O Grupo AFA, um dos maiores conglomerados empresariais da Madeira, está a revolucionar o imobiliário de luxo na ilha e a grande velocidade. No espaço de pouco mais de três anos, o braço imobiliário do Grupo AFA lançou para o mercado 220 apartamentos distribuídos por três empreendimentos, num investimento global de 180 milhões de euros.
Com 40 anos de existência, o grupo com dimensão internacional – marca presença também em Angola, Mauritânia e Senegal – tem focado a sua atividade na construção de obra pública entre estradas, túneis e equipamentos públicos como hospitais. Mas a necessidade de ganhar ainda mais escala e diversificar o investimento orientou a empresa para a hotelaria (através da aquisição e exploração da marca Savoy Signature) e mais recentemente para a atividade imobiliária.
A pandemia e a forma como o Governo regional conseguiu manter as portas abertas ao turismo mas num registo sanitário apertado, atraiu pessoas de diferentes faixas etárias e de diversos cantos do mundo, muitas habituadas à alta roda dos destinos turísticos de luxo. Pessoas com uma capacidade financeira mais abonada que estão também dispostas a investir em imobiliário numa ilha com alto potencial de valorização. Basta olhar para o recorde de prémios – pelo oitavo ano consecutivo, a Madeira foi eleita pelos World Travel Awards, os óscares do turismo, o ”Melhor Destino Insular do Mundo.
“Durante muito tempo o mercado imobiliário da Madeira assentava nos clientes locais e na emigração. Mais tarde vieram os alemães, os ingleses e os franceses, os mesmos que já vinham através do turismo. Mas agora é diferente, a procura diversificou-se e muito. Só nos nossos empreendimentos temos clientes de mais de 30 países diferentes”, diz Victor de Sousa, diretor-geral da AFA Real Estate, braço imobiliário do grupo AFA.
Esta diversidade de clientes estrangeiros, à semelhança do que já acontece em Lisboa, Porto ou Cascais, estabeleceu novos parâmetros de luxo residencial. E sendo o maior construtor da ilha, o grupo AFA tem ido ao encontro dessa nova procura.
O Monumentalis é um bom exemplo desta dinâmica. Com 150 apartamentos, é o maior projeto residencial em curso na Madeira, tem implícito um investimento de 100 milhões de euros e vai estar concluído dentro de um ano.

De escala significativa, o projeto da autoria do ateliê RH + Arquitectos está a ser edificado por socalcos, garantindo a todos os apartamentos uma vista aberta para o oceano. Os apartamentos estão a ser desenhados como moradias e nas unidades mais caras, as penthouses (com preços a partir dos 3,2 milhões de euros) estão a ser construídas piscinas privativas com água aquecida. E quem não tem uma, vai poder usar a piscina do condomínio, integrada num jardim plantado nas alturas com vista para o Atlântico.
Localizado na popular Estrada Monumental, a maior e a mais importante via da cidade, o Savoy Residence Monumentalis, um investimento de 100 milhões da AFA, está a criar ainda uma nova centralidade comercial no seu piso térreo abrindo-se assim aos funchalenses e aos turistas através de 28 espaços comerciais, entre lojas e restauração.
Numa zona com grande concentração de hotéis – alguns dos quais do próprio grupo como é o caso do Savoy Palace, o maior cinco estrelas do país com 350 quartos – onde há muita procura por espaços comerciais, não faltaram clientes investidores. “Vendemos as 28 lojas em três meses. Foi impressionante o ritmo de vendas”, conta Victor de Sousa.
A comercialização da parte residencial também corre de feição. Só apartamentos de tipologia T1, com valores acima do meio milhão de euros, já foram comercializados mais de 40. E já foram vendidas também penthouses cujos valores ultrapassam os três milhões.
“Começam a chegar à Madeira clientes com um poder de compra diferente do que era habitual e isso está a puxar o mercado para cima. E quem está a investir, reconhece o valor de valorização do património. Mas a verdade é que quem está a comprar não o está a fazer para recuperar investimento, é mesmo para desfrutar da casa”, afiançou ainda o responsável, acrescentando que o cenário inflacionista que atravessa o mundo está a levar muitos milionários a tirarem o dinheiro do banco antes que este acabe por perder valor.
A mesma situação está a verificar-se no Savoy Residence Insular. Mais de 60% dos apartamentos já estão vendidos, a maioria a estrangeiros.
Localizado junto à principal zona comercial do Funchal e próximo de um dos seus ex-libris – o muito concorrido mercado dos Lavradores – o empreendimento residencial Savoy Residence | Insular nasceu da reconversão da antiga fábrica de massas da Companhia Insular de Moinhos que estavam ao abandono há cerca de 30 anos. A sua conclusão está prevista ainda para este ano.
“O antigo edifício da Companhia Insular de Moinhos, construído em 1929, estava devoluto há várias décadas e bastante degradado. Contudo, o projeto residencial idealizado para o local teve como prioridade a preservação da memória coletiva e alma da cidade, com realce para reconstrução da chaminé da antiga moagem, por ser um elemento icónico que dá um carácter único ao projeto”, realçou Victor de Sousa.

A chaminé, acrescenta ainda o responsável, que é “visível em toda a cidade do Funchal”, é também presença omnipresente em todo o projeto arquitetónico (da autoria da RH+ Arquitectos) pois “está integrada no hall principal e ao longo dos vários pisos do edifício, proporcionado uma ligação visual constante com este elemento”.
Parte do investimento de 60 milhões foi canalizado para a construção de um condomínio com 49 apartamentos de luxo (com preços entre 525 mil e 3,3 milhões de euros) entre lofts, triplex e penthouses, e 13 espaços comerciais. A outra parte foi destinada à comunidade.
“Irá ser recuperado um quarteirão e uma praça emblemática do Funchal, em pleno coração da cidade, preservando-se a história e a herança de uma zona que no século XV foi vista como as portas de entrada da cidade. É precisamente nesta zona onde irá nascer, fruto deste projeto, um dos mais importantes museus sobre a história do Funchal, no local exato que, no passado, definia o eixo de separação da ‘cidade dos ricos’ e ‘cidade dos pobres’”, conta Victor de Sousa, acrescentando que “o Savoy Residence | Insular permitiu requalificar uma zona histórica há muito degradada na nevrálgica baixa do Funchal, onde a cidade nasceu há mais de 500 anos”.
Junto à antiga fábrica foram encontradas ruínas de um forte datado do século XV – e que mais tarde funcionou como alfândega – e ainda um valioso espólio que inclui centenas de peças entre jóias, talheres feitos em osso, moedas e balas de canhão.
“E é este espólio impressionante que foi encontrado pelos arqueólogos da Direção geral da Cultura que vai dar origem ao museu. Coube ao Governo Regional comprometer-se a pôr em marcha o Museu (que já está em construção) e à autarquia a reconversão das ruas da envolvente. Vai ser criada aqui uma centralidade com uma componente histórica muito forte”, diz Victor de Sousa, lembrando que a localização do Insular é praticamente frontal ao terminal dos cruzeiros, pelo que acaba por ser “uma das primeiras zonas que os turistas que chegam por mar desfrutam assim que chegam ao Funchal”.
Para além do museu, um outro elemento imprime um caracter único ao projeto (também assinado pelo ateliê RH Mais) – a chaminé da antiga fábrica e que de certa forma unifica todo o empreendimento que abrange quatro edifícios por onde se distribuem 49 apartamentos.

“O que se decidiu fazer foi criar dois edifícios marcadamente com traça antiga e criar outros dois com traça mais moderna (onde se incluem, por exemplo, lofts num registo mais industrial). Portanto são quatro blocos com arquiteturas distintas. Na prática não temos aqui apartamentos iguais. E cada bloco tem um acabamento de interiores completamente diferente”, explica o responsável. Mas a chaminé está omnipresente e bem visível também pelas áreas comuns interiores, nos quatro edifícios.
Nestes cerca de 50 apartamentos cerca de 70% já está vendido, a maioria, tal como no Monumentalis, a estrangeiros. Um bom ritmo de vendas em menos de um ano que deu certezas a AFA que esta foi a melhor decisão a tomar quando se ponderava o que fazer com a antiga fábrica devoluta.
“Chegámos a pensar fazer aqui um hotel para aumentar o portfólio do grupo – que já tem seis unidades em toda a ilha sob a assinatura Savoy Signature – mas com a pandemia desistimos da ideia.. E tendo em conta os bons resultados do nosso primeiro projeto imobiliário, o Savoy Residence Casa Branca (concluído em 2019, com 21 unidades e totalmente vendido) não tivemos dúvidas que esta seria a melhor opção”, realçou Victor de Sousa.
A rapidez com que os dois projetos – o Monumentalis e o Insular – avançam no terreno com pouco mais de um ano de contrução é apenas possível graças à escala da AFA que consegue abarcar dentro do grupo todas as etapas necessárias à construção tendo, por exemplo, as suas próprias empresas de carpintaria, serralharia ou jardinagem.
Com mais de 200 apartamentos construídos em pouco mais de três anos e mais de metade já vendidos a um valor por metro quadrado que é um dos mais elevados da Madeira, o responsável da AFA não tem dúvidas que o imobiliário residencial da ilha entrou numa nova fase. “É verdade que o preço global médio dos nossos empreendimentos (que têm piscina, jardins, piscinas privativas) ronda os 5.000 euros/m2 e não é muito diferente do que é praticado numa boa localização de Lisboa com um T1 a custar 500 ou 600 mil euros. Em Lisboa um T1 pode ter uns 60 ou 70 m2, enquanto que aqui têm 100 ou 120 m2, portanto o valor por m2 pode ser enganador”.
A empresa tem, entretanto, vários projetos a decorrer com outro promotor, a Socicorreia não só na Madeira como em Lisboa. Entre os projetos da Varino, a empresa que resultou desta parceria, contam-se, por exemplo, um mega-empreendimento que já está em curso no Funchal, também na Estrada Monumental e mais cinco edifícios habitacionais na zona das Avenidas Novas em Lisboa.
O grupo AFA quer ainda expandir a marca Savoy para Lisboa e poderá estar em vias de fechar a aquisição de um hotel numa zona prime da capital com mais de uma centena de quartos.

Recorde-se que o grupo tem atualmente, e sob a assinatura Savoy Signature, seis unidades hoteleiras na ilha da Madeira, com um total de 1300 quartos (2600 camas) e emprega 1300 colaboradores. O Savoy Palace com 350 quartos é o maior cinco estrelas do país e pelo segundo ano consecutivo como eleito pelos World Travel Awards 2022 como ‘Portugal´s Leading Luxury Hotel’, sendo considerado um dos melhores hotéis da Europa.