Por mais estranho que possa parecer, foi o choque petrolífero de 1973, responsável por inúmeras falências um pouco por todo o mundo, que viria a dar origem à Jular, uma das maiores empresas de construção de casas e estruturas em madeira em Portugal, com uma faturação superior a nove milhões de euros. Para contar a história temos de recuar 50 anos, quando Amaro Santos, um empresário ligado ao ramo da cerâmica, recebeu uma chamada do seu irmão, que vivia em Angola, onde tinha uma fábrica de construção de travessas de madeira para as linhas dos caminhos de ferro.

Na altura, o seu principal cliente era a África do Sul, mas o choque petrolífero daquele ano iria parar o desenvolvimento das linhas ferroviárias naquele país. Com o fim destes contratos, a madeira foi-se acumulando nas instalações da fábrica. Sem saber o que fazer a tanta madeira, ligou ao seu irmão a dizer-lhe que iria enviar, à consignação, um navio carregado de madeira para este a tentar vender em Portugal.

No dia em que chegou o primeiro navio ao cais de Xabregas, ainda Amaro Santos não sabia o que iria fazer com toda aquela carga, mas, pouco depois do navio atracar, foi abordado por um senhor que lhe perguntou qual o preço a que pretendia vender a madeira. Tratava-se de António Galvão de Melo, um dos maiores empresários portugueses do setor madeireiro.

Acertaram o preço e Galvão de Melo apenas lhe pediu uma condição: toda a madeira que chegasse de Angola teria de ser vendida em exclusivo a ele.

Ao longo desse ano, foram quatro os navios que chegaram a Portugal e Amaro Santos tornou-se um intermediário do negócio entre o seu irmão e o empresário português. Até que um outro evento viria a mudar toda esta história. O quinto navio chega a Portugal no dia 24 de abril de 1974, na véspera da Revolução, e com a atividade económica quase paralisada, a madeira ficou sem comprador. “Foi nessa altura que o meu pai se começou a dedicar verdadeiramente a este negócio”, recorda Hélder Santos, o atual presidente da Jular.

E se já tinha um problema entre mãos, acabou por ampliá-lo. “Devido à instabilidade e incerteza quanto ao futuro do País, o meu pai foi ao Brasil para estudar a possibilidade de levar para lá a família caso as coisas se complicassem por cá. Mas, quando regressou, trouxe com ele mais um navio carregado de madeira”, recorda.

Com tanta matéria-prima nas mãos, a Jular compra um terreno em Camarate e começa a produzir madeiras para a indústria do mobiliário, carpintarias e marcenarias.

A atividade foi prosperando e em 1986 decidem mudar-se para a Azambuja, onde investiram numa unidade fabril com serração, secagem e transformação de madeiras.

“Durante muitos anos, fornecemos ripas e vigas para as estruturas dos telhados, mas no princípio dos 90 fomos desafiados a montar os telhados das casas em vez de vendermos apenas a madeira”, lembra Hélder Santos.

A empresa deixava de ser um mero fornecedor do setor da construção, transformando-se num fabricante de estruturas. Foram acumulando conhecimento e experiência nesta área e, em 2005, decidem criar um departamento de construção modular de madeira.

Em 2008, ganham o primeiro grande projeto, a construção das casas do ZMar Eco Camping Resort, junto à Zambujeira do Mar, um empreendimento inovador na altura, com preocupações de sustentabilidade ambiental.

Depois desse, ganham outra grande encomenda de casas modulares em madeira em Angola. A empresa começava a prosperar, mas, no ano seguinte, Portugal é intervencionado pela “troika” e toda a atividade voltou quase à estaca zero.

Porém, o que parecia um problema acabou por se tornar uma oportunidade de internacionalização. “Para não ficarmos parados, decidimos ir para fora, tentar vender casas noutros países, nomeadamente Inglaterra, Suíça e França, onde hoje, a par de Angola, temos um dos maiores mercados externos”, afirma Hélder Santos.

O “boom” da madeira

Apesar de serem habituais noutras regiões do globo, como na América do Norte, na Escandinávia ou mesmo no Japão, a grande afirmação das casas de madeira nasce com um movimento iniciado no Canadá, que começou a revolucionar este negócio. 

“No final dos anos 90, por iniciativa do governo canadiano, começou a trazer-se o conhecimento para a construção deste tipo de casas. Até ali, as estruturas eram de madeira maciça e sem qualquer incorporação de tecnologia. Com esta iniciativa, começou a investir-se muito, para se tirar o maior partido das vantagens deste material e eliminar ou minimizar as suas desvantagens. Surgiram o que hoje chamamos as madeiras engenheiradas”, explica o gestor.

Está provado que a maneira mais eficiente de voltar a aprisionar o carbono que libertamos para a atmosfera é construir em madeira

Isto é, são produtos homogéneos, fáceis de caracterizar, o que permite serem usados facilmente por projetistas, engenheiros ou arquitetos, tal como os materiais mais convencionais da construção civil. Anteriormente, estes profissionais tinham alguma dificuldade em trabalhar com a madeira, devido às diferentes características, desde o peso, a densidade e a resistência, entre muitos outros fatores. Este avanço permitiu também o desenvolvimento de software de projeto para as madeiras, tal como existia para o ferro ou o cimento, facilitando ainda mais a sua utilização.

Outra das grandes vantagens trazidas pela construção em madeira foi deslocar a obra do local de edificação para as fábricas. “Mais de 90% da obra fica pronta aqui nas nossas instalações, e só depois é colocada no local onde o cliente a pretende. Desta forma, conseguimos diminuir as imprevisibilidades que surgem nas obras e temos um maior controlo sobre o projeto, o que permite um melhor cumprimento dos prazos de entrega de obra”, conta Hélder Santos.

Segundo o gestor, esta produção em fábrica é uma grande vantagem, sobretudo quando as casas estão situadas em zonas onde escasseia a mão de obra especializada. “Por vezes, temos o pedreiro, o pintor, mas falta um ladrilhador, ou um canalizador, e a obra acaba por ficar parada. Na fábrica, temos todas as especialidades, não corremos esse risco”, justifica.

Por fim, e não menos importante, a madeira está a ganhar o seu espaço na construção civil, devido à cada vez maior consciência ambiental da sociedade.

“Está provado que a maneira mais eficiente de voltar a aprisionar o carbono que as últimas oito ou nove gerações libertaram na atmosfera é construir em madeira. É o único material de construção que tem um saldo de carbono negativo, ou seja, em vez de libertar carbono aprisiona. E tem um duplo efeito. Por um lado, retém o carbono e, por outro, evita a utilização de materiais de construção que o libertam”, esclarece Hélder Santos.

Mais procura

A grande maioria das encomendas das casas modulares é feita por empresas, sobretudo do setor hoteleiro. Além do ZMar, a Jular já efetuou trabalhos para o Hotel West Cliffs, na Praia de El Rei, perto da Lagoa de Óbidos, as Caju Villas, junto à barragem de Montargil, a Muda Reserve, na Comporta, ou o W Algarve Hotel & Residences. Mais recentemente, deram início à construção para o projeto Costa Terra, na Lagoa de Melides

“Trabalhamos muito com profissionais, equipas de arquitetura e temos alguns nichos em que o tipo de construção faz mais sentido, como os pequenos resorts, hotéis de menor dimensão, restaurantes de praia, entre outros. Gostamos de entrar nestes empreendimentos ainda na sua fase de conceção, desenhando um projeto que vá ao encontro do que o cliente procura”, salienta.

Um segmento de mercado que se desenvolveu muito na altura da pandemia, e que se tem mantido, são as microunidades hoteleiras. “Estamos a falar de famílias que decidiram sair dos centros urbanos e foram procurar outro estilo de vida fora das cidades, criando unidades hoteleiras com meia dúzia de alojamentos. E o nosso produto encaixa-se perfeitamente nestes casos devido à sustentabilidade, ao reduzido impacto visual que estas casas provocam nos terrenos e pela rapidez da sua instalação”, explica.

Segundo Hélder Santos, em Portugal existe cada vez maior procura por este tipo de casas para primeira habitação, sobretudo por parte de estrangeiros que decidiram vir viver para Portugal. “São sistemas de construção, normais nos seus países de origem, aos quais já estão habituados. Além disso, como não são residentes, faz todo o sentido terem apenas um único interlocutor em todo o processo de conceção e construção da casa”, afirma.

A interação do cliente com a Jular pode ser feita através de três modalidades. A primeira passa pela escolha de uma casa pelo catálogo da Jular, com várias opções de edifícios já concebidos. Outro método dá a opção do cliente construir a sua casa através da seleção de módulos predefinidos e, dessa forma, construir o lay-out pretendido. Por último, embora não seja tão procurado, a empresa ainda dá a opção dos seus clientes fazerem a casa de raiz à medida do que realmente pretendem.

Apesar da maior procura, as casas de madeira não são necessariamente mais baratas do que as de construção convencional. Hélder Santos admite que o preço por metro quadrado pode ficar cerca de 10% acima, mas alerta que, para que o saldo final fique bem feito, temos de levar em conta outros custos que, regra geral, não são contabilizados.

E dá exemplos: “A Comissão Europeia avalia o tempo de duração de um edifício convencional em 50 anos e um de madeira em 70 anos. Se formos fazer a amortização do investimento pelos anos de vida, a casa de madeira fica mais barata. Além disso, se um dia tivermos de destruir a casa para edificar outra, o processo de demolição da madeira não só é mais barato, como todo o material pode ser reciclado e gerar rendimento para o proprietário. E, como a madeira conserva melhor o calor, os custos energéticos futuros também serão mais baixos.”

Além das casas de madeira, a Jular desenvolve outras atividades relacionadas com este material. Um deles é a criação de estruturas para edifícios, sendo um dos melhores exemplos a pala em madeira do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em Lisboa, ou o Pavilhão Inovação da Feira Internacional de Lisboa.

“Gostamos de fazer esse tipo de trabalho, que implica alguma criatividade de engenharia. Um dos melhores exemplos foi a estrutura que desenvolvemos para a cimeira da NATO, entre a FIL e o Pavilhão Atlântico. Foi pensada para ser montada em três semanas e desmontada em duas. A solução foi idealizada para que os painéis fossem facilmente desmontados para serem usados noutras obras”, explica.

Outra das áreas de atividade importantes da empresa são as madeiras decorativas, como os pavimentos, decks, revestimentos de fachadas, entre outros. Mais recentemente, começaram um projeto de aproveitamento das madeiras antigas retiradas dos edifícios que estão a ser remodelados na Baixa de Lisboa.

Apesar do crescimento da procura por este tipo de casas, ainda existem algumas dúvidas sobre a sua durabilidade e fiabilidade por parte da população. Hélder Santos responde que basta olhar para o exemplo de alguns dos países mais desenvolvidos do mundo, que ainda hoje usam a madeira na construção, como é o caso do Canadá, da Suíça, Japão ou da Escandinávia.

E se dúvidas existirem, o edifício mais antigo do mundo ainda em utilização, o templo Horyu-ji, no Japão, tem mais de 1 400 anos e é feito todo em madeira, e uma boa parte dela ainda é a original.

Artigo publicado na EXAME nº 487 de janeiro de 2025

De acordo com o novo relatório “Liberdade no Mundo 2025: A Batalha Difícil para Salvaguarda os Direitos”, divulgado esta quarta-feira pela Freedom in the World, a liberdade mundial está em declínio pelo 19.º ano consecutivo. “A liberdade global sofreu outro golpe durante um ano repleto de eleições em todas as regiões”, referiu Gerardo Berthin, copresidente da Freedom House.

O estudo revela que, dos 66 países e territórios que realizaram eleições nacionais em 2024, cerca de 40% apresentaram violência relacionada com os processos eleitorais. “Os candidatos foram atacados em pelo menos 20 países, enquanto os locais de votação foram atacados em pelo menos 14”, pode ler-se.

Os investigadores da Freedom House consideraram ainda que as guerras civis e os conflitos mundiais que existem atualmente, impediram também o exercício dos direitos fundamentais, tornando o mundo menos seguro e menos livre em 2024.

O relatório sugere ainda que cerca de 20% da população mundial vive em países classificados como “livres” e 40% em países “não livres”.

Em 2024 apenas 34 países alcançaram melhorias, incluindo a Síria – +4 pontos – que registou melhorias na segurança física, liberdade de movimento e liberdade de reunião  após a queda do regime de Bashar-al-Assad. Também o Bangladesh (+5), Butão (+5) e o Sri Lanka (+4) estão entre os países que registaram um maior aumento e melhores pontuações gerais.

Já países como o Kuwait (-7), Tunísia (-7), El Salvador (-6) e Haiti (-6) registaram os maiores declínios e piores pontuações gerais. 

“A liberdade global enfrenta sérios desafios em 2025, incluindo ameaças à segurança decorrentes de múltiplos conflitos armados, o aprofundamento da repressão em autocracias emergentes e líderes democraticamente eleitos que procuram avançar com os seus objectivos ignorando os controlos institucionais sobre o seu poder. É do interesse vital de todos aqueles que acreditam na democracia investir em instituições democráticas, denunciar os ataques aos direitos no estrangeiro, trabalhar em conjunto para promover uma paz duradoura e apoiar os defensores dos direitos humanos onde quer que atuem”, lê-se.

Avolumam-se os sintomas de que a nossa sociedade – a portuguesa – está cada vez mais anémica de valores civilizacionais básicos, a começar pela decência. No passado mês de janeiro, por exemplo, imagens amplamente partilhadas nas redes sociais e em espaços informativos mostraram, numa escola da Moita, durante a hora de almoço, um aluno mais velho a agredir um colega mais novo, este diagnosticado com perturbação do espectro do autismo. O bárbaro ato foi captado em vídeo por outros estudantes, que não intervieram para travar o agressor e auxiliar a vítima. Muito pelo contrário: riam-se à gargalhada com o que estavam a ver. 
O agressor foi suspenso temporariamente da escola e enfrenta um processo disciplinar – provavelmente, duas medalhas que agora traz com orgulho ao peito. Quanto aos que assistiam e se riam, até se pode trazer aqui à colação que apenas mimetizaram os adultos que, em acidentes de viação ou confrontos entre claques de futebol, por exemplo, sacam logo dos seus telemóveis para filmar, em vez de ajudar ou intervir. 
Mas prevalece sempre a perplexidade e a indignação, que o escritor Luís Osório expôs assim num seu Postal do Dia, na Antena 1: “Que mundo é o que vimos no recreio daquela escola na Moita? Quem é aquele miúdo que espanca um colega autista? Que o humilha? Quem são os que gravam as imagens nos seus telemóveis? Os que riem alarvemente enquanto rodeiam o que é agredido numa arena de animais selvagens? O que esperar de todos eles no futuro? O que raio serão dentro de uns anos? Há alguma razão objetiva para esperarmos uma redenção? Um volte-face? O ganho de uma consciência? Uma luz que lhes rebente a negritude?” Como qualquer pessoa decente, Luís Osório perguntou e perguntou-se. 

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A vida de árbitro de futebol não é fácil. Mesmo quando consegue realizar uma partida perfeita, sem erros em lances capitais do jogo, há sempre quem não fique contente com o resultado e consiga encontrar no homem do apito o responsável pelos desaires da sua equipa ou um excelente bode expiatório para os seus próprios erros. É possivelmente por isso que são muito poucos os árbitros que conseguiram ter uma carreira de destaque no futebol após abandonarem os relvados. Mas há exceções e uma delas é Pedro Proença, que, na segunda-feira, 24, tomou posse como presidente da Federação Portuguesa de Futebol, uma semana depois de ter sido eleito para o cargo com uma expressiva votação que atingiu os 75%. Depois de quase duas décadas a arbitrar e de mais uma a presidir a Liga Portugal, que reúne os clubes de futebol profissionais, Proença chega, com 54 anos, ao posto mais alto do desporto-rei nacional, num trajeto verdadeiramente meteórico, durante o qual tem conseguido ser quase sempre consensual e raramente encontrou verdadeira oposição.

Glória e dor

Pedro Proença de Oliveira Alves Garcia nasceu a 3 de novembro de 1970, em Lisboa. Inscrito na Associação de Futebol da capital, enveredou cedo pela carreira de árbitro, chegando à primeira categoria em 1998. Cinco anos depois, chegou a internacional. Até 2015, data em que abandonou a arbitragem, apitou 480 partidas, a maioria na primeira (178) e na segunda (117) ligas. O ponto mais alto da sua passagem pelo futebol foi o ano 2012, em que lhe coube arbitrar as finais da Liga dos Campeões, entre o Chelsea e o Bayern Munique, e do Campeonato da Europa, entre Espanha e Itália. Nessa temporada, foi eleito pela Federação Internacional de História e Estatísticas de Futebol o melhor árbitro do mundo. Uma honra para qualquer homem do apito, mas sobretudo para este que, ainda um ano antes, terá vivido o pior momento da sua carreira, quando foi alvo de uma agressão à cabeçada num centro comercial de Lisboa. O adepto do Benfica (clube que, curiosamente, Pedro Proença nunca escondeu ser o da sua simpatia), responsável pela ação violenta de que resultou a perda de dois dentes, acabaria, em 2014, condenado a um ano e meio de prisão com pena suspensa.

Alma de gestor

Formado em Gestão de Empresas e tendo por profissão a de diretor financeiro, o árbitro lisboeta não demorou muito tempo a encontrar um desafio após ter pendurado o apito, em janeiro de 2015. Meio ano depois, em finais de julho, venceu as eleições para a presidência da Liga Portugal, somando mais votos do que Luís Duque. Daí para a frente, nos mandatos que se seguiram, foi vencendo sempre sem oposição, sinal de que a maioria dos clubes profissionais estava contente com a sua atuação. É certo que nunca conseguiu atingir dois dos seus principais objetivos, que eram a internacionalização da Liga portuguesa e a pacificação das relações entre os principais clubes do futebol nacional, que continuaram às turras e a trocar acusações. Ainda assim, é assinalável que tenha sobrevivido dez anos à frente de um organismo em que se degladiaram, à vez, Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira, Bruno de Carvalho, Frederico Varandas e Rui Costa. Deixou, sobretudo, como principais legados a inauguração, em 2024, da nova e moderna sede da Liga Portugal, no Porto, e a introdução do formato de Final Four na Taça da Liga, que reúne normalmente os três grandes numa minicompetição em janeiro.

Novo desafio, novo triunfo

Perante a inevitável saída de Fernando Gomes da presidência da Federação Portuguesa de Futebol por ter completado o terceiro mandato, Pedro Proença não hesitou e avançou, determinado, para a sucessão do grande responsável pelo sucesso desportivo e financeiro do organismo máximo do futebol nacional. Proença não consegue garantir que se repitam os títulos conquistados no Euro2016 e na Liga das Nações, nem as vitórias das seleções de futsal e de futebol de praia. Promete, isso sim, criar novas fontes de receita, nomeadamente com a (será que é desta?) internacionalização do futebol português e a hipótese de levar a final da Supertaça para as arábias. Compromete-se, também, a lutar para que o Governo aceite aplicar verbas do PRR na construção de infraestruturas, sobretudo para acomodar mais campos de treino para o futebol feminino, e baixar o IVA dos bilhetes. Traçou, finalmente, como desígnio “unir o futebol português”. Talvez a sua mais difícil tarefa, a avaliar pelas constantes e repetidas trocas de acusações entre dirigentes e estruturas de comunicação, sobretudo dos chamados três grandes. Ainda assim, não deixou de ser curioso assistir à amena cavaqueira entre os presidentes Rui Costa e Frederico Varandas na tomada de posse de Pedro Proença. Uma galhofa pegada que se seguiu ao simbólico momento de união de Benfica e Sporting, juntos na completa abstração relativamente à morte recente de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Sempre a subir

Árbitro
Foi árbitro entre 1998 e 2015, tendo apitado 480 jogos. Em 2012, foi considerado o melhor árbitro do mundo pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol. Nesse ano, apitou as finais da Liga dos Campeões e do Europeu.

Liga de Clubes
Foi eleito presidente da Liga Portugal em 2015, sendo posteriormente reeleito em 2019 e, de forma unânime, em junho de 2023

European Leagues
Em novembro de 2023 assumiu a presidência da European Leagues e em fevereiro de 2024, por inerência, foi ratificado como membro do Comité Executivo da UEFA

Palavras-chave:

É CEO do Grupo Evolutio em Portugal desde maio de 2023 e da Warpcom desde 2024. Que balanço faz deste período?

O balanço é bastante positivo. Ao longo do tempo construímos uma base sólida, conseguimos incorporar novas capacidades e ajustar a empresa de forma a manter o seu crescimento, focando-nos na melhoria contínua do serviço prestado aos nossos clientes. Portugal é um mercado prioritário e estratégico para o Grupo Evolutio, e a Warpcom é um ativo crucial na concretização desta visão.

A Warpcom tem reforçado a sua liderança nas áreas de cibersegurança, cloud, networking e experiência digital e feito um forte investimento no sentido de entregar serviços especializados e soluções inovadoras aos nossos clientes. O nosso foco é, de facto, continuar a escalar este sucesso, mantendo a aposta em serviços diferenciadores como o MXDR (Managed Extended Detection and Response), e na dedicação das nossas equipas locais, que asseguram a proximidade necessária para preparar os clientes para os desafios atuais e futuros. Esta combinação de know-how, experiência, inovação tecnológica, proximidade e confiança dos nossos clientes, coloca-nos numa posição ímpar.

Quando tomou posse disse que se manteriam atentos a operações de crescimento inorgânico. Neste âmbito, está prevista alguma operação para breve?

Mantemos o compromisso de explorar oportunidades de crescimento inorgânico que fortaleçam a nossa oferta e posição no mercado. Estamos atentos a potenciais aquisições que adicionem valor, seja pela expansão de competências ou acesso a novos mercados.

Angel Mateos Aguado, CEO Warpcom

Acreditamos que ter uma cultura de inovação, onde incentivamos a formação dos nossos colaboradores e, paralelamente, nos desenvolvemos em conjunto com os nossos parceiros, permite mantermo-nos na vanguarda da inovação

Em 2024, a Warpcom registou um volume de negócios de 52,9 milhões de euros. Que factores permitiram este crescimento de 20,2% face ao ano anterior?

Apesar dos desafios impostos pela incerteza geopolítica internacional e o impacto da inflação nas decisões de investimento dos nossos clientes, conseguimos manter uma trajetória de crescimento graças à combinação de alguns fatores. Em primeiro lugar, a nossa equipa demonstrou uma dedicação incansável e uma capacidade de adaptação excecional, garantindo a excelência na entrega dos nossos serviços e projetos. Em segundo, a confiança contínua dos nossos clientes foi decisiva. A Warpcom foi capaz de conquistar novos projetos de grande impacto, especialmente em setores estratégicos como a Administração Pública, o setor Financeiro, Indústria e Utilities. Esta confiança reflete a qualidade das nossas soluções e o nosso foco em oferecer serviços de alto valor. Por último, a captação de novos clientes também foi um fator determinante ao permitir-nos diversificar a base de clientes existentes e aumentar a presença em áreas de grande relevância para o futuro.

Estes fatores permitiram-nos manter o crescimento expressivo em 2024, que se materializou num volume de negócios de 52,9 milhões de euros, o que representa um crescimento de 20,2% face a 2023.

Com quantos colaboradores contam atualmente em Portugal e em que áreas?

Atualmente, a Warpcom conta com cerca de 150 colaboradores distribuídos pelos escritórios em Lisboa, Porto, Funchal e Madrid. A nossa equipa está organizada em torno de várias áreas estratégicas, com destaque para Cibersegurança, Networking & Infrastructure, Data Center & Cloud, Digital Experience e Serviços (Consultoria Tecnológica, IT Operations, NOC, SOC e Serviços de Suporte).

Qual a importância do programa Warp Trainee, que estrearam este ano? Irá manter-se nos próximos anos?

O programa Warp Trainee tem um papel central na nossa estratégia de atrair e desenvolver os melhores talentos na área das tecnologias. Este programa não só proporciona aos estagiários uma formação técnica sólida, como também promove o desenvolvimento de competências interpessoais que consideramos fundamentais para o sucesso de cada colaborador, e da empresa como um todo. Acreditamos que a inovação e o futuro da nossa empresa passam pelo investimento nas pessoas, e no seu desenvolvimento profissional. O Warp Trainee é um reflexo desse compromisso.

Através deste programa, fomentamos a inovação e proporcionamos uma melhor integração dos trainees na nossa cultura organizacional, o que é crucial para garantir que os novos talentos estão alinhados com os nossos valores e objetivos de longo prazo. Investimos significativamente neste programa porque acreditamos muito no seu potencial transformador.

Quanto à sua continuidade, o nosso plano é mantê-lo nos próximos anos, já que vemos nele uma ferramenta essencial para fortalecer a nossa equipa com novas ideias, perspetivas e, claro, para garantir que retemos os melhores talentos do mercado. Este mês (fevereiro) vamos lançar a primeira edição do Warp Trainee, dando as boas-vindas a cerca de dez jovens talentos para integrarem a empresa e desenvolverem competências em áreas estratégicas do setor tecnológico.

Vamos continuar a evoluir como um parceiro de confiança para as organizações que procuram inovar com segurança e resiliência no seu percurso de transformação digital

A inovação constante é um marco no mercado das TIC. Qual o segredo da Warpcom para se manter a par das tecnologias mais recentes?

Acreditamos que ter uma cultura de inovação, onde incentivamos a formação dos nossos colaboradores e, paralelamente, nos desenvolvemos em conjunto com os nossos parceiros, permite mantermo-nos na vanguarda da inovação. Só com este mindset conseguimos antecipar tendências e necessidades do mercado.

No entanto, não nos podemos cingir a acompanhar as tecnologias emergentes, temos de nos questionar constantemente como é que estas podem ser aplicadas de forma a criarmos soluções inovadoras que tragam verdadeiro valor acrescentado para os nossos clientes. Por isso, há que manter uma colaboração estratégica tanto com os nossos parceiros como com os nossos clientes. Só tendo uma abordagem colaborativa nestas duas frentes, conseguimos identificar oportunidades de inovação e de negócio. Esses fatores juntos garantem que a Warpcom não permaneça apenas relevante, mas também se posicione como um líder no mercado de TIC.

O foco na sustentabilidade tem sido uma marca no percurso da empresa. Que iniciativas estão em curso neste âmbito?

O foco na sustentabilidade reflete o nosso compromisso em conciliar crescimento económico com responsabilidade social e ambiental. Na Warpcom as preocupações com a sustentabilidade existem desde a génese da empresa e têm vindo a crescer, ocupando um lugar cada vez mais de destaque no dia a dia da nossa organização. Temos diversas práticas implementadas há muitos anos e procuramos diariamente envolver os colaboradores numa cultura ética e responsável em relação à proteção do planeta, de forma a despertar uma maior consciência sobre o impacto que cada um de nós pode ter no mundo.

Além disso, fazemos uma seleção muito criteriosa de fornecedores para que que sejam comprometidos com práticas sustentáveis, medimos e monitorizamos indicadores como emissões de CO2, consumo de energia e uso de água, mantemos uma aposta forte na mobilidade sustentável na tentativa de reduzir significativamente a nossa pegada de carbono e temos procurado realizar atividades que visam a preservação da natureza e dos ecossistemas. Estamos sempre à procura de novas formas de integrar práticas sustentáveis no nosso dia a dia, incentivando os nossos colaboradores a tornarem-se embaixadores da sustentabilidade tanto dentro quanto fora da empresa.

Quais as tendências do mercado das TIC que antevê para 2025?

Na minha opinião, o mercado das TIC em 2025 vai ser pontuado por três fatores principais: cibersegurança, inteligência artificial e o aumento da regulamentação. Com a digitalização das organizações e o valor crescente dos dados, a cibersegurança deixará obrigatoriamente de ser secundária para se tornar numa prioridade essencial. No caso da IA, esta tecnologia já desempenha um papel crucial na proteção cibernética, mas com ferramentas de machine learning, será possível identificar padrões suspeitos e prevenir ataques em tempo real, tornando a defesa mais preparada e proativa. Por fim, a implementação da NIS2 trará novas exigências para diversos setores. Mesmo empresas fora do alcance direto da Diretiva vão sentir a pressão, com a conformidade a estender-se a toda a cadeia de fornecimento.

Que novidades trará o próximo ano para a Warpcom?

Vamos continuar a evoluir como um parceiro de confiança para as organizações que procuram inovar com segurança e resiliência no seu percurso de transformação digital. A nossa estratégia está focada na oferta de serviços geridos onde pretendemos reforçar a nossa posição como Trusted Partner no mercado, para isso vamos continuar a desenvolver novas capacidades em áreas como a Cibersegurança, DC & Cloud, Digital Experience e Inteligência Artificial, para que possamos expandir ainda mais a nossa oferta de serviços.

Com o avanço da regulamentação, como a NIS 2, as empresas vão precisar de apoio especializado para garantirem conformidade e proteção, nesse sentido a cibersegurança será um dos pilares centrais da nossa abordagem, com o fortalecimento dos nossos serviços MXDR e soluções avançadas de deteção e resposta a ameaças e, é precisamente aí, que pretendemos fazer a diferença.

“Vamos escrever todos os dias em apoio e defesa de dois pilares: liberdades individuais e mercado livre”, ou seja, contra as regulações na economia, escreveu Jeff Bezos numa nota às equipas do jornal. “É claro que abordaremos outros temas, mas pontos de vista que se opõem a estes pilares serão publicados por outros”, acrescentou.

A decisão do fundador da Amazon, pouco habitual para um jornal com a reputação do Washington Post, segue a tendência maior interferência de Bezos nas decisões do jornal que comprou em 2013 e levou à demissão do editor de opinião do jornal, David Shipley. Jeff Bezos já indicou que vai procurar outra pessoa para o cargo.

Jeff Stein, responsável pelas páginas económicas do Washington Post, denunciou a ingerência de Bezos na secção de opinião, mas disse que “ainda não sentiu qualquer interferência” no seu trabalho como jornalista nas páginas de notícias, que estão separadas. Mas “se Bezos tentar interferir nas notícias, apresentarei de imediato a demissão e saberão disso”, acrescentou.

O milionário, cada vez mais alinhado com as posições do Presidente norte-americano, Donald Trump, esteve em destaque na tomada de posse do republicano, depois de ter feito uma doação de um milhão de dólares para a investidura, tal como outros proprietários de grandes empresas tecnológicas.

Antes das eleições de novembro, Bezos impediu o Washington Post de declarar apoio à candidata democrata Kamala Harris durante a campanha eleitoral. Foi a primeira vez em décadas que o jornal da capital norte-americana não apoiou um candidato presidencial.

O diário, que teve uma linha editorial muito dura em relação a Trump no seu primeiro mandato (2017-2021), apoiou Hillary Clinton em 2016 e Joe Biden em 2020, ambos democratas.

Panos Panay, vice-presidente da Amazon, demonstrou o Alexa+ explicando que o novo modelo vai permitir mais e melhores conversas com o utilizador. O sistema é capaz de interpretar o tom e o estado de espírito do utilizador pela sua voz, surge com uma voz mais natural e pode ser ativado com um simples “Alexa”. O modelo vai ainda ser capaz de se lembrar de partes anteriores da conversa, conseguindo manter o contexto.

O Alexa+ é mais inteligente e consegue dar respostas mesmo com pedaços de informação e pedidos incompletos. Na demonstração, Panay pergunta “qual a música que o Bradley Cooper canta… é como um dueto?” e o assistente identifica corretamente o tema Shallow e explica que é cantada com Lady Gaga no filme A Star is Born. Depois, o executivo pediu para o Alexa+ ‘mover’ a música no lado direito da sala e o assistente conseguiu identificar qual a coluna que estava a servir essa área. Segundo o Engadget, Panay contou ainda que vai ser possível fazer pedidos como “toca a música em todo o lado, mas não acordes o bebé” e o Alexa+ vai ativar todas as colunas da casa, menos as que estiverem perto do quarto da criança.

A Amazon trabalhou também na integração deste assistente com os seus outros produtos e serviços e vai ser possível, por exemplo, estar a ver um conteúdo no Prime e pedir para ir para uma cena onde figure determinado ator ou personagem, mesmo que não se saiba o tempo exato em que isso acontece, podendo-se procurar por gravações feitas com o Ring da mesma forma.

É expectável que a Amazon esteja a trabalhar com parceiros para a integração de funcionalidades mais avançadas em aplicações como a Uber, Grubhub ou OpenTable, para tirar partido da maior inteligência do Alexa+.

Foram anunciadas ainda capacidades multimodais, mas aí a demonstração não correu como esperado, com o Alexa+ a sobrepor-se à voz do utilizador antes de ter de ser feito um segundo pedido para se conseguir o documento correto.

O Alexa+ vai ser disponibilizado com a subscrição do Prime ou de forma independente com um preço de 20 dólares por mês. O lançamento deve acontecer já a partir de março, de forma controlada e deverá expandir-se a outras regiões nos tempos seguintes.

A corrida pelo domínio na Inteligência Artificial está ao rubro, com a chinesa Alibaba a anunciar a disponibilização gratuita de quatro modelos de geração de vídeo e imagens da Wan2.1 series. Estes modelos permitem ao utilizador conseguir vídeos e imagens gerados pela Inteligência Artificial a partir de entradas feitas por texto e por outras imagens.

Os modelos vão estar disponíveis no Hugging Face, um repositório especializado em Inteligência Artificial, e através do Model Scope da Alibaba Cloud, noticia a CNBC, e destinam-se a utilizadores particulares, investigadores e organizações.

Este movimento é o mais recente vindo da China, depois de a DeepSeek ter mostrado um modelo avançado e treinado com uma fração de custos e recursos do que precisaram os rivais, por exemplo, da OpenAI. Ambos os modelos chineses, da Alibaba e da DeepSeek, são de código aberto, o que significa que podem ser descarregados e modificados por outros utilizadores.

A estratégia de abordar por código aberto ajuda a encorajar a inovação e construir comunidades em torno do produto e tem vindo a ser usada pelos players chineses particularmente, mas também a Meta envereda por um caminho semelhante com o Llama.

Nas últimas horas surgiram vários vídeos em diferentes plataformas onde os utilizadores ditam a palavra “racist” (racista, em inglês) e o seu iPhone mostra, por breves momentos “Trump”. O nome do presidente surge apenas por alguns momentos, sendo depois substituído pelo termo correto.

A Apple justificou a falha dizendo que se tratava de um tema relacionado com a fonética, onde o sistema tinha dificuldade em lidar com palavras com a letra “R” e sonoridades semelhantes, prometendo ainda “uma correção ainda hoje [ontem]”.

Um especialista ouvido pela BBC afirma que a explicação da Apple “não é plausível”, enquanto um ex-funcionário da Apple ouvido pelo The New York Times e que trabalhou no desenvolvimento do Siri conta que parece tratar-se “de uma partida séria”.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que sistemas de Inteligência Artificial (da Apple e não só) geram resultados duvidosos. Neste momento, a ‘falha’ parece estar sanada.

Veja alguns vídeos publicados nas últimas horas com este bug.

Além de confirmar a morte de Gene Hackman e da sua mulher, Betsy Arakawa, o xerife do condado de Santa Fé, Adan Mendoza deu conta também da morte do cão do casal.

A causa dos óbitos não é conhecida ainda.”Está uma investigação em curso, no entanto, neste momento, não acreditamos que se trate de um crime”, disse o xerife.

O ator, com uma carreira que se estendeu por mais de seis décadas, recebeu dois Oscars, dois Bafta, quatro Globos de Ouro e um Screen Actors Guild Award.