Em alemão, «uber» significa «acima de» ou «sobre». Fora dos países que falam alemão – e provavelmente para grande parte das populações desses países – uber significa hoje um serviço de transporte alternativo aos tradicionais táxis. A escolha do nome data de 2009 e até pode não ter qualquer relação com o significado em alemão, mas não deixa de ser sintomática. Em muitos países, a Uber comportou-se como se estivesse acima dos reguladores ou até das leis nacionais que foram aprovadas por órgãos de soberania, que na maior parte dos casos até foram plebiscitados e são o principal garante das sociedades que têm como objetivo a economia de mercado ou a paz social. Pior ainda: em Portugal e noutros países, a Uber continuou a operar, apesar da interposição de providências cautelares ou das declarações de ilegalidade assinadas por juízes – como a que o Tribunal da Relação de Lisboa deu a conhecer no início de dezembro.
Não sei quantos portugueses teriam a mesma ousadia perante um juiz. E os poucos que seguiram por esse caminho geralmente não andam à vontade a passear-se pelas ruas, apesar do potencial crime de desobediência civil. Pois bem, a Uber não nem medo nem prurido – e valha a verdade, nunca escondeu ao que ia. Assumiu as despesas da guerra legal, não se escondeu atrás de outras marcas como as concorrentes que optaram por uma posição mais discreta, e assumiu frontalmente que não ia acatar a lei, porque supostamente a lei não proibia a exploração de plataformas que se limitavam a ligar motoristas a consumidores.
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