A iniciativa Philips Fixables visa permitir aos utilizadores imprimirem em 3D peças e componentes que se possam ter avariado nos seus pequenos aparelhos, como máquinas de barbear. Os ficheiros 3D que podem ser descarregados e impressos estão disponíveis na plataforma Printables em todo o mundo, mas a iniciativa estreia-se ‘oficialmente’ na Chéquia, países onde se baseia a Prusa Research que é a parceira da Philips neste projeto.

Nesta plataforma, os utilizadores vão encontrar peças como guias de corte ou outras que se avariem ou partam com frequência e, dessa forma, ter um estímulo para manter os aparadores ou outros durante mais tempo, noticia o The Verge.

A parceira com a Prusa Research visa garantir que as peças impressas se coadunam com os desenhos e requisitos de segurança e qualidade da Philips. A empresa lembra que a durabilidade e funcionalidade das peças impressas vai depender do material e da adesão às orientações oficiais. A Philips recomenda o uso de filamento PLA padrão e aconselha os utilizadores a seguir a mesma orientação do ficheiro original.

Para já, há apenas uma peça disponível para impressão 3D, um pente ajustável para se colocar na aparadora OneBlade, mas a Philips revela intenções de lançar guias ajustáveis para máquinas de barba, componentes para escovas de dentes e peças de secadores, embora as datas em que o vá fazer não sejam ainda conhecidas.

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A próxima geração de iPhones, prevista para setembro, deve chegar com um aumento de preços. De acordo com o The Wall Street Journal, a Apple está a considerar subir os preços, mas não pretende ligar esse aumento com as tarifas de importação aplicadas pelos EUA à China. Apesar de tudo, a maior parte dos smartphones da Apple são feitos na China e, mesmo com o anúncio do alívio temporário das tarifas recíprocas entre os dois países, as importações da China para os EUA ainda têm uma taxa de 30%.

A empresa não comenta o tema oficial, mas sabe-se que a subida dos preços está a ser considerada como forma de suportar melhor o aumento dos custos trazido pelas tarifas. A Apple já começou a transferir mais produção de aparelhos para a Índia, que para já está num contexto económico mais favorável no que toca à ligação com os EUA.

No início do mês, a Apple estimava que as tarifas representassem um aumento de 900 milhões de dólares em custos, no trimestre de abril a junho.

Os analistas recomendam cautela nos aumentos pois esse movimento pode vir a causar quota de mercado, especialmente numa altura em que os rivais como a Samsung têm vindo a apostar em novidades e melhorias com Inteligência Artificial, algo que a Apple tem demorado a trazer. Assim, o previsto aumento dos preços pode vir acompanhado de algumas novas funcionalidades ou mesmo alterações de desenho, de forma a poder justificar a subida.

Algumas das estimativas recentes apontam que o iPhone 16 de entrada de gama lançado nos EUA com um preço de 799 dólares pode vir a custar 1142 dólares pelo aumento das tarifas.

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A Samsung revelou o Galaxy S25 Edge, um novo modelo da série Galaxy S que aposta num formato ultrafino, com apenas 5,8 mm de espessura, sem comprometer o desempenho ou as funcionalidades de topo. Equipado com o mais recente processador Snapdragon da Qualcomm e fortemente apoiado na inteligência artificial da plataforma Galaxy AI, o novo smartphone combina um design elegante com capacidades avançadas de fotografia e produtividade.

Segundo Bernardo Cunha, Head of Strategy and Product Marketing Mobile Experience da Samsung Portugal, o S25 Edge é “um feito de engenharia de excelência” que reforça o compromisso da marca em “ultrapassar as nossas próprias barreiras e continuar a oferecer experiências premium verdadeiramente únicas às pessoas”. O responsável sublinha ainda que este equipamento “impulsiona a inovação em toda a indústria móvel”.

Design ultrafino com estrutura em titânio

Com apenas 163 gramas e um perfil de 5,8 mm, o Galaxy S25 Edge é um dos smartphones mais finos alguma vez lançados pela marca. A Samsung afirma que este feito exigiu uma reformulação profunda de vários elementos do design interno e externo, resultando num dispositivo mais compacto e ergonómico. A estrutura em titânio – um material mais resistente e leve – confere-lhe solidez e durabilidade sem penalizar o conforto na utilização.

O ecrã está protegido pelo novo Corning Gorilla Glass Ceramic 2, um vidro cerâmico que alia maior resistência a impactos com um brilho mais intenso, prometendo também uma melhor legibilidade em ambientes exteriores. As extremidades curvas do equipamento mantêm a identidade visual da linha Galaxy S, ao mesmo tempo que reforçam a sensação de fluidez e continuidade no manuseamento.

Câmara de 200 MP com reforço na Nightography

No campo da fotografia, a Samsung mantém a fasquia elevada. O sensor principal do S25 Edge é uma câmara grande angular de 200 MP, concebida para capturar imagens mais nítidas e luminosas mesmo em condições de pouca luz. A marca promete um aumento de mais de 40% no brilho em ambientes noturnos, graças à nova geração de pixéis maiores e ao processamento de imagem alimentado por IA.

O módulo fotográfico inclui ainda uma câmara ultra grande-angular de 12 MP com autofoco, capaz de captar imagens macro com elevado nível de detalhe. A tecnologia ProVisual Engine, já presente no Galaxy S25, está também disponível neste modelo, assegurando uma melhor definição em diferentes tipos de cenário.

Entre as funcionalidades potenciadas pela Galaxy AI destacam-se o Apagador de Áudio e o Assistente de Desenho, ferramentas criativas que facilitam a edição e personalização de conteúdos diretamente no smartphone.

Potência de topo com IA integrada

O desempenho está assegurado pelo Snapdragon 8 Gen 3 for Galaxy — oficialmente designado Snapdragon 8 Elite Mobile Platform for Galaxy — um processador desenvolvido em parceria com a Qualcomm e personalizado para os equipamentos Samsung. Relativamente às gerações anteriores, este chipset oferece melhor desempenho gráfico, maior eficiência energética e um processamento de IA mais avançado.

Para garantir um funcionamento estável mesmo sob carga intensa, o S25 Edge inclui uma câmara de vapor redesenhada, agora mais fina e com maior área de dissipação térmica. O sistema de imagem integra ainda o motor ProScaler, que melhora a qualidade de escalonamento em 40%, e o motor mDNIe (mobile Digital Natural Image engine), concebido para uma reprodução de imagem mais nítida e natural.

A Galaxy AI está profundamente integrada no ecossistema do S25 Edge. Funcionalidades como o Now Brief e a Now Bar são compatíveis com aplicações de terceiros, permitindo experiências multimodais mais adaptadas ao utilizador. A privacidade continua a ser uma prioridade, com o Samsung Knox Vault a assegurar que os dados mais sensíveis permanecem protegidos e, sempre que possível, processados localmente no dispositivo.

Graças à parceria entre a Samsung e a Google, o Galaxy S25 Edge também beneficia dos avanços da plataforma Gemini. Entre as novidades, destaca-se o Gemini Live, que permite partilhar ecrã e câmara durante chamadas em tempo real, uma funcionalidade pensada para uma colaboração mais fluida em contexto profissional ou pessoal.

Preço e disponibilidade

O Galaxy S25 Edge estará disponível em três cores: Titanium Silver, Titanium Jetblack e Titanium Icyblue. Os preços começam nos €1.299 para a versão com 256 GB de armazenamento interno, subindo para €1.419 na versão com 512 GB.

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A criação de um complemento de apoio para estudantes bolseiros com necessidades de saúde pode ser a chave para garantir que ninguém abandona o ensino superior por não conseguir suportar os custos associados a uma certa doença ou condição de saúde.

Há realidades que permanecem escondidas nos bastidores do ensino superior, onde o mérito académico e o esforço pessoal não são os únicos fatores determinantes para alcançar o sucesso. Entre exames, estágios e teses, há estudantes que travam batalhas silenciosas contra doenças graves, muitas vezes incapacitantes, como os tumores cerebrais — e é, não apenas por esses, mas sim por todos os que enfrentam desafios relacionados com uma certa condição de saúde, que é necessário pensar em novas medidas.

De acordo com o Registo Oncológico Nacional (2020), as doenças do sistema nervoso central (SNC) são, entre os tumores sólidos, as mais frequentes em crianças e jovens adultos, sendo superadas apenas pelas neoplasias hematológicas. Estes tumores incluem gliomas, meduloblastomas, ependimomas, entre outros, que exigem abordagens terapêuticas complexas como cirurgia, radioterapia e quimioterapia — frequentemente combinadas. Os sobreviventes, felizmente em número crescente graças aos avanços clínicos, enfrentam quase sempre sequelas físicas, cognitivas ou emocionais que comprometem o seu quotidiano e, em muitos casos, o seu percurso académico.

Não estamos a falar de exceções. Em cada sala de aula universitária, há provavelmente alguém que gere uma doença crónica, que depende de consultas regulares, terapias de reabilitação ou dispositivos médicos para manter o mínimo da sua funcionalidade necessária ao sucesso académico. No entanto, o sistema de ação social atual não contempla especificamente estas realidades. As bolsas de estudo, que são cruciais para garantir a equidade no acesso, não respondem a este tipo de encargos extraordinários, regulares ou súbitos. E o resultado é dramático: para demasiados jovens, o dilema é real — tratam-se ou continuam a estudar.

É inquestionável que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é, e continuará a ser sempre, o garante fundamental e universal do direito à saúde em Portugal. A nossa proposta não o substitui, não o critica, não o enfraquece. Complementa-o. É precisamente nos limites do SNS — quando faltam psicólogos, terapeutas da fala, fisioterapeutas, quando os tempos de espera se arrastam por meses — que esta medida se torna essencial. Queremos garantir que, no período de maior aflição e necessidade de ajuda, nenhum estudante fica para trás.

É, por isso, útil perceber aquilo que propomos: a criação de um Complemento de Apoio à Saúde para Estudantes Bolseiros, até ao limite de 1 IAS por ano (509,26€), destinado a cobrir despesas de saúde essenciais, mas não comparticipadas — ou de difícil acesso — através do SNS. O estudante pode candidatar-se várias vezes ao longo do ano até atingir o teto estipulado, apresentando a devida documentação clínica. A gestão será assegurada pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), aproveitando a infraestrutura já existente para o processamento das bolsas, o que garante simplicidade administrativa e leveza orçamental.

Estamos cientes de que não temos ainda dados concretos sobre quantos estudantes beneficiarão deste apoio. Mas, justamente por isso, defendemos que a medida seja acompanhada de um levantamento nacional, promovido pelas instituições de ensino superior, que permita dimensionar a realidade e ajustar os instrumentos futuros. Ao garantir apoio a quem enfrenta doenças graves ou crónicas, estamos não só a defender a continuidade dos estudos destes jovens, mas também a investir na redução das desigualdades, no combate ao abandono escolar e na promoção da justiça social no ensino superior.

Olhemos, por exemplo, o que acontece na Suécia, que adota um sistema de ação social muito mais flexível, com comparticipações específicas para estudantes com necessidades especiais de saúde ou deficiência. Nada há de errado em importar o que de melhor se faz lá fora para Portugal.

Chegou, por isso, o momento de avançar. A proposta está concluída, fundamentada e pronta para ser implementada. Falta apenas a vontade política para lhe dar vida. Comprometemo-nos a levá-la ao debate legislativo da próxima legislatura, no âmbito da tão necessária reforma da ação social no Ensino Superior. Esperamos que esta medida possa ser acolhida como um compromisso transversal e consensual entre todas as forças parlamentares. O seu custo é reduzido, a gestão administrativa é simples — e os ganhos? Esses são incalculáveis: humanos, sociais e académicos.

A saúde e a educação não podem viver em compartimentos estanques. São pilares indissociáveis de uma vida digna e plena. Nenhum estudante deveria, em momento algum, ser forçado a escolher entre tratar da sua saúde ou formar-se academicamente. Uma sociedade verdadeiramente justa é aquela que garante que o saber e o bem-estar caminham lado a lado, abrindo portas, não levantando barreiras.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A inteligência artificial generativa é hoje uma tecnologia acessível a praticamente todos nós, através de aplicações populares como o ChatGPT ou o Gemini. Enquanto o cidadão comum usa cada vez mais esta tecnologia no seu dia a dia, também nas indústrias a IA generativa desempenha um papel silencioso, mas fundamental. Ao permitir a otimização de processos, a redução de desperdícios e melhorias significativas na eficiência energética, tem sido uma aliada valiosa na resposta a diferentes desafios estruturais. Em suma, tem permitido fazer muito mais com menos recursos. 

Contudo, estamos agora perante uma transformação de maior escala. A recente evolução da inteligência artificial generativa está a mudar o paradigma industrial, promovendo uma colaboração sem precedentes entre seres humanos e máquinas. O resultado? Oportunidades totalmente novas para uma produção mais inteligente, flexível e eficiente.

No relatório “Tech Trends 2030: The next era of generative AI”, elaborado pela Siemens, são destacadas cinco tendências tecnológicas que vão moldar a forma como as indústrias operam nos próximos anos. Não se trata de futurologia, mas sim de tendências concretas às quais os diferentes setores devem estar atentos, sob pena de ficarem para trás numa área que evoluí a um ritmo extremamente rápido.

A primeira tendência é referente aos Industrial Foundation Models — modelos de inteligência artificial pré-treinados com dados específicos de cada setor. Compreendem texto, imagens, modelos 3D e desenhos técnicos 2D, e outras estruturas específicas da indústria. Esse desenvolvimento envolve o pré-treinamento de modelos com dados específicos de cada vertical industrial, permitindo a criação de soluções de IA industrial com uma compreensão de contexto onde são considerados processos, princípios físicos e químicos que regem os fenómenos característicos de cada setor, permitindo tomadas de decisão mais informadas e o desenvolvimento de soluções altamente personalizadas para os contextos em que são aplicadas.

De seguida, os chamados Agentic AI (em português, agência, daí o recurso à terminologia Agentic) –sistemas autónomos com capacidade de atuar e tomar decisões de forma independente. No contexto industrial, os benefícios traduzem-se na monitorização, análise e controlo automáticos dos processos produtivos. Para além de uma maior eficiência e segurança, esta tecnologia apresenta-se como uma resposta concreta ao desafio da escassez de mão de obra qualificada.

A terceira grande tendência prende-se com os Multimodal Large Language Models. Estes sistemas têm a capacidade de integrar e interpretar diferentes tipos de dados — texto, imagem, vídeo, 2D, 3D, voz, sensores –, resultando numa compreensão mais profunda de contextos complexos. Esta evolução representa um salto qualitativo no reconhecimento de padrões, na resposta a instruções complexas e na interação entre homem e máquina.

Segue-se a expansão dos Edge Models, que consistem na capacidade de processamento de dados diretamente no local onde estes são gerados, sem necessidade de envio para a cloud. Esta abordagem garante respostas mais rápidas, que são especialmente úteis em ambientes industriais críticos.

Por fim, destaca-se a importância crescente do Hardware especializado. Estes equipamentos possibilitam o processamento de grandes volumes de dados em tempo real, assegurando uma maior resiliência e fiabilidade dos sistemas industriais.

No seu conjunto, estas tecnologias serão cruciais para enfrentar alguns dos desafios mais exigentes desta era industrial, nomeadamente as alterações climáticas, a transição energética ou a escassez de recursos naturais e humanos. Contudo, importa sublinhar que a operacionalização desta evolução tecnológica levanta também desafios, como a qualidade e a estruturação dos dados — tão essenciais para garantir a fiabilidade dos sistemas de IA — ou o consumo energético elevado associado a esta nova capacidade computacional.

A oportunidade é histórica, mas para tirar partido deste potencial é imprescindível que as indústrias adotem uma abordagem estratégica onde a inovação, a colaboração entre parceiros e a preparação dos seus profissionais são elementos centrais. Só assim será possível preparar as indústrias para os desafios e oportunidades desta nova era marcada pela inteligência artificial generativa.

A agência das Nações Unidas para a aviação civil, ICAO, anunciou esta segunda-feira que a Rússia é responsável pela queda do voo MH17 sobre a Ucrânia, considerando, assim, que as queixas apresentadas pela Austrália e pelos Países Baixos sobre o voo da Malaysia Airlines têm “fundamento de facto e de direito”.

“O Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional [ICAO, na sigla em inglês] considerou hoje [segunda-feira] que a Federação Russa não cumpriu as suas obrigações ao abrigo do direito aéreo internacional no caso do abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014”, lê-se num comunicado divulgado no seu site.

“O processo centrou-se nas alegações de que a conduta da Federação da Rússia no abate da aeronave por um míssil terra-ar sobre o leste da Ucrânia constitui uma violação do artigo 3.º-A da Convenção sobre a Aviação Civil Internacional, que exige que os Estados ‘se abstenham de recorrer ao uso de armas contra aeronaves civis em voo'”, esclarece a organização.

Esta é a primeira decisão do conselho da organização “sobre o mérito de um litígio entre Estados-Membros, no âmbito do mecanismo de resolução de litígios da Organização”, segundo o comunicado.

O ICAO anuncia que será emitido um documento formal de decisão “numa próxima reunião”, com “as razões de facto e de direito que conduziram às conclusões do Conselho”.

Em 17 de julho de 2014, o Boeing 777 que voava de Amesterdão para Kuala Lumpur foi abatido por um míssil terra-ar BUK de fabrico russo sobre território detido por separatistas pró-russos.

Todos os 298 passageiros e tripulantes morreram, incluindo 196 neerlandeses, 43 malaios e 38 australianos.

Em 2022, os tribunais holandeses condenaram três homens a prisão perpétua pelo seu papel na tragédia, incluindo dois russos, mas Moscovo sempre se recusou a extraditar quaisquer suspeitos e negou qualquer envolvimento no incidente.

“Este é um momento histórico na busca da verdade, da justiça e da responsabilização das vítimas da queda do voo MH17, das suas famílias e entes queridos”, declarou o Governo australiano, num comunicado, após o anúncio da ICAO.

“Pelas minhas contas, fumei mais de 400 mil cigarros durante a minha vida.” É assim que Henrique Barros, 67 anos, resume o histórico de consumo de tabaco desde os 12 anos. Além deste hábito, a obesidade e o facto de ter engordado dez quilos – chegou a pesar 115 –, e o sedentarismo durante a pandemia, transformaram-se na oportunidade “perfeita” para o desenvolvimento do cancro. Em termos técnicos, recebeu a notícia de que tinha um carcinoma pavimento celular da língua, nos primeiros meses de 2022.

No outono do ano anterior, teve a sensação de ter mordido a língua e de ter ficado com um pequeno relevo na parte inferior. Deitou um pouco de sangue, voltou a morder a língua passados uns dias, mas desvalorizou. “Certo dia, apercebi-me de que aquela zona estava rígida e pensei que poderia ser algo mais grave.” Marcou consulta e a médica recomendou a realização de uma ressonância magnética.

O processo foi relativamente rápido. Duas semanas depois, estava a fazer o exame. Na primeira consulta com o otorrinolaringologista Hugo Estibeiro, foi realizada de imediato uma biópsia, cujo resultado chegaria dez dias depois – tinha um tumor maligno e, em menos de um mês, dava entrada no bloco operatório. “Se a cirurgia for passível de ser efetuada, garantindo uma resseção com segurança e não mutilando muito o doente, é a primeira arma que temos”, explica o médico.

Henrique Barros foi submetido a uma hemiglossectomia, uma intervenção em que foi extraída metade da língua, e a um esvaziamento ganglionar, para que os gânglios fossem devidamente analisados e também para confirmar se haveria alguma invasão visível apenas ao nível microscópico e que, eventualmente, poderia ter “escapado” aos exames de imagem.

Processo delicado

A partir do momento em que surge este diagnóstico, é preciso acautelar algumas situações e possíveis consequências. “A língua tem imensas funções e, quando temos um doente com um tumor deste tipo, vamos ter de o retirar com uma margem de segurança, podendo surgir vários problemas, desde a dificuldade em mastigar, em iniciar a deglutição e em articular os sons, sobretudo na fase inicial de cicatrização, que pode demorar algumas semanas”, explica o otorrinolaringologista do Hospital CUF Tejo.

Antes da cirurgia, o doente tem de ser informado sobre todos os pormenores, por exemplo, a necessidade de realizar uma traqueostomia (abertura cirúrgica feita na traqueia, que se localiza na parte inferior do pescoço, em que é colocada uma cânula para permitir a entrada de ar), que, no caso de Henrique, foi temporária e permitiu assegurar a respiração. “Em simultâneo, durante três semanas, não poderia comer pela boca, e o doente teria duas hipóteses para se fazer chegar os alimentos ao estômago: colocar uma sonda no nariz ou uma PEG (gastrostomia percutânea endoscópica) no estômago.”

Henrique Barros optou por colocar a PEG, que consiste, segundo a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva, “na introdução de uma sonda na cavidade gástrica através da parede abdominal, com a ajuda da endoscopia digestiva alta”.

Foi também preciso contar com a participação de Diogo Casal, cirurgião plástico, para reconstruir o volume da metade da língua que iria ser extraída. “Como fazemos isto? Temos de ir buscar tecidos (pele e músculo) na vizinhança ou à distância”, explica Hugo Estibeiro. Henrique foi submetido a um retalho livre, no mesmo momento cirúrgico em que foi preciso “retirar músculo e pele ao braço do doente”. No total, a cirurgia demorou cerca de dez horas.

Perante a proposta desta cirurgia longa e com inúmeras complicações, Henrique Barros não hesitou. “Não tinha outra saída, nem tive muito tempo para pensar no assunto. Assumi a responsabilidade de me encontrar nesta situação e sabia que era a única solução.” Foi diminuindo o número de cigarros que fumava (passou de 20 a três por dia) e deixou de fumar definitivamente dois dias antes da cirurgia. Ficou internado durante 11 dias, ao que se seguiu um exigente período de recuperação em casa.

Tratamentos adjuvantes

Qualquer tratamento ao cancro da língua “tem de ser muito agressivo, para não corrermos risco de recidiva”, defende Gonçalo Fernandez, coordenador da Unidade de Radioterapia do Hospital CUF Descobertas. “A decisão do tratamento depende muito do estádio, se o tumor atinge a mobilidade da língua, das margens cirúrgicas alcançadas, entre outros”, destaca.

Este é um tumor muito desafiante de tratar, não só ao nível cirúrgico mas também no que respeita à radioterapia. Esta tem duas funções: tratar os tumores inoperáveis (definitiva) ou reduzir o risco de recidiva depois de uma cirurgia (adjuvante). “Ao fazermos radiação nesta localização, vamos criar muita inflamação em zonas importantes do nosso corpo, como é o caso da boca, da garganta, da própria língua, e isso vai acarretar inúmeros desafios dependendo do grau de tolerância do doente.”

Quando o doente faz quimiorradioterapia concomitante, “o tratamento principal é a radioterapia”, explica Gonçalo Fernandez. Se não tolerar os tratamentos, a equipa tenta “nunca interromper a radioterapia”. Foi o que aconteceu com Henrique, que só conseguiu completar dois dos três ciclos de quimioterapia, tendo terminado as 30 sessões previstas de radioterapia.

Henrique habituou-se a cuidar de si próprio e a gerir o seu problema durante todo o processo. “Esta doença foi uma grande lição, porque temos a ideia errada de que isto só acontece aos outros”, reforça, sugerindo a fumadores que deixem de fumar e defendendo uma atitude positiva, que não se coaduna com pensamentos destrutivos. “Vou às consultas de vigilância e nunca conto com a possibilidade de a doença voltar.”

Para descontrair, e porque é um apaixonado por motas, faz muitas viagens sozinho – a mais recente levou-o a vários cantos de Portugal, onde conseguiu usufruir da liberdade de que foi privado há ano e meio.

Sinais de alerta

Existem tumores da língua que passam mais despercebidos do que outros, dependendo da localização, mas há sinais. O otorrinolaringologista Hugo Estibeiro define os principais

► Surgimento de tumefação [inchaço], zonas de enduração, uma ferida que até pode ser indolor, mas que não desaparece e se torna progressivamente maior

► Muitas vezes, quando o tumor já está muito avançado, a língua não consegue fazer todos os movimentos, gerando dificuldade na mastigação/ articulação

► Caroço / Massa no pescoço

► Impressão na garganta, que leva a pessoa a pigarrear

Fatores de risco

► Todas as formas de tabaco (cigarros, cachimbo, charuto, tabaco aquecido)

► Álcool: quanto maior a quantidade e a potência do álcool, pior

► Má higiene bucal (dentes fraturados, arestas cortantes, infeções das gengivas)

► HPV (vírus do papiloma humano)

Artigo publicado na VISÃO Saúde nº 33

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Ainda não estamos livres do caos, mas há sinais de que algo pode estar a mudar e para melhor. Aos poucos, confrontado com a dura realidade e a queda vertiginosa da sua popularidade, Donald Trump parece ter iniciado uma manobra de marcha-atrás na saraivada de tarifas que anunciou impor ao mundo, a 2 de abril, um dia que ele próprio batizou como o da “Libertação” – aquele que, nas suas palavras, seria visto como “um dos dias mais importantes na História dos EUA”, pois era o dia da “declaração da independência económica”.

Agora, cinco semanas depois, Trump já dá o dito por não dito nessa tática de guerra – embora continue a dizer que está a fazer as “melhores negociações” alguma vez vistas no planeta
A verdade é que depois de ter anunciado um acordo mais suave com o Reino Unido, Trump acabou por dar ontem o aval a um acordo com o país que sempre apontou como adversário principal: a China.  
Após negociações ao mais alto nível em Genebra, na Suíça, representantes dos EUA e da China concordaram em começar a entender-se sobre o assunto e, por isso, decidiram suspender durante 90 dias as “tarifas recíprocas” com que se queriam castigar mutuamente e, num efeito de dominó, arrastar o resto do mundo para uma possível recessão económica. O anúncio, naturalmente, foi celebrado com o “fogo-de-artíficio” habitual destes momentos: uma subida nos mercados de ações, com uma euforia como não se via há vários meses. 

Nas horas seguintes, Wall Street fechou o dia em grande, com os melhores resultados desde o final de fevereiro. O dólar subiu e, como reflexo de tudo isto, o preço do ouro, sempre visto como um porto seguro, caiu. 
Ainda não se sabe quanto tempo poderá durar esta trégua numa guerra comercial que Trump iniciou como se fosse a maior batalha da sua presidência. O pior cenário está, para já, congelado. 

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Putin tem a sua própria ideia de cessar-fogo. E é tudo menos séria. Disparou cem drones sobre a Ucrânia. Outros tantos estão a caminho. Isto não é cessar, é provocar.

Fala-se em negociações. Com Zelensky. Na Turquia. Talvez com Trump pelo meio. Mas Putin hesita. Porque falar com Zelensky é reconhecer que ele é o presidente legítimo da Ucrânia. E isso, para o Kremlin, ainda custa.

Putin vive uma ilusão. Acha-se imperador de um império que já não existe. Acreditava ter um exército poderoso, com tecnologia de topo. Três anos depois, tem milhares de mortos às costas. E nenhuma vitória.

Está encurralado. Não tem saída. Nem honra. A “operação especial” foi um erro histórico. Mas a sua obsessão não o deixa recuar. Nem avançar. Fala, depois cala-se. Ataca, depois recua. Cessa, depois volta a disparar.

Se Trump entrar em cena esta semana, tudo muda. As cartas voltam à mesa. E o baralho vira-se do avesso.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A 15 de abril de 2025 entrou em vigor o acordo entre as associações empresariais e o Governo para um processo mais célere de regulamentação de cidadãos estrangeiros, vulgo a apelidada via verde para a contratação de imigrantes.

Este acordo baseia-se na existência de cinco pressupostos que assentam numa imigração responsável, sustentável e humanista para que o visto possa ser emitido desde o país de origem. São estes a existência de um contrato de trabalho válido, seguro de viagem e saúde, alojamento adequado e um plano de formação profissional, tal como o ensino de língua portuguesa assegurados pelas empresas contratantes.

Para poderem beneficiar deste acordo, as entidades empregadoras deverão preencher os seguintes requisitos cumulativos: ter volume de negócios igual ou superior a 20 milhões de euros, emprego direto de 150 ou mais colaboradores e ausência de dívidas à Autoridade tributária ou Segurança Social.

Estarão as entidades públicas preparadas para tão grande desafio como este de verificarem centenas de processos no tempo recorde de vinte dias enquanto, atualmente, lutam para conseguirem dar vazão aos processos que têm em mãos, sem conseguir cumprir os prazos atuais?

O processo de obtenção de visto por esta via “fast track” envolve a coordenação entre as entidades empresariais que remetem os pedidos de visto para a DGACCP que tem dois dias úteis para remeter os processos para os postos consulares correspondentes. Uma vez entregue o processo no posto consular, o mesmo segue para a AIMA e ECFE/SSI para a emissão de pareceres, uma vez emitido o parecer por estas entidades o processo regressa ao consulado para que o visto possa ser emitido dentro de 20 dias a contar do dia do agendamento do requerente de visto de trabalho. Ora, estas 5 entidades diferentes, que terão funções distintas ao longo do processo de emissão de visto, terão de ter uma máquina muito bem oleada para que os processos possam ser concluídos dentro dos prazos estabelecidos.

Para mim, que trabalho diariamente nesta área e sinto, quer as dores dos imigrantes que veem os seus processos de regularização protelados no tempo, bem como as dores das entidades empregadoras que “lutam” contra a falta de recursos para poderem exercer as suas atividades ou contra uma burocracia que lhes parece interminável, esta solução, afigura-se, na teoria como positiva e cheia de boas intenções.

No entanto, como diz o velho ditado: “de boas intenções está o inferno cheio” e prevejo alguns desafios com esta medida, que, reitero, na teoria é boa, mas que na prática poderá ser desafiante e difícil de concretizar.

Tenho muitas dúvidas e algumas questões que aguardam resposta:

Terão as empresas portuguesas que carregam já um fardo fiscal e social tão grande, capacidade para se responsabilizarem pelo alojamento e adaptação cultural dos trabalhadores? Isso não poderá desacelerar o seu crescimento?

As empresas que ficam fora dos critérios da “via verde” para a imigração não ficarão em enorme desvantagem perante as outras, no que diz respeito à contratação de estrangeiros, tendo de seguir o percurso tradicional da obtenção de visto de trabalho que, dependendo da jurisdição do consulado, poderá demorar entre dois e quatro meses?

Não estaremos nós perante o “estrangulamento” do crescimento destas empresas mais pequenas e start-ups que necessitarão de recorrer a mão-de-obra fora de território da União Europeia?

Estarão as entidades públicas preparadas para tão grande desafio como este de verificarem centenas de processos no tempo recorde de vinte dias enquanto, atualmente, lutam para conseguirem dar vazão aos processos que têm em mãos, sem conseguir cumprir os prazos atuais?

Deixo esta reflexão na esperança de que a maioria destas dúvidas sejam infundadas e o pior não se torne realidade.

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