Domingo é o Dia da Rússia, e esta é uma data determinante para Putin. Em Severodonetsk luta-se casa a casa, rua a rua, com as barragens de artilharia russas a atingir tanto os defensores ucranianos, como os soldados russos. Já não há margem de segurança para essa batalha urbana, nem os comandantes russos estão preocupados com isso. Muito menos Putin, que quer, até domingo, proclamar a vitória no Donbas. É agora, ou nunca mais.
Os ucranianos estão a receber cada vez mais armamento, e esses novos sistemas, sabe Moscovo, mudarão o cenário de guerra. São dias decisivos, e isso percebe-se na intensidade dos combates. Uns têm muito pouco tempo para ganhar e consolidar a sua posição, e os outros precisam de uns dias para receber e começar a usar os equipamentos militares mais avançados do mundo, fornecidos pelos aliados.
Este esticão de Putin, em redor de uma cidade destruída, e que não decidirá a guerra, é apenas um jogo psicológico e uma grande necessidade de dar boas notícias internamente. A economia russa está paralisada, voltaram as dificuldades dos tempos loucos de Yeltsin, e a Rússia, a cada dia que passa, tem menos capacidades para refazer as suas Forças Armadas.
Zelensky tem razão quando diz que estes serão os momentos cruciais desta guerra. O que é bizarro, contudo, é que Putin nunca poderá dar boas notícias aos seus cidadãos, como se esperaria num dia nacional. Com ou sem Severodonetsk, não há nada para festejar. Parte do exército russo foi destruído, milhares de soldados foram mortos, e o país vive em severas dificuldades, cercado pelas sanções. Tudo péssimo, no Dia da Rússia.
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