Há um ano, por esta altura, Putin, com o seu ar de pistoleiro, reconhecia as «repúblicas» do Donetsk e Luhansk, como estados independentes da Ucrânia, mas sob a asa protetora da grande Rússia. A guerra estava por dias. Se fosse hoje, e se Putin pudesse voltar atrás, a invasão nunca teria acontecido.
Quem olhar para as imagens do Kremlin, por esses tempos, vê um Putin a entrar num salão czarista, com um andar gingão, arrogante, e empinado, para reconhecer a fantochada das duas repúblicas. Hoje, um ano depois, Putin desloca-se num comboio blindado, nunca dorme duas vezes no mesmo sítio, tem um olhar parado e perdido, e envelheceu décadas.
Há um ano, a Rússia era temida. Agora não passa de uma potência nuclear envelhecida, e com umas forças armadas que já não atemorizam ninguém. Há um ano o presidente russo era dono e senhor de uma imagem, interna e externa, de grande poder, e hoje bajula o Irão, a Coreia do Norte, e a China para lhe fornecerem armas e munições.
Há 365 dias, por esta altura, Putin, que já sabia o que ia fazer, mas não no que se ia meter, assinava triunfalmente o reconhecimento das duas «repúblicas» roubadas à Ucrânia. Hoje não tem repúblicas, nem exército, nem mercenários que consigam impor a sua fantasia. E pior, muito pior: rapidamente percebeu que a Ucrânia, afinal, já era um membro «de facto» da NATO, e da União Europeia. Putin queria derrubar um presidente, e saíram-lhe 40, pela frente. Que azar. Que má sina. De fanfarrão e gabarola, passou a medroso e cagarolas.
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