A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil explica que, de acordo com informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, é expectável uma mudança gradual das condições meteorológicas, com a ocorrência de precipitação, por vezes forte e acompanhada de trovoada. Assim, emitiu esta segunda-feira um aviso à população, alertando para medidas preventivas e risco de contaminação de fontes de água potável por inertes resultantes de incêndios rurais.
Entre os efeitos expectáveis, devido à precipitação intensa, destaca a ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento, e a ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 10 distritos estão sob aviso amarelo – Aveiro, Braga, Castelo Branco, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal e Viana do Castelo – devido à previsão de precipitação, por vezes forte, alguns até à manhã de terça-feira.
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Como lidar perante chuva forte?
Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas
Garantir uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes, placards e outras estruturas suspensas;
Adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e tendo especial cuidado com a possível formação de lençóis de água nas vias;
Não atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
Estar atento às informações da meteorologia e às indicações da Proteção Civil e Forças de Segurança.
O líder do PS criticou esta segunda-feira o primeiro-ministro Luís Montenegro por ainda não ter ido aos bairros na periferia de Lisboa onde nas últimas semanas houve desacatos. “Em relação ao senhor primeiro-ministro já é um padrão porque também fui eu o primeiro a ir ao terreno a seguir aos incêndios”, respondeu Pedro Nuno Santos aos jornalistas no final de uma manhã de visitas ao Bairro do Zambujal, em Lisboa. “Quem governa o país não se pode furtar a estar presente no terreno com as pessoas”.
Pedro Nuno Santos está a visitar esta semana projetos comunitários nos bairros do Zambujal e da Cova da Moura, no concelho da Amadora, e em Caxias, Oeiras. “Quando nós a única coisa que fazemos é chamar as associações para se reunirem connosco num gabinete, nós não estamos a cuidar de ouvir as pessoas”, criticou.
Estas visitas do secretário-geral do PS decorrem depois de, na passada sexta-feira, também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado no Bairro do Zambujal, na Amadora, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz, baleado mortalmente por um polícia na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura.
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A Open Cosmos vai conceber, fabricar e testar três satélites em Portugal, incluindo tecnologias dos vários parceiros do ecossistema espacial português, e integrá-los depois na rede OpenConstellation. A empresa especializada em tecnologia de satélites está a reforçar assim as operações em Portugal, tendo já escritórios no Porto e estando a montar as novas instalações de última geração em Coimbra, que devem ficar operacionais no início de 2025. A filial portuguesa – a Open Cosmos Atlantic – está ainda a aumentar rapidamente o número de efetivos e montou uma equipa de dezenas de colaboradores no nosso país.
Cada um destes três satélites vai transportar cargas úteis de EO (Observação da Terra) e IoT (Internet das Coisas) que estão alinhadas com a monitorização do Atlântico, da cobertura do solo, da biodiversidade e do impacto de desastres naturais como incêndios florestais, inundações e eventos relacionados com as alterações climáticas.
Rafel Jorda Siquier, diretor executivo e fundador da Open Cosmos, comentou a propósito da adjudicação deste contrato: “O contrato da Open Cosmos para a conceção e fabrico de satélites de observação da Terra para a Nova Agenda Espacial Portuguesa constitui um marco significativo na nossa missão de democratizar o acesso ao Espaço. Estes satélites serão operados como parte da OpenConstellation, capacitando as organizações a nível global para enfrentarem alguns dos maiores desafios do mundo, incluindo os impactos das alterações climáticas – permitindo-lhes impulsionar mudanças positivas a uma escala global”.
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A parceria permitirá a Portugal tirar partido da tecnologia de satélites já desenvolvida pela Open Cosmos e atualmente utilizada em várias missões, incluindo o satélite ALISIO-1 para as Ilhas Canárias, o satélite MANTIS para a monitorização da energia e da exploração mineira, o Phisat-2 para a utilização de IA a bordo ou o HAMMER para combinar a InterSatellite Link e o processamento a bordo para obter informações em tempo quase real extraídas de imagens hiperespectrais.
Os três satélites devem ser lançados para o espaço em 2026.
Pelas redes sociais, durante o fim de semana, circularam diversas imagens de uma ação de protesto, levada a cabo por uma estudante iraniana, à porta da Universidade Azad de Teerão, no Irão. A jovem despiu-se em público – ficando apenas de roupa interior – no campus do estabelecimento de ensino, alegadamente, para protestar contra o código de vestuário imposto no país.
A estudante – ainda não identificada – foi detida pelas autoridades iranianas e o episódio, captado por outros estudantes numa sala de aula, tornou-se viral e valeu vários elogios à jovem pela sua “ousadia” e “coragem”.
Iran’s authorities must immediately & unconditionally release the university student who was violently arrested on 2 Nov after she removed her clothes in protest against abusive enforcement of compulsory veiling by security officials at Tehran's Islamic Azad University. 1/2 pic.twitter.com/lI1JXYsgtm
As imagens, partilhadas pelo grupo de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, mostram a estudante iraniana sentada à porta do campus universitário, apenas de roupa interior, e com o cabelo descoberto a falar com colegas que passam por ela e caminhar frente ao edifício. De acordo com a lei islâmica, imposta no Irão, a utilização de hijab em público é obrigatória para as mulheres e o incumprimento desta medida pode resultar em repercussões graves.
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Segundo a Amnistia a mulher foi “violentamente detida” depois do protesto. Num segundo vídeo, é possível observar o momento da detenção da estudante, forçada pelas autoridades a entrar num carro.
De acordo com algumas testemunhas, citadas pela agência de notícias Fars, a estudante tirou a roupa depois dos seguranças da universidade terem “falado calmamente” com ela, avisando-a de que não deveria desrespeitar o código de vestuário. Contudo, e segundo a Amnistia Iraniana, a ação de protesto da jovem terá ocorrido depois desta ter sido agredida por membros do Basij – um grupo paramilitar voluntário iraniano – por estar a usar incorretamente o hijab, avança o órgão de comunicação estudantil Amir Kabir. O meio de comunicação alega ainda que a mulher terá sido espancada após a sua detenção e que terá sido transferida para um hospital psiquiátrico.
Syed Amir Mahjob, diretor de relações públicas da universidade, disse através de uma publicação na rede social X que a estudante sofria de problemas de saúde mental e que a equipa de segurança da universidade tinha intervindo “após o ato indecente de uma das estudantes”, negando a ocorrência de um confronto físico.
A Amnistia Internacional apelou à libertação imediata da estudante e exigiu que lhe fosse dado acesso à sua família e advogado. “As alegações de espancamento e violência sexual durante a detenção devem ser investigadas independentemente e imparcialmente”, referem os ativistas numa declaração publicada no X.
Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo, art. 202.º, da Constituição da República Portuguesa.
Em Portugal, os tribunais são considerados órgãos de soberania, o que significa que têm autoridade independente e uma função essencial no equilíbrio do poder do Estado. Como órgãos de soberania, os tribunais têm a competência para administrar justiça em nome do povo, resolver conflitos, fiscalizar a legalidade e constitucionalidade, garantir direitos fundamentais, promover a igualdade e segurança jurídica.
Essa independência e autoridade conferem aos tribunais a responsabilidade de zelar pela ordem jurídica e pelo equilíbrio entre os diversos poderes, sempre em nome e benefício do povo.
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E quem zela pelos tribunais, designadamente ao nível das condições condignas para o exercício das funções?
A responsabilidade pela gestão e manutenção dos edifícios onde funcionam os tribunais em Portugal cabe ao Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ). Este organismo, que opera sob a tutela do Ministério da Justiça, é encarregado de assegurar as condições de funcionamento das instalações judiciais.
A falta de condições nos tribunais portugueses tem sido uma preocupação crescente, afetando a eficiência e a qualidade da justiça.
Muitos dedos acusatórios têm sido apontados aos tribunais e às suas ineficiências, designadamente a morosidade processual, contudo quem diariamente trabalha nos tribunais conhece bem os problemas que os assolam, a vários níveis.
Relatórios oficiais indicam como problemas dos tribunais: infiltrações, falhas de segurança, temperaturas extremas nas salas de audiência, gabinetes dos magistrados e secções judiciais, falta de espaço, e problemas graves do edificado que vão além das infiltrações.
Na verdade, muitos tribunais estão instalados em edifícios antigos e mal conservados, com problemas de infiltração, falta de aquecimento ou ventilação adequados, além de falhas nas condições de segurança, porquanto nem todos os tribunais dispõem de segurança privada, a qual é utilizada para garantir a proteção dos edifícios e das pessoas que neles trabalham ou os frequentam.
A nível nacional há muitos magistrados e oficiais de justiça, que por via da falta de medidas de proteção eficazes todos os dias colocam em risco a sua segurança, já que os seus gabinetes e as secções ficam localizados em espaços que não são interditos ao público, realizam diariamente diligências com intervenientes que não sabem se são ou não perigosos e em tribunais com grande afluência, o controle de acessos é frequentemente feito com recursos mínimos, o que facilita a entrada de objetos proibidos e pode pôr em risco a segurança das pessoas.
Há tribunais, onde no verão as temperaturas que se fazem sentir são tão elevadas que os magistrados para poderem continuar a desempenhar as suas funções, a suas expensas, adquirem aparelhos de ar condicionado para os gabinetes e pedem autorização superior para poderem realizar as diligências sem usarem a beca, existindo salas de audiências que chegam a atingir os 40.º graus centígrados sem disporem de ar condicionado e no inverno fazem-se acompanhar de aquecedores ou de mantas para se manterem aquecidos durante o tempo em que decorrem as diligências.
Também nos chegam relatos de tribunais que têm enfrentado problemas de infiltrações, obrigando à utilização de baldes e bacias para recolher a água da chuva que entra pelos telhados degradados.
Existem tribunais que estão manifestamente desaproveitados, com salas fechadas à espera há anos que seja concedida autorização e financiamento da Tutela, para se dar início a obras de requalificação. E, enquanto tal sucede os oficiais de justiça partilham espaços exíguos, sem dignidade e condições de trabalho, rodeados por estantes cheias de processos, sem espaço quase para se movimentarem e ainda assim inquirem cidadãos nesses espaços exíguos e praticam todos os demais atos que lhes estão confiados.
Há salas de audiência e salas destinadas à realização de diligências que não dispõem de acesso à internet, designadamente nas bancadas dos magistrados e dos advogados, não há iluminação adequada, os equipamentos informáticos são obsoletos e o mobiliário é inadequado.
Quando as condições de trabalho não são ergonomicamente adequadas, isso pode levar a diversos problemas de saúde, incluindo lesões por esforços repetitivos, dores nas costas, problemas de visão e fadiga.
Ao que acresce que também há uma carência de magistrados, funcionários judiciais e meios tecnológicos adequados, o que dificulta a gestão eficaz dos processos. Estas condições não só dificultam o trabalho dos profissionais como também afetam a experiência dos cidadãos que utilizam os tribunais.
O Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) em Portugal atribuiu ao Ministério da Justiça um montante de 2,1 mil milhões de euros, representando um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Este incremento visa fortalecer a capacidade do sistema judicial português, permitindo investimentos em diversas áreas essenciais e, designadamente nas infraestruturas judiciais, contudo os problemas são tantos e tão graves que mais uma vez estamos expectantes em saber se os problemas que persistem há anos, são resolvidos, o que não estamos em crer que vá suceder.
A resolução atempada destes problemas é essencial e urgente para garantir o adequado funcionamento do sistema judicial e assegurar que os tribunais oferecem condições dignas tanto para os profissionais como para os cidadãos que deles necessitam.
Quincy Jones, um dos gigantes da indústria musical, morreu este domingo, aos 91 anos, em casa, na região de Bel Air na cidade de Los Angeles. O produtor foi o responsável por muitos êxitos de grandes nomes da musica, como Frank Sinatra e Ray Charles, sendo um dos seus trabalhos mais reconhecidos o álbum “Thriller”, de Michael Jackson.
“É de coração partido que partilhamos que o nosso pai e irmão Quincy Jones morreu”, lê-se num comunicado da família. “Sentimos conforto e imenso orgulho em saber que o amor e a alegria, que eram a essência do seu ser, foram partilhados com o mundo através de tudo o que ele criou”. “Através da sua música e do seu amor sem limites, o coração de Quincy Jones baterá para a eternidade”. Não foram reveladas as causas da morte.
Jones, uma das figuras pop mais versátil do século XX, foi também compositor de dezenas de bandas sonoras de filmes. Em 1968, este tornou-se o primeiro afro-americano a ser nomeado para os Óscares na categoria de Melhor Canção Original, com a música “The Eyes of Love”, criada com Bob Russell para o filme Banning.
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A SAP – empresa especializada em software empresarial e uma das maiores tecnológicas da Europa – decidiu fazer uma espécie de ‘all in’ na Inteligência Artificial. Todas as novidades que a marca anunciou num grande evento, realizado no início de outubro, estavam, direta ou indiretamente, relacionadas com esta área tecnológica. Com destaque para a aposta no conceito de superagente de IA – na prática, um assistente digital que é capaz de dar acesso a outros assistentes digitais, com capacidades e conhecimentos mais especializados e que podem realizar tarefas específicas. Apesar de todo o furor que tem havido em torno da Inteligência Artificial, esta tecnologia ainda tem muitas provas para dar, sobretudo no segmento empresarial. Pois quem investe, quer retorno.
A SAP está a investir bastante em ferramentas e serviços de Inteligência Artificial. Porquê estas grandes apostas na IA?
Se olharmos a um nível macro, temos assistido nos últimos anos à terceira vaga da Inteligência Artificial, com muitos desenvolvimentos incríveis a acontecerem. Mas também estamos a ver, digamos, uma espécie de queda na IA – não estamos necessariamente a observar os impactos financeiros, porque a parte da adoção não é fácil. Não é fácil para as empresas utilizarem a IA, porque não é determinística, é, na sua natureza, probabilística. Isto significa que precisamos de garantir que estamos a melhorá-la, acrescentando o contexto empresarial e transformando-a numa IA empresarial, para que seja relevante. Queremos construir uma ponte e criar uma base para esta IA e estes dados empresariais de uma forma segura, relevante, fiável e responsável, para que os nossos clientes possam verdadeiramente adotar e escalar o negócio com a IA. Qualquer processo empresarial que existisse anteriormente pode ser melhorado com a IA. Tipicamente, pode-se aumentar o valor do negócio ao ter um conselheiro que te ajuda a fazer as coisas de forma mais simples, com o qual podes interagir à tua maneira ou funcionar como uma bola de cristal para o teu negócio, para otimizar o lucro e as receitas. Mas também é uma espécie de máquina a vapor, alimentando a tua fábrica, para automatizar a geração de conteúdos e até processos empresariais com a máxima velocidade, qualidade e produtividade.
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Disse algo curioso – que para as empresas não é fácil adotar a IA. Mas na cabeça das pessoas, tudo o que está relacionado com IA é para lhes facilitar a vida…
Quando olhas para os padrões de adoção, vês que muitos clientes estão a começar a trabalhar com IA, mas geralmente apenas num ou dois departamentos. E penso que isso acontece porque quando a IA surgiu, quando vimos as primeiras demonstrações, parecia um produto acabado. Havia uma janela de conversação e podias conversar com o sistema. Mas não é realmente um produto acabado. É tal como quando o iPhone foi lançado ou quando a internet surgiu – é preciso tempo para que estes produtos tenham uma escala adequada aos seus propósitos. Nas empresas, esperamos um nível diferente de explicabilidade. Quando encomendas um produto, queres o produto certo, não algo que seja parecido, mas exatamente o produto que encomendaste. Portanto, tens de adicionar o contexto empresarial à IA para que possa ser usada pelas empresas. E isso significa três coisas. Tens de ganhar a confiança dos utilizadores. A IA tem de ser responsável, segura e tens de ter a transparência das respostas que recebes, para que entendas por que está a dizer o que está a dizer, para que não seja apenas uma resposta qualquer, mas algo em que confias e com a qual podes agir. E, por último, precisas de tração. Precisas de ter escala, para garantir que está incorporada nos processos empresariais, nas redes empresariais e que não é algo que está à parte.
Há um ano, a SAP lançou um copiloto para as empresas, o Joule. O que aprenderam com o lançamento desta ferramenta?
O que te posso dizer é que conseguimos transformar a experiência do utilizador. Podemos encontrar o utilizador onde ele está, em vez de lhe dizermos: ‘Para utilizares esta solução, tens de fazer desta maneira’. Na Europa, temos de ser os melhores a utilizar modelos de IA. Esta é uma parte crucial – construir uma IA que seja transparente, mas também precisamos de ajudar os utilizadores a saberem como usar IA e é por isso que penso que os agentes de IA são importantes. Se pensares nisso, é um pouco como quando colocas um GPS num carro antigo, ele fica de lado, não está integrado no carro. E tu escolhes se queres ou não usar o GPS. Pode ser útil – pode até ser muito bom em dizer ‘há trânsito aqui à frente, deves mudar de direção’, mas tu ainda decides se vais fazer isso ou não. Já num carro autónomo, estás a dizer ao carro para onde queres ir, mas é o carro que está a conduzir e, se for necessário, ele vai sugerir que assumas o controlo ou que mudes de rota e tu ainda tens de aprovar. Basicamente, estamos a inverter o paradigma de utilização. E é por isso que penso que os agentes de IA vão ser um fator decisivo na adoção da IA empresarial.
Pode explicar melhor o que são os agentes de IA? São específicos para diferentes utilizações?
Com os agentes de IA podemos usar um motor de raciocínio e pedir-lhes que cumpram um objetivo mais complexo como, por exemplo, ‘ajuda-me a resolver disputas de clientes’. E eles vão analisar todos os e-mails recebidos, transações, procurar correlações e apresentar sugestões, resumir casos. Depois, o agente de IA vai guiar-te e ajudar-te a resolver a tarefa, mas de uma forma que é escalável. É como se, em vez de estares a falar com uma IA, estivesses a falar com uma IA que comunica com várias outras IA. E isso permite-nos focar o nosso tempo e ser muito mais eficientes.
Como a IA tem de passar por diferentes conjuntos de dados, a resposta é instantânea? Demora um minuto, cinco minutos?
Depende um pouco do agente. Anunciamos recentemente dois agentes prontos a usar. Podes pensar neles quase como conjuntos de Lego e lançámos: o primeiro para a gestão de disputas com clientes e o outro para a área financeira. Geralmente funcionam em segundo plano. Ativas o agente, talvez demore alguns minutos, dependendo da quantidade de dados que tem de processar, depois o agente volta e diz-te: ‘Encontrei dois casos que precisam da tua atenção, este é o resumo de cada caso’, e fornece-te os documentos certos para os resolveres. Mas também vais poder criar os teus próprios agentes. Vamos abrir essa possibilidade no primeiro trimestre de 2025 na plataforma SAP Build. Vamos adicionar a funcionalidade para que os nossos utilizadores e clientes possam construir os seus próprios agentes.
Os vossos sistemas também têm problemas com alucinações ou como estão ligados a dados empresariais, é mais difícil acontecer?
Essa é uma das razões pelas quais, ao integrar IA generativa de qualidade num sistema empresarial, não podes simplesmente inseri-la e esperar que funcione automaticamente. Precisas de garantir que há uma arquitetura por trás que mantém tudo sob controlo. No Joule, usamos o que chamamos de arquitetura de recuperação de informações ou RAG [Retrieval Augmented Generation]. Quando fazes uma pergunta no Joule, ele utiliza as informações do sistema empresarial dos clientes, os dados do negócio, para fornecer a resposta correta, evitando assim alucinações, mantendo-se dentro desses limites. Isto é muito importante. E agora também podes fazer o carregamento de documentos, como a tua política de despesas ou política de recursos humanos, e quando fizeres perguntas ao Joule, ele responderá com base nessas regras e referirá esses documentos como contexto.
Jesper Schleimann
Este executivo dinamarquês começou a carreira, em 1995, como um consultor de Tecnologias de Informação em regime freelancer. A partir daí foi sempre a crescer: foi responsável de negócio na DXC (antiga CSC), liderou os esforços de analítica da SAS na Dinamarca e entrou depois na SAP em 2010, na qual já ocupou diferentes cargos de chefia. Tem um mestrado em administração empresarial pela Universidade de Copenhaga.
Pode dar-nos uma ideia de quantas empresas ou utilizadores estão a usar o Joule neste momento?
Estamos a trabalhar arduamente para ajudar os nossos clientes a ativar o Joule, e atualmente temos mais de 27 mil clientes a usar IA de forma geral. Isso inclui o Joule, a IA generativa e os nossos serviços de IA, que, na verdade, já temos há vários anos.
No início da nossa conversa, disse que querem fazer a ponte entre as tecnologias disponíveis e as necessidades das empresas. Como é que integram outras tecnologias de IA nos vossos sistemas?
Atualmente temos 25 modelos de IA diferentes, como os da Anthropic, Cohere, Bedrock da Amazon, IBM, Dall-E, entre outros. O que isso significa é que agora tens 25 novas peças de Lego que podes usar. Se és um programador ou trabalhas com as nossas ferramentas de low-code, podes integrar estes modelos. Por exemplo, se quiseres usar uma IA para um serviço de tradução de idiomas, podes construir isso na nossa plataforma. A vantagem é que podes escolher um modelo, por exemplo, o GPT-4 Turbo, e se amanhã quiseres mudar para outro modelo, basta um clique e passas a usar outro. Isso é importante porque, por vezes, um modelo pode ter custos mais elevados ou, noutras situações, pode ser mais económico usar um modelo mais pequeno por razões de escala. A liberdade de escolha é essencial. Além disso, cada modelo pode ter pontos fortes diferentes. Alguns podem ser melhores para dados financeiros, enquanto outros são mais adequados para diferentes tipos de tarefas.
Que tendências está a observar, especialmente nas empresas europeias, em relação à adoção de IA?
Pessoalmente, acredito que na Europa devemos ser os melhores a utilizar a IA. Há um grande apetite pela tecnologia e vejo que um grupo de empresas está a avançar rapidamente, colhendo já os benefícios. Vi uma pesquisa da McKinsey que indicava que 13% das grandes empresas estão a adotar a IA de forma significativa, com muitos a criarem departamentos partilhados e a escalar as suas iniciativas. Por outro lado, há um grupo considerável de empresas que ainda precisa de mais educação e de uma abordagem diferente em relação à IA. Estes estão a reconhecer lentamente a necessidade de acelerar a adoção. Embora existam preocupações na população em geral, também notamos que, à medida que as pessoas se familiarizam com a tecnologia, começam a perceber as oportunidades que ela disponibiliza. E é natural que haja algum cansaço em relação à IA, dado o entusiasmo inacreditável que a rodeia, mas lembra-te que esta é uma tecnologia e que a adoção de tecnologia não segue uma curva linear, é uma curva exponencial. Isso significa que muitas vezes sobrestimamos a rapidez do impacto a curto prazo, enquanto subestimamos o impacto a longo prazo. O perigo está no ponto intermédio onde muitas empresas já tentaram implementar a IA, mas algumas tiveram experiências dispendiosas sem conseguirem escalar com sucesso. O meu receio é que abandonem alguns projetos iniciais e não fiquem para ver a importância da mudança tecnológica subjacente.