O risco de subida das taxas de juro para o crédito à habitação não parece demover as famílias portuguesas na compra de casa. As redes imobiliárias continuam a bater autênticos recordes de vendas como é o caso da Century21 Portugal. Só nos primeiros três meses deste ano, as cerca de 200 agências da marca fecharam, em média, mais de 390 transações (mais precisamente 393) por semana, um total de 4.727 em todo o trimestre. Um resultado que assegurou uma subida da faturação da rede imobiliária em 65% face ao período homologo do ano anterior – recorde-se, um dos melhores de sempre na venda de casas – superando os 21 milhões de euros.
Ricardo Sousa, CEO da Century21, lembra que há um conjunto de fatores que justificam este ritmo imparável e sem temor perante o ‘fantasma’ da subida das Euribor: “Neste momento há um gap enorme entre a oferta e a procura de imóveis, um estímulo influenciado pelas novas necessidades habitacionais criadas pela pandemia e uma disponibilização de financiamento bancário – mesmo com a subida das taxas de juro – que alimenta fortemente a dinâmica do setor”.
O CEO da Century21 Portugal (e também de Espanha) realça também que “a incerteza gerada pelas situações geopolíticas como a guerra na Ucrânia têm levado muitos a olhar para o mercado imobiliário, especialmente o residencial, como um refúgio seguro para as suas poupanças”. Além disso, reforça, “o sentimento de segurança no mercado imobiliário é muito alto, o que faz com que não antecipemos que esta subida das taxas venha a provocar, numa primeira fase, um abrandamento até porque estamos a níveis de taxas de juro muito baixas e as subidas previstas terão um impacto ainda residual naqueles que vão contratar novo crédito”.
Ainda assim, alerta Ricardo Sousa, a instabilidade provocada pelo acréscimo nos percentuais das taxas Euribor “vai ter impacto na análise da taxa de esforço dos clientes pondo ainda mais pressão no acesso à habitação”.
Para Ricardo Sousa, “as pessoas passarão a ter de comprar casas mais ajustadas ao seu orçamento porém o aumento das taxas Euribor “não deverá alterar o ritmo das vendas”.
“Basta olharmos para o que está a acontecer nos EUA e na Inglaterra: as taxas de juro já estão a subir há mais tempo e com subidas mais rápidas mas a verdade é que o número de transações não baixou e os preços também se mantiveram estáveis”.
Valor médio dos imóveis vai nos 180 mil
Os números da rede Century hoje divulgados mostram ainda que entre janeiro e março deste ano, o valor médio dos imóveis transacionados na rede imobiliária registou um aumento de 14,3 % e fixou-se em cerca de 180 mil euros (mais precisamente 179 064 euros), a nível nacional.
“Na rede, o segmento nacional representou 83% do número de transações, enquanto cerca de 17% das operações foram do segmento internacional, o que confirma a recuperação da procura no mercado imobiliário nacional por parte de investidores internacionais, que foram adiadas durante o período mais crítico da pandemia”, refere-se no comunicado divulgado. No primeiro trimestre do ano, os principais países que predominaram no segmento internacional foram a França, Reino Unido, Brasil, Bélgica e Estados Unidos.
Distritos onde mais se vende
Nos seis distritos do País que registaram o maior número de transações – Lisboa, Setúbal, Coimbra, Porto, Leiria e Faro- as habitações mais procuradas continuaram a ser os apartamentos T2 e T3.
Numa análise mais detalhada ao segmento de imóveis vendidos, constata-se que o distrito de Faro foi onde se verificou o maior aumento (14,1%) do preço médio de venda. Uma dinâmica estimulada pela pandemia ao incrementar a procura de segundas habitações na região mais soalheira de Portugal, frisa Ricardo Sousa.
No distrito de Coimbra a subida média dos preços rondou os 13%, a segunda mais acentuada, seguindo-se o distrito de Setúbal com uma evolução de 6,75% no valor médio dos imóveis (ainda que com uma diminuição da área útil dos apartamentos da ordem dos 2,3%). Já no distrito do Porto o aumento do valor médio dos imóveis transacionados fixou-se nos 4,1%, enquanto a média da área útil do imóvel se reduziu 6,45%.
Rendas médias situam-se nos 936 euros
Diz o balanço de atividade da Century que “o número de operações de arrendamento registou uma subida de 47%, seguindo a tendência crescente que se tem vindo a registar nos últimos trimestres”.
Assim, nestes três primeiros meses de 2022 foram realizadas 1060 operações de arrendamento, o que reflete um aumento de 47% face às 721 registadas no mesmo período do ano anterior.
A nível nacional, o valor médio de arrendamento de apartamentos fixou-se nos 936 euros, o que revela um aumento de cerca de 9,4 % face à média de 855 euros registada no mesmo período do ano passado.
Na análise ao mercado de arrendamento dos seis principais distritos, em termos de número de transações imobiliárias, na rede Century 21 Portugal, verifica-se que a região onde a média dos valores de arrendamento mais diminuiu foi o distrito de Faro, com a renda mensal a fixar-se nos 691 euros, quase menos 3,5% do que a média dos 716 euros registada em igual período do ano passado, enquanto no distrito de Coimbra o arrendamento médio mensal registou um ligeiro decréscimo de 1,15% para se fixar nos 518 euros.
Por outro lado, os aumentos mais expressivos foram registados no distrito de Leiria, com uma subida de 16,6% no valor médio do arrendamento, seguido dos distritos de Setúbal com um aumento de 12,24% e Porto com os valores médios da renda a crescer 12,21% e a superar os 809 euros, nos primeiros três meses do ano.
O distrito de Lisboa registou uma evolução do valor médio do arrendamento superior a 9,5% e a média das rendas na capital supera agora a barreira dos 1000 euros. “Com o expectável aumento das taxas de juro e diminuição dos prazos do crédito habitação, estima-se um forte aumento da procura por soluções de arrendamento no segundo semestre de 2022. É urgente e prioritário um combate à informalidade que caracteriza o atual mercado de arrendamento, para que este segmento de mercado funcione eficazmente”, rematou ainda o responsável da Century21.