O País entrou em contagem decrescente para as eleições antecipadas de 18 de maio. Fora do tempo e baralhando as contas de todos os líderes partidários, as caravanas de campanha já se encontram a aquecer os motores e as estratégias já estão a ser desenhadas. Luís Montenegro deixou claras as linhas com que se vão coser os seus discursos nos próximos dois meses, quando disse ao Conselho Nacional do PSD que “a razão para esta situação é o sucesso do atual Governo e a popularidade do primeiro-ministro”. Os sociais-democratas vão correr em duas pistas: enquanto Montenegro se vitimiza e puxa pelos galões dos resultados económicos da sua governação nas redes sociais, o PSD tenta recuperar casos antigos de Pedro Nuno Santos (da quota de 1% na empresa do seu pai que vendeu como governante à passagem pela TAP) e passar a ideia de que são os socialistas os responsáveis pela crise política.

A dramatização ensaiada nessa reunião foi tão grande que Manuela Ferreira Leite disse mesmo que o País está a assistir ao “caminho certo para a ditadura” e José Pedro Aguiar-Branco afirmou que “Pedro Nuno Santos fez pior à democracia nestes últimos seis dias do que André Ventura nos últimos seis anos”. No meio desta estratégia de defesa ao ataque, só destoou (até agora) o silêncio de Aníbal Cavaco Silva, que se tem recusado a falar em público de Luís Montenegro e dos casos que levaram à queda do Governo. Segundo algumas fontes, Cavaco Silva terá saído em defesa de Montenegro no Conselho de Estado que antecedeu o anúncio da data das eleições pelo Presidente da República. Em julho, Cavaco deixou, contudo, claro numa entrevista ao Observador que não via com bons olhos que o Governo apresentasse uma moção de confiança que teria como desfecho quase certo a sua queda. “Na altura [em 1986], a oposição tinha colocado tantos impedimentos, tantos obstáculos à aprovação de medidas estruturais do meu Governo de então, que tomei uma decisão muito arriscada, e que não aconselho a outro Governo, de apresentar uma moção de confiança”, lembrou então o social-democrata, que é tantas vezes apontado por Luís Montenegro como o seu modelo.

Vem aí Pedro Passos Coelho?

Não é, porém, com a sombra de Cavaco Silva que Montenegro tem de se preocupar. O fantasma que o assombra é Pedro Passos Coelho. O seu nome começou a ser proferido em surdina nos corredores sociais-democratas, mal começaram a sair as notícias sobre a Spinumviva, a sociedade familiar de Luís Montenegro, e as suspeitas de que poderia ter violado o regime de exclusividade como primeiro-ministro. Por estes dias, foram muitos os que tentaram perceber se Passos Coelho poderia regressar. A todos, Passos terá dado a mesma resposta: estava fora de questão voltar ao governo sem passar por eleições, como também estava fora de questão afrontar Luís Montenegro no PSD.

Na prática, isso significa que Luís Montenegro tem uma espada em cima da cabeça. Se não ganhar as legislativas com uma maioria que lhe permita governar, é uma questão de tempo até o regresso de Passos começar a ser pedido de forma mais vocal dentro do partido. Montenegro já disse que está “para lavar e durar”, mas sua permanência à frente do PSD só será possível com uma vitória expressiva. E essa vitória é tanto mais necessária quanto Luís Montenegro mantiver o “não é não” ao Chega.

Com sondagens que, por enquanto, mostram o Chega algures entre os 13% e os 17% das intenções de voto e a AD num empate técnico com o PS, André Ventura pensa já no dia a seguir, avisando que não pretende dar a mão a um PSD com Montenegro como líder. “Com Luís Montenegro não é de certeza, enquanto estas suspeitas estiverem sobre ele”, disse esta semana Ventura numa entrevista à CNN Portugal, durante a qual se mostrou certo de que se o PSD perder nas urnas, “não será Montenegro a ficar, será outro”. No fim de semana, já tinha começado a falar na oportunidade de formar “um Governo de direita”.

  Luís Montenegro A última ida ao Parlamento, antes da dissolução e da convocação de eleições antecipadas

A ideia de que Pedro Passos Coelho pode voltar para fazer um acordo com André Ventura começou a firmar-se quando o antigo primeiro-ministro se pôs ao lado do líder do Chega na apresentação do livro Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e as Exigências da Modernidade, em abril do ano passado. Na altura, Passos ouviu elogios de Ventura e declarou que “quando há identidades firmadas” não há que ter medo de os espaços políticos “se diluírem ou confundirem entre si”. Foi a primeira vez que uma figura importante do PSD fez um gesto de aproximação tão claro ao Chega. Agora, não falta quem faça contas a um possível regresso de Pedro Passos Coelho, com um acordo com Ventura à vista.

Nestas eleições, o CDS mantém-se debaixo do chapéu da AD e perde cada vez mais a identidade, com Nuno Melo mais afastado da ribalta. Um erro estratégico que a IL não está disposta a cometer, arriscando ir a votos sem coligação. Os liberais até podem vir a fazer parte de uma solução governativa de direita, mas antes vão testar a sua força nas urnas, com um discurso muito crítico dos casos que envolvem Luís Montenegro e da sua governação, apostados em captar alguns dos descontentes da AD.

O próximo ciclo governativo pode efetivamente ser muito curto. Marcelo Rebelo de Sousa perde os poderes de dissolução do Parlamento seis meses antes das Presidenciais, ou seja, no final de agosto. Mas o próximo Presidente da República, que deverá tomar posse a 9 de março, poderá fazer uso desse poder mal chegue a Belém. É que nessa altura já terão passado os primeiros seis meses do Governo que sairá das eleições de maio, prazo findo o qual poderá ser dissolvida a Assembleia da República.

Pedro Nuno, prazo de validade

Pedro Nuno Santos é também um líder à prova nestas legislativas. A moção de confiança apresentada por Luís Montenegro antecipou o calendário político e baralhou os prazos com que o líder do PS estava a trabalhar. Pedro Nuno tinha acabado de mudar a equipa de comunicação que trabalha consigo no Largo do Rato e contava nos próximos meses arrancar com uns Estados Gerais que pretendiam começar a consolidar o PS como uma alternativa à AD, virar a página da herança de António Costa, procurar novos protagonistas para o partido e, acima de tudo, dar a ideia de que os socialistas têm um líder preparado para ser primeiro-ministro. Agora, parte para a estrada apostado em aparecer com pose de estadista e com os trunfos do que correu mal com Montenegro, com os casos da Saúde e Habitação à cabeça, embora sem o tempo necessário para se afastar tanto quanto gostaria do mau legado de Costa nesses dossiês.

Este não era o momento certo para Pedro Nuno Santos ir a eleições, mas, no Largo do Rato, ninguém hesitou perante a “chantagem” do Governo em relação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou perante a pressão para viabilizar a moção de confiança do Governo. “Não negociar com o Governo foi uma decisão unânime no PS”, declarou ao Expresso Alexandra Leitão. Ouvindo vários dirigentes socialistas, percebe-se que a ideia de que era possível outra atitude ficou acantonada na ala mais à direita do partido, onde estão José Luís Carneiro e Fernando Medina.

Pedro Nuno Santos A poucos minutos de chumbar a moção de confiança, ele já sabia que iria ter de alterar os planos

Medina aproveitou mesmo o ensejo para apresentar uma declaração de voto na moção de confiança e assim marcar terreno, apesar de nela ficar claro que atribui as responsabilidades maiores da crise política a Luís Montenegro. “Resulta, essencialmente, de decisões do primeiro-ministro, aquando da sua tomada de posse e depois ao longo deste último mês, designadamente quanto à manutenção da empresa, ao timing, forma e conteúdo da comunicação, quer, sobretudo, quanto à decisão de avançar com uma moção de confiança num quadro que sabia ser da sua rejeição”, lê-se no texto a que a VISÃO teve acesso.

Medina posiciona-se como reserva para o futuro, mas não só Pedro Nuno Santos controla ainda a máquina do partido, como é muito pouco provável que o PS mude de líder logo a seguir às legislativas, mesmo perdendo. “Vejo jornalistas certos de que se o Pedro Nuno Santos perder vai ser corrido. Nada de mais errado. O PS tem autárquicas em setembro e ninguém vai esticar-se pondo em causa a vitória nessas eleições. Depois, temos presidenciais e depois o PS terá o seu congresso. Nessa altura se verá quem vai a jogo”, diz à VISÃO o socialista Ascenso Simões. Pedro Nuno até pode estar a prazo, mas o prazo não se esgota já no final de maio.

Sabendo como podem ser renhidas as eleições, há quem no PS não desdenhasse a possibilidade de um acordo pré-eleitoral com o Livre, um partido capaz de apanhar o voto jovem urbano que tem escapado aos socialistas e que, fora de Lisboa, pelas contas do método de Hondt, acaba desperdiçado, quando podia ajudar a reforçar a bancada do PS. Há distritos, como em Leiria, nos quais esse acordo, segundo as contas socialistas, podia conseguir mais um eleito. Mas Rui Tavares fechou logo a porta, antes de qualquer conversa. “O Livre avança sozinho nas eleições”, disse à Rádio Observador na semana passada.

PCP e BE com vida difícil

Mais à esquerda, as eleições também não vieram na melhor altura. Mal refeito da polémica sobre o despedimento de trabalhadoras que tinham acabado de ser mães, o Bloco de Esquerda teria preferido ter tempo para dar a volta ao texto. No PCP, também se contava com a possibilidade de fazer caminho com mais tempo, continuando na senda do trabalho que os comunistas têm feito para chegar a outros setores, através da cooperação com movimentos como o Vida Justa ou a Iniciativa dos Comuns.

A grande dificuldade para bloquistas e comunistas está em lidar com a possibilidade de sofrer com o voto útil no PS, arrastado pela ideia do empate técnico com a AD, numa altura em que a direita parece sociologicamente maioritária no País e as sondagens dão como improvável qualquer hipótese de uma nova geringonça, mesmo que os estudos de opinião mostrem que esse governo minoritário socialista com o apoio parlamentar da esquerda foi um dos de melhor memória para os portugueses.

Apesar disso, e temendo ver encolher ainda mais as suas bancadas parlamentares, não se espera que um desaire possa ter outras consequências nestes partidos. No PCP, uma quebra eleitoral será sempre avaliada em termos coletivos e não fará cair Paulo Raimundo, como secretário-geral. No BE, os bloquistas adiaram a Convenção Nacional que estava prevista para 31 de maio e 1 de junho, mas também não é previsível que os resultados eleitorais sirvam para que Mariana Mortágua deixe de ser coordenadora do partido, tendo em conta a expressão minoritária que tem tido a oposição interna e o anúncio de que essa oposição não pretendia ir a votos no próximo conclave bloquista.

A hora das grandes decisões

Os líderes partidários têm nestas eleições desafios decisivos. Alguns poderão cair, outros serão reforçados. Façamos as contas

Luís Montenegro
O mata-mata


O que é ganhar A única vitória que não o deixa a prazo é ter uma maioria, nem que seja com a IL. Sem isso, a pressão para o regresso de Passos subirá muito.
O que é perder Qualquer cenário que não passe por uma solução governativa com maioria acabará por conduzir à demissão.

André Ventura
A pedir uma oportunidade


O que é ganhar Manter ou aumentar os 50 deputados é ganhar, mas condicionar uma solução governativa será o pleno.
O que é perder Ficar abaixo dos 50 deputados é uma derrota para o líder que quer ter “uma oportunidade” no Governo. Mas André Ventura ficará de pedra e cal.

Pedro Nuno Santos
O sprint inesperado


O que é ganhar Ser o partido mais votado será sempre uma vitória. Sem maioria de esquerda, essa será, porém, uma vitória instável e a prazo.
O que é perder Ter menos votos do que a AD. Mas o PS deve esperar até depois das Presidenciais para trocar de líder.

Paulo Raimundo
A prova de vida


O que é ganhar Manter ou aumentar a bancada no Parlamento será uma vitória.
O que é perder Perder um deputado que seja será uma derrota, mas ninguém no PCP pedirá por isso a sua saída.

Inês Sousa Real
A prova de fogo


O que é ganhar
Eleger um grupo parlamentar outra vez.
O que é perder Sair do Parlamento pode significar o fim da liderança, num partido já fragilizado e dividido internamente.

Rui Rocha
Oportunidade de crescer


O que é ganhar Aumentar a votação e ser determinante para uma solução governativa à direita, captando os descontentes com Montenegro.
O que é perder Descer a votação será dramático para o partido e pode ditar o fim da liderança de Rui Rocha.

Mariana Mortágua
O “timing” errado


O que é ganhar Manter ou aumentar o número de deputados, depois do abalo da polémica dos despedimentos e das críticas da oposição interna.
O que é perder Qualquer descida de votação será dramática para o BE, mas é improvável que a cabeça de Mortágua role.

Nuno Melo
O invisível


O que é ganhar Manter pelo menos dois deputados, para assegurar um grupo parlamentar.
O que é perder Um desaire eleitoral da AD que faça os deputados centristas desaparecer pode ser o início do fim do CDS.

Rui Tavares
O tira-teimas


O que é ganhar Manter o grupo parlamentar será uma vitória importante, para perceber se o Livre se consolidou.
O que é perder Perder deputados e não contribuir para uma solução de esquerda pode pôr em causa a liderança.

Era um dos projetos culturais mais aguardados, revela-se como um player fortíssimo que poderá redesenhar o art district de Belém. Já muito se escreveu sobre o MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins, um sonho de décadas do colecionador português premiado pela ARCOMadrid em 2018, que abrigou as suas mais de 600 obras, compreendidas entre o final do século XIX até aos dias de hoje, no Palácio dos Condes da Ribeira Grande.

Aqui, pintura, fotografia, escultura, algum vídeo mostram-se nas várias galerias do MACAM, de artistas nacionais e internacionais que configuram um who’s who da arte moderna e contemporânea: Almada Negreiros, Amadeo, Helena Almeida, Lourdes Castro, Rui Chafes, Cabrita Reis, José Pedro Croft, Fernão Cruz, Bruno Cidra, e, a nível internacional, Olafur Eliasson, Matt Keegan, Marina Abramovic, Thomas Struth, Liam Gillick, Ernesto Neto, Gilberto Zorio, Dan Graham…

O espaço restaurado do Palácio Condes da Ribeira Grande. Foto: José Carlos Carvalho

A diretora do MACAM, Adelaide Ginga, assegura que “a coleção vai continuar a crescer durante muitos anos”. “É uma promessa do nosso colecionador, a de que todos os anos vamos ter uma dotação para novas aquisições, desenvolver a coleção e colmatar lacunas que foram identificadas. Este é um espaço vivo, que está agora a abrir ao público”, conclui. A abertura a artistas de outras geografias menos representadas – Ásia, África, América Latina – é, igualmente, um objetivo.

O MACAM assume-se igualmente como um projeto diferenciador que reúne museu e hotel de 5 estrelas (a abrir portas em abril, com tarifas médias de €400 por noite), que ambiciona marcar a diferença, a nível nacional e internacional, e sustentar-se sem dinheiros públicos. E é no dia do 75º aniversário do colecionador Armando Martins, celebrado a 22 de março, que o MACAM abre portas com uma programação gratuita que se quer inclusiva, com visitas guiadas às exposições, eventos musicais, poesia, atividades para crianças e famílias.

Programa intenso

As portas abrem às 10h da manhã deste sábado, 22, e a agenda compreende várias visitas guiadas com duração entre 30 e 60 minutos (ver horários no site do museu), acompanhadas pelo MeP – Programa de Mediação e Participação do MACAM.

O público percorrerá assim as quatro galerias do museu, agora com 215 obras expostas das mais de 600 acumuladas ao longo de cinquenta anos de coleccionismo. No edifício restaurado do palácio, nas galerias 1 e 2, os visitantes poderão contemplar a mostra permanente, Uma coleção a dois tempos, curada por Adelaide Ginga e Carolina Quintela, com núcleos fortes dedicados à arte naturalista e modernista, à vanguarda portuguesa, ou à fotografia contemporânea.

Uma visão do skyline de São Paulo na obra de André Cepeda. Foto: José Carlos Carvalho

Na extensão construída de raiz – com uma fachada de cerâmica da autoria de Maria Ana Vasco Costa, e premiada nos Public Building Design Awards – o ponto de encontro será no Grande Hall, a partir das 11h30: o objetivo é conhecer melhor algumas obras integradas das duas exposições temporáriasAntropoceno: em busca do novo humano?, que explora questões ecológicas; e Guerra: realidade, mito e ficção com obras que refletem os conflitos e a geopolítica mundial. Trabalhos marcantes como Litlle Boy #1 de João Louro (uma réplica em tamanho natural da bomba largada em Hiroshima) ou One Million de Fábio Colaço (uma pirâmide de notas trituradas correspondente a um milhão de euros) serão explicadas e debatidas pelos mediadores.

O artista Fábio Colaço criou uma pirâmide de inofensivo papel no chão. É, na verdade, um milhão de euros triturados, que remete para o valor simbólico e real do dinheiro. Foto: José Carlos Carvalho

Também a música e a poesia têm destaque neste fim de semana de celebração: no sábado e domingo, das 16h às 19h, haverá um DJ set no Jardim a cargo de Rui Miguel Abreu; e no domingo, entre as 18h e 19h, no espaço àCapela, faz-se a apresentação do álbum Afloat por André Barros e Tiago Ferreira (piano a quatro mãos) tendo como convidado Paulo Bernardino no clarinete. Também no espaço àCapela, logo no sábado das 18h às 19h, haverá poesia musicada: leituras por Rita Loureiro e música por Bruno Castro Silva.

Outra iniciativa a ter lugar nos três dias é inspirada nas obras patentes no Grande Hall, destinado a artistas emergentes como Marion Mounic, que aí mostra a instalação Harém, criada com vários materiais orgânicos incluindo henna: Das Mãos Saem Gestos decorre das 11h às 13h e das 15 às 17h, sujeita a lotação, propondo-se pinturas corporais por artistas de henna, inspiradas na arte ancestral do mehndi.

As crianças e famílias também não foram esquecidas: Play Cart: Inventários tem o objetivo de “desenvolver experiências a partir das obras de arte da coleção”, e terá lugar no sábado e domingo das 11h às 13, e das 14h30 às 18h.

Na segunda-feira, diz 24, o programa manterá as visitas guiadas, mas num formato mais conciso, com a última conversa a acontecer às 15h, em torno da referida peça de João Louro. Também durante estes três dias, e até ao encerramento de portas às 19h, o público poderá conhecer a capela dessacralizada, o àCapela, alvo de restauro intenso onde funcionará um café – e onde está patente a instalação do artista espanhol Carlos Aires que joga com a iconografia religiosa e a violência profana da guerra, revelando um Cristo negro num fundo de vídeo alusivo aos conflitos humanos – assim como o restaurante Contemporâneo com grandes janelas viradas para o jardim.

No café àCapela, na capela dessacralizada onde flutua um Cristo negro, haverá ainda uma programação performativa e musical regular. Foto: José Carlos Carvalho

Espaço vivo

A ideia de criar o MACAM nasceu, diz Armando Martins já depois dele ter começado a comprar serigrafias aso 18 anos. Mais concretamente, quando o colecionador organizou uma primeira exposição num lugar familiar: “Em 1988, organizei com amigos uma exposição do Cargaleiro em Penamacor, de onde sou natural: tinha aí uma pequena estalagem que está sediada na estrada municipal de Penamacor, e acabamos por expor, entre serigrafias e obras originais, à volta de 90 peças. Na altura, existia uma Rádio Monsanto que anunciou a exposição no ar, e, com surpresa nossa, apareceram umas quatrocentas pessoas! Havia gente de Ponte de Sor, de Coimbra, da Guarda, da Golegã…”, conta.

Armando Martins decidiu criar um museu, após realizar uma exposição sobre Cargaleiro na Penamacor natal, em 1988: apareceu tanta gente que a Guarda Republicana teve de intervir… Foto: José Carlos Carvalho

O colecionador recorda ainda: “Tivemos de chamar a Guarda Republicana para tomar conta do transito. Perguntei-me: “Como é que no interior, quase junto à fronteira com Espanha, afastado de tudo, aparece esta gente?” Percebi que se trabalharmos na museologia, mesmo no interior, o público aparece. E comecei a pensar na ideia para abrir um espaço público.”

Várias décadas depois, o MACAM vem reforçar igualmente o crescente art discrict de Belém, onde existem já o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o MAC/CCB – Museu de Arte Contemporânea, e ainda o Museu dos Coches.

Adelaide Ginga, diretora do MACAM, defende a especificidade deste museu criado pelo colecionador: “A coleção do MACAM é bastante distinta das outras: tem um núcleo de arte portuguesa que reúne desde o naturalismo aos vários modernismos. Não é o caso do MAC/CCB, que tem um núcleo histórico mais internacional e menos nacional, essencialmente contemporâneo, nem do MAAT cuja coleção se centra essencialmente a segunda metade do século XX. Acredito que somos uma coleção muito complementar, do ponto de vista de outras coleções que estão nesta zona de Lisboa, mas também com outros museus, como o Museu Gulbenkian e o Museu Nacional de Arte Contemporanea. Em termos de projeto em si, temos um projeto bastante diferente: desde logo pelo lado inédito de ter um hotel aqui dentro, mas também porque somos efetivamente, à exceção da Gulbenkian, o único museu exclusivamente privado.”

Durante os três dias que assinalam a inauguração do MACAM, o acesso é gratuito. Depois, a entrada no museu será paga. O MACAM garante ainda entrada gratuita no primeiro domingo de cada mês, entre as 10h e as 14 horas. Quanto ao hotel, quem desejar ficar num dos seus 66 quartos, terá de esperar por abril.


MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins > R. da Junqueira, 66, Lisboa > T. 21 872 7400 > festa de abertura: 22-24 mar, sáb-seg 10h-19h > grátis > ter-dom 10h-19h > €15, €12 (exposição permanente + uma temporária), €8 (apenas exposição permanente), €6 (cada exposição temporária), grátis até 12 anos, desconto de 50% para jovens 13-18 anos, estudantes até aos 25 anos e mairoes de 65 anos > grátis 1º dom mês 10h-14h

Palavras-chave:

O que se comemora é a “diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação”. Assim está escrito no documento que saiu da 30ª Conferência Geral da Unesco, realizada a 16 de novembro de 1999, quando o Dia Mundial da Poesia foi estabelecido. 

Todos os anos, a 21 de março, várias iniciativas assinalam a data, celebrando os poetas.

1. Dia Mundial da Poesia no CCB

Será um dia bem preenchido no Centro Cultural de Belém, que assinala o Dia Mundial da Poesia neste sábado, 22. O programa tem a curadoria de Filipa Leal e Maria do Rosário Pedreira. As duas escritoras vão estar com Inês Maria Meneses, na Sala de Leitura (12h-13h), para refletir sobre a importância da poesia e da criação literária, numa conversa que será gravada em podcast.

Foto: Marcos Borga

Depois do almoço, às 14h30, presta-se homenagem a Nuno Júdice. Uma sessão que contará com um filme inédito sobre o escritor, leituras de Raquel Marinho e com a participação de Helena Amaral, Luís Filipe Castro Mendes, Ricardo Marques e Rita Taborda Duarte. Partindo do livro Esse Fado Vaidoso, antologia sobre fados escritos por poetas, as duas autoras – Aldina Duarte e Maria do Rosário Pedreira – sentam-se à conversa pontuada por momentos musicais. É às 17h30, na Sala Luís de Freitas Branco.

Neste convite a celebrar a poesia, a ideia também é deixar-se surpreender pelas propostas. Escolher um poema e recitá-lo? Eis a ideia da sessão “Poema no Bolso”, na Sala da Leitura (15h-18h), onde vai estar novamente Inês Maria Meneses. Ouvir versos de poetas de língua portuguesa que morreram nos últimos anos pela voz de quatro atores? Pode passar pela Sala Fernando Pessoa, a partir das 16h. Levar um livro para mais tarde folhear? Há uma feira do livro, das editoras Bertrand e Almedina, ao longo deste dia, que termina com um recital concebido por João Gesta. Uma viagem por 100 anos da moderna poesia portuguesa, acompanhado pela viola campaniça e as leituras de O Gajo e José Anjos, a voz e a guitarra de Romeu Bairos. Será a partir das 19h, na Sala Sophia de Mello Breyner Andresen. Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > 22 mar, sáb 11h30-20h > grátis

2. Primeiras edições de Herberto Helder na Buchholz

Assinalando os dez anos da morte de Herberto Helder (1930-2015), a Livraria Buchholz, em Lisboa, vai ter em exposição a obra completa do poeta. 1.ª Edição – Uma Autobibliografia reúne 60 obras do escritor madeirense, editadas entre 1958 e 2018. Entre primeiras edições dos títulos que publicou encontra-se um exemplar da primeira e única edição de Amor em Visita, assinado e emendado à mão por Herberto. Destes folhetos/plaquetes de 16 páginas em papel costaneiro foram feitos apenas 500 exemplares, numa edição clandestina de Luiz Pacheco, criador da Contraponto. Este acervo foi reunido ao longo de quase 15 anos por um colecionador (que deseja permanecer anónimo), em múltiplos alfarrabistas. No dia da inauguração, nesta sexta, 21, entre as 18h30 e 20h30, haverá um concerto da banda de jazz Suma. Livraria Buchholz > R. Duque de Palmela, 4, Lisboa > 21 mar-21 mai, seg-sex 10h-19h, sáb 10h-14h > grátis

3. Feira do Livro de Poesia em Campo de Ourique

Foto: DR

Este ano, a Feira do Livro de Poesia, organizada pela Casa Fernando Pessoa em colaboração com a junta de freguesia de Campo de Ourique, ganhou uma nova morada: o Quartel de Campo de Ourique. Se a depressão Martinho obrigou a encerrar a feira durante dois dias, tal será compensado com mais dois dias no calendário. Assim, até terça, 25, conte com apresentações de livros, oficinas, espetáculos e uma visita guiada ao quartel (neste domingo, às 15h). Entre os vinte editores e livreiros que marcam presença, estão a Abysmo, a Edições do Saguão, a Tinta-da-China, a livraria Tigre de Papel e a Snob. Nesta sexta, 21, entre as 10h e as 18h, a entrada é livre na Casa Fernando Pessoa, que acolhe, ao final da tarde, um concerto de Ana Lua Caiano. Quartel de Campo de Ourique > R. Infantaria, 16, Lisboa > até 25 mar, qui-ter 11h-19h > entrada livre

4. Poesia em Ramos Rosa

Foto: João Ribeiro

Homenagear um poeta português através de uma tertúlia sobre a sua obra e um espetáculo inspirado nos seus poemas. É esta a proposta da Fundação Inatel que desde 2014 organiza o encontro “Poesia em…”. Depois de, entre outros, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Manuel da Fonseca, Sophia de Mello Breyner Andresen, Florbela Espanca e de autores que escreveram a Liberdade (nos 50 anos do 25 de Abril), a Fundação escolhe este ano António Ramos Rosa (1924-2013), poeta, tradutor, ensaísta e dotado desenhador nascido em Faro, Prémio Pessoa em 1988.

Nesta sexta, 21, pelas 21h, o espetáculo “Poesia em Ramos Rosa” sobe ao palco do Teatro Ibérico, com Ana Zanatti, Carlos Barreto, Ela Vaz, Félix Lozano, Iolanda Laranjeiro, Joana Brandão, João Almeida, José Anjos, José Fidalgo, Paulo Moreira, Pedro Monteiro, Rui Baeta e Rui Oliveira. Segue-se a leitura do Manifesto pela Poesia de Lídia Praça, Ir ao encontro do mundo!… A Poesia nas Veias da Alma. Teatro Ibérico > R. de Xabregas, 54, Lisboa > 21 mar, sex 21h > grátis

5. Maratona da Poesia em Oeiras

A sexta edição da Maratona da Poesia no centro histórico de Oeiras contará com várias sessões de poesia dita, cantada, musicada e dançada. Na Galeria Municipal Verney, entre as 14h e as 23h30, o dia será dedicado aos poemas de Álvaro de Campos, Ary dos Santos, Miguel Judice, Manuel Alegre, bem como à poesia de Cabo Verde e erótica. Haverá ainda um momento de cante alentejano e uma apresentação do Grupo de Cantares e Poesia do CENCO – Centro Cultural de Oeiras. Já na Livraria GATAfunho, vão ouvir-se poemas de Mia Couto, Hannah Arendt, Maria Teresa Horta, Adília Lopes e Sylvia Plath (14h30-18h30), seguidos de uma Sessão Aberta para os mais Jovens (a partir das 19h30). Quem passar pelo Mercado de Oeiras, poderá ouvir poemas de Florbela Espanca, entre outros, e assistir a danças poéticas (16h30-20h30). Haverá ainda a oportunidade de declamar poemas. Centro histórico de Oeiras > 21 mar, sex 14h-24h > grátis

6. Festa da Poesia na Casa da América Latina

Espetáculos e gastronomia. Assim se assinala no domingo, 23, o Dia Mundial da Poesia na Casa da América Latina. O Teatro O Bando apresenta um excerto de 1001 Noites – Irmã Mapuche (11h), um espetáculo para o público mais novo, dos 6 aos 12 anos, e que conta com a parceria do Tatúteatro, do Uruguai. Da parte da tarde, Doidos Diversos (16h), com Mauricio Vieira, Elisa Scarpa e Mariana Portela, é descrito como “uma burlesca sessão de poesia na qual a única ordem é a doidice”; A Montanha (17h) juntará três poetas de três países (El Salvador, Bolívia e México) e, a partir das 18h, quem quiser poderá ler poemas de outros ou da sua autoria, numa sessão aberta. Ao longo do dia, haverá bancas de comida da Argentina e de El Salvador e uma feira do livro da Saudade, livraria e distribuidora de títulos oriundos dos países de língua oficial portuguesa, sobretudo do Brasil. Av. da India, 110, Lisboa > 23 mar, dom 11h-19h > grátis

7. Poemas no Mercado do Bolhão

No Porto, nesta sexta, 21, entre as 8h e as 18h, dois poetas vão recolher em poemas o pulsar do Bolhão através do testemunho dos lojistas. Depois, três dizedores irão levar essa poesia a todos os recantos do mercado. Ao mesmo tempo, na Banca da Poesia, haverá poemas em diversas línguas que pode levar para casa. As crianças que passarem pelo Bibliocarro, estacionado no Jardim do Passeio Alegre, entre as 10h e as 14h, podem participar na oficina “Poesia no Jardim”, dedicada a autores portuenses. Pelas 21h30, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett recebe um concerto poético de Mia Tomé. A artista, acompanhada pela pianista Clara Lacerda e outros convidados, dará voz ao seu mais recente álbum, Há um Herbário no Deserto, que explora a poesia de Emily Dickinson com harmonias entre o folk e o pop. Mercado do Bolhão > 21 mar, sex 8h-18h > Biblioteca Municipal Almeida Garrett > Concerto de Mia Tomé > 21 mar, sex 21h30 > grátis

8. Expresso Poesia na Biblioteca Municipal Florbela Espanca

Isaque Ferreira e Rui Spranger conduzem mais uma sessão do laboratório Expresso Poesia, convidando os participantes a explorar as dinâmicas da leitura em voz alta e e desenvolver competências enquanto diseurs. Segue-se a leitura de poemas do livro Um senhor narigudo e outros – mais que tudo de João Barbosa e uma oficina criativa que dá vida à história.

Da parte da tarde, nova leitura dos participantes do Expresso Poesia, que antecede uma mesa-redonda com Maria Antónia Bastos, Mariana Jones e João Habitualmente. Sob a moderação de Renato Filipe Cardoso, irão discutir o poder da palavra poética. Também está programada uma performance poético-musical, em que as palavras de Isaque Ferreira cruzam-se com a música de Rui David. O dia termina com a apresentação do mais recente livro de poesia do autor local Celso Cordeiro, No Caminho do Verso. R. Alfredo Cunha, Matosinhos > T. 22 939 0950 > 22 mar, sáb 11h-18h30 > grátis, laboratório Expresso Poesia (3h) mediante inscrição

Palavras-chave:

É muito cremosa por dentro e tostadinha por fora. Uma fatia pode não chegar para se descobrir toda a sedução da tarte de queijo basca. A culpa foi do jornal norte-americano The New York Times quando, no fim de 2020, previu que este cheesecake sem crosta se tornaria o próximo Sabor do Ano. O fenómeno tem perdurado e expandido como uma (boa) epidemia.

A maior parte dos gulosos, chefes de cozinha, pasteleiros e comuns comensais julgam conhecer o local de batismo da tarte de queijo, mas parece haver dúvidas. Terá sido criada no La Viña, restaurante de tapas em San Sebastián, Espanha? Santiago Rivera, atual proprietário e filho de dois dos fundadores da casa, em 1959, reclama para si a invenção desta sobremesa, na década de 1990, em que eliminou as bolachas da base e com apenas cinco ingredientes, misturados e levados ao forno bem quente, criou uma legião de fãs.

A tarte de queijo do La Viña é uma das tartes doces mais replicadas e reinterpretadas pelos chefes espanhóis e outros internacionais. Mas, em algumas pesquisas de especialistas em gastronomia, a quesada pasiega, típica da Cantábria, surge em escritos medievais como a primeira tarte de queijo genuinamente espanhola, numa consistência mais perto de pudim.

O preço de ser “tailor-made”

Por cá, durante os confinamentos de 2020, Hugo Candeias, na altura no restaurante The Art Gate, no Chiado, começou a testar a sua receita de tarte de queijo basca, fórmula que mantém envolta em algum mistério. Até à recente abertura do Dona by Hugo Candeias, quiosque junto à Basílica da Estrela, em Lisboa, precisou de afinar a técnica. Da proporção maior de claras face às gemas, passando pelo tempo de repouso do doce após sair do forno – “24 horas é o ideal para manter a consistência” –, são os pormenores que fazem a diferença.

O chefe de cozinha Hugo Candeias criou a sua própria receita de tarte de queijo basca

Sem querer “aportuguesar” a tarte, Hugo Candeias começou por dá-la a provar nos restaurantes Ofício e Lota Sea & Fire – uma prova superada. Nas duas vezes que participou no festival Chefs on Fire fez um brilharete e fidelizou ainda mais gulosos.

O ingrediente principal é o queijo creme, criado por Mr. Lawrence, um fabricante de queijos em Filadélfia, em 1872, que mais não é do que leite, natas e sal. É o que determina a cremosidade da tarte, o seu lado fofo. Outro fator de distinção é o seu ponto de cozedura, semelhante ao do fondant de chocolate, por exemplo, firme por fora e a escorrer no meio. É a alta temperatura, superior a 200 ºC, que faz com que caramelize por fora, enquanto a variação do tempo dá um interior mais ou menos líquido.

“O ponto cremoso também depende do forno. Se é a gás ou elétrico, se é a primeira ou a segunda fornada, se comporta três, seis ou oito tartes de uma vez. É tailor made [feito à medida]”, resume Hugo Candeias.

Pode-se usar outro queijo? Pode, por exemplo 80% de queijo creme e 20% de queijo Serra da Estrela ou um queijo azul (Gorgonzola, Roquefort, Stilton). Esta semana, Hugo vai fazer uma experiência com 12 a 15 por cento de miso (pasta de soja fermentada) confecionado pelo chefe João Alves (Loco). A tarte assim vai ganhar uma ligeira cor e um ponto acima de sal. Em lume brando, está também a versão vegan da tarte, em que a substituição dos ovos (único elemento de origem animal da receita), principalmente das claras, é o mais complicado. E haveremos de chegar ao dia em que existirá uma tarte de queijo individual, possível de comer como um duchesse ou um éclair.

Receita da Tarte de queijo do La Viña (com dicas de Hugo Candeias)

Ingredientes

→ 1 kg de queijo creme

→ 7 ovos inteiros

→ 400 g de açúcar branco ou de coco

→ Meio litro de nata fresca (35% matéria gorda)

→ 1 colher de sobremesa de farinha

Preparação

Juntar os ovos ao queijo creme e envolver com a vara de arames até ficar sem grumos. Não é preciso usar a batedeira.

Acrescentar o açúcar e continuar a misturar os ingredientes.

Juntar a farinha (responsável por ativar o glúten e dar elasticidade) e, por fim, verter as natas. Podem estar mornas, entre os 40 ºC e 50 ºC, para ajudar a dissolver o açúcar.

Deitar o preparado numa forma de tarte forrada com papel sulfurizado (ou papel vegetal untado com uma gordura) e levar ao forno pré–aquecido a 200 ºC, durante 45 minutos ou, segundo a receita de Hugo Candeias, a 230 ºC entre 20 e 23 minutos.

Retirar do forno, deixar repousar 24 horas e só depois desenformar.

Onde provar e comprar

Dona by Hugo Candeias

Quiosque > Pç. da Estrela, Lisboa > T. 92 405 3182 > qua-dom 10h-18h > inteira €35 (por encomenda), fatia €4,50 > Ofício – Tasco Atípico > R. Nova da Trindade, 11K, Lisboa > T. 91 045 6440 > ter-sáb 12h30-15h, 19h-23h > Lota Sea & Fire > Av. Duque d’Ávila, 42B, Lisboa > T. 92 590 6950 > seg-dom 12h30-15h30, 19h-23h > inteira €35, fatia €7

Basqo

O bolo de queijo inspirado na receita basca também está disponível no wine bar Viagem das Horas e no bistro Rosetta’s em Lisboa, e no Bar do Fundo, em Sintra. Encomendas seg-qui até 18h > T. 91 241 1903 > €25 (1 kg), €38 (2 kg)

Basuku

Loja no Saldanha com diversas versões: Raffaello, doce de leite, lima, Nutella, pistácio, Lotus Biscoff. Av. Praia da Vitória, 50C, Lisboa > T. 21 162 5250 > ter-dom 10h-21h > pequena €12, €15, média €26 a €32, grande €36 a €42

Imanol – Barra Basca

R. da Escola Politécnica, 21, Lisboa > dom-qua 12h-23h, qui-sáb 12h-1h > R. de Mouzinho da Silveira, 165, Porto > T. 22 766 9717 > seg-dom 12h-23h > inteira €40, fatia €6

Atelier Chef Miguel Oliveira

A mais recente criação do chefe pasteleiro é a tarte de queijo com pistácio, a juntar à tarte de queijo rústica com queijo da serra (1,4 kg), também em versões de 300 gramas. Mercado Paço de Arcos, Pta. Dionísio Matias, Paço de Arcos > T. 91 116 8267 > ter-sáb 11h-19h30 > inteira €36, fatia €5

Tasca Baldraca

R. das Farinhas, 1, Lisboa > T. 91 045 6096 > ter–sáb 12h30-15h, 20h-23h

Lupita Pizzaria

R. de São Paulo, 79, Lisboa > T. 93 500 2182 > seg-dom 12h-15h, 18h-23h30 > fatia €5

Pils Grill Eatery

Lizandra Almeida também sabe preparar torta basca com creme de baunilha e compota caseira de morango. R. do Conde de Redondo, 70, Lisboa > T. 93 967 7490 > ter-qui, dom 12h-23h, sex-sáb 12h-24h > fatia €8

Guelra

R. de Belém, 35, Lisboa > T. 93 900 2081 > seg-dom 12h-23h

Genuíno

Bar de vinhos naturais, serve uma tarte basca. R. Miguel Bombarda, 78, Porto > T. 93 841 6002 > seg-sáb 18h-23h

Say Cheesecake & Co.

Cafetaria da chefe pasteleira Mila Araújo, especializada em cheesecake de estilo nova-iorquino (pistácio, frutos vermelhos, mirtilos com vinho do Porto ou basco). R. do Almada, 21, Porto > T. 91 919 4173 > seg-sex 9h-18h, sáb 8h30-18h, dom 8h30-16h

Tabique

R. do Anjo, 49, Braga > T. 91 076 7671 > ter-qui 12h30-15h, 19h30-23h, sex-sáb 12h30-15h, 19h30-23h

O Mercado Municipal da Ericeira abre-se a dois fins de semana dedicados ao ouriço-do-mar. É a 9ª edição do Festival Internacional do Ouriço-do-Mar, que traz chefes a preparar esta iguaria e se estende aos restaurantes do concelho.

O objetivo do festival, criado pelo consultor gastronómico Nuno Nobre e organizado em parceria com a Câmara Municipal de Mafra desde 2015 (só não se realizou nos anos da pandemia), foi, desde o início, “contribuir para a valorização de um produto do mar tão rico, mas que era pouco conhecido da maioria das pessoas”. Um trabalho desenvolvido 365 dias por ano e que não se resume à gastronomia.

O que mudou desde a primeira edição do festival?

Há dez anos, estava tudo por fazer. Este é um projeto que reúne a academia, a ciência, a gastronomia e o turismo. Em parceria com o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, desenvolvemos estudos científicos sobre o ciclo de vida do ouriço-do-mar, onde ele vive, a sua potencialidade a nível nutricional… É por isso que temos também as oficinas de ciência no Mercado da Ericeira. Ao mesmo tempo, trabalhamos com as universidades e escolas de hotelaria através de várias ações de literacia do mar.

Nuno Nobre é especializado em consultoria e trabalha em projetos ligados à valorização de produtos endógenos. Foto: DR

Conhecia-se pouco?

Na lista de recursos marinhos, o ouriço-do-mar aparecia no grupo dos bivalves. Nada mais errado. Trata-se de um equinoderme, da família das estrelas e dos pepinos-do-mar. Ser considerado um bivalve significava que tinha de ser depurado, como as ostras. Isso é retirar-lhe todo o seu sabor. Conseguimos mudar isso.

Esta é a melhor altura para comer ouriços-do-mar?

Tentamos antecipar ao máximo o festival. Em abril, as águas começam a aquecer e eles começam a desovar. A nossa principal preocupação é proteger a espécie.

Há um período de defeso?

Levámos sete anos até que o período de defeso fosse regulamentado por lei. Desde 2024, é interdito apanhar ouriços-do-mar entre 15 de maio e 15 de agosto, a norte do estuário do Tejo; e entre 15 de agosto e 15 de novembro, a sul do Tejo. É importante disciplinar as capturas, se não, apanha-se tudo e não se protege a espécie no seu ecossistema. Foi o que se passou em Malta, por exemplo, onde hoje não se pode apanhar.

As sessões de cozinha ao vivo com chefes convidados geram sempre interesse. O que é que eles trazem ao festival?

A vila tem um histórico de abundância de ouriços-do-mar, mas, há dez anos, contavam-se pelos dedos de uma mão os restaurantes que os serviam. Era uma coisa muito familiar, ia-se à pesca e faziam-se umas “ouriçadas” com os amigos. Hoje, vamos a um mercado e encontram-se ouriços à venda. Valorizar e promover um produto de alto potencial para a gastronomia, tradicional ou moderna, passa por conhecer novas formas e abordagens de o trabalhar.

Festival em 5 pontos

OURIÇARIA No segundo piso do Mercado Municipal da Ericeira, estarão a ser servidas várias sugestões de cozinha do mar – ouriço e ostras ao natural, berbigão, lapas, um torricado de raia seca (outro dos produtos identitários da Ericeira) –, acompanhados de vinhos da região de Mafra e de Lisboa. Aos sábados (22 e 29 mar) realizar-se-á uma oficina de ciência gratuita sobre o ecossistema marinho e o ciclo de vida do ouriço-do-mar.

Foto: Jorge Simão

CHEFES CONVIDADOS O festival abre a possibilidade de ver fazer e provar as propostas de dez chefes convidados, de raiz portuguesa, como Miguel Castro Silva, até aos mais modernos e internacionais. Na lista, constam, entre outros, Habner Gomes (Yōso, Lisboa, 1 Estrela Michelin), José Lopes (Bon Bon, Carvoeiro, 1 Estrela Michelin), Adam Demanuele (The Seafood Market Grill, Malta) e Athanasios Kargatzidis (Costa Fria, Ericeira, e Baron Beirut, Líbano). As sessões começam às 16 horas.

RESTAURANTES Dos 24 restaurantes do concelho que aderiram à iniciativa, a maioria vai ter ouriços ao natural, ao vapor ou grelhados. Outros arriscam mais, propondo açordas e arrozes cremosos, sopa do mar, massas e sobremesas com ouriço. A mostra gastronómica decorre entre os dias 21 e 30 de março.

JANTAR No dia 27, o restaurante Golfinho Azul serve o jantar Ouriço-do-mar: O Caviar da Ericeira, durante o qual o chefe de cozinha Pedro Castro apresentará cinco momentos confecionados com o ingrediente estrela do festival, da bebida de boas-vindas à sobremesa, harmonizados com vinhos da Ericeira, Torres Vedras e de Bucelas. €60 (bebidas incluídas)

ONDE E QUANDO Mercado Municipal da Ericeira > R. do Mercado, 22, Ericeira > 21-22, 29-30 mar, sáb-dom 12h-20h

De acordo com os dados mais recentes, este é o balanço da destruição provocada pela passagem da tempestade pelo território nacional:

  • Em Lisboa – entre as 21 de quarta-feira e as 16 de hoje – foram contabilizadas 920 ocorrências;
  • 562 das ocorrências registadas estavam – pelas 16h – fechadas 358 ainda se encontravam ativas;
  • Do número total de ocorrências, 433 situações estão relacionada com a queda de árvores, 285 com a queda de estruturas e 169 com a queda de revestimentos;
  • Existiram 18 inundações na região de Lisboa e 8 acidentes rodoviários;
  • Alvalade é a freguesia de Lisboa com maior número de ocorrância – 75;
  • Até às 10h da manhã, 22 vias estiveram condicionadas ao trânsito em Lisboa;
  • No Porto – entre as 8h e as 11:30 – foram registadas 30 ocorrências pelos bombeiros relacionadas com quedas de árvores, parte de telhados e chapas;
  • Até às 14h da tarde, 18 mil pessoas – fornecidas pela E-Redes – Distribuição de Eletricidade – continuavam sem energia, sobretudo nos distritos de Leiria e Coimbra;
  • Em Odivelas, 200 alunos ficaram sem aulas depois do temporal atingir escola.
  • 13 pessoas tiveram de ser deslocadas na Lourinhã;
  • 15 pessoas ficaram desalojadas;
  • 6 pessoas ficaram feridas.

Um chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP), detido pela alegada prática de um crime de violência doméstica, vai aguardar o desenvolvimento do inquérito em prisão domiciliária com vigilância eletrónica, disse fonte do Comando Distrital de Leiria.

Segundo a mesma fonte, na sequência da queixa, apresentada no domingo na esquadra da Nazaré pela mulher do arguido, a PSP fez “a apreensão cautelar de armas que o suspeito tinha, uma arma de serviço, um bastão extensível e uma arma pessoal”.

Depois da emissão de mandado de detenção fora de flagrante delito, o chefe da PSP, que trabalha numa esquadra do distrito de Lisboa, mas não está ao serviço por se encontrar de baixa médica, foi detido naquela cidade, já na tarde de terça-feira, por elementos de Leiria desta força policial.

No seu último boletim económico, publicado esta quinta-feira, os economistas do Banco Central Europeu (BCE) analisaram o aumento da procura de energia resultante da IA e o seu impacto nos preços das matérias-primas e concluíram que países como a Irlanda, que é um importante interveniente no setor dos centros de dados, poderão ter dificuldade em satisfazer a crescente procura local relacionada com a IA.

“O aumento acentuado da procura de eletricidade relacionado com a inteligência artificial (IA) pode levar a pressões sobre os preços nos mercados nacionais de eletricidade”, alertam os economistas.

A procura de energia relacionada com a IA irá aumentar ainda mais. A Agência Internacional da Energia (AIE) prevê que os centros de dados poderão consumir mais 80% de energia em 2026 do que em 2022, enquanto o BCE acredita que a procura de energia relacionada com a IA seja satisfeita pelo gás natural ou pelas energias renováveis.

De acordo com as previsões da Meteored Portugal, a chuva, ventos fortes e agitação marítima que se têm feito sentir nos últimos dias em Portugal – resultado da passagem da depressão Martinho pelo território nacional – deverão manter-se durante o fim de semana.

Leia também: As imagens impressionantes dos estragos provocados pela passagem da depressão Martinho por Portugal

Após dias de intensa precipitação e de rajadas de vento perto dos 100 km/h – que afetaram, sobretudo, o Sul e Centro de Portugal Continental -, a depressão Martinho atravessa este sábado o continente português em direção ao Norte da Península Ibérica. O início do fim de semana deverá ficar assim marcado por muita chuva, vento forte e neve nas terras altas. Está prevista ainda uma ligeira diminuição das temperaturas, com mínimas a rondar os 2º C – na Guarda – e 10º C – em Faro. É também esperada nebulosidade para todo o território continental e alguma trovoada. 

No domingo, o quadro meteorológico deverá manter-se, com alguma nebulosidade, vento, aguaceiros fortes e, possivelmente, trovoadas. As temperaturas deverão ser ligeiramente mais baixas que as registadas no sábado. 

Para os arquipélagos dos Açores e da Madeira, está previsto um cenário diferente. Nas ilhas açorianas, o estado do tempo deverá ser condicionado por um anticiclone que irá provocar alguma nebulosidade alternada com períodos sem chuva. Já na Madeira poderá existir alguma precipitação e as temperaturas mínimas poderão oscilar entre os 12º C e os 15º C.

A água que a chuva permitiu armazenar nas barragens do Algarve são suficientes para “quase três anos de consumo” da região, segundo o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, e ainda sem ter em conta a passagem esta semana da depressão Martinho.

“Esta situação permite-nos trabalhar com alguma tranquilidade na execução dos projetos em curso para dar maior resiliência à região”, disse Pimenta Machado à agência Lusa, referindo-se à construção da central de dessalinização no concelho de Albufeira, à obra de captação de água no Pomarão, no concelho de Mértola, no Alentejo, e à construção de uma conduta até à albufeira de Odeleite, no concelho de Castro Marim, no Algarve. Quanto ao Barlavento (oeste) algarvio, está a ser estudada uma ligação, via Santa Clara, no Alentejo, “para dar uma maior resiliência” a esse lado do Algarve. Outros projetos em curso incluem o estudo da eventual construção da barragem de Alportel ou do projeto para a nova barragem de Foupana.

Produção de energia eólica no país atinge novo máximo histórico na quarta-feira

A produção de energia eólica, por seu lado, atingiu novos máximos históricos na quarta-feira.

Segundo a REN – Redes Energéticas Nacionais, na quarta-feira, “a produção total diária atingiu os 112,4 GWh, batendo os 110,3 GWh registados a 24 de novembro de 2024”. Em comunicado, o organismo acrescenta que “a depressão Martinho permitiu ainda uma nova potência eólica máxima de 5.080 MW, às 12:15, ultrapassando os 5.034 MW obtidos às 13:45 de 29 de fevereiro de 2024”.

A produção eólica registada na quarta-feira abasteceu 56% do consumo de eletricidade que se verificou no País.