O preço médio dos imóveis transacionados na rede Century21 entre janeiro e setembro de 2022 fixou-se nos 188 327 euros, a nível nacional o que se traduziu num aumento de 14,9% em relação à média do valor de venda de 163 841 euros verificada em igual período do ano passado. Um sinal de que a procura se mantém bem ativa – apesar do aumento das taxas Euribor – para uma oferta de imóveis que se mantém fraca, levando assim a uma subida dos preços.
“O acesso à habitação em Portugal é um grande desafio para os jovens e para muitas famílias. Esta é a nossa principal preocupação e o maior foco da nossa estratégia operacional. O que está a influenciar os preços dos imóveis é uma crónica escassez da oferta em venda no mercado. Este é o principal fator que está na origem da subida dos preços que se tem vindo a registar até agora, em praticamente todo o território nacional, em consequência do desequilíbrio entre a procura e a oferta”, sublinhou Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.
Apesar do atual cenário, o responsável referiu que já se começa a registar um aumento do tempo médio de venda dos imóveis no mercado, “o que levará a um aumento progressivo do stock de imóveis em comercialização, nos próximos meses”.
Nos primeiros nove meses de 2022, o volume de negócios mediados com a rede – que inclui transações partilhadas com outros operadores de mercado – subiu 51%, em comparação com o acumulado dos três trimestres do ano anterior e superou os 2,8 mil milhões de euros. No final do terceiro trimestre, a faturação acumulada da rede imobiliária já superava os 70 milhões de euros, o que traduz um aumento de 38% face aos 51 milhões de euros registados em igual período do ano passado.
167 casas vendidas por dia
Desde o início do ano, a rede Century 21 Portugal já realizou 15 057 transações de venda (cerca de 167 por dia), mais 32% que as 11 413 realizadas no mesmo período do ano anterior, e 3 653 operações de arrendamento, o que revela um crescimento de 29% face às 2 836 registadas nos três trimestres de 2021.
Sem surpresas, as tipologias mais procuradas são T2 e T3 e, a nível de regiões é a Área Metropolitana de Lisboa que mais se destaca mas “o Algarve e a região centro estão também com uma forte dinâmica”, diz Ricardo Sousa.
E que impacto vai ter a inflação no mercado imobiliário? “Se a atual conjuntura macroeconómica se mantiver, é expetável que, no último trimestre e em 2023, se venha a assistir a uma diminuição do número de transações, em comparação com igual período de 2021, bem como a uma fase de estabilização dos preços dos imóveis.”, admite Ricardo Sousa.
As famílias que têm crédito à habitação estão a registar uma diminuição do seu rendimento disponível, pelo forte aumento da inflação e pela subida das taxas de juro, dado que as famílias portuguesas contratam, maioritariamente, crédito à habitação com taxas variáveis.
Neste cenário, “a Century 21 Portugal acredita na sensibilidade do Estado relativamente ao desafio destes portugueses e apela ao Governo e à banca para que, de forma coordenada e à semelhança do verificado na pandemia, sejam criados mecanismos de proteção para as famílias em situação mais vulnerável, neste período de inflação elevada”, refere-se no comunicado divulgado pelo grupo imobiliário.
“As famílias e jovens que estão a iniciar agora o processo de compra da sua primeira casa encontram um cenário de taxas Euribor com valores entre 2% e 3%, algo que é perfeitamente normal: são taxas de juro baixas”, salienta a empresa. Contudo, com base nos critérios atuais de financiamento – que incluem a redução das maturidades médias dos créditos à habitação para os 30 e 35 anos de empréstimo, com taxas de esforço entre 35% e 40% e com LTV máximos de 85% a 90% – “as famílias e jovens serão forçados a reequacionar o tipo de casa que procuram e orientar as suas preferências para soluções de habitação dentro dos valores que podem assumir”.
Este fator irá condicionar a procura e, consequentemente, o número de transações imobiliárias, porque diminui o número de pessoas que cumprem os requisitos para atribuição de financiamento bancário e que encontram imóveis ajustados às suas necessidades, no nível de preços que podem assumir.