Jack Ma, o cofundador do Alibaba, foi a presença mais surpreendente num encontro entre o presidente da China, Xi Jinping, e executivos de topo das tecnológicas do país. Entre os participantes estavam também Ren Zhengfei, fundador da Huawei, Wang Chuanfu, diretor executivo da BYD, Zeng Yuqun, CEO da CATL, Pony Ma, CEO da Tencent, Wang Xing, CEO da Meituan, Lei Jun, líder da Xiaomi, e Liang Wengfeng, CEO da DeepSeek. O encontro parece sinalizar uma aproximação de Pequim ao setor privado tecnológico chinês.
O presidente salientou o “imenso potencial e perspetivas promissoras” dos líderes tecnológicos, adiantando que os desafios económicos que o país atravessa são temporários, prometendo depois remover as barreiras para uma concorrência de mercado justa.
A reunião surge poucas semanas depois de a DeepSeek surgir no mercado com estrondo, com uma solução de Inteligência Artificial (IA) capaz de rivalizar com os gigantes mundiais e a uma fração do custo.
A CNN lembra que os últimos anos foram de grande regulação de Pequim sobre as tecnológicas, uma campanha desencadeada no final de 2020, depois de Jack Ma ter feito um discurso bastante crítico sobre os reguladores financeiros e bancos chineses. Desde então, as fortunas de vários líderes e empresas tecnológicas foram afetadas por uma regulação bastante mais apertada e Jack Ma acabou por se manter resguardado dos olhares do público. Com a sua presença neste encontro, as autoridades parecem estar a caminhar noutra direção, tentando a aproximação ao setor privado.
Angela Huyue Zhang, professora na Universidade da Carolina do Sul, afirma que “com a economia doméstica a abrandar e as pressões geopolíticas a escalar, o governo chinês está tornar claro que valoriza e confia no setor privado para liderar a inovação e estimular o crescimento”.
No final da semana passada, quando surgiram as primeiras notícias sobre este encontro, as ações do Hang Seng China Enterprise Index, que inclui as principais empresas chinesas, subiram para o valor mais elevado desde 2022.
O setor privado contribui para mais de 60% do produto interno bruto chinês e é responsável por mais de 80% dos postos de trabalho, daí que seja considerado o principal motor de crescimento para a China. A abordagem de excessivo controlo governamental terá levado a uma desvalorização de mais de um bilião de dólares para muitas empresas chinesas nos últimos anos.
A reunião mantida ontem entre as principais figuras pode assinalar, então, o início de uma nova etapa.