A arquitetura x86 enfrenta desafios crescentes, que, no limite podem levar ao desaparecimento do que foi, e tem sido, a base dos processadores para PC desde há décadas. Por um lado, temos a evidente incapacidade da Intel, a ‘mãe’ do x86, evoluir a tecnologia ao ritmo a que estávamos habituados. Ao ponto de muitos analistas dizerem que a Intel deixou de ser uma empresa de engenheiros inovadores, para passar a ser uma empresa de gestores burocratas. Por outro lado, temos a ascensão da arquitetura ARM, impulsionada por avanços tecnológicos e mudanças no mercado. O crescimento desta arquitetura é inegável. Chips como o Snapdragon X, usados em vários portáteis com a marca Copilot+ PC, demonstram o poder e a versatilidade desta tecnologia. A utilização do Windows 11 com o Snapdragon X é uma experiência completamente diferente, para melhor, do que foram as primeiras tentativas de trazer o ARM para o PC.

A facilidade de criação de apps multiplataforma é um fator crucial. A arquitetura ARM permite aos programadores criamre aplicações que funcionam em smartphones, tablets e PCs, simplificando o processo e o custo de desenvolvimento e aumentado o número potencial de utilizadores. A crescente disponibilidade de software para Windows otimizado para ARM reforça essa tendência, oferecendo aos utilizadores uma experiência fluida e consistente em todos os seus dispositivos.

A tendência para passar cada vez mais processamento para os NPU (Unidades de Processamento Neural) e para os GPU (unidades de processamento gráfico) é outro ‘prego no caixão’ para o x86, já que as unidades de processamento central (CPU) vão perdendo relevância.

Além disso, a arquitetura ARM oferece vantagens significativas em termos de eficiência energética. Consequência do design otimizado para dispositivos móveis, que permitem menor consumo de energia, característica importantíssima numa época onde o mercado dos PC é dominado pelos portáteis, e os desktop sem limitações no consumo energético passaram a ser uma pequena minoria.

Naturalmente, sobretudo em grandes organizações, é importante garantir a retrocompatibilidade. Esta é uma das principais razões para que a transição para a arquitetura ARM não possa acontecer da noite para o dia. A que se vem juntar a inércia do mercado, nomeadamente relações comerciais e cadeias de valor estabelecidas ao longo de décadas. Mas estes fatores não serão suficientes para impedir a progressão do ARM.

A indústria da tecnologia está em constante evolução e a arquitetura x86, apesar de sua longa e fantástica história, não está imune a essa mudança. O declínio da arquitetura x86 no PC será inevitável. Mas representa uma oportunidade para a indústria reinventar-se, de modo a criar um futuro mais eficiente, conectado e inovador para a computação pessoal.

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O Telegram atualizou a política de privacidade e explica que se for recebida “uma ordem válida das autoridades judiciais relevantes que confirmem que o utilizador é suspeito num caso envolvendo atividades criminais que violem os Termos de Serviço”, a plataforma vai “fazer uma análise legal do pedido”, podendo “informar o endereço de IP e número de telefone às autoridades relevantes”. Na prática, a plataforma que era conhecida pela sua privacidade e anonimato, vai agora passar a ceder dados de utilizadores suspeitos.

Esta alteração surge depois de o CEO Pavel Durov ter sido detido em França, acusado de estar a cooperar com as atividades ilegais na plataforma. Agora, o próprio executivo explica numa publicação que pretende “impedir os criminosos de abusarem” da função de pesquisa da aplicação que tem vindo a ser usada por criminosos para “vender bens ilegalmente”. Por outro lado, fica o aviso de Durov: “ tornamos claro que o endereço de IP e número de telefone de quem viole as nossas regras podem ser revelados às autoridades competentes em resposta a pedidos legais válidos” e a conclusão: “não deixaremos que maus atores coloquem em perigo a integridade da nossa plataforma para quase mil milhões de utilizadores”, cita o The Verge.

Até aqui, a política de revelar informação abrangia apenas os suspeitos de participação em atividades terroristas, sendo agora alargado para todos os tipos de suspeitos. A informação de que foram cedidos dados ou não às autoridades vai constar dos relatórios de transparência que são publicados trimestralmente.

Os canais do Telegram estão a ser usados em atividades de terrorismo, abuso sexual de menores, tráfico de drogas e extremismos. A plataforma emprega moderadores humanos e Inteligência Artificial para identificar e remover conteúdo problemático desta funcionalidade de pesquisa.

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É uma tradição que se repete desde 2017 esta de juntar em Lisboa centenas de representantes da indústria da música independente, entre agentes, programadores e músicos das mais diversas latitudes, sempre com o azimute direcionado para as novas sonoridades urbanas. O lema do MIL é bem elucidativo do seu objetivo: “Descobre enquanto é segredo.”

À boleia das descobertas do público vêm a promoção, a valorização e a internacionalização de toda esta panóplia de música emergente, que, mais do que mapear o presente, aponta também muitos possíveis caminhos para o futuro.

Os concertos voltam a acontecer entre o Cais do Sodré e Santos, em sete salas: Musicbox, Roterdão, Espaço Atmosferas (ETIC), Lounge, Titanic Sur Mer, B.Leza e LISA, que vão receber mais de 60 artistas, com grande destaque para a nova música portuguesa, mas não só, como também já é tradição neste festival.

Entre a comitiva nacional sobressaem nomes como A Sul, Agressive Girls, Capital da Bulgária, Cleidir e Zé Rasta, Humana Taranja, MДQUIИД, Maria Reis, Nayr Faquirá, Fidju Kitxora ou Yeri & Yeni. Outra comitiva de peso é a dos países de língua portuguesa, com especial destaque para o Brasil, que conta com diversas estreias em palcos nacionais, como é o caso de Irmãs de Pau, Rachel Reis, Luana Flores, Papisa ou Cabezadenego e Kyan. O contingente internacional conta ainda com representantes de países como Espanha, França e Bélgica.

Em paralelo com o festival, decorre mais uma vez a Convenção MIL, direcionada aos profissionais da indústria e que este ano estará sediada no Hub do Beato, onde serão debatidos três eixos inter-relacionados: Cultura e Política, Economia Noturna e Indústria da Música, numa programação diversificada que inclui entrevistas, fóruns, mesas-redondas, conversas, apresentação de projetos, oficinas e laboratórios.

MIL > Vários locais de Cais do Sodré e Santos, Lisboa > 25-27 set, qua-sex 21h > €21,63 a €32,44 (passe) > programa completo aqui

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A greve nacional foi convocada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que aponta como “único responsável” por esta jornada de luta a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que “nada fez para resolver o problema da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”. A paralisação estende-se até quarta-feira e inclui uma manifestação esta tarde junto ao Ministério da Saúde.

“A Fnam apresentou as soluções atempadamente, mas Ana Paula Martins preferiu não as incorporar para termos mais médicos no SNS e, como tal, somos empurrados para esta greve”, disse Joana Bordalo e Sá, presidente da Fnam, em declarações à agência Lusa.

“Nós também exigimos um ministro ou ministra que perceba de saúde e que consiga servir o SNS na sua essência, que é um dos garantes da nossa sociedade e da nossa democracia”, sublinhou a dirigente.

Entre as reivindicações da Fnam está a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.

A líder sindical disse que se preveem “constrangimentos na atividade programada, com consultas e cirurgias adiadas”, garantido, no entanto, que “os serviços mínimos serão escrupulosamente cumpridos”.

A greve coincide também com uma paralisação de enfermeiros, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Em declarações à Lusa, o presidente do SEP, José Carlos Martins, disse não ter havido qualquer articulação com os médicos relativamente à greve, tratando-se de uma coincidência.

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Publicado este mês pela Associação Americana para a Investigação Oncológica, um novo estudo estima em 13% a percentagem de casos totais de cancro registados a nível mundial em 2018 (2.2 milhões) que têm na sua origem uma infeção por vírus ou bactérias, o que quer dizer que há a possibilidade de serem travados com vacinas e tratamentos. Embora não sejam as únicas, os investigadores centraram-se nestas quatro infeções porque representam mais de 90% dos casos de cancro atribuíveis a patógenos e para as quais já há tratamento e/ou profilaxia disponíveis: o HPV, as hepatites B e C e a Helicobacter pylori.

HPV ou vírus do papiloma humano

Há mais de 200 tipos de HPV, mas nem todos aumentam o risco de cancro cervical, genital ou oral. A maioria das infeções resolve-se naturalmente, mas estima-se que cerca de 10% das mulheres com infeção cervical por HPV acabem por desenvolver uma infeção persistente com um dos tipos do vírus considerados de alto risco e que pode levar ao surgimento de lesões cancerígenas.

Em Portugal, a vacina contra o HPV está incluída no Programa Nacional de Vacinação para as raparigas de 10 anos e os rapazes nascidos a partir de 2009 também podem, desde outubro de 2020, receber a vacina gratuitamente. A Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda ainda a vacinação contra o HPV a todos os adolescentes do sexo masculino que não estejam incluídos na vacinação gratuita.

Hepatite B e C

O fator de risco mais comum para o cancro do fígado é a infeção crónica com hepatite B e C. Sunyoung Lee, oncologista especializado em cancros do trato gastrointestinal, contou ao The New York Times que pergunta sempre aos seus pacientes quando é que lhes foi diagnosticada hepatite, porque a exposição prolongada ao vírus deixa os doentes num risco muito mais elevado de cancro hepático. Estes vírus começam por provocar inflamação nas células do fígado. A inflamação crónica leva à acumulação de tecido cicatricial no fígado – conhecida como cirrose – que é uma fator de risco considerável para o cancro. No caso da hepatite B, o vírus pode alterar diretamente células até aí saudáveis, tornando-as cancerígenas.

Ambas as infeções podem ser detetadas com uma simples análise ao sangue e, no caso da hepatite B há vacina. Para a C não há vacina, mas pode ser tratada com medicação antiviral.

A infeção crónica com hepatite B e C é ainda um fator de risco para o linfoma de non-Hodgkin.

As infeções com esta bactéria são muito comuns. Tão comuns que, na realidade, cerca de metade da população mundial é portadora da H. pylori. No entanto, só 1 a 3% vão desenvolver cancro e os cientistas não percebem porquê nem por que mecanismos a bactéria pode provocar o aparecimento de uma doença oncológica.

A maioria dos infetados com a Helicobacter pylori, presente na saliva, na placa bacteriana dos dentes e nas fezes, é assintomática, mas a infeção pode acabar por produzir inflamação crónica no revestimento do estômago, o que, por sua vez, é um fator de risco para o cancro. A bactéria também leva proteínas tóxicas para as células, que ficam sujeitas a mutações. Os investigadores sabem também que a estirpe da bactéria e a genética de cada um pode desempenhar igualmente um papel neste processo.

“A infantaria ganha batalhas, a logística ganha guerras.” Esta máxima militar, atribuída ao general americano John J. Pershing, comandante das Forças Expedicionárias Americanas na Primeira Guerra Mundial, tem estado a ser testada na Ucrânia e na Rússia (sim, agora que o exército ucraniano deu a provar à Rússia do seu próprio veneno, invadindo Kursk, já é factualmente incorreto chamar-lhe “guerra na Ucrânia”).

A estratégia russa é a mesma desde a Grande Guerra: ondas de carne humana enviadas para a frente, na esperança de que a sua infantaria suplante em homens o número de balas do inimigo, provando-se que os comandantes de Moscovo não deram ouvidos a Pershing nem ao bom-senso. E sim, confirma-se que ganha batalhas desta forma: Mariupol, Sievierodonetsk, Bakhmut e Avdiivka, por exemplo, ainda que sejam vitórias pírricas, em que se trocaram dezenas de milhares de vidas russas por uns palmos de terra.

Já a estratégia da Ucrânia é, desde muito cedo, enfraquecer as linhas logísticas russas. Enquanto o Kremlin trata os seus homens como carne para canhão e ataca, cobardemente, infraestruturas civis, Kyiv vai destruindo, metodicamente, os depósitos de munições russos, secando a máquina militar inimiga. A semana passada foi provavelmente a mais profícua nesta estratégia ucraniana, com dezenas de milhares de toneladas de material a esfumarem-se em explosões colossais, em vários depósitos, incluindo mísseis fornecidos pela Coreia do Norte.

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