No site da Tesla na China (e em outros mercados na zona da Ásia-Pacífico) já é possível encomendar o novo Model Y, estando disponível em duas versões: “Primeira edição com tração traseira” e “Versão de lançamento com tração integral de longo alcance”. Os preços locais são, respetivamente e aproximadamente, 35 mil e 40 mil euros. O que representa um aumento de cerca de 5% relativamente às versões anteriores equivalentes.
Como a Tesla ainda não divulgou quaisquer dados sobre a chegada desta nova versão à Europa, não é possível garantir que as características do futuro Model Y para o nosso mercado sejam similares. Mas, a acreditar no histórico da Tesla, é provável que seja isso que aconteça. Pelo que podemos esperar um aumento do desempenho, com acelerações dos 0 aos 100 km/h um pouco mais rápidas (5,9 segundos para a versão de tração traseira e 4,3 segundos para a versão Long Range) e um pouco mais de autonomia – de acordo com a norma chinesa CLTC, bem mais otimista que a norma europeia WLTP, o aumento de autonomia é de cerca de 30 km.
O design exterior está de acordo com os leaks que foram surgindo nos últimos meses. De perfil, o novo Model Y, conhecido pelo nome de código Juniper, parece idêntico ao anterior. As grandes alterações estão nas óticas, que agora estão ligadas por uma barra LED, tanto na traseira como na frente, onde são evidentes as semelhanças com o design do Cybertruck e Cybercab. Uma alteração que aumenta a distinção entre os Model Y e 3 ao nível do design.
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Ao contrário do que alguns rumores antecipavam, o novo Y mantém o volante circular, indicando a ausência de direção steer-by-wire. Apesar disso, as imagens parecem mostrar a exclusão das hastes tradicionais da coluna de direção, com exceção de uma haste discreta, presente em versões com direção à direita, como em Hong Kong. Já a haste de seleção de modos de direção (PRND) foi completamente eliminada, reforçando o uso de controlos via ecrã, uma opção que tem sido controversa entre os utilizadores.
A Tesla também introduziu no Model Y melhorias como o novo vidro acústico, que reduz significativamente o ruído interior, e um ecrã para os passageiros nos bancos traseiros. Outro destaque são os bancos traseiros elétricos, ajustáveis via botões no porta-malas, que facilitam o manuseio de carga. O painel recebeu uma faixa de iluminação ambiente em LED, personalizável pela interface do veículo.
As primeiras entregas estão previstas para março na China.
Em 2019, Ken Loach, guru do cinema ativista britânico, realizou Passámos por Cá, um retrato cru da vida dura dos estafetas de entrega de encomendas em Inglaterra, arrastados num sistema que os obriga a endividarem-se para terem a ilusão de que são patrões de si próprios.
O francês Boris Lojkine, no seu terceiro filme, escava mais fundo e vai até ao submundo de outro tipo de estafetas: os “Uber Eats” que percorrem as ruas de Paris de bicicleta em contrarrelógio, muitos deles imigrantes ilegais, que pagam a terceiros um subaluguer da conta da plataforma. O filme é um murro no estômago no estilo de vida da burguesia ocidental.
Lojkine centra-se num só personagem, Souleymane, um guineense (Conacri) que passou os cabos das tormentas dos movimentos migratórios africanos em busca de uma Europa que não lhe dá aquilo que esperava. Souleymane passa o dia a correr contra o tempo, para ganhar dinheiro para a sua sobrevivência, enquanto se prepara para a entrevista de pedido de asilo, fixando uma história falsa que não é mais trágica do que a sua.
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O realizador fez uma cuidada pesquisa, em conjunto com Delphine Agut, que incluiu muito trabalho no terreno, resultando num tom realista conseguido através dos mais ínfimos detalhes. Acredita-se na verdade do filme, sendo que a marca mais profunda são as próprias viagens de bicicleta, que nos mostram uma personagem sempre em risco, sempre no limite.
Para isso contribui o estilo cru da própria câmara. Uma câmara de proximidade que nos permite vestir a pele do outro e nos confronta com as nuances do nosso próprio mundo. O tema da migração, de resto, já tinha sido abordado pelo realizador na sua primeira longa de ficção, Hope. Mas aqui consegue um outro fôlego, deixando para trás a questão tumultuosa da viagem odisseica dos migrantes e concentrando-se na própria sociedade francesa, e nas condições que dá àqueles que ali chegam.
A História de Souleymane > De Boris Lojkine, com Abou Sangare, Nina Meurisse, Emmanuel Yovanie > 93 min
Os reis chegam um pouco mais tarde a Marvila, mas a festa vai ser de arromba, com mais uma edição de Ouro, Incenso e Birra, um festival que junta “música, gastronomia e cerveja” em diversos espaços do chamado Lisbon Beer Department, triângulo onde se concentram algumas das mais conhecidas cervejeiras artesanais da capital: Musa, Dois Corvos e Fermentage.
A animação começa às 13h deste sábado, 11, e prolonga-se pelo dia e pela noite fora, com diversos concertos e atuações de DJ ao longo de mais de dez horas consecutivas. Segundo a organização, “o alinhamento tenta equilibrar propostas musicais para todos os tipos de ouvido” e terá como cabeças de cartaz, chamemos-lhe assim, a pop dos Glockenwise e as paisagens sonoras mais exploratórias de Surma, a quem se acrescentam ainda nomes como Bad Tomato, Sunflowers, Ola Haas, Chat GRP, Os Overdoses, Dead Club, Speech Bubbles, Yakuza, Veenho e Al-Qasar, estes últimos apresentados como “uma das mais empolgantes bandas de casamentos”, entre grooves árabes e rock psicadélico.
Foto: João Beijinho
Antes e depois dos concertos, para animar a pista de dança, haverá uma escolha musical a cargo de gente como Benjamim, Maria Reis, O Baile Todo, Hermanas Sisters e VLOIID with Tap Tempo. De referir que o festival é de acesso livre e a verba arrecadada com a venda de copos irá reverter para a Porta Amiga de Chelas, uma associação ligada à AMI e que tem como principal objetivo dar resposta às necessidades de pessoas em situação de dificuldade, isolamento ou exclusão social na zona oriental de Lisboa.
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Haverá ainda diversas propostas gastronómicas em modo pop-up, a cargo da Kau Barbecue e dos Raiders. E, como seria de esperar, não faltará também uma novidade a jorrar das bicas de cerveja, neste caso “uma Winter Ale colaborativa, com notas de frutos secos, açúcar queimado, casca de laranja, cacau e avelãs”. — Miguel Judas
Ouro, Incenso e Birra > Musa de Marvila (R. do Vale Formoso, 9), Dois Corvos (R. Capitão Leitão, 94) e Fermentage (R. Capitão Leitão, 1B), Lisboa > 11 jan, sáb 13h > grátis
“Compreende-se a lógica de atrair melhores quadros, mas, novamente, fica mais complexa e casuística a grelha remuneratória na administração pública portuguesa.” O reparo foi feito por Marcelo Rebelo de Sousa, a 19 de maio de 2023, na nota de promulgação do Estatuto das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). O tema eram os salários dos presidentes das CCDR que, graças a esse estatuto, ficaram a ganhar tanto como o primeiro-ministro e, por isso, cerca de mais €750 do que os ministros que os tutelam. Marcelo estava preocupado não só com essa discrepância salarial, mas sobretudo com a forma como se têm multiplicado as exceções que fazem com que cada vez menos o salário de primeiro-ministro sirva de referência e haja cada vez mais pessoas no universo do Estado (que inclui empresas e entidades reguladoras) a ganhar não só mais do que o chefe do Executivo, mas mais do que o Presidente da República.
Quando em 1985 se criou o estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos, o salário do Presidente foi usado como padrão para definir todos os outros vencimentos. E é por isso que o primeiro-ministro ganha 75% do seu vencimento, o Presidente da Assembleia da República (e segunda figura do Estado) recebe 80% desse valor, os ministros 65% e os deputados 50%. Há uma espécie de pirâmide que faz com que entre os titulares de cargos políticos ninguém se atropele. Mas o que se passa na administração pública é muito mais confuso.
O fator Macedo
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A primeira grande polémica aconteceu em 2004, quando Manuela Ferreira Leite decidiu contratar Paulo Macedo para diretor-geral dos Impostos. Então com 41 anos, Macedo foi requisitado ao Banco Comercial Português, onde era diretor-geral adjunto. Problema? Ganhava €21 236, ou seja, cerca quatro vezes mais do que o primeiro-ministro, que na época era Durão Barroso. Apesar do escândalo, o valor estava escudado no decreto-lei 719/74, que autorizava a requisição por parte do Estado de quaisquer gestores ou técnicos de empresas do setor privado, desde que se verificasse a urgente necessidade dessa requisição e o acordo dos indivíduos a requisitar. E foi com base nisso que Macedo se manteve em funções com esse ordenado milionário durante três anos.
Conselho de Ministros A primeira reunião decorrida no antigo edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos
O caso serviu, porém, para que em 2005 se mexesse na lei que estabelece as regras para as nomeações dos altos cargos dirigentes da administração pública, com uma introdução feita para que o vencimento do primeiro-ministro passasse a ser o padrão. A lei nº 51/2005 diz que “o pessoal dirigente pode, mediante autorização expressa no despacho de nomeação, optar pelo vencimento ou retribuição base da sua função, cargo ou categoria de origem, não podendo, todavia, exceder, em caso algum, o vencimento base do primeiro-ministro”.
PM não é o mais bem pago
Isso significa que todos os dirigentes do Estado ganham no máximo o mesmo que Luís Montenegro? Na verdade, não. A lei tem várias exceções. Uma delas aplica-se às empresas públicas que se encontram sujeitas a um regime de livre concorrência no mercado, “tendo em conta os critérios decorrentes da complexidade, da exigência e da responsabilidade inerentes às respetivas funções, e atendendo, ainda, às práticas normais de mercado no respetivo setor de atividade”. Manda o mercado e o único critério é que o vencimento dos gestores tem de ser aprovado pela comissão de vencimentos da empresa.
Outra exceção foi introduzida para que Luís Montenegro pudesse convidar Hélder Rosalino para o novo cargo de secretário-geral do Governo, mantendo o ex-secretário de Estado de Passos Coelho o vencimento de cerca de 16 mil euros que ganhava como consultor do Banco de Portugal. A alteração feita à lei a 26 de dezembro permite que o vencimento na secretaria-geral do Governo seja superior ao do primeiro-ministro “desde que para tal seja expressamente autorizado no respetivo ato de designação”. Uma formulação que é contestada pela oposição e que fez o PS pedir uma apreciação parlamentar ao decreto, que vai agora a votos no Parlamento. É que, apesar de Rosalino ter recuado depois da polémica e de o novo secretário-geral ir receber o valor tabelado (que, entre salário e ajudas de custo, ronda os €6 100 brutos), caso não se altere o decreto, fica aberta mais uma via para novas exceções.
A culpa é da concorrência
No caso da aviação, os preços de mercado são milionários. E é por isso que Luís Rodrigues, o CEO da TAP, uma empresa pública, ganha 504 mil euros brutos por ano (cerca de 36 mil euros ilíquidos mensais), tanto como a sua antecessora, Christine Ourmières-Widener, com a diferença de que, ao contrário do que acontecia com a francesa, não está previsto que ganhe qualquer prémio ou bónus. Por discordar do valor, o então presidente da comissão de vencimentos da TAP, Tiago Aires Mateus, apresentou a demissão, depois de ver vencida a contraproposta de um vencimento mais baixo, ainda assim estratosférico para a maioria dos portugueses: a rondar os 420 mil euros anuais.
Em 2004, Paulo Macedo veio do BCP para assumir a Direção-Geral dos Impostos. Manteve o vencimento do banco, superior a 21 mil euros. Mas apresentou trabalho…
Graças a essa mesma lógica, Paulo Macedo ganha hoje como gestor do banco público, a Caixa Geral de Depósitos, cerca de 30 mil euros brutos por mês. E a presidente executiva do Banco Português de Fomento (BPF), Ana Carvalho, recebe €22 833 ilíquidos mensais, enquanto a presidente não executiva do BPF, Celeste Hagatong, chega aos €18 500 brutos por mês. Já Nicolau Santos, que como presidente da RTP também não está abrangido pelo estatuto do gestor público em termos de remuneração, recebe €5 453 brutos por mês.
Além das empresas públicas que operam em regime de livre concorrência, as entidades públicas empresariais integradas no Serviço Nacional de Saúde também gozam de uma exceção para que os seus gestores não fiquem limitados pelo salário do primeiro-ministro. No caso dos hospitais, há uma divisão entre os que são de tipo 1 e dos de tipo 2, dadas as suas dimensões. Neste tipo 1 estão Santa Maria, São João e os HUC, em Coimbra, onde os presidentes dos conselhos de administração recebem atualmente €4 700 brutos mensais mais €1 600 de despesas de representação.
Mas não são só os gestores das empresas públicas dos hospitais EPE que têm luz verde para furar o teto do salário do primeiro-ministro imposto pela lei de 2005. Os presidentes das entidades reguladoras também podem (e ganham) mais do que Montenegro. O máximo que a lei-quadro destes organismos prevê para este cargo é uma remuneração de €11 592 ilíquidos por mês. E é essa a bitola para definir os salários de todos os reguladores, entre os quais estão os presidentes da Entidade Reguladora da Saúde, da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, da Comissão de Mercado de Valores Imobiliários, da Autoridade da Concorrência, da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, da Autoridade Nacional de Comunicações, da Autoridade Nacional da Aviação Civil, da Autoridade de Mobilidade e Transportes e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos.
É precisamente à boleia da exceção aberta para as entidades reguladoras que o diretor-executivo do SNS, António Gandra de Almeida, ganha mais do que Luís Montenegro. É que no decreto-lei 61/2022 que criou a orgânica da Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde, estabelece-se que “aos membros da DE-SNS é aplicável, com as necessárias alterações, o estatuto remuneratório fixado para a Entidade Reguladora da Saúde”. Ou seja, Gandra de Almeida recebe cerca de €11 592 ilíquidos por mês.
Abaixo destes valores fica a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), na qual o presidente, segundo os últimos dados disponíveis (de 2018), ganha €7 793,36 a que se somam €1 663,39 em despesas de representação.
Salário de Centeno
Também o Banco de Portugal está fora deste valor, mas neste caso para cima. Mário Centeno ganha €18 177,18 brutos por mês, enquanto os restantes administradores do Banco de Portugal auferem cerca de €15 905 ilíquidos mensais. De acordo com a lei orgânica do Banco de Portugal, quem define estes valores é “uma comissão de vencimentos composta pelo ministro das Finanças ou um seu representante, que preside, pelo presidente do conselho de auditoria e por um antigo governador, designado para o efeito pelo conselho consultivo”. Ou seja, não é o Banco Central Europeu que atribui estes vencimentos.
Segundo dados recolhidos pela Bloomberg em 2016, o banqueiro central mais bem pago da Europa era o belga, quatro posições à frente de Mario Draghi no Banco Central Europeu, aparecendo o português (na altura, Carlos Costa) a meio da tabela, na 12ª posição, mas acima do espanhol, que também ganhava menos do que o cipriota.
Se há muitos no Estado que ganham mais do que Luís Montenegro, a lista dos que ganham tanto como o primeiro-ministro também não é pequena. Se o espírito da lei era o de que o chefe de Governo ficasse no topo dos salários dos dirigentes do Estado, na prática esse valor ficou como referência remuneratória.
É o caso dos presidentes das cinco CCDR (que são eleitos pelos autarcas das respetivas regiões), mas também dos presidentes de vários institutos públicos. A lista inclui a Agência para a Modernização Administrativa, cuja direção este Governo afastou para nomear outra, o Instituto do Turismo de Portugal, que também mudou de direção com este Executivo, o Instituto Nacional de Estatística, cujo presidente foi afastado por este Governo, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, onde também houve troca de cadeiras, ou o Instituto da Segurança Social, cujo presidente também foi mudado nesta legislatura.
Rei morto… Carlos Costa Neves foi a segunda escolha, para a Secretaria-Geral do Governo, depois do recuo de Hélder Rosalino. E veio ganhar… o normal
Depois há quem ganhe ligeiramente abaixo, mas muito próximo do valor auferido por Luís Montenegro. É o caso dos 472 dirigentes de empresas públicas que recebem no máximo €5 472 brutos de salário mensal (a 14 meses) mais €2 317 em despesas de representação (a 12 meses): ficam muito próximos, mas abaixo do nível remuneratório de Montenegro. Já os vice-presidentes e vogais destas empresas não podem ter um salário superior a 90% e a 80%, respetivamente, do vencimento mensal ilíquido dos seus presidentes.
Segundo a tabela publicada pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, os presidentes das empresas públicas do grupo A recebem como remuneração base o mesmo que o primeiro-ministro, os presidentes das empresas do grupo B auferem 85% desse valor e os do grupo C 80%. Todos recebem 40% do seu vencimento base em despesas de representação. A classificação das empresas em cada um destes grupos depende de fatores como o seu volume de negócios, o número de postos de trabalho, o ativo líquido e o contributo do esforço financeiro público para o resultado operacional.
Abaixo destes valores ficam os presidentes de câmara, que por lei recebem uma percentagem do vencimento do Presidente da República, acrescido de despesas de representação. Em concelhos com 40 mil eleitores ou mais, os presidentes recebem 50% do vencimento do Presidente, ou seja, €3 624,41 mais despesas de representação de €1 110. Nas autarquias com entre dez e 40 mil eleitores, recebem 45%, o que equivale a €3 261,97 mais despesas de representação de €999,88. Nos restantes municípios é aplicada a percentagem de 40%: €2 899,53 de salário com despesas de representação de €888,78.
Ricos assessores
Tudo somado, significa que Carlos Moedas e Rui Moreira ganham cerca de €4 700. Um valor que, segundo uma investigação publicada pela revista Sábado em 2022, era até inferior ao que recebiam dezenas de assessores de Moedas na Câmara Municipal de Lisboa, embora nesses casos através de recibos verdes.
Sérgio Figueiredo vinha para consultor, no ministério de Medina, ganhando mais do que o ministro. A polémica fê-lo recuar
Curiosamente, em 2022, Fernando Medina teve de deixar cair a contratação do ex-jornalista e economista Sérgio Figueiredo para o Ministério das Finanças, depois de se saber que iria, como consultor, ganhar €4 767 brutos, o mesmo que um ministro. A oposição considerou tratar-se de um “pagamento de favores” e Medina sucumbiu à polémica. Em causa estava o facto de Sérgio Figueiredo ter contratado Fernando Medina como comentador enquanto era diretor da TVI.
Pelo salário, Figueiredo não seria sequer caso único no governo. A então chefe de gabinete de António Costa, Rita Faden da Silva Moreira Araújo, recebia cerca de €5 200 brutos mensais, mais do que o próprio primeiro-ministro.
As regras e as exceções
Lei define tetos, mas há muitas formas de os furar
Em 2024, a remuneração base do Presidente era de €8 193,97 brutos, antes do corte de 5% que acabou a 1 de janeiro, mais 25% desse valor em despesas de representação, o que dá cerca de €11 500. Limpos,Marcelo Rebelo de Sousa recebe €5 715,58 por mês
Luís Montenegro recebe €5 838 mensais, mais 40% desse valor em despesas de representação
Empresas que operam em mercados de concorrência livre ficam fora do teto imposto pelo salário do primeiro-ministro. É por isso que Luís Rodrigues, CEO da TAP, ganha cerca de 36 mil euros brutos por mês, e Paulo Macedo recebe na CGD à volta de 30 mil euros ilíquidos
Os presidentes das entidades reguladoras podem receber até €11 592 ilíquidos por mês. É por essa bitola que é pago o diretor-executivo do SNS, Gandra de Almeida, que assim ganha mais do que o PM
No Banco de Portugal há uma comissão de vencimentos que estabelece o valor dos salários e na qual tem assento o ministro das Finanças. Mário Centeno ganha cerca de 18 mil euros, menos do que Paulo Macedo que está à frente de um dos bancos supervisionados por Centeno.
O boletim do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) divulgado esta quinta-feira dá conta de que tem sido, nas últimas semanas “observada uma tendência crescente dos casos de gripe”, adiantando que, na primeira semana deste ano, verificou-se uma “mortalidade acima do esperado no grupo etário acima dos 85 anos e no sexo feminino”.
“Na época 2024/2025, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe e Outros Vírus Respiratórios (hospitais) notificaram 41.778 casos de infeção respiratória e foram identificados 4.341 casos de gripe”, refere o boletim. Na semana entre 30 de dezembro e 5 de janeiro, foram identificados, no âmbito desta rede, 1.048 casos positivos para o vírus da gripe.
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O INSA refere ainda que, nesta semana, foram reportados oito casos de gripe pelas 16 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação e que, desse total, quatro apresentavam doença crónica e sete tinham recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas um estava vacinado.
Nesta semana, a proporção da gripe em cuidados intensivos foi de 5,5%, aumentando face à semana anterior (2,9%), avança também o boletim.
Os rumores já circulavam desde o final do ano passado, meses depois de a Huawei ter revelado o Mate XT, e, agora, novas informações reforçam a ideia deque a Samsung está a desenvolver um smartphone dobrável ao estilo ‘tri-fold’, ou seja, que se dobra em dois locais distintos, dando origem a um aparelho ‘tríptico’.
A informação é avançada pelo website sul-coreano SisaJournal, que revela que a Samsung quer uma abordagem diferente da que teve a Huawei. O Mate XT dobra-se em ‘S’ ou em ‘Z’, com um terço do ecrã a dobrar-se para fora e os outros dois terços para dentro.
No caso da Samsung, a proposta é uma dobra em ‘G’, ou seja, os dois terços laterais a dobrarem-se para dentro, protegendo-se os componentes do painel dobrável e reduzindo o risco de dano acidental. Ao que tudo indica, o dispositivo deve medir 12,4 polegadas quando aberto ou 10,5 polegadas quando dobrado.
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Para tornar este conceito realidade, a Samsung deve explorar os ecrãs Flex G, que já apresentou em momentos anteriores. Com esta abordagem, a Samsung pretende aumentar a durabilidade dos equipamentos, depois de alguns utilizadores do Mate XT terem reportado algumas queixas, nomeadamente na do ecrã.
Conceitos de ecrã dobrável ‘tríptico’ apresentados pela Samsung Display – a divisão da fabricante sul-coreana especializada em tecnologia de ecrãs – durante a edição de 2022 Display Week, organizada pela Society for Information Display | Imagem: Samsung Display
Enquanto a Huawei recebeu milhões de registos de pre-encomendas, nem todos se materializaram em compras e a fabricante deverá ter produzido e vendido entre 100 a 200 mil unidades. Com a Samsung, também se espera um limite de produção, eventualmente nas 300 mil unidades, o que indicia que o lançamento deve ser restrito geograficamente e não global.
É indiscutível que, enquanto indivíduos, estamos inevitavelmente inseridos na condição de consumidores, sendo grande parte das nossas ações diárias intrinsecamente associadas a práticas de consumo. Essa realidade traduz-se numa constante exposição a um fluxo avassalador de estímulos publicitários, oriundos de múltiplos canais e disseminados numa velocidade vertiginosa.
Surge, assim, uma questão de profunda relevância: de que forma o nosso cérebro processa tamanha quantidade de informações? O que explica a retenção de apenas uma fração diminuta deste conteúdo? E, mais intrigante ainda, quais os fatores que nos levam a privilegiar uma marca em detrimento de outra?
O cérebro humano, inquestionavelmente, representa um dos campos mais desafiantes e insondáveis da ciência contemporânea. A sua complexidade intrínseca reflete-se na singularidade de cada mente, onde padrões de comportamento frequentemente desafiam os princípios da lógica e da racionalidade.
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É deste encontro entre a neurociência e o marketing que emerge um novo e promissor domínio científico: o neuromarketing. Esta disciplina, situada na intersecção entre o conhecimento aprofundado do sistema nervoso e as estratégias comerciais, configura-se como uma ferramenta há muito aguardada por profissionais da comunicação e especialistas em comportamento do consumidor.
O cérebro humano, inquestionavelmente, representa um dos campos mais desafiantes e insondáveis da ciência contemporânea. A sua complexidade intrínseca reflete-se na singularidade de cada mente, onde padrões de comportamento frequentemente desafiam os princípios da lógica e da racionalidade
Enquanto campo multidisciplinar, a neurociência dedica-se ao estudo sistemático do sistema nervoso, integrando áreas como anatomia, biologia molecular, genética e psicologia. O progresso alcançado neste domínio tem sido notável e amplamente reconhecido. Simultaneamente, o conceito de neuromarketing, introduzido por Ale Smidts, procura compreender de forma rigorosa as influências neurológicas dos estímulos de marketing no comportamento do consumidor, permitindo uma otimização das estratégias comunicacionais e a conceção de campanhas mais eficazes e direcionadas.
Desde as primeiras explorações realizadas em 2002, o neuromarketing consolidou-se como uma abordagem central no estudo da relação entre estímulos publicitários e decisões de consumo. Contudo, como acontece com muitas áreas emergentes da ciência, este campo não está imune a controvérsias éticas. A utilização imprudente ou oportunista de tais ferramentas levanta sérias preocupações, uma vez que possuem o potencial para manipular o comportamento humano de forma pouco ética ou mesmo prejudicial.
A necessidade de estabelecer limites éticos é incontornável! É imperativo que este campo seja regulado com rigor, promovendo um debate abrangente sobre as implicações dos avanços nas ciências da mente e nas tecnologias associadas ao marketing.
Embora o conhecimento científico sobre o cérebro humano ainda se encontre numa fase incipiente, é crucial que a sua aplicação prática seja guiada por princípios éticos que assegurem o progresso social e a proteção da dignidade humana.
Com o contínuo avanço da neurociência e a expansão do seu âmbito de aplicação, emergirão inevitavelmente novas e complexas questões éticas. É plausível imaginar um futuro em que se obtenha um controlo sem precedentes sobre as preferências, emoções e comportamentos humanos. Tal cenário exige uma reflexão profunda sobre os limites aceitáveis para tais práticas.
O desafio ético que se apresenta é inescapável. É imprescindível que esta temática permaneça no centro de um diálogo interdisciplinar e que se definam fronteiras claras para garantir a liberdade de escolha do consumidor. Apesar das diferenças nos ritmos e objetivos de ciência e sociedade, o progresso sustentável só será alcançado quando ambas se complementarem de forma harmoniosa.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
A Comissão Europeia reagiu esta quarta-feira às declarações de Mark Zuckerberg que descrevia as leis de dados da União Europeia como uma forma de censura às redes sociais. “A Europa tem um conjunto crescente de leis a institucionalizar a censura e a tornar difícil construir algo inovador ali”, descreveu Zuckerberg. Agora, a Comissão Europeia, através de um porta-voz, desmentiu: “refutamos absolutamente quaisquer alegações de censura”, cita a Reuters.
Zuckerberg, recorde-se, anunciou o fim do programa de validação de factos dos conteúdos publicados nos EUA e que iria trabalhar com o presidente Trump para combater a censura em todo o mundo.
A Comissão Europeia salienta que o Regulamento dos Serviços Digitais (DSA, na sigla inglesa) não força nem pede a remoção de conteúdos legais, mas sim que seja removido o conteúdo perigoso, nomeadamente para crianças ou democracias, das plataformas sociais.
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No grupo Meta, a validação de factos vai deixar de existir para o Facebook, Instagram e Threads nos EUA, sendo substituída por um sistema de ‘notas da comunidade’, à semelhança do que acontece na X. Para aplicar este sistema na Europa, a Comissão solicita que a plataforma tenha de realizar uma análise de risco e partilhá-la com o executivo europeu. “Qualquer modelo que uma plataforma escolha, deve ser efetivo e é disto que estamos à procura… Assim, estamos a verificar a eficácia das medidas de políticas de moderação de conteúdos adotadas e implementadas por plataformas aqui na EU”, concluiu o porta-voz.
No passado dia 18 concluíram-se seis anos sobre a assinatura do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular das Nações Unidas, documento que visa uma harmonização de procedimentos entre todos os Estados que o ratificaram, numa perspetiva mais humanitária, solidária e responsável.
O nosso País anunciou orgulhosamente ter concordado “desde a primeira hora” com o articulado do Pacto e ter sido dos primeiros países a ratificá-lo.
Mas a sua implementação é mais lenta do que uma viagem a pé entre Marraquexe e Lisboa.
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Entre várias e importantes medidas contidas no documento, uma há que passa quase despercebida e que é fundamental para a integração completa da população migrante em qualquer país.
Trata-se do tantas vezes já aqui referido WOGA, que significa o imperioso envolvimento de todas as áreas governamentais no processo de aceitação, acolhimento e integração de migrantes.
Esta nova perspetiva, que ultrapassa claramente o posicionamento securitário que norteou a maior parte das políticas migratórias, incluindo a portuguesa, durante anos, implica uma responsabilização dos vários setores públicos, chamados a agir numa área que lhes é pouco conhecida e fora do seu foco normal.
Ministérios com valências diferentes, desde a Saúde e Educação, até à Habitação, passando pela Segurança Social, Negócios Estrangeiros e, naturalmente o Ministério da Administração Interna, deverão, de acordo com o Pacto ratificado, ser chamados a este desiderato.
No passado dia 18 concluíram-se seis anos sobre a assinatura do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular das Nações Unidas, documento que visa uma harmonização de procedimentos entre todos os Estados que o ratificaram
Ao criar uma agência com a finalidade de superintender esta dinâmica, Portugal parecia estar, finalmente, no bom caminho.
Escusado será dizer que esta é mais uma daquelas atribuições que não está a ser assumida, tendo sido remetida para o esquecimento.
Não se trata apenas duma falta de efetivos afetos à tarefa da migração, que são menos a cada dia que passa, mas sobretudo a uma falta de gestão, de vontade e sobretudo de objetivos e conhecimento.
Não obstante a unanimidade relativamente à importância da problemática da mobilidade humana voluntária ou forçada, que a torna hoje em dia no grande tema das políticas, económicas e sociais, marcando agendas mediáticas e públicas quer a nível nacional quer no plano internacional, a atividade da gestão da migração é ainda olhada como uma atividade menor e indiferenciada.
Em 2008 foram extintas várias carreiras especiais, com o argumento da sua proliferação e até duma sobreposição de funções em diversas áreas.
Paradoxalmente, desde essa altura até ao momento, foram criadas diversas exceções alegando-se alterações sociais e necessidades diferenciadas.
Ora se alguma coisa mudou em termos sociais, demográficos, multiculturais, foi resultado do aumento de fluxos migratórios, que alteraram profundamente a sociedade portuguesa, dividindo opiniões, exacerbando posições e sendo sempre o tema central das campanhas eleitorais, tendo um peso muito significativo na vitória ou derrota nas urnas.
É, pois, mais do que altura de profissionalizar, não como mera força securitária como existia, mas com base no Pacto que se ratificou, a atividade relacionada com a migração.
A primeira vez que se abordou este tema corria o ano de 2017.
O momento não era, naturalmente, o melhor porquanto ainda se vivia uma posição meramente securitária do fenómeno. Não obstante já na altura a criação duma carreira especial para esta atividade era urgente. Hoje é imperiosa e dificilmente rebatível.
Exercer funções na área das migrações não é apenas recolher e instruir processos de legalização. Trata-se duma tarefa de enquadramento, de acompanhamento nas diferentes áreas, de modo a permitir uma integração plena.
Para tal são necessários profissionais com valências diferenciadas e com formação concreta na área da mobilidade e interculturalidade.
Paradoxalmente e pela primeira vez, esta ideia não recebe um rotundo “não”, baseado apenas em argumentos infantis (“todas as carreiras são especiais”) ou meramente economicistas (“não há dinheiro” ), por parte do Governo.
Mas o tempo urge. O cansaço, a insatisfação, o desânimo, aumentam à medida que o tempo passa.
São necessárias políticas claras e procedimentos consistentes com as mesmas. É imperiosa uma visão global e uma gestão, clara e dinâmica. São precisas pessoas que abracem esta missão.
Portugal como porto seguro e de futuro tem que ser assumido com profissionalismo, sem falsos temores de insegurança, ou manifestações de permissividade e paternalismo.
O fenómeno da migração não é novo, mas desta vez chegou à nossa casa e veio para ficar.
Assinámos e comprometemo-nos com um Pacto que depende, em muito, desta profissionalização especifica, redundando numa carreira atrativa, diferenciada, com várias vertentes de formação inicial e contínua.
Uma carreira transversal, que toque e envolva as diferentes áreas sociais num único projeto, com o objetivo final de dotar quem nos procura, desse valor essencial e único que é a cidadania plena.
Caso contrário será mais um Pacto votado ao insignificante papel.
Ao menos no que respeita à migração, abulamos a expressão “letra morta”?
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.