É durável, mais barato e de rápida construção. As casas-contentores, feitas a partir da reconversão dos utilitários contentores marítimos em confortáveis espaços habitacionais, estão na moda, e a tendência já chegou a Portugal.
Feitas de aço e ferro, estas casas-contentores funcionam em sistema de Lego gigante e podem facilmente passar de um T1, com 40 metros quadrados, a edifícios inteiros, como o mítico Wenckehof, uma gigantesca residência de estudantes em Amesterdão feita a partir de mil contentores reciclados.
Filipe Queirós criou a empresa Casa Contentores há cerca de ano e meio, instalando a sede em Castelões, Penafiel. Vai ao Porto de Leixões buscar os contentores que vão para abate – alguns com problemas menores, como amolgadelas, portas estragadas ou outro tipo de danos que lhes façam perder o selo de circulação.
“Depois, tudo é possível. Podemos aumentar vãos, fazer varandas, usar um ou vários contentores. Neste momento, por exemplo, estamos a finalizar um espaço de turismo”, diz Filipe. O sócio, Adriano Campos, admite que ficou surpreendido com o interesse das pessoas neste tipo de produto, que associa à súbita vontade desencadeada pela pandemia de dar uso a terrenos rurais e instalar casas de construção quase instantânea. “Uma procura semelhante à das casas modulares em madeira, com a diferença de que as casas-contentores requerem muito menos manutenção”, explica.
O processo de transformação dos contentores pode durar cinco semanas, no caso de um T1, ou sete semanas no caso de um T2, com preços a variar entre os €28 500 e os €47 500 (os T2 mais apetrechados podem ir até aos €73 500). Um contentor com um formato padronizado tem 20 pés (6×2,40 metros). São cerca de 30 metros quadrados transformados num espaço com um quarto, cozinha e wc.
“O processo de licenciamento é em tudo idêntico ao de uma casa. A grande vantagem é que o modelo é completamente amovível – um dia, mais tarde, o proprietário, se quiser, poderá vender só a habitação ou só o terreno”, realça Adriano Campos.
Também na Westainer se reconvertem contentores marítimos, “ainda com selo de navegabilidade”, há cerca de cinco anos, mas foi na pandemia que este tipo de habitação despertou ainda mais curiosidade.
O administrador Sérgio Pereira tem uma destas casas e até criou um mezanino com dois quartos, fazendo crescer em altura o contentor até aos quatro metros (o tamanho normal vai até 2,90 metros). “Fazemos tudo nos nossos estaleiros em Sintra e, quando a casa está pronta, é transportada para o local, pronta a instalar”, explica.
A preparação da habitação começa com um tratamento anticorrosivo, procedendo-se depois ao isolamento do espaço com materiais como capoto, fachadas ventiladas e/ou pladur e madeira compensada no interior. Os pavimentos e as cerâmicas usadas nas cozinhas e nas casas de banho não diferem do habitual numa casa convencional.
Com vários modelos no seu portefólio e preços médios a rondar os 1 500 euros por metro quadrado, a empresa usa também os contentores para criar piscinas, uma solução procurada não só por particulares mas também por unidades de turismo rural.
“Neste momento, a área comercial representa mesmo 60% da nossa faturação, sendo este tipo de produto muito requisitado para escritórios, showrooms e bares”, diz ainda o responsável. A estética do espaço varia de acordo com o proprietário. Há quem deseje uma transformação mais intensa ou quem goste do aspeto industrial do equipamento. É dar largas à imaginação.