O dia 28 de setembro de 1974 amanheceu com bom tempo, ainda convidativo para uma ida à praia. A Ponte 25 de Abril, em Lisboa, recém-rebatizada depois de retirada a placa toponímica “Ponte Salazar”, foi muito utilizada pelos lisboetas, durante todo o dia. Pela manhã, porém, movimentações militares do COPCON (Comando Operacional do Continente, criado a 8 de julho e comandado pelo estratega do 25 de Abril, o major graduado em brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho) restringiram, logo às primeiras horas, as movimentações civis. Foram erguidas barricadas, por populares – na verdade, elementos mobilizados, sobretudo, pelo PCP – que à entrada sul da ponte, do lado de Almada, ou em Sacavém, no final da Autoestrada do Norte, revistavam minuciosamente todas as viaturas, sob o olhar complacente dos militares, e sem outra autoridade que não fosse a da “legitimidade revolucionária”. A tensão sentia-se no ar, sobretudo quando foram encontradas duas ou três caçadeiras nas bagageiras de automóveis de gama alta, nomeadamente, da marca Mercedes-Benz, a favorita dos ”reacionários”. Muitos dos “apanhados” preparavam-se, inocentemente, para o dia seguinte, um domingo, em plena época de caça. No final, a manifestação de apoio ao Presidente da República, general António de Spínola, convocada para esse dia, em Belém, às 15h, acabou por ser boicotada e já não se realizou. No fundo, desconfiavam a ala esquerda militar e boa parte do povo que vitoriara, cinco meses antes, os capitães de Abril, que o que se preparava não era bem uma manifestação, mas uma marcha sobre Lisboa, que evocava outros exemplos, de triste memória, como a Marcha sobre Roma, de Benito Mussolini, em 1922. Para não falar do levantamento do 28 de maio de 1926, que começara por uma marcha desde Braga – mas essa era protagonizada pela tropa –, comandada por Gomes da Costa e instauradora da ditadura militar que daria origem ao Estado Novo, e inventaria uma criatura chamada Salazar. O anterior nome desta ponte.

Isto é uma tourada

Mas a época não era apenas de caça – e a “caça ao fascista” não era a única modalidade praticada nessa Lisboa, metade revolucionária e metade castiça. Era, também, o final da época das touradas que, tal como a caça, tinham os seus dias de atividade às quintas-feiras (no Campo Pequeno) e aos domingos (noutros locais do País). Dois dias antes, uma quinta-feira, precisamente, decorrera a “festa brava” na praça de touros da capital, com a presença do Presidente Spínola e do primeiro-ministro, conotado com o PCP, Vasco Gonçalves. Ainda não se tinha intensificado o PREC (Processo Revolucionário em Curso), como viria a suceder no “verão quente” de 1975, mas o “gonçalvismo”, com uma repentina viragem à esquerda, na condução dos destinos do País, estava a afirmar-se desde junho, quando o advogado maçon e de centro-direita, Adelino da Palma Carlos, primeiro chefe de governo no pós-25 de Abril, se tinha demitido e sido substituído por este oficial de Engenharia Militar. Por essa altura, já uns enigmáticos cartazes de aspeto um tanto ou quanto inquietante, com um boneco sem boca, que fazia lembrar o dr. Strangelove, convocavam os portugueses para uma manifestação de apoio a Spínola, para dar voz, finalmente à suposta “maioria silenciosa”. Ou seja, segundo os organizadores – que se escondiam atrás do anonimato, mas que pertenciam aos grupos de direita radical do Partido do Progresso (PP) e do Partido Liberal (PL) e se escudavam no pretexto de pugnarem pela não desvirtuação do programa do MFA… –, havia uma maioria de portugueses que, não podendo manifestar-se nas gritarias da revolução, se preocupava – em sintonia com as preocupações de Spínola – com o caminho que o País tomava, conduzido por Vasco Gonçalves, por Otelo, pelo MFA, pelo PCP e pela pulsão descolonizadora protagonizada, entre outros, pelo “almirante vermelho”, Rosa Coutinho, governador de Angola. Essa “maioria silenciosa” descia, finalmente, à capital, para fazer ouvir a sua voz.

História viva Em cima, barricadas à entrada de Lisboa e os elementos da Junta de Salvação Nacional.Em baixo, Otelo e Costa Gomes. O Presidente Mário Soares foi quem reabilitou o general Spínola

Uma manifestação à medida do que se desconfiava ser o projeto bonapartista do “general do monóculo” que, depois da crise Palma Carlos – e que à esquerda se entendia pelo falhado “golpe Palma Carlos” –, ensaiava agora uma segunda tentativa. Recorde-se que Palma Carlos se demitiria por ver recusada, no Conselho de Estado, uma proposta de lei constitucional que adiava as eleições um ano e meio e para as calendas de 1977 uma Constituição definitiva. E que, entretanto, colocava nas mãos do Presidente da República, praticamente, todo o poder. Ao mesmo tempo, Spínola tinha percorrido o País, apelando ao povo simples – começava sempre os discursos, em grandes comícios populares, com a formulação “meu bom povo!” –, alertando contra o perigo que pairava: o da substituição de uma ditadura de direita por uma nova ditadura de esquerda, imposta pelos comunistas. Ao mesmo tempo, procurava intervir no processo de descolonização, adiando ao máximo as independências e colocando-as, mesmo, em causa, mediante a realização de referendos nas colónias, uma ideia inaceitável, quer para os movimentos de libertação, quer para os próprios militares portugueses que tinham feito o 25 de Abril, precisamente, para acabar com a Guerra Colonial. Mário Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, encarregado de negociar com os antigos “terroristas” africanos, era permanentemente ultrapassado pela situação de facto, no terreno, onde nenhum soldado queria arriscar perder a vida, para impor um referendo, agora que o fim da guerra se tinha anunciado. As posições eram, portanto, inconciliáveis.

Os setores tauromáquicos são, ainda hoje, muito ligados à direita e à direita radical. Mesmo que o universo de aficionados seja, politicamente, bastante transversal – aliás, a tradição tauromáquica está mais implantada a sul, em autarquias historicamente comunistas… De repente, naquela corrida de 26 de setembro, a multidão explodiu em vivas a Spínola, enquanto apupava e insultava Vasco Gonçalves. E o cavaleiro José João Zoio, na primeira bandarilha espetada, terá mesmo desfraldado uma bandeira que replicava o cartaz da maioria silenciosa. Cá fora, houve desacatos. Sentia-se a eletricidade no ar.

Estado de sítio?

Umas semanas antes, uma comissão encabeçada pelo general spinolista Galvão de Melo, membro da Junta de Salvação Nacional, órgão constituído no dia 25 de abril, e que seria, mais tarde, candidato a Belém e deputado independente pelo CDS, propusera a Spínola a realização da manifestação, uma ideia que o PR aceitou de forma entusiástica. Com Melo, estavam o coronel Fernando Cavaleiro, presidente da comissão organizadora, e o general Almeida Viana, presidente da Liga dos Antigos Combatentes. O dia 28 de setembro, um sábado, era a data aprazada para a manif. A direita faria uma demonstração de força.

Assustado, naquela manhã, mas percebendo a oportunidade, o PCP mobilizou, portanto, os seus militantes para erguerem barricadas nas entradas de Lisboa: “Não passarão!” Alegadamente, fizeram-no em busca de armas proibidas – mas, na prática, atemorizaram os eventuais manifestantes, dissuadindo-os e desmobilizando-os. Bem entendido que estas ações foram autorizadas pelo MFA colaborante e que nem o PS nem o PPD (futuro PSD), representados no governo, mexeram uma palha para garantir o direito à manifestação que, a partir daquela data, parecia ser exclusivo da esquerda. O CDS e os seus dirigentes, apesar de se terem demarcado da iniciativa, é que passaram um mau bocado, o que teria desfecho dramático no cerco ao seu congresso no Palácio de Cristal, no Porto, quatro meses depois.

Tensão No Diário de Lisboa, fazia-se menção às provocações dos reacionários, durante a tourada. O cartaz tinha as palavras “maioria silenciosa” no lugar da boca do estranho boneco. E Spínola ainda era o homem do momento…

É claro que a convocação da manifestação por elementos de partidos não representados no Governo Provisório enfraquecia a sua credibilidade democrática e originava profundas desconfianças. Spínola, por sua vez, nada fez para procurar o apoio dos partidos democráticos moderados, o PS e o PPD. Provavelmente, sabia que eles, naquela fase, não só não estavam interessados em prestar esse apoio, como até estavam desejosos de se verem livres dele.

No dia 29, de manhã, numa tempestuosa reunião em Belém, Spínola procurou impor o estado de sítio, na área metropolitana de Lisboa. E um dos seus próximos, o general Firmino Miguel, ministro da Defesa (que se demitiria) chegou a dizer que havia graves tumultos na Margem Sul do Tejo, com derramamento de sangue. Todavia, o general Francisco da Costa Gomes, também da Junta de Salvação Nacional (JSN) e primeira escolha dos capitães para a Presidência da República (caso Spínola, em abril, não se tivesse antecipado), decidiu ir ver com os seus próprios olhos, tendo sobrevoado toda a região, de helicóptero. Ora, tal como diria a antiga formulação do Estado Novo, afinal “reinava a tranquilidade em toda a Nação”.

Obviamente, demito-me

No seu discurso de renúncia ao cargo, perante os 19 conselheiros de Estado e com a presença das câmaras da RTP, que transmitia em direto, Spínola faz uma análise bastante pessimista do estado a que a revolução chegara. Depois de ter traçado um quadro negro e ultrapessimista do “caos nacional”, nas suas vertentes política, social e económica, o “general do monóculo” proferiu a frase definitiva: “Renuncio ao cargo de Presidente da República.” Sim, porque um PR não se demite, por não ter a quem apresentar a demissão. Ou fica ou sai. Ou preside ou renuncia. A seguir, Spínola pegou nos seus papéis, encerrou a sessão e foi para casa.

Minutos depois, porém, a reunião do Conselho de Estado era reaberta, agora sem Spínola nem os seus apoiantes da junta, que se demitiram com ele. Eram saídas há muito reclamadas pela Comissão Coordenadora do MFA, um órgão formado pelos capitães e que tinha ganhado cada vez mais protagonismo, comportando-se como um verdadeiro poder paralelo. Saíam, assim, Galvão de Melo, Silvério Marques, Diogo Neto, Almeida Bruno e Ricardo Durão. Permaneciam Costa Gomes, Pinheiro de Azevedo e Rosa Coutinho. Costa Gomes pede aos jornalistas que saiam da sala, antes de retomar os trabalhos, agora mais informalmente.

O nº 2 da JSN dirige-se aos conselheiros e pergunta: “Parece-me que haverá que proceder, de imediato, à designação de um novo Presidente da República. Não será assim?” E pede aos conselheiros juristas, nomeadamente, Freitas do Amaral, Isabel Magalhães Colaço e Azeredo Perdigão, que digam de sua justiça. Veio à mesa a lei 3/74 – a lei constitucional provisória – e procurou-se a norma aplicável: “O Presidente da República é escolhido pela Junta de Salvação Nacional, de entre os seus membros.” Ou seja, competia à junta e não ao órgão Conselho de Estado designar o sucessor de Spínola. Freitas do Amaral sugeriu que os elementos civis saíssem e que ficassem apenas os membros da junta, para deliberar. Mas Costa Gomes atalhou logo: “Não senhor, não há nada a esconder. Podemos fazer tudo perante o Conselho de Estado e até é preferível que assim seja.”

Subsistia um problema: após a saída dos militares spinolistas, a junta tinha agora apenas três membros (um dos quais, Rosa Coutinho, se encontrava em Angola), quorum insuficiente para se proceder à designação de um novo PR. Era preciso cooptar, pelo menos, dois e, depois, os cinco cooptariam mais dois, para fechar o elenco. Um processo moroso que não permitia uma decisão rápida. Mas Isabel Magalhães Colaço desataria o nó: numa situação de exceção e necessidade, qualquer órgão colegial estava habilitado a funcionar com três elementos. E estes tinham, portanto, toda a legitimidade para proceder à escolha, imediatamente. Bastava telefonar para Luanda e recolher o voto de Rosa Coutinho. Os outros juristas estavam de acordo. E Pinheiro de Azevedo, o outro militar presente, além de Costa Gomes, declarou: “Por mim, voto já no Costa Gomes. Se o Rosa Coutinho também o fizer, fica o assunto arrumado.” E foi assim que Costa Gomes foi eleito (com um voto por telefone, de caminho…), mantendo-se no cargo até 1976, com o País já munido de uma Constituição e com um sufrágio direto e universal. Seria, assim, António Ramalho Eanes o primeiro Presidente da República eleito pelos portugueses.

Em jeito de epílogo, deve acrescentar-se que, naquele transe, o PCP tomou consciência da sua força: tinha parado uma capital, a maioria dos militares parecia estar nas suas mãos e uma manifestação hostil fora neutralizada. Vinham aí o 11 de março e o “verão quente”, principais consequências de tudo isto.

50 anos depois, o dia 28 de setembro, um sábado, será a data de uma manifestação contra os imigrantes, promovida pelo Chega – onde se acolhem vários antigos dirigentes do PP, do PL e de outras associações primitivas da direita radical, ainda vivos. Finalmente, a maioria silenciosa vai ter a sua manifestação. Ainda que, por enquanto, não passe de uma minoria ruidosa.

Quatro protagonistas

Os mais poderosos, em 1974

Spínola 64 anos, o militarão
Governador militar da Guiné, escreveu o livro Portugal e o Futuro, no qual defendeu uma solução política para a guerra em África. Nomeado vice-CEMGFA, foi demitido um mês antes do 25 de Abril. Primeiro PR da democracia.

Costa Gomes 60 anos, o diplomata
Comandante militar de Angola. Implicado no Golpe Botelho Moniz (1961) que pretendia derrubar Salazar. CEMGFA demitido um mês antes do 25 de Abril. PR entre 1974 e 1976, tentou ser um ponto de equilíbrio entre moderados e extremistas, contribuindo para evitar a guerra civil.

Vasco Gonçalves 53 anos, o idealista
Um dos oficiais mais graduados do MFA, chefiou quatro governos provisórios e foi o militar mais próximo do PCP durante o PREC e o “Verão Quente” de 1975.

Otelo 38 anos, o revolucionário
Discípulo de Spínola, na Guiné, fez uma deriva ideológica para a extrema-esquerda. Estratega do 25 de Abril, chefiou o poderoso COPCON, destacamento operacional do MFA no PREC.


Pedro Nuno Santos não quer ficar “a meio caminho” na negociação do Orçamento do Estado para 2025. “O PS não quer ficar com 50% do Orçamento”, disse, numa conferência de imprensa no Largo do Rato, depois daquela que foi a sua primeira reunião sobre o tema com o primeiro-ministro.


Pedro Nuno Santos levou a Luís Montenegro uma pasta com propostas de alteração ao Orçamento do Estado. Mas a conversa só prossegue se, como tem repetido o líder do PS, o Governo da AD estiver disponível para deixar cair duas medidas: a descida transversal de IRC e o IRS Jovem. 


Os dois caminhos de Montenegro


Se não o fizer, Luís Montenegro poderá negociar à sua direita, lembrou Pedro Nuno, desdramatizando a ideia de que a estabilidade política do país está nas mãos do PS. Depois de André Ventura voltar a entreabrir a porta a uma viabilização, atirando pela janela o seu  “irrevogável”, o secretário-geral socialista frisou que esse é um caminho possível.
Se quiser negociar a abstenção do PS, Luís Montenegro terá de aceitar abdicar destas duas medidas, até porque é na margem ganha com a sua queda que Pedro Nuno Santos vai buscar espaço para acomodar as suas propostas.


Medidas para a classe média, os mais velhos e o SNS

Pedro Nuno Santos recorreu a um relatório do FMI, aos avisos do Conselho de Finanças Públicas e às contas feitas para duas consultoras para apontar falhas ao IRS Jovem e argumentar que ele não travará a imigração e aumentará a injustiça social. Deu o exemplo de uma pessoa com 36 anos e dois filhos e uma casa para pagar que pagaria, com este regime fiscal, três vezes mais IRS do que um jovem de 25 anos a viver com os pais.


Apontando a habitação como o fator que mais pesa no rendimento disponível dos jovens, propõe usar 500 milhões de euros durante dez anos para investir em casas públicas para a classe média, sem limitações de idades.


Pedro Nuno Santos também diz estar a pensar em todos quando propõe um pacote de 200 milhões de euros para criar um regime de exclusividade voluntária para médicos no SNS, ao mesmo tempo que pede a redução faseada da dependência da contratação de tarefeiros, concentrando os recursos na retenção de clínicos no serviço público.
Por fim, Pedro Nuno Santos quer um aumento extraordinário das pensões, que seja estrutural e não apenas um bónus sem repetição, como anunciou o Governo. “É uma questão de justiça”, declarou.
Todas somadas as medidas ficam um pouco aquém dos mil milhões de euros de que o Governo quer abdicar para baixar o IRS até aos 35 anos.

Ideias para as empresas


Quanto ao IRC, Pedro Nuno voltou a afirmar que esse “não é um problema da economia portuguesa” e defendeu benefícios fiscais que possam ajudar a alterar o perfil de especialização da economia nacional.
Num total de 100 milhões de euros, Pedro Nuno propõe apoios às empresas que aumentem salários ou que reforcem os seus capitais próprios, garantindo que esse dinheiro poderá ajudar pequenas e médias empresas.


Em todos os casos, Pedro Nuno Santos assegurou estar disponível para modelar as suas propostas e ajustá-las numa negociação com o Governo, desde o princípio que representam de “um Orçamento para todos e não só para alguns” se mantenha. As únicas linhas vermelhas são mesmo a descida transversal do IRC e o IRS Jovem.
A bola está agora com Luís Montenegro que, como explicou Pedro Nuno, não reagiu ainda às propostas socialistas, tendo ficado de as analisar.

As futuras missões espaciais à Lua podem vir a ser diferentes do que até agora se pensava. Uma equipa de cientistas do Planetary Science Institute, nos Estados Unidos, sugere num novo estudo que, afinal, há mais água à superfície do satélite natural da Terra. 

Ao analisarem mapas mineralógicos de diferentes latitudes da Lua, com dados recolhidos através da sonda indiana Chandrayaan-1 entre 2008 e 2009, os investigadores chegaram à conclusão de que existem sinais de múltiplas fontes de água e de hidroxila (uma molécula composta por hidrogénio e oxigénio) em rochas e terrenos iluminados pelo Sol. 

Os cientistas analisaram os dados recolhidos pelo espectrometro Moon Mineralogy Mapper (ou M3) da sonda Chandrayaan-1, que registou a luz infravermelha refletida pela superfície da Lua, em busca das ‘assinaturas’ de cor correspondentes às da água e hidroxila. Essas ‘assinaturas’ foram encontradas em todas as latitudes lunares, com algumas zonas a serem mais abundantes do que outras.

Créditos: NASA/ISRO/M3 Team/PSI/R. Clark.

A equipa verificou também que a água na superfície da Lua é metaestável. Com o passar do tempo, e tendo em conta a exposição a ventos solares, as moléculas de H2O vão se degradando ao longo de milhões de anos, deixando apenas moléculas de OH, ou hidroxila. 

Em comunicado, Roger Clark, cientista do Planetary Science Institute e principal autor do estudo, afirma que “combinando todas as evidências encontradas”, é possível ver “uma superfície lunar com uma geologia complexa”, com quantidades significativas de moléculas de água por baixo da superfície e com uma camada de hidroxila superficial. 

O investigador explica que tanto eventos que levam à criação de crateras (à semelhança de impactos de meteoros) como atividade vulcânica “podem trazer materiais ricos em água para a superfície”. 

“Futuros astronautas poderão encontrar água até mesmo perto do equador lunar” ao explorarem as zonas com maior riqueza destas moléculas, realça “Anteriormente acreditava-se que era apenas na região polar, em particular, nas crateras profundamente cobertas por sombras, onde seria possível encontrar água em abundância”, detalha o investigador. “Saber onde a água está localizada ajuda não só a compreender a história geológica lunar, mas também onde os astronautas a poderão encontrar no futuro”.

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Numa intervenção prévia às questões dos deputados, Marta Temido assegurou que não teve “qualquer contacto com o caso” e que isso ficou provado no relatório realizado pela Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre o caso.

Questionada pela deputada da Iniciativa Liberal Joana Cordeiro sobre quando teve conhecimento deste caso, Marta Temido explicou que recebeu um contacto de uma jornalista de televisão que lhe questionou se tinha “ouvido falar de uma tratamento com o medicamento mais caro do mundo que envolvia umas crianças gémeas”.

“Respondi à jornalista aquilo que a minha memória me trazia. Tinha uma ideia de várias crianças (…) e disse-lhe ‘tenho ideia, uma vaga ideia de umas gémeas’, mas o meu distanciamento do caso e a minha total boa-fé foi tanta que continuei na minha atividade”, explicou.

A eurodeputada socialista assegurou ainda que as crianças “não tiveram um acesso facilitado” ao medicamento e que, embora “o processo possa hoje estar a ser questionado sobre aquilo que envolveu”, as gémeas luso-brasileiras “tiveram o acesso que tinham de ter”.

Questionada pela deputada Joana Cordeiro sobre a consulta ter sido marcada a pedido de Lacerda Sales, Temido escusou-se a comentar, referindo que a avaliação desse pedido deve ser feita pelos deputados da comissão.

A diabetes tipo 2 é uma patologia metabólica crónica, distinguida pela presença persistente de hiperglicemia, isto é, níveis elevados de glicose no sangue. O seu desenvolvimento resulta de uma deterioração progressiva da capacidade do pâncreas de produzir insulina, associada a uma resistência à ação desta hormona em órgãos como o fígado e nos músculos. Fatores ambientais e comportamentais, como sedentarismo, alimentação e obesidade desempenham um papel no desencadeamento desta doença. A “sabedoria” convencional afirmava que a diabetes era irreversível, mas estudos recentes mostram que intervenções no estilo de vida podem alcançar a remissão da diabetes em pessoas com esta doença. Esta possível remissão da diabetes tipo 2 ocorre quando os níveis de açúcar no sangue retornam a um nível seguro e sem a necessidade de medicamentos para reduzir a glicose a longo prazo (>12 meses). Mas então o que é preciso fazer para isso acontecer?

Investigadores americanos quiseram determinar a taxa de remissão da diabetes tipo 2 em pessoas recentemente diagnosticadas com excesso de peso ou obesidade, com um programa de perda de peso e exercício de 6 meses. O estudo incluiu um programa de exercício físico, com sessões supervisionadas e caminhadas diárias, além de sessões semanais de aconselhamento comportamental sobre dieta e atividade física. Após a intervenção, que envolveu um aumento gradual da atividade física e redução calórica, os participantes perderam em média 9,7kg, melhoraram a capacidade aeróbia e apresentaram mudanças favoráveis na composição corporal. Oito dos dez participantes que completaram o estudo atingiram remissão parcial da diabetes.

Num estudo realizado em 2017, os participantes no grupo experimental seguiram um programa de reeducação alimentar, com o objetivo de perder pelo menos 15 kg de peso e manter essa perda. Medicamentos antidiabéticos e anti-hipertensivos foram interrompidos no início, com reintrodução apenas se necessário. Os participantes mantiveram a atividade física habitual, com pedómetros para aumentar a atividade até 15.000 passos diários. No grupo de intervenção, 46% dos participantes atingiram remissão da diabetes, em comparação com 4% no grupo de controlo. A remissão foi mais comum entre aqueles que perderam mais peso, com 86% de remissão entre os que perderam 15 kg ou mais. O grupo de intervenção perdeu, em média, 10 kg, enquanto o grupo de controlo perdeu apenas 1 kg e a qualidade de vida melhorou significativamente no grupo de intervenção.

Recentemente, investigadores da Universidade de Pequim na China analisaram 12 estudos envolvendo 3997 pessoas com diabetes tipo 2. Os programas no estilo de vida incluídos nos estudos foram, principalmente, intervenções nos hábitos alimentares e intervenções combinando dieta e atividade física. Os programas de atividade física incluíram treino aeróbio e treino de força de intensidade moderada, e atividade física como caminhadas. Os resultados indicaram que as alterações no estilo de vida impostas pelos programas foram eficazes para alcançar a remissão da diabetes, reduzir o peso e melhorar a qualidade de vida em pessoas com diabetes tipo 2.

Isto são evidências preliminares relevantes, indicando que mudanças para um estilo de vida saudável em pessoas com diabetes tipo 2 podem melhorar a qualidade de vida, havendo a hipótese de remissão da doença. Porém, para que estas mudanças ocorram, é necessário que as mudanças sejam mantidas. Não basta fazer o esforço para depois descansar à sombra da bananeira. É preciso continuar a ter um estilo de vida saudável, através da prática de atividade física e uma alimentação equilibrada, para que a doença deixe de ter impacto na vida das pessoas. De forma resumida, as recomendações dos investigadores são a prática de atividade física aeróbia como caminhadas, treino de força regular e manter ou aumentar a atividade física espontânea como dar mais passos. Além disso, um registo alimentar ajustado para a perda de peso pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

Referências:

Ades, P. A., Savage, P. D., Marney, A. M., Harvey, J., & Evans, K. A. (2015). Remission of recently diagnosed type 2 diabetes mellitus with weight loss and exercise. Journal of cardiopulmonary rehabilitation and prevention, 35(3), 193–197. https://doi.org/10.1097/HCR.0000000000000106

Lean, M. E., Leslie, W. S., Barnes, A. C., Brosnahan, N., Thom, G., McCombie, L., Peters, C., Zhyzhneuskaya, S., Al-Mrabeh, A., Hollingsworth, K. G., Rodrigues, A. M., Rehackova, L., Adamson, A. J., Sniehotta, F. F., Mathers, J. C., Ross, H. M., McIlvenna, Y., Stefanetti, R., Trenell, M., Welsh, P., … Taylor, R. (2018). Primary care-led weight management for remission of type 2 diabetes (DiRECT): an open-label, cluster-randomised trial. Lancet391(10120), 541–551. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)33102-1

Zhang, Y., Yang, Y., Huang, Q., Zhang, Q., Li, M., & Wu, Y. (2023). The effectiveness of lifestyle interventions for diabetes remission on patients with type 2 diabetes mellitus: A systematic review and meta-analysis. Worldviews on evidence-based nursing, 20(1), 64–78. https://doi.org/10.1111/wvn.12608

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

O VOLT Live é um programa/podcast semanal sobre mobilidade elétrica feito em parceria com a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).

No VOLT Live, episódio 83, fazemos uma análise de como decorreu a edição de 2024 do ENVE (Encontro Nacional de Veículos Elétricos), que decorreu no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Uma edição que ficou marcada por ter batido vários recordes: visitantes, veículos elétricos, expositores e test drives.

Na análise da qualidade, destaque para chegada, em força, da XPeng em Portugal, marcada por um evento de apresentação impressionante, onde nem faltou um “carro voador” (drone com capacidade para transportar duas pessoas).

Em Polo Positivo e Polo Negativo comentamos o novo anúncio da Mercedes sobre baterias sólidas e a indefinição do governo relativamente aos apoios para a compra de veículos elétricos.

O Peugeot e-Partner é o Produto em Destaque, um veículo comercial made in Portugal, muito competitivo em termos de custos operacionais, sobretudo para empresas de distribuição ‘porta a porta’.

Este episódio fica, ainda, marcado pela estreia da rubrica e-Dicas, onde explicamos como evitar esperar para carregar nos postos das autoestradas em dias de muito trânsito.

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Durante anos, a Samsung e a Apple dominaram o mercado global de smartphones, melhorando agora os seus novos dispositivos com recursos generativos de Inteligência Artificial. A maior empresa pública da Coreia do Sul integrou, por exemplo, tradução em tempo real para chamadas e edição generativa de fotos. Enquanto isso, a Apple está a lançar o novo iPhone 16 apetrechado com chips A18, que prometem revolucionar ainda mais o uso do smartphone. Mas toda esta inovação pode não chegar para suster o crescimento, aparentemente imparável, das marcas chinesas, como mostra o volume global de vendas no primeiro semestre deste ano

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