Saber programar começa a ser tão elementar como saber escrever. No dia em que se celebram os gamers – 29 de agosto, Dia Internacional do Gamer -, a escola de programação Academia de Código, uma startup que integra o grupo Code For All, aproveita a data para sublinhar que um jogador empenhado desenvolve competências que lhe dão um avanço na aprendizagem de código. Segue a justificação:
1. Gestão de tempo – Embora muitos gamers tenham dificuldade em encontrar o equilíbrio entre a promessa de “só mais um nível” e o acabar de jogar às 6 horas da manhã, a capacidade de gerir o tempo que é dedicado a cada tarefa é uma exigência básica de muitos videojogos. Desde o planeamento de tarefas que só podem ser resolvidas numa determinada estação do ano (como os eventos especiais em Stardew Valley), à resolução de um puzzle num determinado número de rondas (ao derrotar o diabo pela sua espada na cena de abertura de Baldurs Gate 3), a destreza que os gamers desenvolvem de gerir o seu tempo pode, assim, tornar-se útil em projetos de programação que envolvem várias etapas e tarefas às quais é preciso alocar deadlines apertado.
2. Resolução de Problemas – O desenvolvimento da capacidade lógica também é uma aptidão exercitada com frequência pelos gamers, que só alcançam sucesso na resolução de desafios se souberem identificar padrões e entender como diferentes elementos e acontecimentos se podem relacionar numa situação de causa-efeito. Estas são algumas das características de jogos construídos integralmente como quebra-cabeças (como Portal e Baba is You), e de jogos cujo gameplay requer a resolução de alguns puzzles (ao exemplo de Batman: Arkham Series e The Legend of Zelda). A capacidade de ter um raciocínio intuitivo e compreensivo para a resolução de problemas também é, por isso, um aspeto central do ato de programar que exige, de forma fundamental, saber combinar e relacionar diferentes componentes de código para obter o resultado geral pretendido
3. Trabalho de equipa – Jogar em mundos virtuais online requer frequentemente ter disponibilidade para trabalhar em equipa com amigos, ou até com completos estranhos. Promover a boa comunicação dentro de uma equipa, bem como saber aproveitar a sinergia entre diferentes membros são experiências fundamentais na obtenção de um objetivo comum – quer este seja a conquista da equipa adversária, ou o avançar de nível. Jogos MOBA, como League of Legends, ou RPGs como Baldurs Gate, fornecem aos gamers a mentalidade e espírito necessário para desenvolver projetos de programação mais complexos que, normalmente, são elaborados em equipa, dispondo de uma noção concisa de qual deve ser a sua contribução para a concretização geral da tarefa.
4. Criatividade – Existem várias formas de resolver um problema nos jogos. Alguns fornecem aos jogadores a máxima liberdade na forma como constroem e moldam o seu mundo virtual (The Sims, Minecraft, Terraria), enquanto outros são mais focados em narrativas que requerem o pensamento crítico e criativo do jogador para decidir que rumo a sua aventura irá tomar. Programar também é um exercício onde o atingir de resultados específicos pode ser feito de diferentes maneiras, partindo sempre da criatividade do programador e do propósito que quer dar ao seu projeto.
5. Paciência – Todos os gamers sabem que jogar não é simplesmente “esmagar” os botões dos controlos das consolas. Os videojogos requerem vários momentos de dedicação, desde saber levar tempo para ler o ambiente do gameplay, a observar padrões de ataque, cronometrar o salto perfeito, esperar pelo reestablecimento do medidor de energia, ou repetir o nível até obter uma habilidade adicional. Há uma grande vertente de aprendizagem conseguida através da tentativa e erro que dá aos gamers a resiliência e paciência para enfrentarem problemas de código inesperados que pedem a mesma intensidade de esforço para a sua resolução. Como qualquer jogador de Dark Souls sabe, a paciência é uma das chaves para o sucesso.