“Temos uma base aérea na Jordânia (…). O espaço aéreo jordano foi violado por estes ataques. Enviámos os nossos aviões para o ar e intercetámos o que tínhamos de intercetar”, declarou Emmanuel Macron, aos canais BFMTV-RMC.

Ao decidir “atacar Israel” a partir do seu território, o Irão provocou “uma rutura profunda”, disse ainda.

Por outro lado, Macron afirmou esta que “quer fazer tudo o que for possível para que haja uma trégua olímpica” durante os Jogos Olímpicos de Paris, que devem ser “um momento de diplomacia e de paz”.

“Queremos trabalhar para uma trégua olímpica e penso que esta é uma oportunidade em que vou tentar envolver muitos dos nossos parceiros”, como a China, cujo Presidente “vem a Paris dentro de algumas semanas”, disse.

EJ // SB

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São vários os pormenores que se destacam nesta nova produção da A24 com a HBO, desde logo a matéria-prima – o romance The Sympathizer, de Viet Thanh Nguyen, professor catedrático de Inglês na Califórnia e escritor vietnamita radicado nos EUA, vencedor do prémio Pulitzer para Ficção. A sua publicação, em 2015, assinalava os 40 anos sobre o fim da Guerra do Vietname (1959-1975). Um conflito interno naquele país do Sudeste Asiático, em que o Norte era governado por Ho Chi Minh, tinha capital em Hanói e era aliado da União Soviética, e o Sul era liderado por Ngo Dinh Diem, tinha capital em Saigão e era aliado dos EUA.

A minissérie The Sympathizer, com sete episódios, centra-se no percurso do Capitão (Hoa Xuande), um espião do partido comunista, infiltrado no exército sul-vietnamita, que vai procurar não ser apanhado, exilando-se em Los Angeles. A sua narração dos acontecimentos, numa ação que percorre passado e presente, ajuda o espectador a seguir a cronologia, nem sempre da guerra.

Num Ocidente pós-guerra, o Capitão afinal mantém-se como agente duplo, a ter de fintar o General que começa a suspeitar da existência de uma toupeira. Ao mesmo tempo, conhece o Autor interessado em fazer um filme sobre a guerra, tornando-se consultor de uma produção de Hollywood que vai ficando cada vez mais caótica.

Outro ponto a favor desta realização do sul-coreano Park Chan-wook (Old Boy, Decisão de Partir, The Little Drummer Girl), com argumento do canadiano Don McKellar, é a escolha de Robert Downey Jr. para interpretar vários papéis. O mais recente vencedor do Oscar de Melhor Ator Secundário (em Oppenheimer) vai do agente manipulador da CIA a realizador de cinema e a político, sempre com o objetivo de representar diferentes aspetos do modo de vida norte-americano. São personagens excêntricas, cheias de fisicalidade e arrojo, numa comédia negra que explica como todas as guerras são travadas duas vezes, primeiro no campo de batalha e depois na memória.

The Sympathizer > HBO Max > Estreia 15 abr, seg > 7 episódios, um por semana

Aumentar a idade de acesso à reforma antecipada, alterar a fórmula de atualização do valor das pensões e criar novas fontes de financiamento da Segurança Social (além da Taxa Social Única) são algumas das recomendações da versão preliminar do Livro Verde que a Comissão para a Sustentabilidade da Segurança Social entregou à ministra do Trabalho do anterior governo, e que esta terá incluído na pasta de transição deixada à sua sucessora no cargo, Maria do Rosário Palma Ramalho.

Do documento, que dentro de semanas terá uma versão definitiva, constam também propostas sobre a gestão do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), o lançamento de produtos de poupança públicos e privados e a melhoria da comunicação com os beneficiários para detetar eventuais falhas no registo da carreira contributiva (ver caixa).

A comissão – que conta com a participação dos investigadores, economistas e professores universitários Mariana Trigo Pereira, Ana Fernandes, Amílcar Moreira, Armindo Silva, Manuel Caldeira Cabral, Susana Peralta e Vítor Junqueira – foi formada pelo anterior governo há um ano e meio para analisar a sustentabilidade e a diversificação do financiamento da Segurança Social, assim como a integração de todos os trabalhadores no mesmo sistema, de forma a acabar com os vários regimes existentes. Posteriormente, foi solicitado aos peritos que também se pronunciassem sobre a fórmula de atualização das pensões, depois da polémica gerada com a sua suspensão em 2023. 

Rosário Ramalho A nova ministra é especialista em Direito do Trabalho e Direito da Igualdade, mas desconhecem-se as suas ideias sobre a reforma da Segurança Social

Após a conclusão dos trabalhos, a comissão quer entregar a versão final do Livro Verde à nova ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, desconhecendo-se, para já, se as recomendações serão adotadas. O programa eleitoral da AD admitia alterações ao sistema de pensões e defendia uma maior aproximação do regime dos independentes ao dos trabalhadores por conta de outrem, mas sem esclarecer de que forma se propunha fazê-lo. Além disso, a nova ministra é especialista em Direito do Trabalho e Direito da Igualdade, está atenta a tendências como a aplicação das leis do trabalho na era digital, nomeadamente em termos de segurança, saúde e privacidade do trabalhador, mas as suas posições em matéria de Segurança Social não são propriamente conhecidas.

Acrescente-se que uma reforma profunda da Segurança Social terá de passar pelo crivo do Parlamento, o que poderá desencorajar o atual Governo de seguir por essa via, tendo em conta as dificuldades em alcançar uma maioria favorável às suas iniciativas.

A UGT foi a primeira a reagir às notícias sobre as recomendações do Livro Verde, sublinhando que “não perfilha soluções radicais que coloquem em causa a proteção social na velhice” ou “a antecipação de reformas” daqueles que apresentam carreiras contributivas longas ou estão desempregados. Também a CGTP se mostrou contra “o aumento da idade de acesso à pensão de velhice”, rejeitando a “consideração da evolução da esperança média de vida nas fórmulas de cálculo das pensões, fazendo repercutir este avanço civilizacional, de forma negativa, sobre os pensionistas”.

“Falência” não é para já

Nos últimos anos, têm vindo a público estudos que, com maior ou menor grau de alarmismo, apontam para a existência de fragilidades na sustentabilidade futura da Segurança Social. A “falência” do sistema está, para já, afastada, mas as alterações demográficas, como o envelhecimento da população, a diminuição da natalidade e o aumento da esperança média de vida, poderão desequilibrar o sistema. Há meio século, nasciam em Portugal cerca de 185 mil crianças por ano. Hoje, nascem cerca de 85 mil, menos de metade. A prazo, as contribuições dos trabalhadores no ativo não chegarão para pagar as pensões de reforma dos idosos.

A “almofada” de €30 mil milhões dá para pagar um ano e meio de pensões

Para acudir a um cenário de défice da Segurança Social, foi criado em 1989 o FEFSS, uma espécie de “almofada” das pensões que neste momento deverá dispor de cerca de €30 mil milhões – um valor que cobre a despesa total com pensões durante um ano e meio.

A boa notícia é que, para já, as receitas da Segurança Social suportam as despesas e o sistema de pensões está positivo, beneficiando do crescimento económico, do aumento do emprego e dos salários e das contribuições dos imigrantes. Os governos anteriores também reforçaram o seu financiamento através da receita do Adicional ao IMI e de uma parte do IRC, cobrado sobre os lucros das empresas.

Apesar destas medidas, um eventual ponto de rutura nos pagamentos não está posto de parte, prevendo-se que aconteça em 2033. É já daqui a menos de uma década esse momento em que, inevitavelmente, seremos menos, e mais velhos. 

5 propostas que podem mexer com a sua reforma

Estas são as principais medidas defendidas pela comissão que elaborou o Livro Verde da Segurança Social. Compete ao novo Governo decidir se vai aplicá-las

1 Aumentar a idade da reforma antecipada e pôr fim à reforma por desemprego aos 57 anos
Acabar com a reforma antecipada por desemprego de longa duração a partir dos 57 anos e aumentar a idade de acesso nas restantes situações em que a pensão antecipada pode ser requerida, de modo a acompanhar a subida da esperança média de vida e da idade legal de acesso à reforma, é uma das principais propostas – e talvez a mais polémica – da versão provisória do Livro Verde. A comissão defende o aumento da idade mínima de acesso, dos atuais 60 para 61 anos e quatro meses, ou seja, cinco anos antes da idade legal (que é de 66 anos e quatro meses, mas que no próximo ano subirá três meses). No caso da aposentação por desemprego de longa duração, os peritos admitem essa possibilidade, mas só a partir dos 62 anos, em vez dos atuais 57 anos, e propõem o seu aumento progressivo de forma a ficar a apenas três anos da idade legal da reforma (o que atualmente seria aos 63 anos e quatro meses). A proposta, que prevê um regime transitório, tem subjacente a ideia de que os limites mínimos aumentem todos os anos, à medida que a esperança de vida e a idade legal da reforma também forem subindo. Deste modo, a idade-limite de 70 anos para exercer funções na Administração Pública também deverá ser revista em alta.

2 Melhorar a gestão e a informação e rentabilizar a “almofada” das pensões
Os peritos recomendam a junção da gestão dos recursos e da área financeira do sistema de Segurança Social numa única entidade, que a Caixa Geral de Aposentações passe a integrar o Centro Nacional de Pensões e que seja permitido aos contribuintes corrigir eventuais falhas no sistema contributivo. Propõem também que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) seja autorizado a fazer aplicações com maior rentabilidade a médio e longo prazo, em substituição do atual regime que impõe que 50% do dinheiro seja aplicado em dívida pública.

3 Substituir parte da TSU por nova contribuição
A comissão propõe o estudo de uma nova contribuição sobre o valor acrescentado líquido (VAL) das empresas, em substituição de parte da receita gerada pela taxa social única (TSU) a cargo dos empregadores, com taxas calculadas de modo a atingir a “neutralidade fiscal”. Recomenda também uma reavaliação dos custos cobertos pela TSU (desemprego, doença, parentalidade, velhice, invalidez ou morte) e sugere a passagem do subsídio de licença parental para o regime não contributivo, financiado pelos impostos.

4 Mudar a regra de atualização das pensões e alterar o CSI
A regra em vigor faz depender a atualização das pensões de reforma do crescimento económico e da evolução da inflação. Mas os peritos propõem que os aumentos anuais passem a ser calculados por pensionista (considerando a soma de todas as pensões, e não apenas a de reforma) e que a atualização mínima à inflação seja igual para todos, de modo a manter o poder de compra dos pensionistas. Contudo, sugerem que, em alternativa ao crescimento económico, sejam introduzidos outros indicadores na fórmula de cálculo, como a diferença entre receitas e despesas das pensões ou o crescimento dos salários. É ainda proposta a reformulação do valor do Complemento Solidário para Idosos (CSI), no sentido da sua aproximação aos valores do limiar de pobreza. Para os futuros pensionistas, é sugerido o estudo da substituição das pensões mínimas de reforma pelo CSI.

5 Pedir fatura com NIF para reforçar planos de reforma públicos ou privados
Pedir fatura com número de contribuinte pode dar um novo benefício de IVA. Segundo a proposta da comissão, um ponto percentual do imposto pago numa compra reverteria para produtos de poupança privados ou públicos (neste último caso, para certificados de reforma do regime público de capitalização), a resgatar depois da aposentação, a título de renda mensal ou na sua totalidade. Outras medidas fiscais para incentivar a canalização das poupanças para planos de pensões são ainda propostas no Livro Verde, sempre com o objetivo de incentivar a criação de complementos à reforma paga pela Segurança Social.

Bom dia caro leitor, sei que as avestruzes não enfiam a cabeça na areia quando estão com medo. Face aos predadores, elas correm (são animais muito velozes) ou ganham tempo, assustando-os com uma patada (têm umas patas poderosas). 
O mito que levou à repetição dessa imagem estará ligado ao facto de as avestruzes enterrarem os seus ovos num buraco na areia, utilizando o bico para verificar e virar os ovos. Mas a ideia de podermos enfiar a cabeça na areia para não vermos o perigo (e, assim, aparentemente nos livrarmos dele) é tentadora.
Poder enfiar a cabeça na areia e não ver o que está a acontecer no Médio Oriente era de valor.
Não saber que, na noite de sábado para domingo, o Irão atacou Israel, em retaliação por um ataque israelita ao consulado iraniano em Damasco, na Séria, no início deste mês.
Nem nunca ter sequer ouvido falar no Iron Dome (cúpula de ferro, em inglês), um sistema de defesa militar que é capaz de intercetar a maioria dos rockets.

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Fonte do gabinete de Luís Montenegro disse à Lusa que a escolha de Madrid para a primeira deslocação do primeiro-ministro mostra “a importância que dá à relação histórica e de cooperação” entre Portugal e Espanha.

Segundo a mesma fonte, este encontro servirá para preparar já a próxima cimeira luso-espanhola, que ainda não tem data.

O encontro de Madrid pretende ainda “fortalecer a posição dos dois países em relação à União Europeia”, disse o gabinete de Luís Montenegro.

Do lado de Madrid, o Governo espanhol adiantou apenas que entre os temas que Sánchez pretende abordar com Montenegro está a situação no Médio Oriente e o reconhecimento do Estado palestiniano.

Pedro Sánchez comprometeu-se a reconhecer a Palestina como Estado no primeiro semestre deste ano, defendendo que esse é um passo necessário para tentar abrir um processo de paz no Médio Oriente.

Luís Montenegro disse na sexta-feira, no parlamento, que defende a designada solução dos dois Estados (Israel e Palestina), mas o Governo português “não tem propriamente a mesma posição” de Pedro Sánchez.

O social-democrata Luís Montenegro será recebido hoje à tarde pelo socialista Pedro Sánchez, na Moncloa, a sede do Governo de Espanha, e este é o único ponto de agenda desta visita oficial de primeiro-ministro a Madrid.

Pedro Sánchez felicitou publicamente Luís Montenegro em 05 de abril, dias depois da tomada e posse do novo primeiro-ministro, e disse que os dois países continuarão a trabalhar juntos como “parceiros estratégicos e aliados”.

“Portugal é um país irmão a que nos unem profundos laços históricos de cooperação e amizade. Continuaremos a trabalhar juntos como parceiros estratégicos e aliados”, escreveu Pedro Sánchez na rede social X (antigo Twitter), numa publicação em que revelou ter falado com Montenegro por telefone.

O primeiro-ministro português, no mesmo dia, e também na rede social X, disse querer fortalecer a aliança entre os dois países “a pensar no bem-estar” dos dois povos.

“Obrigado, Pedro Sánchez, pelas palavras de felicitação e disponibilidade para prosseguirmos as relações históricas de amizade e cooperação entre os nossos países”, escreveu Luís Montenegro.

MP (SMA) // MDR

Redação, 15 abr 2024 (Lusa) – O secretário de Estado norte-americano defendeu a necessidade de evitar uma maior escalada da tensão na região em contactos com Turquia, Egito e Jordânia sobre o ataque “sem precedentes” do Irão contra Israel.

Na conversa, no domingo, com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, Antony Blinken agradeceu os esforços do responsável para prevenir a expansão do conflito no Médio Oriente, e reafirmou o compromisso com a defesa de Israel, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano.

Ao mesmo tempo, Blinken garantiu que Washington está atento à situação face “às ameaças”, afirmando que não hesitará em realizar “todas as ações necessárias” para proteger os norte-americanos.

Antes, os Estados Unidos já se tinham desmarcado de uma eventual ação de retaliação israelita contra o Irão.

“Não faremos parte de qualquer resposta que pretendam dar”, disse um responsável norte-americano à agência de notícias France-Presse, sem identificar. E reforçou: “Não nos vemos a participar num tal ato”.

Numa outra conversa, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Sameh Shukri, os dois governantes defenderam a coordenação de uma resposta diplomática ao ataque iraniano e assim evitar uma escalada da tensão.

Os dois diplomatas falaram também sobre a importância de aumentar a assistência humanitária aos palestinianos na Faixa de Gaza e de alcançar um cessar-fogo que garanta a libertação de mais de uma centena de reféns israelitas.

Blinken também conversou com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia para discutir o ataque iraniano e agradeceu a Ayman Safadi o envio de ajuda humanitária para Gaza, incluindo operações conjuntas de assistência aérea com os Estados Unidos.

O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 ‘drones’, mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, com o apoio dos aliados, referiu o Exército israelita.

O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), responsável pelo Médio Oriente, confirmou no domingo ter destruído mais de 80 ‘drones’ e seis mísseis balísticos lançados a partir do Irão e de posições dos rebeldes Huthis do Iémen.

Num vídeo divulgado pela Casa Branca, o Presidente Joe Biden elogiou as forças norte-americanas, dizendo que “fizeram uma enorme diferença potencialmente salvando muitas vidas”.

O ataque surgiu depois de um bombardeamento ao Consulado iraniano em Damasco, em 01 de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios, aumentando as tensões entre Teerão e Telavive, já marcadas nos últimos tempos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.

 

VQ/EJ (ATR/LFS) // EJ

O Programa de Estabilidade foi aprovado na quarta-feira em Conselho de Ministros e será discutido no dia 24 na Assembleia da República.

Na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, que após diálogo com as instituições da União Europeia, o cenário e o conteúdo do Programa de Estabilidade baseiam-se “em políticas invariantes, não refletindo por isso as opções e medidas discricionárias” previstas no Programa de Governo, entregue no dia 10 no parlamento.

Com a versão simplificada do documento e o cenário de políticas invariantes (ou seja, que toma em conta as medidas já legisladas e previstas) fica de fora o impacto orçamental das medidas de política previstas pelo executivo.

A Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) prevê que “o Governo apresenta à Assembleia da República a atualização do Programa de Estabilidade, para os quatro anos seguintes, até ao dia 15 de abril”, que depois tem o prazo de 10 dias para a sua apreciação.

O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, disse em março que o seu executivo estava a trabalhar no Programa de Estabilidade para o deixar preparado para o próximo governo.

“Deixaremos todo o trabalho preparado para que esse trabalho seja entregue ao próximo Governo, para que o próximo Governo possa integrar as políticas que entenda no próximo Programa de Estabilidade, para entregar a Bruxelas”, afirmou em declarações aos jornalistas, em Bruxelas.

DF (AAT/ANE) // CSJ

“O excesso pode tornar-se um problema. Nós vamos fazer esta avaliação dos elefantes (…) e já se começa a ter um impacto grande na vegetação, o que vai ter consequentemente impacto nas diferentes populações, incluindo a do elefante”, começou por explicar, em entrevista à Lusa, Miguel Gonçalves, o administrador do Parque Nacional de Maputo, a cerca de 70 quilómetros a sul da capital moçambicana.

Oficialmente, o censo da população realizada regularmente aponta para 400 elefantes naquele parque, mas a equipa técnica estima que sejam pouco mais de 500 na realidade, o que vai levar à revisão dos métodos de contagem e à definição, nos próximos meses, de um plano para a espécie no Parque Nacional de Maputo.

“Esta avaliação vai levar depois a que tenhamos um plano concreto para a gestão do elefante. Pode incluir coisas como, por exemplo, a contraceção, para reduzir a taxa de natalidade, para que o crescimento não seja tão grande como agora e a translocação, se possível, para outras áreas, entre outras medidas”, explicou, apontando a conclusão da definição deste plano para um prazo de três meses.

“Conceito temos, queremos é ir buscar números mais concretos, mas já estamos no terreno para ver a possibilidade de contraceção. Mas queremos ter números concretos para saber exatamente que investimento é que temos que fazer, que financiamento é que temos que ir buscar, porque não são operações baratas e é preciso saber exatamente com o que é que estamos a lidar”, assumiu.

A presença dos elefantes naquela área é histórica, o que motivou a criação de uma reserva de caça, em 1932. Antes, os elefantes daquela zona eram caçados por causa do marfim que, segundo a história, era depois enviado para a Europa, sobretudo a Inglaterra, a partir da Ilha dos Portugueses, ao largo de Maputo, e que se chegou a chamar, por isso mesmo, Ilha dos Elefantes.

“Em 1960, na altura acreditava-se que era uma subespécie de elefante, que era um elefante costeiro, e criou-se então a Reserva dos Elefantes de Maputo, que tinha o objetivo de proteção dos elefantes. Não só porque acreditava que poderia ser uma subespécie na altura, mas por causa do declínio que tinha sofrido a população de elefantes por causa da caça que houve”, recordou Miguel Gonçalves.

Durante os 16 anos de guerra civil, após a independência de Moçambique, o declínio do número de elefantes naquela área foi tal que se estima terem chegado a “menos de uma centena”.

“Mas a proteção que pusemos e o esforço de fiscalização, a população de elefantes cresceu naturalmente, ao ponto de que, em 2022/2023, translocámos mais de 40 elefantes. Estamos na posição de ter sucesso agora e poder doar para outras áreas de conservação”, sublinhou.

“A contagem aérea não nos parece nesta altura que seja eficaz. Temos muita floresta e com o barulho dos helicópteros os elefantes acabam por esconder-se. Temos outro problema porque os números estão a aumentar e eles começam a sair do parque para as zonas de residência das comunidades, o que causa conflito. E por isso também porque não só estamos a ter excesso de elefantes, estamos a ter excesso de outras espécies”, assumiu ainda.

Face a este crescimento, à comunidade local já foi concessionada uma área de quase 10.000 hectares, para “conservação comunitária ao longo dos limites” do parque, para que “possam ter benefícios destes excessos” de animais.

Ceder elefantes para outros parques ou áreas de conservação também está em cima da mesa, “sempre que solicitado”.

“E estamos disponíveis até para ver, possivelmente, mais áreas de conservação aqui ao nosso redor, privadas ou comunitárias, idealmente comunitárias, para que esse excesso seja movido para lá. Consequentemente, é um ganho em termos de proteção”, disse.

*** Paulo Julião (texto e fotos) e Estevão Chavisso (vídeo), da agência Lusa ***

PVJ // VM

Em entrevista à agência Lusa, a propósito dos 100 dias do arranque dos Jogos Olímpicos, que se assinalam na quarta-feira, Pedro Roque refere que Portugal está “perfeitamente alinhado” com o previsto no contrato-programa com o Governo, que fala em quatro posições de pódio, 15 diplomas (até ao oitavo lugar) e 36 posições até ao 16.º lugar.

O responsável lembra que este foi o balanço de Tóquio2020, “os melhores resultados de sempre de Portugal” em Jogos Olímpicos, pelo que a Missão portuguesa parte para Paris com “uma base que nunca foi atingida em Portugal”.

“O que nós nos propomos é a, pelo menos, igualar aquilo que foi feito em Tóquio. Naturalmente que os sinais que foram dados em Tóquio foram muito positivos, com resultados que ainda não tínhamos tido. Termos a capacidade de manter estes mesmos resultados será uma grande conquista para o desporto português […]. Os objetivos são muito desafiantes, mas nós estamos perfeitamente alinhados com esses objetivos, podemos e devemos cumpri-los. Se não acontecer, também não será por uma diferença muito grande, é essa a nossa previsão”, afirmou.

Mesmo com três dos quatro medalhados em Tóquio2020 a terem um ciclo olímpico complicado — Pedro Pablo Pichardo, Patrícia Mamona e Jorge Fonseca tiveram problemas físicos -, o COP mantém a esperança de ter quatro medalhas, até olhando para os resultados dos últimos anos em campeonatos do mundo.

“No ano de 2023, tivemos três posições de pódio, foram todas de ouro. E isto foi a primeira vez que aconteceu em Portugal, em campeonatos do mundo, três posições de pódio de primeiro lugar. No ano de 2022, obtivemos cinco. No ano de 2021, nos Jogos Olímpicos, foram quatro. 2020 não conta, porque foi um ano de pandemia, em 2019 obtivemos seis, que foi o nosso recorde. […] O que quer dizer que, se nós fizermos a média, apontamos aqui para cerca de quatro medalhas”, referiu.

Salientando que estes resultados são “um indicador de qualidade” da equipa lusa, Pedro Roque assume que ainda há muito trabalho para fazer, uma vez que Portugal, com uma média de 1,12 medalhas por Jogos, está muito longe da média europeia (nove) e até de países de dimensão semelhante (7,5).

“O que quer dizer que a nossa melhor representação andou perto da metade desses países entre os cinco e os 12 milhões de habitantes e ficou abaixo da metade da média da União Europeia. […] Nós não vamos conseguir chegar à média da UE, muito previsivelmente, em Paris. Mas nós temos de apontar para outras edições dos Jogos Olímpicos, porque se queremos a convergência em tantas áreas da nossa sociedade, também no desporto, particularmente no alto rendimento e na participação olímpica, julgamos que devemos ter essa meta e esse objetivo”, sublinhou.

A 100 dias dos Jogos Olímpicos, Portugal tem 40 atletas com quotas garantidas, menos 16 do que na mesma ‘data’ em Tóquio2020 (disputados em 2021 devido à pandemia de covid-19), um valor influenciado pelo facto de o andebol ter falhado a segunda qualificação consecutiva — seriam 14 os andebolistas –, embora Pedro Roque não o considere um fracasso.

“Se há cinco anos nós pensássemos que fosse possível o andebol poder estar em duas ocasiões no jogo de decisão da ida aos Jogos Olímpicos e em um deles ter conseguido e no outro não ter conseguido, ainda por cima em casa do adversário, certamente que poucos acreditariam que este cenário fosse possível. O que é um facto é que o andebol demonstrou ser um projeto sustentável, um projeto com futuro”, disse.

Apontando para alguma renovação na equipa, Pedro Roque acredita que o número de atletas portugueses pode andar entre os 70 e os 80, com a qualificação para 63 a 67 eventos de medalha — foram contratualizados 66 com o Governo.

“Se tivermos em linha de conta que a quota para os Jogos de Paris foi reduzida em 8% comparativamente com aquilo que aconteceu em Tóquio, digamos que, na generalidade dos casos, os países vão ter menos atletas. Se conseguirmos manter aqui o número ou aproximarmo-nos muito do número de atletas em modalidades individuais em Paris, sairemos com um número muito, muito similar e isso será desde logo uma conquista”, salientou.

Pedro Roque acredita ainda que até possam estar na capital francesa, entre 26 de julho e 11 de agosto, mais mulheres do que homens lusos, nuns Jogos que apontam para a paridade, lembrando que em Tóquio2020 já eram cerca de 46% as mulheres na Missão e 54% homens, num número inflacionado pela seleção masculina de andebol.

Questionado sobre a possibilidade de algumas modalidades, ‘fugindo’ das mais tradicionais (atletismo, judo e canoagem), surpreenderem e conquistarem medalhas, Pedro Roque disse acreditar que sim, salientando, entre outros, os nomes do ciclista Iúri Leitão, campeão mundial de omnium, e do skater Gustavo Ribeiro.

“Sinceramente, não sabemos o que é que vai acontecer em Paris, mas os últimos anos têm vindo a demonstrar que temos mais modalidades preparadas para poderem discutir lugares de relevo nos Jogos Olímpicos, […] e que há mais atletas jovens a sonhar e, mais do que sonhar, a colocar isso como objetivo e a não ter medo de ir atrás desse mesmo objetivo. E o nosso país, nesse aspeto, em termos desportivos, aquilo que se sente é que há uma geração preparada e com uma mentalidade distinta, com uma mentalidade de não ter medo de chegar aos primeiros lugares, não ter medo de estar junto dos melhores, não ter medo de ser um dos melhores”, afirmou.

*** Nuno Ortega (texto), António Cotrim (foto) e Rui Filipe Pereira (vídeo), da agência Lusa ***

NFO // AMG

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no início “a Igreja também se anichou dentro do regime”, desde logo porque “era sobrevivente de toda a confusão política de ainda antes, no século XIX, e depois no século XX, com a República, que foram [tempos] muito violentos” para a instituição.

“E o regime dava assim uma espécie de ninho, de refúgio. E esse foi o mal-entendido, porque depois as coisas vieram a complicar-se e não foi a Igreja que saiu vitoriosa desse confronto”, diz José Ornelas em entrevista à agência Lusa, destacando que, depois, sobreveio uma “época de luz, de luta, de descoberta de novas coisas”.

Desde logo, “o Concílio Vaticano II [iniciado no pontificado do Papa João XXIII, em 11 de outubro de 1962, e terminado em 08 de dezembro de 1965, já com Paulo VI] aconteceu como algo de tremendamente revolucionário dentro da Igreja”.

“E esse espírito chegou também a Portugal” através dos padres que foram estudar para o exterior, “alguns dos quais depois se tornaram bispos — [como] o bispo do Porto [António Ferreira Gomes], como emblemático de toda esta situação, como alguém que nunca se vergou aos ditames do regime e que, por isso mesmo, foi exilado”, recorda.

O também bispo de Leiria-Fátima sublinha, ainda, “a atitude do Papa Paulo VI, que conhecia bem a situação portuguesa desde quando era Secretário de Estado” do Vaticano relativamente a um “regime que estava fechado em si próprio e que não escutava a voz de ninguém, nem dos seus parceiros políticos e militares, que eram quem permitia a guerra em África, que o condenavam a nível diplomático, mas depois tornavam possível também a aventura militar em que Portugal estava metido”.

“O Papa conhecia isto e, por exemplo, muito significativo, nunca nomeou um substituto para o bispo residencial para o Porto em lugar de D. António Ferreira Gomes. Foram sempre administradores, até que ele pôde voltar depois da morte de Salazar”, lembra.

O prelado reforça o papel de Paulo VI no alerta para a situação vivida em Portugal com a sua visita a Fátima, em 1967, para o cinquentenário das aparições, e que escancarou o ambiente de tensão entre a Igreja Católica e o Governo.

“Foi [uma visita] tensa, também no encontro dos dois [Paulo VI e Salazar] em Monte Real, porque o Papa não quis ir a Lisboa, (…) e foi um momento muito claro, não só o Papa não ter ido a Lisboa, receber Salazar na Base de Monte Real, vir diretamente a Fátima e voltar para Roma, mas também logo em seguida [01 de julho de 1970], receber os líderes dos movimentos [africanos] que lutavam pela Independência”, sublinha José Ornelas, admitindo que “isto foi algo que, para os próprios crentes portugueses, foi completamente difícil de entender”.

Afinal, vivia-se o período em que a narrativa oficial era a de que os militares portugueses estavam em África “a defender a fé e o Império”.

Para o jovem José Ornelas, seminarista na altura, quando o 25 de Abril chegou, a questão da necessidade de transição para a democracia “estava completamente resolvida”.

“Tinha educadores, algum deles, a maioria, eram italianos que não concordavam claramente com o regime. Mas foram muito inteligentes e pedagogos. Nunca deram propriamente um sinal de que eles queriam fazer a revolução. Ouvi deles: vocês é que têm de a fazer, nós queremos fazer-vos perceber o que é realmente uma democracia, o que é um país a funcionar”, relembra o presidente da CEP.

No seminário de Coimbra, este atual bispo madeirense dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) — congregação de que já foi superior-geral — encontrou “padres que falavam muito claramente” da situação.

“Aí começou verdadeiramente tudo. Nessa altura, o meu irmão tinha ido combater para a Guiné. Lembro-me que eu tinha escrito um aerograma a dizer-lhe que estava muito orgulhoso de ter um irmão a combater pela pátria. E ele escreveu no aerograma seguinte: ‘Pensava que já tinhas crescido’. Só isto”, recorda, admitindo que este foi mais um “clique” que o despertou para a realidade.

Posteriormente, em Lisboa, passou dois anos no então Instituto Superior de Estudos Teológicos, onde encontrou professores como Frei Bento Domingues, e onde conviveu com um oficial do Exército que ali ia estudar Teologia.

“Era um oficial que nos fazia fotocópias — na altura, era o stencil que funcionava, as fotocópias eram raras ainda e caras. Mas ele trazia-nos sempre do Exército e disse-nos claramente que pertencia ao Grupo de Informações e que estava no ISET precisamente para saber qual a temperatura que se vivia por ali. No fim de semana antes do 25 de Abril, ele disse-nos: ‘esta semana, ou há um banho de sangue ou isto muda'”.

E mudou mesmo, numa altura em que “tínhamos a noção de que o regime estava podre, estava a cair por si próprio”, acrescenta o presidente da CEP.

*** João Luís Gomes (texto), Pedro Lapinha (vídeo) e Paulo Cunha (fotos), da agência Lusa ***

JLG // ZO

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