Miguel Carvalho

Todos somos, enfim, arrastados para um charco, onde chafurdam antigos e actuais responsáveis políticos e editoriais

Juntos, Sócrates e Manuela são a fotografia de cómoda do Portugal que temos

É curioso que a gripe de que se fala e que ameaça tornar-se pandémica surja num momento em que a humanidade vive a ressaca de um certo triunfo dos porcos

Na hora da consagração como cabeça-de-lista do PS ao Parlamento Europeu, Vital Moreira definiu-se como "socialista freelance". Afastada a hipótese deste intelectual e reputado constitucionalista se ter oferecido a Sócrates, conclui-se que trabalha por encomenda

O caso de corrupção na distrital de futebol de Vila Real tem traços de novela camiliana

Sem sobressaltos cívicos nem grandes oscilações de rumo. Avelino foi amigo ou adversário, mas sempre compincha. Em último caso, dizia-se, tinha sido "eleito democraticamente", eufemismo que (...) inclui ter dinheiro de proveniência incerta

Os discursos, o magnetismo, já foram. Obama foi eleito presidente dos EUA e agora a história é outra

Se pudesse, Ferreira Leite suspendia a democracia por seis meses. Para "pôr tudo na ordem". A ideia não é má. Podendo, também os portugueses suspenderiam o PSD para "pôr tudo na ordem"

Depois do Paulinho das Feiras, temos agora o Zé das Cimeiras

Greenspan não corou quando o acusaram de ter ignorado os avisos. Com a economia norte-americana e o mundo a pagarem o preço dos seus erros, desculpou-se. Sem mais. Há homens, que de tão infalíveis, só teriam lugar no Triunfo dos Porcos

Não corremos o risco de ver o Estado português falir. Pela simples razão de que não pode falir o que não existe. Desde há vários anos que o seu paradeiro é desconhecido nas escolas, hospitais, museus e entidades financeiras

O Zé Carlos pode transformar-se rapidamente na mais corrosiva arma contra desmandos ministeriais, a ineficácia governativa e os dislates do socialismo tecnológico

Entre a vaga de sustos e alçapões que poucos anteciparam, abundam as ejaculações precoces dos habituais analistas do óbvio

Os "especialistas" só deitaram bolas fora, essa é que é essa. Por isso é que são especialistas

O República Checa-Turquia valeu mais do que muitas finais. E ficará na memória mais do que algumas delas

Se o Euro-2008 fosse outro campeonato, Portugal jogaria com Saramago no onze

A Espanha é o elogio da loucura em campo. Dá para morrer ou para matar. Mas sempre em glória. Descalça, de saltos altos ou à beira de um ataque de nervos, a Espanha vai chegar à final e dizer: "Ata-me, a ver se eu deixo!"

Diga rapidamente, sem pensar, o nome de um escritor suíço. Hum? Nada, não é? Pois, o que se pode esperar de uma selecção que tem tantos jogadores desconhecidos como os seus maiores escritores?

No domingo, dia 1, o Diário de Notícias ofereceu uns largos milhares de lenços para torcermos por Portugal. Está lá tudo: a esfera armilar, o vermelho e o verde carregados, o polyester 100 por cento garantido...e a etiqueta a dizer "Fabricado em China"!

Aliás, os nossos jogadores já não mandam a bola para o quintal: os outros é que mandam. Nós - palavra linda! - "descongestionamos"

Quando regressarmos ao que efectivamente somos, estaremos, de novo, orgulhosamente sós. Sempre entre futebol e Fátima, entre um golo e uma oração. E de regresso ao velho fado