A verdadeira razão para as empresas de retalho apostarem em lojas autónomas não é tornar a vida do cliente mais fácil e diminuir o tempo de permanência em loja. “Os retalhistas nunca quiseram saber disso”, sublinha Ricardo Santos, fundador da start-up AssetFloow. “A verdadeira razão para isso é a aquisição de dados sobre o comportamento dos clientes em loja”, clarifica. Só que os sistemas tornaram-se tão caros – a loja autónoma, desenvolvida pela também portuguesa Sensei terá custado à volta de um milhão de euros – que acaba por se tornar inviável (só durante o mês de março a Amazon anunciou o encerramento de oito das suas lojas Go, por causa dos custos de operação).
Sem necessitar de câmaras caras e dispensando aplicações instaladas no telemóvel do cliente, o algoritmo desenvolvido pelo engenheiro e fundador da empresa consegue mapear e prever o comportamento do consumidor e ainda cumprir o regulamento da proteção de dados. O que se traduz num aumento da eficiência operacional dos retalhistas e ajuda no processo de tomada de decisão, em áreas como a gestão da localização de produtos, sugestões de novos produtos e promoções estratégicas. Tudo isto a partir de apenas dois elementos: as faturas de compra e a localização dos produtos dentro da loja. “Usamos as faturas, anónimas, de um ano inteiro, e o planograma da loja. A partir daí, extraímos o comportamento dos clientes”, descreve o criador do algoritmo, sem querer avançar muitos detalhes acerca da ferramenta, ainda não protegida por patente.