Posso Mais, É Preciso Ter Calma ou Socorro, vão, certamente, ser cantados a muitas vozes. Super Bock Arena, Porto > 7-8 e 10 nov, qui-sex e dom 21h30 > €25 a €65 > Meo Arena, Lisboa > 23 nov, sáb 21h30 > €25 a €65
6. Lena d’Água
O renascimento da sua carreira, com o álbum Desalmadamente, em 2019, composto por canções novas de Pedro da Silva Martins, foi um sucesso – e todos percebemos que tínhamos muitas saudades daquela inconfundível voz fresca. Nesta rentrée há disco novo de Lena d’Água, Tropical Glaciar, outra vez com a assinatura do fundador dos Deolinda, e o concerto de apresentação, com a banda de luxo que agora acompanha a cantora, vai acontecer no Teatro São Luiz, em Lisboa. São Luiz Teatro Municipal, Lisboa > 12 nov, ter 20h > €9 a €17
7. David Fonseca – Still 25
Foto: DR
De um artista irrequieto, sempre a desafiar-se com ideias novas, e multidisciplinar como David Fonseca não seria de esperar uma forma convencional de celebrar 25 anos de carreira em palco. Estes espetáculos, que recuam ao momento em que o sucesso dos Silence 4 mudou a sua vida, tiveram uma longa preparação e adivinham-se cheios de surpresas. No seu site, o músico de Leiria anuncia que nos palcos dos Coliseus vai cruzar “música, performance e cinema”, partilhando as histórias por detrás de cada canção “através de imagens, palavras e momentos multimédia.” Coliseu do Porto > 15 nov, sex 21h30 > €15 a €40 > Coliseu dos Recreios, Lisboa > 16-17 nov, sáb-dom 21h30 > €15 a €40
8. O Terno
Foto: DR
Com aquela sua melancolia colorida com sotaque tropical, o brasileiro Tim Bernardes construiu uma relação especial com o público português nos últimos anos. E isso explica que os concertos de despedida da sua banda O Terno (que entra, este ano, oficialmente, em pausa “por tempo indeterminado”) aconteçam em Lisboa e no Porto. “Fechamos assim um ciclo muito bonito que começámos na adolescência e que atravessou todas as descobertas da juventude e da maturidade, transformando isso em música”, anunciaram em comunicado. Coliseu dos Recreios, Lisboa > 18 nov, seg 21h30 > €12,50 a €35 > Coliseu do Porto > 21 nov, qui 21h30 > €30
TEATRO E DANÇA
9. “Homens Hediondos”
Foto: DR
A encenadora Patrícia Portela convocou Nuno Cardoso, diretor artístico do Teatro Nacional São João, para regressar à interpretação com este monólogo, que parte de um livro do escritor norte-americano David Foster Wallace. Um desfile de personagens masculinas pouco recomendáveis (o deprimido, o grande amante, o porco, o que sabe tudo, o ressabiado, o misógino, o injustiçado, a eterna vítima, o brutamontes…) percorre o palco, para breves entrevistas reveladoras, confrontando-se o público com a sua tolerância perante certos comportamentos e relações de poder. Serão estes homens “hediondos” ou pessoas banais com quem nos cruzamos todos os dias? Teatro Carlos Alberto > R. das Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910 > até 14 set, sex 21h, sáb 19h e 21h > €10
10. “Telhados de Vidro”
Foto: Alipio Padilha
Aquela que é uma das peças mais bem-sucedidas do dramaturgo britânico David Hare, estreada em 1995, chega agora ao Teatro da Trindade, encenada por Marco Medeiros, com um elenco formado pelos atores Diogo Infante, Benedita Pereira e Tomás Taborda. Um drama contemporâneo sobre poder, política e paixão, à volta de relações mal resolvidas. Clara, uma jovem professora, é visitada inesperadamente no seu modesto apartamento num subúrbio da capital por Tomás, um carismático empresário de meia-idade, com quem em tempos manteve um caso (entretanto, ficou viúvo), terminado abruptamente. Naquela noite, dissecam a relação e as respetivas ideologias. Teatro da Trindade INATEL > R. Nova da Trindade, 9, Lisboa > T. 21 342 3200 > 12 set-17 nov, qua-sáb 21h, dom 16h > €10 a €20
11. Monóculo, Retrato de S. von Harden
O ator Cristóvão Campos surge irreconhecível no papel da jornalista S. von Harden, ícone da mulher emancipada nos anos 20 do século passado, retratada pelo pintor expressionista Otto Dix em Berlim. Durante as sessões no atelier, Harden “descreve o meio artístico da época, as relações tumultuosas entre os sexos e a sua vontade de transgredir normas e explorar outros modos de relacionamento e de vida em sociedade”. As fronteiras da identidade e do género social são questionadas nesta peça de Stéphane Ghislain Roussel, que conta com encenação de Rui Neto. Teatro Aberto > Pç. de Espanha, Lisboa > T. 21 388 0089 > 11 set-3 nov, qui 19h, sex-sáb 21h, dom 16h > €17
12. Na solidão dos campos de algodão
O Teatro GRIOT leva à cena a obra-prima de Bernard-Marie Koltès, um dos dramaturgos mais significativos da segunda metade do século XX. Tudo roda à volta de quatro homens (os atores Daniel Martinho, Gio Lourenço, Hugo Narciso e Pedro Hossi) sobre os quais pouco se sabe. Alternam no papel de dealer e de cliente, “digladiam-se violentamente numa arena de diálogo e morte”. Com encenação de Zia Soares, este “é um combate físico, mas também interno e dialético, onde as palavras ultrapassam-se e são ultrapassadas”. Teatro Ibérico > R. de Xabregas, 54, Lisboa > T. 21 868 2531 > 18-21, 27-28 set 21h, 22 e 29 set 17h > €10
13. In C
Foto: Alejo Maria Corsiglia
A peça da coreógrafa alemã Sasha Waltz, um dos nomes mais sonantes da dança contemporânea, foi concebida durante o isolamento provocado pela pandemia, quando todas as salas de espetáculo foram obrigadas a estar encerradas. Inspirada na composição de Terry Riley In C (1964), a primeira de música minimalista europeia, tem um sistema experimental de 53 frases de movimento, ao qual os bailarinos obedecem, tendo liberdade para improvisar dentro destas regras. “Quando a música começa, ouvimos uma batida clara, como um batimento cardíaco que conecta performers e público. E essa é uma das principais mensagens deste espetáculo: In C conecta-nos a todos”, defende Sasha Waltz. Centro Cultural Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques, 701, Guimarães > T. 253 424 700 > 5 out, sáb 21h30 > €15 > Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 10-11 out, qui-sex 21h
14. Ruído
A nova criação da dupla de coreógrafos Sofia Dias & Vítor Roriz (a colaborar desde 2006) surgiu de uma residência de dois anos na Fundação Champalimaud, em Lisboa, onde prosseguiram a sua habitual pesquisa interdisciplinar, desta vez em colaboração com os investigadores do Champalimaud Center for the Unknown. O título da peça vem do conceito de ruído, “que no campo da neurociência adquiriu uma aura de mistério pela sua omnipresença no funcionamento neural e também pela dificuldade em ser explicado”. Culturgest > R. Arco do Cego, 50, Lisboa > T. 21 790 5155 > 10-12 out, qui-sex 21h, sáb 19h > €14
15. Urgência Climática
Foto: DR
As mudanças climáticas e os desastres naturais que estas provocam um pouco por todo o mundo estão na base do espetáculo, em estreia, da companhia Hotel Europa. Os criadores André Amálio e Tereza Havlíčková voltam ao teatro documental e convocam para o palco cinco jovens ativistas ambientais que têm exigido novas políticas governamentais, que revertam a nossa relação com o planeta. O público ficará a conhecer as suas histórias pessoais, as suas motivações e os seus sonhos. São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > 22-27 out, ter-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
16. Weathering
Faye Driscoll, aclamada performer norte-americana, regressa ao Porto com um espetáculo que volta a levar os intérpretes e o público ao limite, numa jornada turbulenta. Weathering, estreado em 2023, em Nova Iorque, é definido como uma “escultura de carne multissensorial feita de corpos, sons, cheiros, líquidos e objetos”. Um tableau vivant, instalado num minúsculo palco móvel, semelhante a uma jangada, a que se agarram desesperadamente dez artistas, em emaranhados micromovimentos. “Como sentimos o impacto de acontecimentos que nos atravessam e são muito maiores?”, questiona Driscoll. Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 8-9 nov, sex-sáb 19h30 > €9
E já lá vão seis! Os dobráveis na Samsung têm vindo a evoluir a bom ritmo. Começando pelo fim, não sentimos no Flip uma evolução tão grande quando sentimos no Fold. Para começar, quase não há diferenças físicas para a versão anterior. O que significa que, por exemplo, ao contrário do que aconteceu com o Z Fold 6, a Samsung não conseguiu reduzir a espessura do Z Flip – na verdade, a nova versão é um pouco menos espessa que anterior quando fechada, mas a diferença é de apenas 0,2 mm, o que não se nota.
Mas isto não significa que não exista uma evolução, incluindo no design. Na verdade, o novo Flip parece-nos mais sofisticado devido ao acabamento mate da traseira. Gostámos do efeito do azul claro, contrastante com preto do ecrã, da unidade que testámos. Mas gostaríamos que o ecrã exterior tivesse crescido um pouco através da redução das molduras – o que já vimos ser possível com o Xiaomi Mix Flip. Aliás, apesar de podermos usar apps no ecrã exterior, como o Spotify, a calculadora ou o sistema de controlo de domótica, na verdade esta é uma utilização limitada, uma versão não completa da app. São mais que notificações, mas a verdade é que quase sempre temos de abrir o smartphone e recorrer ao ecrã interior. A grande exceção é a app da câmara em modo selfie, onde podemos controlar praticamente tudo sem abrir o telemóvel. E até tem um novo modo muito prático – mas já lá vamos.
O ecrã exterior oferece algum nível de personalização. A app câmara tira partido da divisão do ecrã em duas partes.
É provável que os engenheiros da Samsung tenham optado por não mexer no design global, nomeadamente no chassis, por razões de resistência e fiabilidade. O Z Flip tem certificação IP48, o que significa que pode ser submerso em água por alguns minutos. Mas não é, propriamente, à prova de pó, porque esta certificação só garante que é à prova de partículas com mais de 1 mm.
Newsletter
Dobradiça mais evoluída
Sempre que testamos um dobrável, não há como evitar: o primeiro olhar mais atento vai sempre para a zona da dobra. E nota-se que a Samsung continua a evoluir neste aspeto. A técnica da gota faz com que não haja um vinco (a dobra é feita, em forma de gota, no interior do chassis para dispersar a zona de pressão). Ainda se nota a zona da dobra, mais com o tato, já que ao passar os dedos sente-se a pequena depressão, mas, na utilização diária, a verdade é que nos esquecemos desta descontinuidade. Por exemplo, não é visível quando se vê um vídeo ou se usa uma app.
A marca da dobra é quase invisível, mas sente-se uma ligeira depressão quando se passa o dedo
O ecrã interior mantém as medidas e principais características técnicas. Mas nota-se uma evolução quando usamos o Z Flip 6 no exterior em dias solarengos: o brilho subiu consideravelmente. Por outro lado, o formato muito alongado do ecrã é prejudicial em algumas aplicações e funcionalidades. Por exemplo, o teclado virtual é mais estreito do que estamos habituados em outros smartphones ecrãs com diagonal de 6,7”. E, em vídeo, o ecrã revela-se demasiado wide, originando bandas negras nas laterais, o que reduz a área útil.
Câmaras
O Z Flip 6 tem novas câmaras na traseira. A ultra grande angular externa de 12 megapíxeis tem um sensor atualizado, e há uma nova câmara principal de 50 megapíxeis, semelhante à do Galaxy S24. Esta é a melhor câmara que usámos num smartphone dobrável. Mas – e vamos repetir o que dissemos relativamente ao Z Fold 6 – há câmaras melhores em smartphones não dobráveis, como o Pixel 9 Pro e o Galaxy S24 Ultra. A nitidez da câmara principal é elevada, mas, por vezes, de forma irrealista, com algum ‘recorte’ excessivo nas texturas. Em fotos com pouca luz ambiente, só podemos dar uma nota média. De outro modo, a qualidade é satisfatória, mas não ao nível de outros smartphones deste segmento de preço. Quanto à grande angular, atribuímos a mesma nota, mas a análise qualitativa resulta num comportamento oposto ao da câmara principal no que diz respeito ao detalhe: imagens demasiado suaves. Ou seja, em ambas as câmaras a Samsung exagerou um pouco no processamento, criando um look um pouco artificial: sublinha demasiado as texturas na câmara principal e faz o oposto na grande angular. Mas, atenção, as câmaras são perfeitamente satisfatórias para uma utilização no dia-a-dia. Mas ficam um pouco longe das melhores.
Nesta foto nota-se alguma incapacidade para lidar com grandes intervalos dinâmicos: surge algum ruído na zona escura da imagem. Também se nota a deformação da lente no vaso, apesar de esta foto ter sido feita pela câmara principal e não pela grande angular
Quanto à câmara de selfies, é a mesma que já equipava o Z Flip 5. Mas como podemos usar as câmaras principais para selfies, graças ao sistema de dobragem e ao ecrã exterior (para enquadramento), a câmara de selfies raramente será usada, acabando por ser mais uma câmara para videochamadas, o que faz muito bem.
O sistema de dobragem também é útil para apoiar o smartphone quando queremos fazer uma foto à distância. É quase como se o Z Flip tivesse um tripé integrado
Aliás, faz todo sentido usar as câmaras principais para selfies porque uma das melhores novidades deste Galaxy é o sistema de zoom automático, que recorre à IA para enquadrar o melhor possível os motivos. Funciona realmente bem, sendo capaz de usar ambas as câmaras e detetar a presença de mais do que uma pessoa. Aliás, esta funcionalidade até é mais útil em fotos de grupo e não de selfie. E nem precisamos de tripé: basta dobrar o smartphone para ter um apoio sempre disponível.
Na foto de cima, feita pela câmara principal, a textura da casca da árvore já demasiado ‘reforçada’. Em baixo, usando a câmara grande angular, está demasiado suave
IA: desenhar gatos e tal
Como no Galaxy Fold 6, uma das novidades no Galaxy IA é a possibilidade de desenharmos sobre as fotos elementos que a IA torna realistas, fazendo que pareçam fazer parte da foto. Tecnicamente, é uma ferramenta impressionante. Mas, no dia-a-dia, não nos parece de grande utilidade. Até porque continua não nos deixar fazer ‘maldades’ em fotos de pessoas – não, não vai poder desenhar um bigode ao seu amigo.
À esquerda, a imagem original. À direita, a adição feita pela IA de um coelho, com base num rabisco que desenhámos sobre a foto original. Se analisarmos com um pouco de atenção, nota-se que o processo cometeu o erro de eliminar parte da imagem de fundo (tronco da árvore parte do edifício)
Bem mais útil é a tradução em tempo real. Que ganha ainda mais interesse graças à implementação que permite usar os dois ecrãs. Duas pessoas podem conversar, cada uma no seu idioma, com o smartphone entre elas. Cada um dos interlocutores vai ver, no ecrã virado para si, as legendas do que o outro interlocutor está a dizer. Parece ficção científica e, para os portugueses, ainda é em parte, já que o Português de Portugal ainda não é suportado – deverá estar mesmo quase a chegar – e o Português do Brasil resulta muito mal. Experimentámos com uma conversa em francês e em inglês e os resultados foram bem melhores.
Outra experiência: desta vez, rabiscámos um passáro e este foi o resultado.
Previsivelmente rápido
O chip Snapdragon 8 Gen 3 e os 12 GB de memória RAM garantem uma experiência fluida, mesmo em tarefas mais exigentes. O sistema arrefecimento remodelado, com câmara de vapor, é crucial para manter as temperaturas sob controlo, especialmente num dispositivo tão compacto. O que evita ‘travagens’ do sistema por excesso de calor. Os resultados dos benchmarks comprovam o poder de processamento do Z Flip 6, rivalizando com topos de gama como o Galaxy S24.
A autonomia não é particularmente impressionante, mas chega para um dia de utilização não exageradamente intensiva.
O Galaxy Z Flip 6 é, sem dúvida, um smartphone excecional. A experiência da Samsung e os sete anos de atualizações garantidas para o software dão confiança, o que é importante para um investimento tão avultado. Por outro lado, a grande vantagem deste smartphone é poder ser dobrado para caber num bolso mais pequeno… Mas que não pode ser muito apertado. Ao contrário do Fold 6, que traz vantagens funcionais evidentes em tarefas produtivas, não sentimos que, relativamente a outros smartphones não dobráveis deste segmento de preço, as concessões que se têm de fazer sejam compensadoras.
Tome Nota Samsung Galaxy Z Flip 6 (12 GB/ 256 GB) – €1199,90
BENCHMARKS Antutu: 1414716 • CPU 367986 • GPU 504567 • UX 158176 • Memória 283987 • 3DMark Wild Life Extreme: 4764 (28,5 fps) • PCMark Work 3.0 17909 • Autonomia 6h52 min • Geekbench Single/Multi 2244/6934 • GPU 11594
Ecrã MuitoBom Fotografia Bom Construção Muito bom Autonomia Bom
Características Características Ecrã interior AMOLED flexível 6,7”, 1080×2640, 120 Hz ○ Ecrã exterior AMOLED 3.4”, 720×748, 60 Hz ○ Proc. Snapdragon 8 Gen 3, GPU Adreno 750 ○ 12 GB RAM, 256 GB armaz. ○ Câmara 50 MP c/ OIS (f/1.8), 12 MP (ultra grande angular, f/2.2), 10, 10 MP (selfie) ○ Resistência: IP48 ○ HDR10+, Dolby Atmos ○ BT 5.3, Wi-Fi 6e, USB C 3.2 ○ Android 14 ○ Bateria: 4000 mAh (carregamento: 25 W, 15 w sem fios) ○ 165,1×71,9×6,9 mm (aberto), 85,1×71,9×14,9 mm (fechado) ○ 187 gramas
Desde 2009 que o Festival Todos tem contribuído, em Lisboa, para “a destruição de guetos territoriais associados à imigração, convidando os públicos ao convívio entre culturas de todo o mundo”, como se pode ler na sua apresentação. Depois de, desde 2021, ter atuado na periférica freguesia de Santa Clara, o Todos volta este ano ao bulício mais central da cidade. Arroios, com mais de 30 mil habitantes de cerca de 80 nacionalidades, é um grande desafio quando se pensa em aproximar comunidades imigrantes e lisboetas – até pela diversidade geográfica e social, numa freguesia que vai do Saldanha até à zona do Martim Moniz, passando pelo Campo Mártires da Pátria.
O diretor do festival, Miguel Abreu, sublinha que a comunidade brasileira é uma das que mais têm ocupado este bairro nos últimos anos, e isso reflete-se na programação de 2024. A estreia em Portugal da peça Macacos, de Clayton Nascimento, será um dos momentos altos (13 set, 21h; 14 set, 19h). Sozinho em palco, o ator parte da sua experiência pessoal e observação do mundo para nos falar de racismo. O espetáculo começou por ter 15 minutos quando estreou no Brasil, em 2016, ligado à frequência universitária do seu autor, e hoje pode ir até às três horas. Com vários prémios ganhos, tornou-se um caso de popularidade crescente. “Você é um fenómeno! Obrigada por ser brasileiro, tomara que você faça essa peça até ficar bem velhinho!”, gritou na plateia a atriz Fernanda Montenegro no fim de uma representação. “A existência desse espetáculo já é, por si, um statement sociopolítico”, diz Clayton Nascimento numa entrevista que pode ler na VISÃO desta semana. Mas destaque-se, também, a atuação de Leo Middea (14 set, 17h), carioca a viver em Arroios e que, em 2024, chegou à final do Festival da Canção – canta no edifício do Banco de Portugal neste sábado, 14, às 17h, depois da conversa com a socióloga portuguesa Sandra Mateus e a antropóloga social brasileira Aparecida Vilaça sobre “como imaginar uma cidade capaz de valorizar a diversidade e combater a desigualdade?”.
Newsletter
Essa é uma pergunta transversal a toda a programação, que tem muitos momentos (workshops, oficinas, palestras, encontros…) mais virados para os habitantes do bairro do que para o grande público. A grande marcha Olá Futuro, para todos, no domingo, dia 15, às 17h, entre o Jardim do Caracol e a Alameda D. Afonso Henriques, será o maior momento de encontros, simbolizando bem o espírito do festival ao juntar participantes do Bangladesh, do Brasil, do Chile, da China, do Paquistão e, claro, de Portugal, entre outras nacionalidades.
Arroios, com mais de 30 mil habitantes de cerca de 80 nacionalidades, é o palco do Festival Todos. Foto: Marcos Borga
ALGUNS DESTAQUES
Arroios – Mesa Global > vários rerstaurantes > 12-15 set, qui-dom
“Gelsomina Dreams”, Compagnie Blucinque > Auditório Camões, R. Almirante Barroso, 25, A > 12 set, qui 20h30 > grátis
“Macacos”, de Clayton Nascimento > Espaço Escola de Mulheres, R. Alexandre Braga, 24 A > 13-14 set, sex 21h, sáb 19h > €3
Leo Middea Toca 3 Canções > Banco de Portugal, Av. Almirante Reis, 71 > 14 set, sáb 17h
“Taroo”, com Said Mouhssine > Alameda Dom Afonso Henriques > 14-15 set, sáb 16h, dom 17h > grátis
Malú Garcia > Alameda D. Afonso Henriques > 14 set, sáb 17h30 > grátis
“Muda”, Companhia Clara Andermatt > Escola Secundária de Camões, Pç. José Fontana > 14 set, 21h > grátis, por ordem de chegada
Festival Todos – Caminhada de Culturas > 12-15 set, qui-dom > Programação completa em festivaltodos.com
O regresso de férias, para o qual adotamos o estrangeirismo de rentrée, é sempre um ato mais ou menos doloroso, consoante os indivíduos e as suas circunstâncias.
Não chegando ao cúmulo do estado de espirito do nosso rei D. Carlos que, quando regressava a Portugal, quase sempre vindo da Inglaterra que amava, dizia aos que o rodeavam que regressava “de novo a esta choldra”, voltar às rotinas, às mesmas caras, aos mesmos eternos e recorrentes problemas, às mesmas passa-culpas, aos mesmo protagonistas, é um exercício de profunda violência.
Enquanto o país esteve a banhos, eu incluída, continuou a cegada da aprovação ou não dum orçamento que, quer-me parecer, ainda nem o Governo conhece, num profundo desrespeito pelo superior desígnio nacional, colocando os interesses partidários em primeiro lugar.
Newsletter
Tédio e desalento!
As duas guerras continuam num crescendo de desrespeito pelo direito internacional e suas instituições, com corridas cada vez mais selváticas a armas mais potentes, mais mortes, mais sofrimento, num total desprezo pelas vidas humanas ceifadas e pelas gerações vindouras comprometidas.
Cansaço e desespero.
A rota de imigração mais mediática deslocou-se do Mar Mediterrâneo para o Canal da Mancha, mas as vidas continuam a ficar emersas e findas, nas águas de fronteira sem uma solução real à vista. Continuamos a falar de migração regular mas das palavras aos atos vai o tamanho dum mar de cadáveres.
Vergonha, desalento e profunda tristeza.
As mulheres portuguesas aos poucos vão desistindo de ter os poucos filhos que um sistema económico miserável de há décadas, aliado a um desnorte no apoio dado pelo sistema de saúde público, teima em não resolver ficando-se pelo esgrimir inglório de argumentos infantis em que “quem começou foi aquele menino” e não há quem dê um murro na mesa e lhe ponha cobro.
Raiva e frustração.
As instituições do Estado estão a saque. Ele foi o assalto ao MAI no melhor estilo Arsène Lupin. Ele foi a fuga de cinco presos perigosos duma cadeia de alta (!) segurança.
Por saber fica a forma como um só individuo sai com oito computadores debaixo do braço (deviam ser pequenininhos!) e para quê.
Ao contrário e praticamente nos antípodas, no Afeganistão, abandonado à sua (má sorte) e à ensandecida política repressiva da supremacia masculina, as mulheres deixaram de ter voz
Se não tinham informação relevante, porque carga de água é que o assalto não foi à Worten? Não é preciso ser-se muito fã da FoxCrime para intuir que foi um trabalho encomendado e feito com profissionalismo.
Como profissional foi a fuga de Vale de Judeus quase lembrando o filme os fugitivos de Alcatraz. Isto é gente que vê muitas películas!!!
Agora culpados num e noutro caso é que nem se vislumbram. Consequências políticas ou de comando está quieto! No final, vai ser o guarda prisional que tem que olhar para minúsculas telas de segurança ao mesmo tempo e não viu os meliantes em pleno campo aberto a saltarem o muro e o segurança da portaria da Secretaria Geral do MAI que foi fazer um xixizinho mesmo no momento X.
Ou melhor ainda: os verdadeiros culpados serão os andaimes e as escadas que possivelmente estarão proibidas de serem utilizados em lugares públicos.
Riso amargo e vergonha alheia.
Lá por fora a hora é do som e do silêncio das mulheres.
Os Estados Unidos da América arriscam-se a ter na Sala Oval a primeira mulher, que, além de não ser caucasiana (nem ter cor de cenoura como o outro candidato), tem o riso fácil de quem é empático, bem resolvido e olha com esperança o amanhã.
A gargalhada não é sinónimo de irracionalidade, como alguns querem fazer crer. É, sim, o som da felicidade, da harmonia que se pretende estender a toda a humanidade.
Se Trump tirasse o penso da orelha, talvez conseguisse ouvir a limpidez do som. O riso, quando puro, é a música da cascata dos sentimentos humanos. É esse o seu valor!
Ao contrário e praticamente nos antípodas, no Afeganistão, abandonado à sua (má sorte) e à ensandecida política repressiva da supremacia masculina, as mulheres deixaram de ter voz. Completamente!
O seu mutismo é a maior vergonha, a maior derrota de toda a política de igualdade de direitos protagonizada pelo Ocidente. O mesmo Ocidente que permitiu e continua a permitir que uma tal situação aconteça em pleno século XXI. Uma situação que remete as mulheres para a condição de animais fustigados, amordaçados, explorados por homens que esquecem que provêm, todos eles, duma mulher.
No Afeganistão, nos últimos meses, o número de suicídios de mulheres reportados triplicou. Como cisnes, o seu último som é o canto de quem escolhe a única liberdade que lhe é permitida.
Medo, Fúria, Raiva mas… Esperança.
A esperança que nasce em cada renovação. E não é para isso que servem as férias?
Bem-vindos, pois, a este velho quotidiano.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.