Estamos em dezembro. A entrega do IRS é só em abril e maio (no ano que vem o prazo é igual para todos os contribuintes). Portanto ainda tenho tempo para tratar das faturas, certo?
Errado. Há situações em que tem de verificar se está tudo bem até 31 de dezembro para poder receber o máximo de reembolso possível ou pagar o menos possível.
Fiquei impressionado com o número de portugueses que no ano passado não atingiram os 250 € de dedução nas Despesas Gerais Familiares. De acordo com o relatório das Finanças (citado no Jornal de Negócios), 4 em cada 10 portugueses no ano passado não atingiram a totalidade dos 250 €+250 € (no caso dos casais) de dedução que estão previstos na lei.
Isto quer dizer que estes contribuintes (39%) simplesmente entregaram de bandeja centenas de milhares de euros ao Estado. Só porque nas compras do supermercado, mobiliário, roupa, etc. não pediram fatura com número de contribuinte. Por favor, pela sua carteira, faça o seguinte o quanto antes: Vá a www.portaldasfinancas.pt, entre com a sua password e garanta que o primeiro quadradinho tem lá escrito 250 € no quadrado das Despesas Gerais Familiares. Nos outros quadros pode ainda acrescentar faturas mais tarde. Mas neste não. Se tiver menos de 250 € deve pedir rapidamente até ao fim do ano faturas com o seu NIF.
Acho que uma das razões para haver tantas pessoas a não atingirem este valor é porque continuam a ignorar o e-fatura. Ou vão só ao seu e-fatura e não vão ao da mulher ou marido. Alguns nem vão ver se o dos filhos tem tudo certo nas outras categorias. Podem estar a perder muito dinheiro.
Portanto, entre na página também com a password do seu marido ou mulher e confirme que ele ou ela também tem lá 250 €. Se ainda não atingiu esse valor peçam faturas de tudo e mais alguma coisa com o NIF da pessoa que ainda não atingiu o limite dos 250 €. Cada um deverá gastar (em faturas com NIF) 715 euros no ano inteiro para ter direito à dedução completa. Se chegar a 31 de dezembro sem os 2 atingirem os 250 €, e se fizerem retenção de IRS nos vossos ordenados, poderão estar a deitar fora o dinheiro que vos falta até ao limite dessa dedução. Não deixe que isso aconteça.
Não queria acreditar quando me apercebi que uma quantidade tão grande de pessoas não aprendeu a lição no ano passado.
A melhor maneira de garantir que tem o maior reembolso possível no IRS é pedir fatura com NIF de tudo. No princípio é aborrecido, mas depois de entrar na rotina vai ver que passa a ser mais corriqueiro.
E depois tem de verificar no e-fatura se as faturas entram de facto nas categorias corretas. Uma fatura de óculos de centenas de euros que entrou por engano na categoria Despesas Gerais é um prejuízo no IRS de dezenas de euros. No e-fatura, neste momento ainda pode corrigir. Lá para fevereiro, deixa de o poder fazer.
Tem de corrigir também todas as faturas “pendentes”. Se não o fizer elas passam todas automaticamente para Despesas Gerais. Mais umas dezenas de euros que pode estar a perder.
Não vou discutir aqui se somos ou não fiscais das finanças. Nem se é justo ou não. Isso é outra discussão. Do ponto de vista exclusivamente financeiro, se quer ter mais dinheiro na carteira para gastar no que quiser, é assim que tem de fazer. Ponto.