O debate partidário em contexto de campanha eleitoral para o Parlamento Europeu é, em regra, dominado pela promessa, praticamente comum a todas as candidaturas, de trabalhar para atrair mais fundos para Portugal. O debate sobre este assunto raramente se aprofunda e é, frequentemente, de uma superficialidade confrangedora.
É óbvio que dispor de mais fundos é melhor do que o contrário, mas a eficácia na aplicação dos fundos e o que daí resulta deveriam ser os focos. Temos setores de atividade que são fundamentais para a sociedade e para a economia, mas que, mesmo assim, se tornaram cronicamente dependentes de fundos comunitários. O sistema viciou-se em substituir investimento do Orçamento do Estado por financiamento que deveria ser complementar, como o dos fundos europeus. A investigação científica é, nesta matéria, um exemplo paradigmático: sem os fundos europeus teríamos hoje a pequenez dos gnomos.
Os fundos europeus têm sido o combustível do motor da investigação científica em Portugal sem que saibamos muito quanto Portugal ganhou e teve como retorno em progresso académico, social e económico. Estamos muito melhor do que estaríamos sem fundos europeus, certamente, mas esta é uma verdade à La Palice, inútil na hora de tomar decisões sobre onde, como ou quando alocar os fundos europeus futuros.
Curiosamente, o debate em torno destes vetores (onde, como, quando) na campanha eleitoral tem sido próximo de nulo. No entanto, este é o debate mais importante em termos de fundos, seja na Ciência ou em qualquer outro setor de atividade. E, se é importante caso o montante dos fundos se mantenha ou aumente, é ainda mais importante caso o montante decresça. Os fundos europeus não vão durar para semPRRe.
É caso para dizer que, para os cientistas, as eleições europeias são as mais importantes do calendário. São elas que determinam o rumo futuro da sua atividade profissional. É de Bruxelas que vêm as regras do jogo: quanto, quando, como e onde aplicar os fundos. A política nacional de Ciência é, simplesmente, uma réplica das diretivas europeias. Quo vadis, PoRRtugal da Ciência? Os deputados europeus que elegeres te dirão.