Na sociedade digital de hoje, a figura do bonus pater familias – o “bom pai de família” que age com prudência e diligência – enfrenta desafios sem precedentes. Esta figura – quase mitológica e pináculo da perfeição – representa o modelo de comportamento responsável, servindo de referencial para avaliar a conduta de alguém no cuidado com os seus bens e no cumprimento das suas obrigações.

No entanto, no mundo digital, este conceito clássico encontra obstáculos significativos. Num ambiente repleto de riscos invisíveis, como se pode esperar que se atue de forma diligente se, muitas vezes, desconhecem os perigos a que se está exposto?

A era digital trouxe uma revolução em termos de acessibilidade à informação, mas também criou um campo fértil para novas ameaças, muitas delas disfarçadas de conveniência ou inovação tecnológica e obrigatoriamente uma ideia de conforto e utilidade. Sem noção disso, estamos constantemente a fornecer os nossos dados pessoais – muitas vezes sem entenderemos realmente o alcance dessas ações e, acima de tudo, sem percebermos como esses dados podem ser usados, manipulados, a maior parte das vezes em nosso desfavor. Aqui reside o cerne da questão: a falta de literacia digital e a opacidade do mundo online tornam extremamente difícil que qualquer pessoa, por mais cuidadosa que seja, consiga exercer a diligência que o suposto bom pai de família deve garantir.

Convenhamos que, para agir de forma diligente, é necessário compreender os riscos. No entanto, no que diz respeito à proteção de dados pessoais, grande parte dos utilizadores da internet não tem conhecimento suficiente para entender como os seus dados são recolhidos, armazenados e utilizados, nem para que finalidades. Cada clique, cada login e cada “aceitar” nos termos de serviço de uma aplicação ou website pode ter implicações profundas, mas são poucos os que realmente compreendem o que está em jogo.

As plataformas digitais, os sites de comércio eletrónico e as redes sociais recolhem uma quantidade massiva de informações sobre nós, que vão desde preferências de consumo a dados de localização, até informações financeiras e pessoais sensíveis. Muitas vezes, estes dados são partilhados com terceiros ou utilizados para alimentar complexos algoritmos de marketing e publicidade. E, no entanto, quantos utilizadores têm plena consciência disto? Quantos percebem que estão a ceder algo valioso – as suas próprias informações?

De cada vez que permite que uma aplicação do seu telefone saiba a sua localização, está a dizer a pessoas (não sabemos a quem) onde está.

Usemos exemplos concretos para facilitar: de cada vez que permite que uma aplicação do seu telefone saiba a sua localização, está a dizer a pessoas (não sabemos a quem) onde está. E isso significa que, no limite, poderá até estar a informá-los de quando está em que lugar, o que é terreno fértil para descobrir rotinas, moradas de residência, escolas onde tem as crianças.

Vamos a outro: de cada vez que publica uma fotografia do seu filho nas redes sociais, por mais garantias que empresa lhe dê de que os seus dados estão guardados, saiba que há uma probabilidade enorme de elas aparecerem em redes de pornografia infantil e tráfico de crianças – não, não é apenas nos EUA que acontece.

E temos ainda os efeitos a longo prazo – que, em alguns países como a Austrália, já levaram pais a sentar-se no banco dos réus acusados pelos próprios filhos: tudo o que está na Internet permanece na Internet. E as crianças não são propriedade nossa, apesar de serem nossos filhos. Aliás, temos por responsabilidade garantir não apenas a sua sobrevivência, mas também a sua segurança. Com responsabilidade e consciência de que a sua informação, imagem e vida nos não pertence e, como tal, não deve ser exposta. Mesmo que os seus dados sejam, alegadamente protegidos pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).

O bonus pater familias digital, se existisse de forma realista, teria de ser alguém que compreende profundamente o estabelecido no RGPD, que sabe como os seus dados são processados, e que consegue avaliar corretamente os perigos de ceder informações pessoais. No entanto, a parca experiência da era digital vem demonstrando sempre uma vontade de as empresas retirarem vantagem do desconhecimento do utilizador. Com recurso a um excesso de complexidade técnica, aliado à falta de transparência, muitas empresas colocam o utilizador numa posição de vulnerabilidade. Não por acaso, é frequente que os utilizadores aceitem os termos e condições de serviços digitais sem tão pouco os lerem, ou, mesmo que tentem fazê-lo, muitas vezes encontram documentos longos e escritos numa linguagem jurídica que dificulta a sua plena compreensão – o que está longe de ser obra do acaso.

Ou seja, a possibilidade de as fotografias, ou as histórias que conta, ou a informação que usa sobre os seus filhos saltarem na cara de um recrutador na altura em que ele vai procurar emprego são exponenciais. Lembra-se daquele álbum de família que os seus pais, por norma, tinham em cima da mesa da sala para mostrar às visitas? Aquele que tinha fotografias embaraçosas das nossas pessoas enquanto crianças, com legendas que achávamos uma vergonha? Imagine que o seu atual chefe tinha acesso a este álbum quando o contratou. É mais ou menos isto que pode acontecer com as imagens dos seus filhos que coloca na Internet, atualmente. Podem mesmo ser um fator penalizado para eles, no futuro.

É que no cenário digital atual, os dados pessoais tornaram-se a moeda de troca mais valiosa. Desde as redes sociais até aos serviços de streaming e de comércio eletrónico, todos estão em busca dos nossos dados. Estes dados, por sua vez, são utilizados para criar perfis detalhados de cada utilizador, destinados a direcionar publicidade ou a influenciar decisões de consumo. Há, inclusivamente, quem defenda que vivemos num “capitalismo de vigilância”, onde importa mais vigiar o consumidor para prever e influenciar a sua próxima decisão económica do que realizar uma mera venda imediata de um produto. Quem não cedeu já à tentação de fornecer data de nascimento, género e gostos pessoais às Netflix ou HBO somente para não lidar com a sugestão de séries que não lhe fazem sentido? O problema é que não é apenas para isso que servem os dados.

Quem não cedeu já à tentação de fornecer data de nascimento, género e gostos pessoais às Netflix ou HBO somente para não lidar com a sugestão de séries que não lhe fazem sentido?

Mesmo os utilizadores que se preocupam com a sua privacidade e tentam proteger-se podem não ter conhecimento dos inúmeros mecanismos através dos quais os seus dados são recolhidos. A invisibilidade destes processos – e, muitas vezes, a nossa falta de paciência e capacidade para os compreendermos, é o que torna tão difícil cumprir o padrão do bonus pater familias no mundo digital. A diligência, neste contexto, não depende apenas de uma vontade de agir corretamente, mas também de uma compreensão técnica que muitos não possuem e que outros tantos agradecem e da qual beneficiam.

A tecnologia avança, hoje, a uma velocidade que ultrapassa a capacidade da maioria dos cidadãos de a compreenderem. Nós, que assinamos este artigo, incluídos em muitas das situações. Para que possam ser diligentes, os cidadãos precisam de saber como os seus dados pessoais são tratados, ou seja, como são recolhidos, utilizados, para que finalidades concretas e que medidas podem tomar para permitir ou impedir esses tratamentos. Não há, no entanto, escolha informada sem conhecimento e transparência.

A proteção de dados não pode ser uma responsabilidade exclusivamente atribuída ao utilizador final, que muitas vezes está numa posição de clara desvantagem em relação às empresas. São mesmo as empresas que têm o dever de tornar os seus processos mais transparentes, e as entidades reguladoras devem ser reforçadas com meios financeiros e humanos para que a proteção de dados se torne uma prioridade real, e não apenas uma questão de conformidade superficial.

Sem isso, estamos todos a exigir demais do bonus pater familias na era digital. Que tem, ainda assim, de ser responsável. Mas facto é que uma maior transparência por parte das empresas e uma melhor educação digital, o ideal de um comportamento diligente online permanece, na maioria das vezes, uma mitologia de perfeição como sempre foi associada ao nosso querido “bom pai de família”.

As capas estão à vista, impecavelmente alinhadas nas prateleiras pretas. Sofia e o Dia da Fotografia, O Velho da Montanha, A Sopa Verde, O Dia em que me Tornei Pássaro, são alguns dos livros de autores portugueses e estrangeiros editados pela Poets & Dragons e aos quais apetece imediatamente deitar as mãos. A vontade de folhear cada obra cresce, ainda mais, assim que o casal Elisabete e Dinis Machado fala, entusiasmado, sobre o que têm na nova livraria que abriram em Campo de Ourique. “Livros ilustrados, divertidos, em português e inglês, que ajudem na promoção da leitura entre as crianças. Lá fora, usam-se muito no ensino, em Portugal não”, afirma Elisabete, professora de Inglês do Primeiro Ciclo e pós-graduada em Literatura Infantojuvenil.

Mudar o paradigma não é tarefa fácil, mas é para isso que trabalham todos os dias, incluindo Elisabete, que recorre aos livros na sala de aula. “Além das ilustrações, que ajudam a contar ou a inventar a história, usam muito a repetição, fomentando a interação e promovendo a chamada leitura emergente (até aos seis anos)”, explica. Ficamos a saber que muitas destas edições foram musicadas em colaboração com o projeto Bolinha de Música, de Rute Rita. Escutando Elisabete cantarolar, ficam de facto no ouvido.

Esta não é a primeira livraria Poets & Dragons. Desde 2019 que existe uma na Costa da Caparica, e na génese têm a editora com o mesmo nome, criada um ano antes. Dinis explica como tudo começou: “Um dia anunciei à Elisabete ‘vou abrir uma editora de poesia’. Ela disse logo ‘eu também quero’, e assim surgiu a Poets & Dragons.”

Em pequeno, queria ser escritor, acabou por seguir outro caminho profissional, mas a escrita nunca saiu da sua vida e, em 2003, ganhou o prémio literário Revelação Cesário Verde pela obra Dionísias. Na Poets & Dragons, satisfazem a curiosidade de pequenos leitores, mas também de adultos, com obras de ficção, uma coleção dedicada ao cinema, ensaio, crítica literária, banda desenhada e poesia, incluindo, claro, a de autoria do proprietário que, na pele de poeta, assina como Dinis H. Machado.

Poets & Dragons > R. Ferreira Borges, 128, Lisboa > T. 21 386 1821 > qua-sex 10h-14h, 15h-19h, sáb 10h-13h, 14h-19h, dom 10h-13h, 14h-18h

Foi num jantar animado, no centro de Lisboa, que voltámos à conversa com João Portugal Ramos. As eleições legislativas em Portugal, cuja antecipação marcou o nosso encontro anterior – sobre o qual já terá lido nesta edição –, já tinham passado e, além de uma série de jornalistas da especialidade, foi possível partilhar a refeição com Nicolas Vivas, consultor da empresa há vários anos. O especialista francês tornou-se, também, um amigo da família e é com visível gosto que se senta à mesa para falar dos projetos da João Portugal Ramos (JPR).

“Quando cheguei ao Douro, não havia nada. Só a Natureza”, recorda o professor que desde há décadas trabalha com João Portugal Ramos. “Mas sentia-se algo excecional, uma energia incrível no lugar. Isso refletiu-se depois nos vinhos. Temos tentado melhorá-los. Naturalmente, e devido às alterações climáticas, tivemos de alterar a enologia, experimentar outras castas, mudar a hora das vindimas…”, continua, alternando o francês com o inglês, numa mesa em que o português foi, eventualmente, a língua menos falada.

João Portugal Ramos e os filhos, João Maria e Filipa, receberam os seus convidados para a apresentação de duas novas referências da Duorum Vinhos, a marca criada em 2017 e que tem vindo a conquistar cada vez mais mercado. “O Douro é uma região muito difícil, mas orgulhamo-nos do projeto que temos, de estar entre os maiores produtores do Douro, e estamos na região para ficar”, reforçaria João Perry Vidal mesmo antes do jantar. O diretor vitivinícola da Quinta de Foz de Arouce e da Duorum recordou ainda que o trabalho que a empresa faz, desde há vários anos, em torno da sustentabilidade e da biodiversidade, lhe dá uma vantagem natural atualmente, uma vez que a maior parte das boas práticas já está implementada em todos os processos há muito.

Enquanto as explicações decorrem, João Portugal Ramos, o empresário e enólogo, recosta-se na cadeira, volta a provar os vinhos que tem no copo – O Duorum Touriga-Franca 2022 e o Duorum Vinha dos Muros 2023 – e, com um piscar de olho, pergunta divertido: “Isto está bom, não está?”

O Vinha dos Muros é o primeiro vinho “de vinha” do projeto Duorum. Tem origem numa pequena parcela de vinha, de Arinto e Gouveio, ladeada por muros antigos de xisto, e cujo restauro e preservação são assegurados pela Duorum. A personalidade do terroir é perfeitamente sentida no nariz e no palato, de um vinho que tem edição limitada a 3 300 garrafas.

Já o Touriga-Franca tem edição limitada de 6 600 garrafas. Para João Maria Portugal Ramos, estas duas adições ao projeto representam “duas novidades muito gastronómicas que nascem da vontade constante da nossa equipa em inovar e procurar diferenciação logo na vinha”.

Enquanto fala, na mesa mais afastada de nós, o pai ouve-o com atenção e sorri não raras vezes. Aos 70 anos, a tranquilidade, a leveza e a graça com que João Portugal Ramos encara a vida são características que parecem cada vez mais vincadas num dos decanos dos vinhos nacionais. Vai dando direções à próxima geração, e continua a ser presente nos vários projetos que a empresa leva a cabo, mas não raras vezes vemos a atitude descontraída com que olha para o que já construiu. A curiosidade e a garra, que o levaram a sair do Alentejo e a experimentar não apenas o Douro mas também os Vinhos Verdes e a Beira, sentem-se nas referências que continuam a chegar aos mercados nacional e internacional e a ocupar as mesas de refeição. Não é segredo, para quem nos acompanha aqui na EXAME, que acredito que o rejuvenescimento geracional vai ser significativamente importante para a afirmação de Portugal no cenário vínico internacional. Mas é fundamental que não se perca todo o conhecimento e toda a evolução que empresas como a JPR permitiram ao País – afinal, é muitas vezes entre a descontração de dois copos de vinho e a certeza de que se precisa de ajuda (daí o trabalho regular com Nicolas Vivas) que se aprende muito sobre o caminho que ainda tem de ser trilhado. Um brinde à experiência acumulada!

Duorum Touriga-Franca

>Região

Douro

>Onde Encontrar?

Em garrafeiras nacionais, por €16,90 a garrafa

>O VINHO

Com taninos muito elegantes, é um vinho perfeitamente equilibrado, com a acidez e a pimenta no final de boca que tornam um Touriga-Franca tão especial. Passou 8 meses em barricas usadas de carvalho francês, o que salienta a elegância, sem lhe retirar as características que permitem sentir o terroir. Perfeito para acompanhar carnes vermelhas e refeições mais intensas e com bom potencial de guarda.

>NOTAÇÃO

AA

Vinha dos Muros

>Região

Douro

>Onde Encontrar?

Em garrafeiras nacionais, por €16,90 a garrafa

>O VINHO

Bem estruturado, com uma passagem por barricas usadas, é uma referência consensual que se bebe facilmente e cuja salinidade e acidez se destacam. Crocante na boca, com muitos aromas cítricos, este blend de Arinto e Gouveio pode bem ser uma das boas surpresas deste verão. Um vinho leve, que acompanha bem refeições leves de carnes brancas, massas ou até como aperitivo, numa tarde de calor, com uma tábua de queijos. Versátil e elegante.

>NOTAÇÃO

A+

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a partir de janeiro de 2025, as rendas, incluindo as anteriores a 1990, podem aumentar 2,16%, tendo decorrido 12 meses desde a última atualização. Numa renda de 850 euros, por exemplo, este aumento traduz-se num aumento de 18,36 euros.

Caso o senhorio tenha decidido deixar a renda inalterada nestes últimos anos e opte agora por juntar os três últimos coeficientes, o aumento pode ser superior a 11 por cento.

Voltando ao exemplo de uma renda de 850 euros que se tenha mantido inalterada nos últimos anos, a junção dos coeficientes destes três anos (1,0200; 1,0694 e 1,0216) resultará numa subida agregada de 97,20 euros, passando esta renda para 947,20 euros mensais – 2,16 de 2025, 6,94 de 2024 e 2% em 2023 devido ao travão decidido pelo Governo, sem o qual o aumento teria sido de 5,43 por cento.

De acordo com a lei, caso não o tenha feito, o senhorio pode proceder à atualização da renda com referência aos coeficientes dos três anos anteriores.

Com a lei do Mais Habitação, as rendas antigas, anteriores a 1990, passaram também a poder ser atualizadas de acordo com o coeficiente que tem por base a inflação média sem habitação registada em agosto, o que significa que estes contratos poderão ser atualizados em 2,16% caso já tenham decorrido mais de 12 meses desde a atualização anterior (de 6,94 por cento).

Enquanto os conflitos no Médio Oriente não dão tréguas e o resultado das eleições norte-americanos continuam a ser uma incógnita, o ouro continua a bater máximos no mercado das matérias-primas. Ontem, dia 21 de outubro, a onça de metal precioso chegou a bater nos $2 755,40 um máximo histórico, logo ao início do dia.

Esta manhã, aquele que é considerado o ativo de refúgio por excelência, continua a cotar acima dos $2 750 dólares, tendo já chegado aos $2 752. Os analistas acreditam que a pesar no sentimento dos investidores estão também as expectativas em torno de um novo corte de juros por parte da Reserva Federal norte-americana (FED), que toma uma decisão em relação às taxas de referência na reunião de 6 e 7 de novembro.

Em redor do mundo, os bancos centrais têm estado a aliviar os juros, o que tem um reflexo imediato na vida das famílias – em Portugal, ele é sobretudo sentido no valor dos créditos à habitação, indexados à taxa Euribor. Os reguladores têm-se mostrado mais disponíveis para baixar as taxas agora que a inflação parece mais controlada.

Os olhos dos investidores continuarão, no mesmo sentido, postos no resultados das eleições norte-americanas, que se realizam a 5 de novembro, e que podem marcar um momento de viragem na política da maior economia do mundo, se Donald Trump voltar ao poder.

O QNAP TS-216G é um NAS que desafia as expectativas. Com um processador quad-core ARM Cortex-A55, 4 GB de RAM, duas baías para discos SATA e um NPU (Unidade de Processamento Neural) integrado, este modelo compacto da QNAP promete funcionalidades avançadas a um preço acessível. Será que cumpre a promessa?

Transferências rápidas

Os componentes mencionados permitem um desempenho fluido em tarefas quotidianas como streaming de vídeo, backups e partilha de ficheiros. Considerando o segmento (NAS para pequenas redes), a performance está acima do esperado. Nos nossos testes, a transferência de ficheiros revelou velocidades bastante satisfatórias, atingindo cerca de 110 MB/s em leitura e 100 MB/s em escrita, quando a usar uma rede de 1 Gbps, o que se pode considerar o padrão das redes atuais em ambiente doméstico e pequenos escritórios. Mas a verdadeira surpresa vem quando usamos a porta de 2,5 Gbps: aqui, as velocidades disparam para valores próximos dos 280 MB/s, o que é excelente para um NAS nesta gama de preço. É claro que para se conseguir esta velocidade é necessário ter um router/switch e computadores com este tipo de ligação, o que está longe de ser comum. Mas esta capacidade apela a utilizadores que trabalham com ficheiros multimédia de grande dimensão, como vídeos 4K ou fotografias em RAW. Uma alternativa melhor, no que à velocidade diz respeito, aos serviços cloud, muito limitados pela velocidade de acesso à Internet.

Só sentimos falta de performance em tarefas mais intensivas, como a transcodificação de vídeo 4K. O processador ARM, apesar de quad-core, não tem ‘pulmão’ para lidar com este tipo de carga de trabalho de forma fluida. Na prática, isto significa que poderá ter dificuldades em reproduzir ficheiros de vídeo 4K em dispositivos que não suportem o codec original do ficheiro. O NAS terá de transcodificar o vídeo em tempo real, o que pode resultar em soluços, especialmente se vários utilizadores estiverem a aceder ao servidor em simultâneo. Para conteúdos 1080p ou inferiores, o desempenho é geralmente bom. Se a sua ideia é, por exemplo, ter um servidor Plex a servir conteúdo 4K para múltiplos dispositivos em simultâneo, este NAS não é a melhor escolha.

De outro modo, é um NAS rápido no armazenamento e transferência, mas não é a melhor escolha para tarefas complexas, que exijam processamento no próprio aparelho… A não ser que sejam tarefas associadas aos algoritmos de IA suportados pelo NPU.

As duas baías permitem instalar até dois discos ou SSD de 2,5 ou 3,5 polegadas. Há um botão que permite a cópia direta dos ficheiros armazenados numa pen que seja ligada à porta USB para o NAS.

IA ao serviço

O TS-216G integra um NPU que acelera tarefas de inteligência artificial, como o reconhecimento facial e de objetos. Isto permite, por exemplo, organizar automaticamente as suas fotos com base nas pessoas presentes nas imagens, nos objetos identificados ou nas cenas detetadas. O NPU potencia a aplicação QuMagie, que oferece funcionalidades avançadas de gestão de fotos, como a criação de álbuns inteligentes, a pesquisa por conteúdo e a identificação de rostos.

O QNAP TS-216G corre o sistema operativo QTS, um software rico em funcionalidades que oferece uma vasta gama de aplicações e serviços. Desde a gestão de ficheiros e backups, até à criação de servidores multimédia, máquinas virtuais e, o QTS tem tudo o que precisa para tirar o máximo partido do seu NAS.

No entanto, a interface do QTS pode ser um pouco confusa para utilizadores menos experientes. A quantidade de opções e configurações disponíveis pode ser avassaladora, e a organização dos menus nem sempre é a mais intuitiva. É preciso algum tempo de habituação para dominar todas as funcionalidades do sistema. Por outro lado, se apenas quiser usar as funcionalidades básicas, bastará correr a configuração passo a passo inicial. Depois de instalar os discos nas baías e ligar o NAS à rede (com acesso à Net), basta apontar a câmara do smartphone para um código QR e seguir os passos indicados para criar volumes de armazenamento e acesso remoto (criar o seu próprio sistema cloud).

Além das portas de rede já mencionads, o TS-216G disponibiliza três portas (USB 3.2 Gen 1 e 2.0). Portas que permitem expandir a capacidade do NAS e copiar rapidamente, e de forma direta, conteúdos armazenados em unidades USB para o NAS.

Ficámos um pouco desiludidos com o sistema de dissipação térmica. O NAS aqueceu um pouco durante o funcionamento, e a ventoinha, apesar de pequena, é um pouco ruidosa. Se pretende colocar o NAS numa sala de estar ou num quarto, o ruído da ventoinha poderá ser incomodativo.

Prós
– Preço acessível
– Porta de rede de 2,5 Gbps
– NPU para aceleração de IA
– Sistema operativo QTS completo
– Baixo consumo energético

Contras
– Desempenho modesto em tarefas exigentes
– Interface do QTS complexa para utilizadores sem experiência
– Ventoinha ruidosa
– Funcionalidades multimédia limitadas

Veredicto

Se precisa de um NAS com maior desempenho para tarefas mais exigentes, como a transcodificação de vídeo 4K ou a virtualização, aconselhamos a procurar alternativas mais robustas. Por outro lado, se procura um NAS competente para backups, partilha de ficheiros em alta velocidade, streaming multimédia básico e organização inteligente de fotos, o TS-216G é uma boa opção. A relação qualidade/preço é o maior trunfo deste aparelho.

Tome Nota
QNAP TS-216G – €291,55

Conectividade Bom
Ruído Fraco
Aplicações Muito bom
Instalação Bom

Características Processador ARM Cortex A55 com quatro núcleos (2 GHz), NPU ○ 4 GB de RAM ○ 2 baías para HDD/SSD SATA 6 Gbps (hot-swappable) de 2,5/3,5 polegadas (RAID 0, 1) ○ 1x LAN 2.5 GbE, 1x LAN 1 Gbps ○ 1x USB 3.2 Gen 1 (5Gbps), 2x USB 2.0 ○ Consumo típico: 14 watts

Desempenho: 4
Características: 3,5
Qualidade/preço: 5

Global: 4,2

Palavras-chave:

Os opioides sintéticos, como a morfina ou o fentanil, estão entre os analgésicos mais potentes. No entanto, sabe-se que as mulheres respondem consideravelmente menos a esse tipo de medicação. O que um novo estudo, que se debruçou sobre o tratamento da dor lombar crónica, descobriu é que os dois sexos utilizam sistemas biológicos diferentes quando se trata de alivar a dor e isso pode ajudar a explicar porque as mulheres não respondem tão bem, muitas vezes, aos medicamentos com opioides.

Estes fármacos usam moléculas opioides sintéticas para se ligarem aos mesmos recetores que os opioides endógenos – os que são produzidos pelo próprio organismo, como as endorfinas, o que justifica porque são tão eficazes como analgésicos, por um lado, e tão suscetíveis a criarem dependência, pelo outro.

O estudo, publicado na PNAS Nexus, a revista da Sociedade Nacional de Ciências dos EUA, e levado a cabo por investigadores da Escola de Medicina de San Diego da Universidade da Califórnia, permitiu perceber que homens e mulheres usam sistemas biológicos diferentes para aliviar a dor – eles libertam opioides endógenos, elas recorrem a mecanismos não relacionados com os opioides.

O sistema opioide endógeno é fundamental no processo de analgesia. Como funciona nos dois sexos foi o que este grupo de investigadores se propôs perceber, cruzando os dados de dois ensaios clínicos, com um total de 98 participantes, entre indivíduos saudáveis e indivíduos a quem tinha sido diagnosticada dor lombar crónica. Os participantes foram submetidos a um programa de treino de meditação antes de serem convidados a meditar enquanto tomavam, uns, um placebo, e outros uma dose elevada de naloxona, um medicamento que trava o funcionamento dos opioides, sejam sintéticos ou endógenos. Ao mesmo tempo, receberam um estímulo de calor que é descrito como “muito doloroso mas inofensivo” na parte posterior da perna. A experiência permitiu aos investigadores avaliar e comparar o alívio da dor sentido com a meditação nas duas situações: com o sistema opioide intacto e bloqueado.

“A dependência desenvolve-se porque as pessoas começam a tomar mais opioides quando a dose original deixa de funcionar”, resume Fadel Zeidan, um dos autores do estudo. “Apesar de ser especulativo, as nossas conclusões sugerem que talvez uma das razões para as mulheres terem maior probabilidade de ficarem dependentes de opioides seja o facto de lhes serem biologicamente menos responsivas e precisarem de tomar mais para sentirem algum alívio na dor”, acrescenta.

“Estes resultados sublinham a necessidade de terapias para a dor específicas para cada sexo, porque muitos tratamentos não funcionam para as mulheres, nem de longe, tão bom como para os homens”, defende Zeidan, que realça que este é o primeiro estudo a fornecer provas claras de que as diferenças entre sexos no processamento da dor são reais e precisam de ser levadas em conta aquando do desenvolvimento ou prescrição de tratamentos para a dor”.

Donald Trump nunca teve o que se pode considerar um discurso escorreito, claro e eloquente. Nunca foi propriamente um orador “normal”. Ou sequer um orador digno desse nome.

E sempre se mostrou azedo, vulgar e reles, com uma retórica violenta. São infames as suas diatribes e ações contra mulheresimigrantesnegrospessoas com deficiênciasadversários políticoshabitantes de estados Democratas e toda a gente que não o idolatra. É também especialmente propenso a discursos incoerentes e ao esquecimento ou confusão com nomesdatas factos. E a dar respostas aleatórias e fora de tema a perguntas concretas.

Mas alguma coisa mudou nas últimas semanas. Só para dar três exemplos: no espaço de 24 horas, Trump falou sobre o tamanho do pénis da antiga estrela do golfe Arnold Palmer, apelidou os seus apoiantes de “porcos gordos” e chamou Kamala de “vice-presidente de merda”. Mesmo para os níveis rasteiros de Trump, estas tiradas são… singulares. 

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler