Vladimir Putin ou Yevgeny Prigozhin? Quem manda, agora, na estratégia militar, nas forças armadas, no Ministério da Defesa e no Estado-Maior General da Rússia? É o Kremlin – Presidente e Governo russo – ou o grupo paramilitar Wagner (usa a caveira das SS no seu símbolo), que comanda milhares de mercenários, a sua maioria a combater na Ucrânia, em particular em Soledar e Bakhmut.
Prigozhin mandou calar o ministro da Defesa russo, retirou-lhe qualquer mérito na luta em Donetsk, e humilhou publicamente os altos comandos militares russos, que considera incompetentes. Se Putin tem de ter cuidado, com a sua saúde, e vida, então a ameaça mais perigosa poderá vir deste grupo, que ajudou a criar, alimentou com biliões de dólares, e do qual já perdeu o controlo..
Há uma revolta crescente entre os oficiais generais russos contra estes mercenários, que atuam sem lei nem ordem, que não seja a dos seus comandantes. Um deles, aliás, que fugiu para a Noruega, prepara-se para revelar a atuação e os segredos que conhece deste grupo neonazi. A Putin deu muito jeito ter estes paramilitares, para ações longínquas, como em África e na Síria, mas o seu peso na invasão da Ucrânia passou a ser um perigoso problema interno.
Se Putin não se sente tranquilo e seguro com este grupo, também Prigozhin tem de manter todos os cuidados nas suas deslocações, e nos seus encontros com as altas chefias militares e políticas da Rússia. Sendo um oligarca, nunca se sabe o que lhe pode acontecer. Cair de umas escadas, atirar-se de uma janela, suicidar-se, ou morrer num desastre, à sua escolha.
Prigozhin, que se acha muito forte e poderoso, está a ficar sem homens nem equipamentos, e a sua segurança pessoal rivaliza com a de Putin. Como é que um Presidente russo acaba nas mãos de um chefe de mercenários? Só Putin.
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