A pandemia veio mudar o mercado em geral tendo obviamente repercussões ao nível do setor da arquitetura e construção mas a realidade é que até à data o impacto não tem sido tão forte quanto outras áreas como a hotelaria, comércio ou a restauração, que estão mais dependentes da sazonalidade associada ao turismo ou à compra imediata de produtos.
Penso que a maioria dos gabinetes e ateliers foram obrigados a propiciar mais consultorias online para contornar a questão da proximidade física entre cliente-arquiteto. Sendo que nesta área de trabalho os primeiros passos do projeto são dados em contacto direto com os clientes através de consultoria criativa onde o cliente participa ativamente e visto que esse paradigma foi alterado com a pandemia, todos tivemos de nos adaptar.
A pandemia trouxe também o teletrabalho, uma realidade que irá sofrer alterações tecnológicas e mexer com a forma de trabalhar na arquitetura provocando algumas dores de cabeça na forma de conseguir adaptar o trabalho coletivo de uma equipa de projeto que, em condições normais, estaria mais próxima fisicamente.
O teletrabalho é uma possibilidade muito viável, mas a partilha de ideias e criatividade, o “encontrar soluções” num projeto é algo que se torna muito mais difícil. Por esse motivo não é, no nosso entendimento, a forma melhor de trabalhar em arquitetura.
Muitas vezes, as ideias para resolver um layout ou a escolha de uma combinação de acabamentos numa casa surgem da constante passagem de informação entre colegas de uma equipa e essa naturalidade e fluidez de processo perde-se por completo com cada um fechado em sua casa.
Sentimos também que por mais softwares e tecnologias de comunicação à distância, ainda estamos longe de obter a mesma capacidade de relacionamento interpessoal que a presença física em gabinete proporciona e, consequentemente, as boas ideias que daí surgem.
Para nós a arquitetura não é um gesto de uma mão apenas, mas sim um trocar de ideias entre arquitetos de uma equipa. É neste sentido que vemos a maior valia no contacto diário entre colegas para que os projetos sejam mais aprofundados e as soluções passem por várias pessoas até chegarmos a uma linha condutora estruturada e muito bem cimentada. Achamos que irá surgir a necessidade de uma melhor ferramenta de teletrabalho, caso esta realidade se venha a concretizar frequentemente, que permita uma fluidez de comunicação tão importante na área criativa de trabalho em equipa.