Quase que podíamos apostar. John Carlin é o britânico mais catalão que existe. Não se trata de uma piada sobre o jornalista que é filho de um escocês e uma madrilenha. Fanático do Barcelona, este antigo aluno de Oxford, que antes estudou e cresceu em Buenos Aires, trabalhou como repórter nos cinco cantos do mundo, ao serviço de meios como The Independent, The Times, BBC e El País. Tornou-se muito conhecido após publicar, em 2008, Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that Made a Nation, o livro que, na versão portuguesa, tem o mesmo título do filme realizado, no ano seguinte, por Clint Eastwood e protagonizado por Morgan Freeman: Invictus. John Carlin gostava tanto do primeiro presidente da África do Sul democrática, com quem privou durante anos, como atualmente detesta o 47º presidente dos EUA. Sim, o agora cronista dominical do diário La Vanguardia não perde oportunidade para zurzir aquele a quem chama “Donald, I, el Loco”. Hoje, como todos os dias desde a sua “coroação” a 20 de janeiro, Donald Trump terá honras mediáticas por receber na Sala Oval o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky. Objetivo: assinarem um “acordo-quadro” que permita “criar condições para um cessar fogo” no país invadido pela Rússia há três anos. Na prática, trata-se de fechar um negócio sobre as matérias primas e os minerais críticos ucranianos. Os detalhes do documento são ainda pouco claros e é provável que muitas cláusulas permaneçam secretas. Basta sabermos algumas das exigências que o antigo artista de entretenimento e promotor imobiliário novaiorquino tem para fazer ao ex-ator e comediante de Krvyi Rih: a Ucrânia fica proibida de entrar para a NATO; Zelensky deve organizar quanto antes eleições presidenciais, não pode recandidatar-se ao cargo que ocupa e tem de reconhecer as perdas territoriais para a Rússia (cerca de 20% da área total do país); as chamadas terras-raras e outras riquezas naturais (gás, petróleo e lítio) passam a ser partilhadas por Kiev e Washington, durante um período temporal (in)definido, através de um “fundo conjunto”. 

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Quando Jorge Nuno Pinto da Costa assumiu a presidência do Futebol Clube do Porto, em 1982, deu início a uma narrativa que transcendeu o universo desportivo. Durante mais de quatro décadas, construiu uma identidade para o clube que ia para além do futebol, transformando-o num símbolo de orgulho e resistência do Norte de Portugal, numa altura em que essa afirmação marcou uma época.

Mais do que um emblema desportivo regional, o FCP passou a representar uma nação simbólica, evocando a história e a identidade portuguesas para se afirmar perante o centralismo lisboeta. Como defende Billing (1995), elementos como a linguagem patriótica desempenham um papel fundamental na construção de identidades coletivas, e Pinto da Costa soube utilizar essa ferramenta de forma inteligente, reforçando que “o Porto é uma Nação” nos seus posicionamentos, referindo-se ao Clube ao mesmo tempo que o transferia para a cidade.

Ao evocar Portucale como ponto de origem da Nação, reforçou a ideia de que o FC Porto era um bastião de resistência contra o poder central. O seu discurso nacionalista regional fortaleceu o sentimento de pertença dos adeptos e expandiu o orgulho portuense para toda a região Norte. Com a continuidade das conquistas nacionais e internacionais, consolidou uma identidade coletiva enraizada na vitória e no combate articulando os seus discursos com ironia e humor. Apesar desse “understatement” o ter tornado alvo de críticas, sendo muitas vezes acusado de regionalismo exacerbado e de dividir o país ao defender de forma intransigente a “nação portista” – um conceito que culminou no seu manifesto “Azul até ao fim”.

Essa “nação portista” foi um patchwork de valores que, apesar de contestados no universo do futebol devido às suas práticas do dirigismo, foram fundamentais para a construção de uma narrativa de resistência face ao centralismo. A altivez do Norte, cultivada por Pinto da Costa, consolidou uma postura de desafio ao poder instituído, evocando a simbologia da batalha de David contra Golias. No período pós-25 de Abril, com o Norte a afirmar-se económica e desportivamente, essa região passou a ser vista como uma força independente, em oposição a um Sul centralizador e detentor de uma mentalidade colonial dissipando-se ao longo dos anos com o crescimento do turismo e a marca Portugal.

Eric Hobsbawm (1990), em Nations and Nationalism since 1780, defende que o desporto de alto rendimento pode funcionar como uma “religião secular”, reforçando sentimentos nacionalistas. No contexto do FC Porto, essa ideia materializou-se com intensidade. Sob a liderança de Pinto da Costa, o clube transformou-se num autêntico templo moderno, onde os rituais do futebol iam além das conquistas desportivas e convertiam-se em expressão de orgulho regional e resistência. O Estádio do Dragão é considerado mais do que um palco de jogos: é um símbolo da identidade portuense a nível internacional.

A construção dessa identidade, fundamentada na partilha de símbolos, rituais e narrativas comuns, pode ser interpretada à luz da teoria de Benedict Anderson (2008) em Comunidades Imaginadas. Anderson argumenta que as nações são “comunidades imaginadas“, isto é, são construções sociais que se formam a partir da imprensa escrita e do capitalismo impresso.

Pinto da Costa incorporou esse conceito de forma orgânica até na preparação do seu funeral, explorando como a consciência de pertença pode ser cultivada mesmo entre indivíduos que nunca se conheceram pessoalmente. Esse fenómeno explica as homenagens e manifestações de pesar pelo seu falecimento em diversas partes do mundo, revelando a amplitude do seu impacto, bem como os sentimentos negativos em relação ao clube, internamente após a sua derrota em maio de 2024 e por parte dos seus adversários Sporting e Benfica.

Mais do que um dirigente desportivo, Pinto da Costa foi um arquiteto de identidades. Utilizou o futebol como ferramenta para moldar narrativas de pertença, tal como os jogadores brasileiros ou emigrantes portugueses mantêm vínculos com as suas origens através do desporto. Nunca perdeu de vista o seu papel como defensor da “nação portista” e como símbolo do nacionalismo português. O seu legado permanece marcado pela resistência, pelo orgulho e pela capacidade de transformar um clube de futebol num fenómeno identitário de dimensão internacional engolindo a própria cidade que o viu nascer.

Na minha infância, ainda existiam uns homens que vinham vender enciclopédias de porta a porta. Quando a campainha tocava, podiam ser mórmons ou testemunhas de Jeová a vender a sua fé, ou estas pessoas que andavam com grandes malas a vender livros. Tenho a ideia de ver um destes à ombreira da porta, com uma grande mala de um castanho avermelhado. Mas talvez seja uma memória construída e a cor seja a que associo às lombadas encadernadas que havia na estante da sala. Nem toda a gente tinha enciclopédias em casa. Nos trabalhos de grupo no ciclo, juntávamo-nos em casa de quem as tinha para ajudar a compor os textos e tirar dúvidas.

Fiz a primária no mesmo colégio em que tinham andado o meu pai e a minha tia e tenho quase a certeza de que os mapas que estavam pendurados ao lado do quadro de ardósia ainda eram os mesmos desse tempo da outra senhora, que para quem não sabe era como se chamava a ditadura quando ainda dela tínhamos uma memória fresca, mesmo que não sentida diretamente na pele. Mesmo sem olhar para os mapas, tinha de dizer os nomes dos rios e dos afluentes, como tinha de dizer os nomes dos reis das dinastias.

Uma grande parte da base do nosso conhecimento centrava-se em duas ideias básicas: o recurso à consulta de livros e o exercício da memória. Haverá aqueles a quem tudo isto pareça obsoleto e obscurantista. Mas estes dois mecanismos de aprendizagem forneciam-nos uma resistência material a uma ameaça que só agora começa a apresentar-se como real. Quando a mera vontade de um oligarca tecnológico é suficiente para fazer desaparecer nomes dos mapas, para apagar ficheiros, para esconder informação, percebemos como os superpoderes dos motores de busca e das bases de dados digitais nos tornaram, afinal, tão frágeis.

Aquilo que antes nos preocupava saber de memória parece-nos agora garantido. Não nos lembramos da segunda dinastia? Vamos ao Google. Queremos saber como se chama um rio? Googlamos. Mas e se a informação que lá estiver for manipulada? E se o Golfo do México se tiver evaporado por capricho de um governante tresloucado que partilha imagens de inteligência artificial que mostram Gaza como um destino turístico de luxo, onde chovem notas de dólar, já depois de devidamente extintos todos os palestinianos?

Haverá, claro, quem desenhe na internet bolsas de resistência, motores de busca alternativos, sites com informação fidedigna e independente. O problema é que chegar a esses recursos será só para alguns. E temo que sejam muito menos do que aqueles que, quando eu era criança, se podiam dar ao luxo de exibir os volumes das enciclopédias nas estantes lá de casa.

A própria ideia de acumulação de conhecimento parece-nos hoje impossível. Navegamos de tarefa em tarefa, consumidos por uma economia da atenção, que nos minera os dados e o tempo como metais preciosos. Quantas vezes pegamos no telefone para ver como estará o tempo amanhã e, sem nos darmos conta disso, iniciamos um scroll infindável por mensagens, pushs, vídeos e posts que transforma esse pequeno gesto num sorvedouro de tempo? Quando finalmente largamos o telefone talvez se tenha passado já meia-hora, quando satisfazer aquela pretensão inicial não nos ocuparia mais do que meio minuto.

Encontrei no livro de Marta Peirano, editado em 2019, “O Inimigo conhece o sistema”, um dado inquietante sobre a nossa capacidade de atenção. É neste momento menor do que a de um peixinho de aquário. “A capacidade do peixe é de nove segundos, enquanto neste preciso momento a do humano médio é de oito. No ano 2000, a nossa capacidade de focar atenção numa única coisa era de doze segundos”, diz a autora, explicando que isso não aconteceu por acaso. Foi obra de empresas tecnológicas que usaram o conhecimento de pessoas como um psicólogo de Harvard chamado B.F. Skinner para desenvolver mecanismos de condicionamento das nossas respostas e, com isso, aumentar o tempo que dedicamos àquilo que nos querem vender.

A questão é que não só nos conseguem vender o que querem, como conseguem extrair de nós o máximo de dados possível para tornar mais eficazes essas vendas. Pior: atingiram um patamar em que conseguem influenciar as nossas crenças, moldar o nosso posicionamento político e ter um impacto real nas nossas capacidades cognitivas ou na informação a que temos acesso.

Ultrapassar as dificuldades que este tipo de tecnocracia nos levanta não implica ir viver para uma gruta sem internet, recuperar as velhas enciclopédias e obrigar os miúdos a saber de cor as linhas dos caminhos de ferro. Mas implica o desenvolvimento do pensamento crítico, a capacidade de desligar do digital e, acima de tudo, implica deixarmos de olhar para a tecnologia como se ela fosse ideologicamente neutra.

Podemos começar por refletir seriamente nas consequências cognitivas e sociais de estarmos a criar gerações de crianças viciadas em ecrãs ainda antes de conseguirem articular decentemente uma frase. Podemos questionar os benefícios de levar esses mesmos ecrãs e todo o seu excesso de estímulo para as escolas, que deviam ser lugares de reflexão, produção de conhecimento e sociabilização entre pares.

Há, apesar de tudo, alguns sinais de resistência. No Brasil, foi proibido o uso de telemóveis e tablets em todas as escolas, públicas e privadas, tanto nas salas de aulas como nos recreios. Está longe de ter sido o único país do mundo a perceber a importância deste passo. Um estudo divulgado pela UNESCO no Dia Internacional da Educação revela que no início de janeiro de 2025 eram já 79 os países que tinham introduzido restrições ao uso de dispositivos eletrónicos em ambiente escolar. Da França à China, passando pelo Reino Unido, há cada vez mais lugares do mundo em que a consciência dos efeitos nefastos do abuso das tecnologias na infância consegue superar o embasbacamento bacoco do entusiasmo com a modernidade da digitalização. E esse só pode ser um sinal de esperança.

Uma vez, um amigo (que por sinal é engenheiro informático e trabalha numa empresa de IT) disse-me que um dia olharemos para as imagens de crianças com ecrãs nas mãos com o mesmo horror que hoje nos causam as fotografias de menores a fumar ou a trabalhar em fábricas. Se chegarmos a esse dia, ainda haverá alguma esperança.

“A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no parlamento”, escreveu Ventura na rede social X. As declarações do líder do Chega surgem na sequência de notícias avançadas nos últimos dias que revelam que a Solverde – uma empresa de casino e hóteis – paga uma avença mensal de 4500 euros à empresa familiar de Montenegro.

A notícia, avançada inicialmente pelo jornal Expresso, revela o grupo Solverde paga à empresa Spinumviva, detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, uma avença mensal de 4500 euros por “serviços especializados de ‘compliance’ e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”. O acordo entre as empresas foi assinado em julho de 2021, seis meses após a constituição da Spinumviva.

Também de acordo com o semanário português, Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022 enquanto representante do grupo em negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato – que chega ao fim em dezembro deste ano – de concessão dos casinos do Algarve e de Espinho .

Há cerca de uma semana, no debate da moção de censura ao Governo, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, já tinha questionado Montenegro sobre a sua relação com o grupo Solverde. Na altura, o primeiro-ministro respondeu que “não é preciso qualquer conflito de interesses que possa dimanar de uma relação profissional ou contratual” e que impor-se-á “inibição total de intervir em qualquer decisão” que respeite a Solverde ou a outras com que “estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais”.

Em resposta ao Expresso, o gabinete do primeiro-ministro referiu que “o primeiro-ministro pedirá escusa de intervenção em todos os processos em que ocorra conflito de interesses”. 

A intensidade da perceção da dor é muito variável e é um campo de estudo complexo pela impossibilidade de a avaliar objetivamente. Para tentar compreender como o cérebro percebe a dor, um grupo de investigadores da Universidade de Tsukuba pôs em cima da mesa duas hipóteses: A Hipótese Estimada e a Hipótese Surpresa. Na primeira, o cérebro estima a intensidade da dor com base em previsões; na segunda, o cérebro percebe a dor como a diferença entre a previsão e a realidade.

Participantes saudáveis receberam um estímulo térmico e relataram a intensidade da dor sentida enquanto recebiam estímulos visuais dolorosos (como ser esfaqueado) e não dolorosos em modo realidade virtual.

Num cenário realístico, em que uma faca trespassava um dos seu braços virtuais, enquanto o braço real recebia um estímulo térmico, os participantes relataram mais dor quando, de repente, a faca desaparecia. O desaparecimento imprevisível da ameaça tornava, portanto, a dor mais intensa do que quando estava visível.

Esta experiência permitiu aos investigadores perceber que quando o erro de previsão era grande, os participantes percecionavam mais fortemente a dor, pelo que a Hipótese Surpresa parece ser mais adequada para explicar o mecanismo de perceção da dor no cérebro e que a dor é amplificada quando ocorrem acontecimentos inesperados.

O estudo é publicado na edição de abril da Cognition.

Perde-se na memória do tempo uma velha fábula que conta a história de vários caranguejos colocados num mesmo balde. Sempre que algum tenta sair, os outros acabam por puxá-lo para baixo, impedindo que qualquer um consiga escapar. Essa dinâmica, tantas vezes usada como metáfora para aludir a desafios coletivos, é apropriada perante encruzilhadas de natureza mais profunda e estrutural. Trata-se do caricato estado a que um sistema chega quando reconhece determinados problemas que o afetam e manifesta a necessidade de avançar num dado sentido, mas depois é incapaz de refletir com sucesso sobre as soluções, levando a bom porto um esforço conjunto de mudança.

Há dias, foi apresentado o relatório intitulado “Megaprocessos e Processo Penal – Carta para a celeridade e melhor Justiça”. Trata-se de uma análise de fundo elaborada por um grupo de trabalho formado por juízes e um procurador-geral adjunto na sequência de deliberação tomada em sessão Plenária Ordinária do Conselho Superior da Magistratura (CSM). Desde há décadas, a expressão crise da justiça assentou arraiais no quotidiano português, mesmo à custa de uma persistente omissão sobre a realidade objetiva, isto é, ignorando a realidade da generalidade dos milhares de casos tratados nos tribunais portugueses numa base diária. E à expressão crise da justiça, em regra, surge associado o clamor da necessidade de uma reforma da justiça. Pese embora a temática, ao longo dos tempos na nossa história democrática, tenha tido diferentes motivos para vir para a ribalta, a verdade é que, mais recentemente, o debate em torno de aspetos como a morosidade da justiça, os megaprocessos ou a configuração da fase de instrução no processo criminal tem sido particularmente aceso.

Ora, o trabalho em causa vem apresentar, precisamente, um conjunto de propostas tendo em vista, além do mais, melhorar a celeridade e a eficiência do processo penal. São ponderadas diversas alterações legislativas ao nível processual penal, tendo sido recebidas com especial ênfase as ideias relativas à redução da fase de instrução, à revisão do regime de recursos, bem como à criação de regras que visam evitar expedientes dilatórios, juntamente com outras em matérias de gestão e organização processual. E, nesta sequência, foram várias as vozes que, de imediato, se levantaram, insurgindo-se ora contra o teor do documento, ora contra a legitimidade dos seus autores. Porém, é a lei, mais concretamente o Estatuto dos Magistrados Judiciais, que prevê de modo expresso que o CSM tem competência para estudar e propor providências legislativas e normativas com vista à eficiência e ao aperfeiçoamento das instituições judiciárias.

Sem prejuízo de se poder concordar mais ou menos com esta ou aquela medida proposta, a verdade é que não só o CSM tem legitimidade democrática, legal e constitucional para o fazer, como, na verdade, o faz no âmbito de uma estrutura plural que reflete igualmente a representatividade característica do Parlamento que nomeia uma parte muito substancial dos seus membros. Não está aqui posta em causa a evidente importância do trabalho conjunto, da cooperação institucional ou do diálogo entre profissões jurídicas para a melhoria do sistema. Nesse eventual processo legislativo, deverá naturalmente, aí sim, ter lugar a audição, além do mais, de todas as estruturas representativas das diversas profissões jurídicas, no seio da qual as propostas poderão ser objeto de concordância, discordância ou aprimoramento.

Independentemente do acerto ou desacerto das propostas apresentadas, o País não pode dar-se ao luxo de continuar a não ponderar o resultado da reflexão qualificada de pessoas conhecedoras do sistema para, logo de seguida, se voltar a agitar com a bandeira da crise e da reforma da justiça sem sequer se efetuar previamente uma ponderação séria sobre as ideias apresentadas, ficando esta abafada pelas entropias de um sistema que se mantém refém do paradoxo do caranguejo.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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A Volvo vai apresentar mundialmente o novo ES90 a 5 de março, mas a fabricante já revela algumas das novidades que podemos encontrar. O destaque maior vai para a tecnologia de 800 volts que permite um carregamento mais rápido da bateria, um melhor desempenho geral e uma maior eficiência do sistema elétrico. A fabricante explica que este é seu modelo com maior autonomia e que carrega mais rápido, também pela combinação de novos software e hardware de gestão de bateria.

Segundo o comunicado, o ES90 consegue carregar a bateria para 300 quilómetros em apenas 10 minutos e, com a carga completa, tem autonomia para percorrer 700 quilómetros.

Para este novo sistema de 800 volts, todos os componentes do sistema elétrico foram atualizados, desde células de bateria, inversor, motores, carregamento e sistemas térmicos. Estas melhorias trazem benefícios ao carregamento, à eficiência e ao desempenho.

Os motores do ES90 são mais leves, o que permite aumentar a aceleração e a autonomia e o novo software de gestão de baterias desenvolvido internamente ajuda a reduzir o tempo de carga (dos 10 aos 80% em apenas 20 minutos, uma redução de 30% do tempo).

A utilização de materiais naturais e reciclados ajuda a reduzir as emissões de CO2 na produção deste modelo, com 29% do alumínio utilizado a ter sido reciclado, tal como 16% dos polímeros e 18% de todo o aço.

A Volvo deve revelar mais detalhes, incluindo preço, disponibilidades e versões do ES90 na apresentação mundial marcada para 5 de março.

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O grupo Meta está a planear ter uma aplicação independente com o chatbot alimentado por Inteligência Artificial para rivalizar com o ChatGPT, o Google Gemini e o Microsoft Copilot. Segundo a CNBC, os trabalhos de desenvolvimento estão em curso e devem resultar num lançamento entre abril e junho deste ano.

A empresa que detém o Facebook, o Instagram e o WhatsApp já inclui funcionalidades do chatbot integradas nestas plataformas, mas a estratégia de lançar uma app independente permite chegar a pessoas que não usam estas soluções. A Meta AI já é capaz de responder a perguntas, gerar imagens, editar fotos e até tem ‘memória’ para fornecer recomendações mais adequadas.

Sam Altman, da OpenAI, reagiu a esta notícia dizendo ironicamente que “OK, talvez façamos uma app de rede social”.

Mark Zuckerberg anunciou recentemente a intenção de investir 65 mil milhões de dólares no desenvolvimento de soluções assentes em Inteligência Artificial e deve revelar mais sobre estas ambições num evento dedicado ao tema, marcado para 29 de abril.

Num mundo dos nómadas digitais, os ultraportáteis tornaram-se padrão. Mas o que fazer quando estes profissionais ‘em movimento’ precisam de ecrãs com áreas generosas? Esta proposta inovadora da Asus é uma boa resposta para quem precisa de mobilidade e, simultaneamente, de um ecrã com muito espaço de trabalho. A junção de dois ecrãs finos e leves numa arquitetura em concha, semelhante à dos portáteis, resulta num sistema funcional e muito fácil de transportar.

Há duas portas USB C Display Port e uma porta Mini-HDMI para a transmissão da imagem. Além de dois botões, há uma género de roda/stick para ajudar a fazer explorar os menus

Pequeno quando fechado, grande quando aberto

O Asus ZenScreen Duo MQ149CD destaca-se pelos dois ecrãs OLED de 14 polegadas integrados num design compacto e versátil. Fechado, parece um ultraportátil com espessura reduzida e com uma pegada pouco maior que uma folha A4. O chassis de alumínio escovado garante resistência e transmite uma sensação de qualidade. Todas as conexões e botões de controlo estão do lado direito. A conectividade é versátil, graças a três portas USB-C: uma para alimentação, uma USB-C com DisplayPort (DP) e uma segunda USB-C DP e suporte para MST (Multi-Stream Transport). A maioria dos portáteis modernos pode controlar o ecrã com um único cabo USB-C, enquanto outros podem usar o mini-HDMI – situação em que é necessária alimentação em separado. De referir que os três cabos são fornecidos, bem como um carregador de energia. O suporte integrado no chassis permite posicionar os ecrãs na horizontal ou na vertical, enquanto a rosca para tripé na parte inferior oferece ainda mais opções de montagem.

O modo tenda é uma das várias possibilidades

Um ecrã para o PC e outro para a Switch

Os dois ecrãs OLED de 14 polegadas com resolução WUXGA (1920×1200 pixels), proporcionam uma grande área de trabalho, que pode ser aproveitada usando diferentes modos: independente, dividido, espelhado e estendido. Isto significa que, considerando o ecrã do portátil, ficamos com um total de três ecrãs. Além disto, há diferentes possibilidades em termos de arquitetura. Os dois painéis podem ficar em ‘tenda’, em modo espelho (a mesma imagem em ambos os ecrãs), para, por exemplo, partilhar uma apresentação; na vertical em modo independente estendido, o que é muito popular entre programadores e prático para editar documentos longos; na horizontal, um formato mais adequado para quem trabalha em criação de conteúdos. No modo independente, cada ecrã pode ter a sua própria fonte de vídeo, permitindo que um utilizador trabalhe num portátil enquanto outro jogue numa consola, por exemplo.

Qualidade OLED

Os painéis OLED oferecem negros perfeitos, cores vibrantes e um contraste a tender para o infinito, proporcionando uma experiência visual imersiva para multimédia e entretenimento. Com um brilho de até 500 nits em HDR e uma gama de cores DCI-P3, o Zenscreen Duo MQ149CD garante uma precisão de cores elevada para edição de fotos e vídeos. Não é, no entanto, uma boa solução para gamers, já que a taxa de atualização está limitada a 60 Hz – pouco para jogos de ação.

Falha de energia

Apesar da funcionalidade e qualidade global, também encontramos algumas limitativas. Os painéis são muito refletivos, o que gera fadiga visual; o monitor não carrega o portátil através da ligação USB-C (não funciona como fonte externa), não há hub USB para ligação de outros periféricos; e a interface de configuração reage lentamente. Durante os testes, tivemos um problema quando estávamos a utilizar o monitor com um único cabo USB C (para dados e alimentação elétrica) configurado com o nível de brilho próximo do máximo e abrimos duas janelas totalmente brancas: o consumo de energia ultrapassou o máximo suportado pela ligação e ficámos sem imagem. A solução foi desligar e voltar a ligar o monitor. No entanto, este problema só acontece com uma conjugação de fatores rara e pode ser facilmente resolvido utilizando o adaptador de energia.

Veredicto

O Asus Zenscreen Duo MQ149CD é um monitor portátil inovador que oferece uma experiência de utilização única, combinando dois ecrãs OLED de alta qualidade num design compacto e versátil. A sua flexibilidade, qualidade de imagem e conectividade fazem deste periférico uma ferramenta para profissionais criativos, estudantes e qualquer pessoa que procure maximizar a sua produtividade em movimento. O preço alto é compensado pela elevada qualidade de construção, funcionalidade e qualidade de imagem. O valor da oferta é reforçado pela oferta do bom estojo de transporte, dos cabos (dois USB C e um HDMI para mini-HDMI).

Tome Nota
Asus ZenScreen Duo OLED MQ149CD – €609,90
www.asus.com

Qual. Imagem Muito bom
Funcionalidade Excelente
Consumo Muito bom
Conectividade Satisfatório

Características 2x ecrãs OLED 1920×1200 (16:10, 60 Hz) ○ brilho até 500 nits ○ 2x USB-C DP, USB-C energia, Mini-HDMI ○ 1,07 kg, 318x211x13 mm

Desempenho: 4,5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3,5

Global: 4,2

 

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