Segundo o governador da região de Kharkiv, Oleh Syniehubov, seis pessoas morreram e 12 ficaram feridas com ataques com mísseis durante a noite.

O ataque em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, danificou edifícios residenciais, uma estação de serviço, um jardim-de-infância, um café, uma loja e vários automóveis, noticia a Associated Press (AP).

Hoje, um novo ataque à mesma cidade matou outra pessoa e deixou mais uma ferida, de acordo com o responsável da cidade, Ihor Terekhov.

Na região de Odessa, também hoje, um outro ataque com mísseis matou um civil, segundo o governador, Oleh Kiper.

Segundo a AP, que cita a Força Aérea, a Rússia lançou 32 ‘drones’ de fabrico iraniano Shahed e seis mísseis contra a Ucrânia durante a noite.

Os sistemas de defesa aérea da Ucrânia abateram três mísseis e 28 drones, de acordo com as autoridades.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que os ataques noturnos visavam empresas que fabricavam e reparavam veículos blindados, ‘drones’, “aeródromos militares”e zonas onde “mercenários estrangeiros” estavam, alegadamente, localizados.

O departamento governamental russo considerou que todos os alvos estabelecidos foram atingidos.

Durante a manhã de hoje, a Ucrânia disparou 10 ‘rockets’ Vampire contra a Rússia, tendo o sistema russo abatido todos os 10 junto à região de Belgorod.

O governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, disse que os ‘rockets’ foram abatidos enquanto se aproximavam da cidade homónima.

Gladkov acrescentou que 12 edifícios residenciais sofreram danos na cidade e, numa aldeia próxima, uma moradia ardeu e vários outros edifícios ficaram danificados, mas não esclareceu se os danos foram provocados pela queda de destroços ou se houve algum que atingiu os edifícios.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.

JO (JH) // SF

Palavras-chave:

O atleta “foi prontamente assistido porque foi numa zona onde tinha meios de socorro perto. Estava aparentemente em paragem cardiorrespiratória, foram tentadas manobras de reanimação, mas não foi possível reverter o seu estado”, adiantou Rui Pinho à agência Lusa.

Segundo referiu o presidente da Associação de Trail Running de Portugal (ATRP), a vítima era atleta federado, tinha seguro e o exame médico-desportivo em dia e era habitual praticante desta modalidade.

“Tinha `ranking´ suficiente para ir à prova do Campeonato Nacional e era um atleta experimentado”, disse ainda Rui Pinho, ao adiantar que a vítima foi encontrada por um bombeiro, que integrava as equipas que acompanham de mota os participantes durante a prova.

“Era um dos atletas da parte de trás do pelotão e já havia poucos atletas nos trilhos” quando foi encontrado já numa altura em que a prova no final, adiantou.

Em comunicado, a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), a Associação de Trail Running de Portugal e o Município de Melgaço manifestaram “profundo pesar” pelo falecimento do atleta durante a sua participação no Campeonato Nacional de Trail.

À família e aos amigos do atleta, a FPA, a ATRP e o Município de Melgaço endereçaram as “mais sinceras condolências”.

A prova contou com cerca de 400 participantes.

PC // SF

A polícia da localidade próxima de Gelsenkirchen “pôs fim” aos bloqueios e está disposta a mais medidas para garantir a segurança na zona, adiantou a autoridade através das suas redes sociais, refere a EFE.

O corte das vias de fornecimento de carvão e dos acessos por estrada à central operada pela energética Uniper teve início por volta das 05:30 da manhã (04:30 em Lisboa) e prolongou-se por aproximadamente sete horas.

Com esta ação, o coletivo “Ende Gelände”, conhecido pelos seus protestos em massa e desobediência civil contra projetos com impacto ambiental, pretendia denunciar os efeitos do consumo de carvão para o meio ambiente e para as comunidades indígenas.

Em comunicado, o grupo ambientalista destacou particularmente o impacto da mineração de carvão para comunidades como os wayú e o povo yupka na Colômbia, sublinhando que nesse país da América Latina 60 mil pessoas foram deslocadas devido a esta atividade e 2.600 foram assassinadas.

Em resposta à crise energética desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, o Governo alemão reativou em 2022 a rede de 14 centrais termoelétricas alimentadas a carvão que estavam desativadas e que iam ser desligadas, entre as quais a de Scholven.

Segundo afirmou o ‘Ende Gelände” nas suas redes sociais, o carvão que se queima na central de Scholven provém da mina de El Cerrejón, na região colombiana de La Guajira.

“O capital fóssil alemão está repleto de violência (neo)colonial”, declarou o grupo na sua conta oficial na rede X (antigo Twitter).

A Alemanha comprometeu-se a abandonar o uso de carvão até 2038 e está previsto que a central de Scholven passe a funcionar com gás, mas o ‘Ende Gelände’ recusa também o uso desta fonte de energia devido às suas consequências ambientais.

IMA // SF

Os manifestantes, que vão caminhar até à Assembleia da República, empunham cartazes escritos à mão com a pergunta “Que tipo de Deus iria querer Israel” e faixas referindo “Parar a Guerra, dar uma oportunidade à paz” ou “Não à Guerra, Não ao massacre”.

Mesmo na frente do protesto está a mãe Andreia e o filho Artur, de 9 anos, aluno do terceiro ano e que justifica a presença à agência Lusa, dizendo: “estamos aqui para acabar com a guerra na Palestina que começou por causa de Israel”.

Uma explicação completada pela mãe, que defende a importância de envolver os mais novos na causa que visa “mostrar que o povo português está contra o genocidio e a morte de crianças”.

A marcha iniciou-se pouco depois das 15h30 com gritos de ordem como “paz sim, guerra não” , e “Libertar a Palestina, acabar com a chacina”, por meio de bandeiras palestinianas e de várias outras dos cerca 15 organizadores da marcha.

São também visíveis os tradicionais keffiyeh, lenços que são símbolo da luta palestiniana, tal como cravos nas lapelas.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou hoje um novo balanço de 33.137 mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano em 07 de outubro.

Nas últimas 24 horas foram registadas mais 46 mortes, segundo um comunicado do ministério, que informou também que 75.815 pessoas ficaram feridas em quase seis meses de guerra.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

PL // SF

Greta Thunberg foi levada para um autocarro usado pela polícia para retirar os manifestantes detidos no local de um protesto contra os subsídios e incentivos fiscais a empresas ligadas às indústrias fósseis.

A ativista juntou-se hoje a várias centenas de manifestantes, que partiram do centro de Haia em direção a um campo perto da autoestrada A12, que liga Haia a Utrecht, e que tem sido palco de diversas ações organizadas pelo grupo Extinction Rebellion (XR).

Hoje de manhã, dezenas de agentes da polícia bloquearam o acesso dos manifestantes à autoestrada, alertando que “poderia ser usada a violência” caso os ativistas tentassem chegar à A12.

Alguns manifestantes, incluindo Greta Thunberg, encontraram um acesso alternativo e conseguiram bloquear uma estrada principal perto da autoestrada.

“É importante manifestarmo-nos hoje porque vivemos num estado de emergência planetária”, disse a ativista climática, citada pela agência AFP, antes de ser detida.

Em fevereiro, Thunberg, de 21 anos, foi absolvida por um tribunal de Londres depois de se recusar a seguir uma ordem policial para abandonar um protesto que bloqueava a entrada de uma importante conferência da indústria do petróleo e do gás.

Foi também multada várias vezes na Suécia e no Reino Unido por desobediência civil relacionada com protestos.

PC // SF

Palavras-chave:

O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, lembrou hoje, na antevisão ao reencontro com o Vitória de Guimarães, para a I Liga de futebol, quatro dias após o encontro para a Taça, que “todos os jogos são diferentes”.

Depois da vitória em Guimarães (1-0), na quarta-feira, para a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, o treinador dos ‘dragões’ admitiu recusou réplicas do último encontro, por acreditar que não existem jogos iguais.

“Aquilo que o adversário poderá ou não fazer não sabemos. Procuramos preparar todos os cenários possíveis para o que o adversário possa fazer durante o jogo. Foi o trabalho normal, não há vantagem nem desvantagem. Os jogos são todos diferentes. A preparação foi feita com foco e vamos dar o melhor para ganhar o jogo”, afirmou o técnico, em conferência de imprensa de antevisão.

Sérgio Conceição recordou as dificuldades encontradas no ‘magro’ triunfo no terreno dos minhotos, realçando a eficácia nos seus jogadores em contrariar os problemas.

“O Vitória de Guimarães é uma equipa bem trabalhada, forte, daí a nossa consciência no jogo, daí o que fizeram com equipas que estão à nossa frente. Fizemos um jogo muito consistente e não foi por um momento menos bom do guarda-redes deles [Bruno Varela] que ganhámos. Foi por sermos mais competentes. Temos de olhar para essas valias do adversário com humildade e fazer o que definimos para vencer o jogo”, salientou ainda.

Sobre as declarações de Pinto da Costa, que garantem que Conceição só continuará no comando técnico do FC Porto em caso de reeleição do atual presidente das próximas eleições, no dia 27 de abril, o treinador preferiu não comentar.

“Como treinador do FC Porto não devo comentar as palavras do presidente. Ele é o n.º 1 do clube, a par dos adeptos e simpatizantes. Não comento por respeito e não faz parte do meu papel. Tenho de me preocupar com o jogo de amanhã [domingo]”, explicou.

Sérgio Conceição abordou ainda o regresso aos convocados do avançado iraniano Taremi, que já se vinculou aos italianos do Inter Milão para a próxima época, após ligação aos ‘azuis e brancos’.

“Ele focado esteve sempre. O Taremi quando não foi convocado, por opção técnica, foi porque não estava tão bem em termos físicos. Por isso é que não foi convocado e foram convocados outros jogadores, mas ele está focado, porque quer muito jogar e dar o seu contributo à equipa, como todos os elementos do grupo. Se ele estiver bem, será convocado. Depois, se joga a titular ou vai para o banco e entra ou fica de fora na bancada… Está disponível como os outros. Está bem”, garantiu.

O treinador do FC Porto admitiu ainda que vai ver o dérbi de Lisboa, entre Sporting e Benfica, marcado para hoje, apesar de reconhecer que já será difícil, nas próximas sete jornadas, alcançar ‘leões’ ou os ‘encarnados’ na tabela classificativa.

“Não sou como aqueles treinadores que não vão ver o jogo, vejo da distrital à ‘Champions’. Vou ver. Que ganhe a melhor equipa. Nós não dependemos desse jogo. Independentemente de estarmos atrasados em relação a essas duas equipas, temos é de olhar para os jogos do campeonato e da Taça que nos faltam. Olhar para eles como finais e amanhã [no domingo] vamos a uma final das sete que faltam no campeonato. Mas vou ver o jogo”, afiançou.

Depois do jogo para a Taça de Portugal, o FC Porto volta a defrontar o Vitória de Guimarães, desta feita para a 28.ª da I Liga portuguesa de futebol, no Estádio do Dragão, numa partida, marcada para domingo, às 20:30, e que vai ser arbitrada por Fábio Veríssimo, da associação de Leiria.

JYA // JP

Um novo relatório realizado pela Sociedade Americana do Cancro dá conta de um número que pode ser assustador: esta agência prevê que, até 2050, o número de pessoas com cancro aumente 77%. “Pensamos que este número possa aumentar para 35 milhões até 2050, em grande parte devido ao aumento da população em envelhecimento”, afirma William Dahut, diretor científico da Sociedade Americana do Cancro, citado pela CNN.

O documento, publicado na quinta-feira na revista CA: A Cancer Journal for Clinicians, analisou dados globais de 2022 (os mais recentes disponíveis) sobre a incidência e morte por cancro do Observatório Global do Cancro da Organização Mundial de Saúde (OMS) e concluiu que, nesse ano, foram diagnosticados 20 milhões de casos de cancro. Em relação às mortes por cancro, este número foi de quase 10 milhões (9,7).

De acordo com a equipa que realizou o relatório, estas estimativas indicam que cerca de uma em cada cinco pessoas vivas desenvolverá cancro durante a sua vida. Além disso, os investigadores referem que cerca de um em cada nove homens e uma em cada 12 mulheres vão morrer da doença.

Porque é que os casos vão aumentar tanto?

Segundo o relatório, o cancro do pulmão foi, em 2022, o tipo mais frequentemente diagnosticado em todo o mundo, registando quase 2,5 milhões de novos casos e mais de 1,8 milhões de mortes – este cancro foi também a principal causa de morte por cancro a nível mundial.

O cancro da mama nas mulheres foi, de acordo com o documento, o segundo cancro mais diagnosticado, seguindo-se o colorretal, o da próstata, o do estômago, o do fígado, o da tiroide, o do colo do útero, o da bexiga e o Linfoma não Hodgkin, um tipo de cancro que afeta o sistema linfático, provocando o crescimento anormal de células linfáticas.

Relativamente aos tipos de cancro mais mortais, o colorretal foi o segundo mais fatal, a seguir o do fígado, da mama nas mulheres, do estômago, do pâncreas, do esófago, da próstata e do colo do útero.

De acordo com os investigadores, o envelhecimento da população é um dos principais fatores com impacto na incidência do cancro a nível mundial, mas também o crescimento populacional: a equipa prevê que a população mundial de cerca de 8 mil milhões de pessoas registada em 2022 atinja os 9,7 mil milhões daqui a 26 anos.

Contudo, outros fatores e comportamentos de risco terão impacto neste aumento de casos de cancro, como o tabagismo e a obesidade, registando uma “tendência preocupante”. “Muitos dos fatores de risco de cancro que tradicionalmente se verificam nos países mais ricos, como o tabaco e a obesidade, estão agora a deslocar-se para os países mais pobres”, explica Dahut, acrescentando que estes países “não dispõem dos instrumentos necessários para detetar precocemente o cancro, tratá-lo adequadamente e preveni-lo da forma como é frequentemente feito noutros países”.

O relatório afirma também que o tabaco continua a ser “a principal causa de cancro do pulmão”, e refere que é necessário continuar a apostar em políticas de controlo do tabaco.

“Só a eliminação do consumo de tabaco poderia evitar uma em cada quatro mortes por cancro ou aproximadamente 2,6 milhões de mortes por cancro anualmente”, afirma, por seu lado, Ahmedin Jemal, autor sénior do estudo.

Quanto aos outros tipos de cancro, o documento aborda a importância de diminuir o consumo de álcool e de prevenir o excesso de peso, por exemplo realizando atividade física, na diminuição do risco.

De acordo com o relatório, em 2022, os 10 tipos de cancro mais comuns, tanto em homens como em mulheres, representaram mais de 60% dos novos casos de cancro diagnosticados e das mortes por cancro.

Cancro do colo do útero foi a principal causa de morte em 37 países

O relatório identifica mais um dado preocupante acerca do cancro do colo do útero: este tipo de tumor foi a principal causa de morte por cancro em 37 países no mundo, principalmente na África subsariana, sudeste da Ásia e América do Sul.

Este número pode estar ligado a grandes desigualdades a nível dos rastreios deste cancro mundialmente, mas também ao facto de apenas 15% das raparigas elegíveis para a vacina contra o HPV terem-na efetivamente recebido nesse ano, refere a Asssociação Americana do Cancro.

Já em relação ao cancro da próstata, os números são, por um lado, surpreendentes, mas esperados, por outro, diz, citado pela CNN, Brandon Mahal, oncologista e epidemiologista no Sylvester Comprehensive Cancer Center da University of Miami Miller School of Medicine, e um dos autores de um novo estudo sobre este tipo de cancro, publicado na revista Lancet. “A nível mundial, a população está a envelhecer e o cancro da próstata é sobretudo uma doença do envelhecimento”, diz.

Mahal refere ainda que o cancro da próstata continua a afetar de forma desproporcional a comunidade negra, “apesar de se verificar um certo aumento a nível mundial em todos os países”.

Três fotografias, duas pinturas, duas esculturas. O silêncio é cortado apenas pelo som de pedaços de madeira a estalar sob o peso dos passos de quem entra e se aproxima de uma fotografia que retrata uma cirurgia ao coração. Coração aberto, coração em chamas, coração vivo e morto ao mesmo tempo, coração nas mãos, de quem opera, de quem é operado, de quem espera para saber se fará luto ou festa.

Perante a obra, carregada de cor, de sangue, de vida, torna-se quase impossível não pensar também na morte, no facto de esta se encontrar já presente em todas as coisas nas quais os seus dedos ainda não tocaram. E é esta consciência, que molda a forma de viver de quem a tem, que Abalo, exposição da fotógrafa Matilde Travassos e do artista plático Manuel Tainha, celebra.

Os artistas procuraram criar um memento mori constante de uma morte que é perda, não necessariamente da vida biológica, mas de uma parte de si mesmo. A morte enquanto fim de um ciclo, sucedido de um inevitável período de luto, durante o qual cada um trava as lutas necessárias para atingir uma espécie de ressurreição indispensável a todos os que querem seguir vivos na vida.

Cada ressurreição é única, irrepetível, profundamente relacionada com a causa de cada uma das pequenas mortes que, fazendo de nós mais humanos, simultaneamente revelam-nos forças sobre-humanas que tantas vezes nem sabíamos ter.

O caráter irreplicável, quase sagrado, de um momento fugaz, mas intenso, bem como “a tentativa constante de congelar processos intermédios” e “agarrar a ideia da memória, revivê-la”, encontram-se espelhados nas obras de Manuel Tainha.

Por exemplo, a escultura Figura 5 ilustra o exato instante no qual o alumínio reage ao fracasso da extrusão, um processo de transformação da forma a quente e a elevada pressão. Na pintura Perséfone, tirando partido da aleatoriedade com que o pigmento cai, o artista representa o processo de secagem, momento que, por norma, a pintura não consegue fixar.

Já Matilde Travassos, ao “meditar sobre a morte”, criou fotografias que dão corpo às duas maneiras primordiais de encarar a questão. A imagem de uma carpideira de Portalegre mostra a dor, o choro, a perda, o sofrimento e o luto de quem fica, enquanto que uma serpente morta no chão ou o registo de uma operação ao coração dão forma ao medo do perigo, que levou a fotógrafa a viver a vida “correndo menos riscos, mas de uma maneira mais presente do que no passado, aproveitando cada momento”.

A energia dos sítios é essencial para criar exposições. Por exemplo, Abalo só faria sentido em Évora. É preciso perceber que Portugal não é só Lisboa e a importância da descentralização da cultura

matilde travassos e manuel tainha

Ambos os artistas, que acreditam que “a energia dos sítios é essencial para criar exposições”, defendem que Abalo “só faria sentido em Évora”, cidade que a acolhe, sublinhando o facto de Portugal “não ser só Lisboa” e enfatizando a importância da descentralização da cultura.

Em Évora, Manuel e Matilde encontraram não só inspiração artística, da Capela dos Ossos ao Cromeleque dos Almendres, mas também a Galeria Plato. No espaço dirigido por Diogo Ramalho, as esculturas, pinturas e fotografias de Matilde e Manuel abrem espaço a um diálogo silencioso e delicado entre o observador e a sua própria vida.

Defronte a uma tela destinada a modificar-se ao longo dos anos ou à imagem de um coração aberto, percebemos que, na tentativa de evitarmos a morte, acabamos, tantas vezes, por nos limitarmos a resistir à vida. A eternidade não pertence a qualquer tempo ou espaço, a nenhum objeto ou pessoa, logo, não a possuímos nem a perderemos, fazemos já parte dela.

Galeria Plato > R. do Lagar dos Dízimos 4, Évora > T. 91 993 7174 > ter-sex 14h-19h > até 26 de abril > grátis

O Conselho de Ministros vai reunir-se na quarta-feira de manhã para aprovar o Programa do Governo, anunciou o primeiro-ministro, referindo que no encontro informal de hoje esse trabalho ficou já “muito adiantado”.

Não houve declarações formais no fim da reunião informal do Governo que teve lugar no salão nobre da Câmara Municipal de Óbidos, no distrito de Leiria, durante cerca de três horas e meia.

No entanto, depois da primeira fotografia de grupo com os 59 governantes, enquanto percorria a pé o centro da vila, Luís Montenegro disse algumas palavras aos jornalistas.

Segundo o primeiro-ministro, o encontro de hoje correu “muito bem” e o Programa do Governo “está muito adiantado e, portanto, no prazo que está estipulado dará entrada no parlamento”.

“Há sempre um trabalho de articulação, de coordenação, de redação, mas continuaremos nos próximos dias o trabalho. Teremos uma reunião do Conselho de Ministros na quarta-feira às 09:00 onde vamos aprovar o Programa do Governo e remetê-lo ao parlamento”, acrescentou.

O Programa do XXIV Governo Constitucional será debatido na Assembleia da República entre quinta e sexta-feira.

IEL // SF

Perante um São Carlos a abarrotar de gente, Olga Roriz sentiu-se estonteada. “Desde já agradeço a presença de todos os que vieram até aqui, para ver este documentário, que ainda por cima vai passar na televisão daqui a uns dias”, afirmou, junto ao palco, assim que a última imagem passou naquela imponente sala, num grande ecrã, e só depois de os aplausos, dados por uma plateia em pé, terem cessado. Como deixar passar tal acontecimento, quando se trata de um dos nomes maiores da dança contemporânea nacional?

Este novo documentário, de uma hora, sobre o percurso artístico de Olga Roriz, acompanhou o dia a dia da construção de um espetáculo da bailarina e coreógrafa portuguesa, desde a génese até à sua estreia num palco internacional. Em setembro de 2022, Pas d’Agitation, performance-instalação de dança e vídeo, inspirada no tema dos mares e oceanos, revelava-se no Carreau du Temple, em Paris.

Lembremos aqui que Olga Roriz integrou o elenco do Ballet Gulbenkian, de 1976 a 1992. Foi depois diretora artística da Companhia de Dança de Lisboa e, em 1995, fundou a sua própria companhia, a que chamou de Olga Roriz. Habituados a vê-la ora em palco, ora atrás dele, no seu papel de coreógrafa, neste documentário de proximidade é possível conhecer outra faceta da artista, mais descontraída, e recorrendo várias vezes ao humor para desfazer a pressão do dia-a-dia. Percebe-se também que a cumplicidade entre os bailarinos faz a diferença.

Apresentação do documentário no Teatro São Carlos. Foto: Pedro Pina

Cristina Ferreira Gomes, realizadora, à frente da produtora Mares do Sul, e aqui responsável também pelo argumento, em coprodução com a RTP2, seguiu Olga Roriz durante dois anos, o que a levou a passar pelos Açores (que belas imagens daquele mar bravio e daquele céu plúmbeo), Lisboa e Évora, num “percurso intimista pelos mundos criativos e intensos” da artista minhota de Viana do Castelo, com 68 anos.

Percebe-se que este acompanhamento foi intenso, pelos planos aproximados e pelas revelações feitas. só é pena ter apanhado a época da pandemia e ainda serem visíveis máscaras em várias etapas da criação artística – realidade que hoje já nos parece tão distante e despropositada.

À realizadora juntou-se Luiz Antunes, bailarino, coreógrafo e investigador, autor e responsável pelas entrevistas do documentário. Note-se que a mesma dupla criativa já assinou um documentário sobre Vera Mantero e outro dedicado a Clara Andermatt, este último com estreia prevista para 27 de abril, também na RTP2. Um enorme salve a este canal, pela aposta em produtos de alto nível cultural. A sua diretora, Teresa Paixão, fez questão de se juntar a todos os que não quiseram falhar a antestreia, enchendo a sala do São Carlos.

Olga Roriz > RTP2 > Estreia 6 abr, sáb 22h > 60 min